O país dos meus sonhos
Por NEY SILVA | 11/10/2010 | DireitoNo país dos meus sonhos, não tem corrupção, não tem analfabetismo, não tem desemprego, não tem degradação ambiental. Os lençóis freáticos, rios, mares e oceanos não estão contaminados ou poluídos, as florestas não são queimadas, não tem pedófilos, não tem traficantes e não tem bandidos de ternos e gravatas. As pessoas não matam, não assaltam e nem seqüestram as outras pessoas, não tem injustiça e os "incomuns" não possuem imunidade disfarçada de impunidade, melhor dizendo, os tais "incomuns" nem existem. Também não existem diferenças entre ricos e pobres, negros e brancos, bonitos e feios, a justiça é verdadeiramente real e igual para todos e não tem charlatões enganando pessoas em nome de Deus.
No país dos meus sonhos, não tem crianças fora da escola, não tem ano escolar começando no segundo semestre, não tem políticos corruptos e mentirosos, não tem nepotismo ou nepotismo cruzado, não tem fome ou sede, não tem coronelismo disfarçado, não tem latifundiários. Nesse mesmo país, os filhos ou apadrinhados da ditadura não estão no poder, não existe ilegalidade estatal, não há banalização da educação, não existem salas de aulas com quarenta, cinqüenta ou sessenta alunos, não existem escolas sem material didático, sem bibliotecas, sem laboratórios, sem professores, não existem hospitais sem equipamentos, sem medicamentos, sem os profissionais (médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogas, nutricionistas, assistentes sociais...). Continuando ainda no país dos sonhos, não existem delegacias sem delegados nem policiais corruptos ou envolvidos com a bandidagem.
No país dos meus sonhos não são somente parlamentares, magistrados ou promotores que ganham muitíssimo bem e são respeitados e paparicados, os profissionais da educação, da saúde e da segurança pública são também muito bem preparados, remunerados e respeitados.
No país dos meus sonhos, assim como uma dona de casa que rouba uma púcara de margarina passa seis meses na prisão, o banqueiro e o político que roubam milhões passam cinqüenta, sessenta anos trancafiados e vendo o sol nascer quadrado, e o empresário sonegador e o artista vinculado ao tráfico, passam dez, vinte, trinta anos presos.
A sociedade se pergunta: A lei não deveria ser igual para todos?! É?! Esse é o país da nossa realidade, o país que declaramos amar até a morte... Mas, que não nos ama nem em vida. O nosso país é um excelente pai para uns poucos e um péssimo padrasto para a maioria. Nesse país, o nosso país, os "incomuns" não são punidos, a qualidade do ensino é uma das piores da América Latina, o analfabetismo é altíssimo, a mortalidade infantil também, a violência, a miséria e o desemprego destroem os seres humanos.
No país da nossa realidade, a violência aumenta pela certeza da impunidade, enquanto isso, os parlamentares vivem mergulhados no mundo da mentira e das falsas promessas políticas, a justiça dorme em sono profundo e a polícia está a olhar a cidade, as pessoas na comunidade pelo pára-brisa da viatura mal aparelhada.
No país da nossa realidade, a educação básica está dilacerada, a universidade pública sucateada e o sistema de saúde dilapidado. O coronelismo ainda persiste disfarçado e inúmeros políticos enriquecem do dia para a noite ? todo mundo sabe como, mas, raros são os que tem algo a dizer, enquanto isso, muitos dizem: provar?! Como? Fazer o que? É triste...
As perguntas que não podem ficar em silêncio:
Como poderemos ser uma democracia, uma nação defensora das liberdades, quando o principal instrumento de libertação dos povos (a educação) é tão desvalorizado? Por que não seguimos os exemplos do Japão, Coréia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Suíça, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Noruega, Canadá e mais recentemente do Chile?
Seria possível um dia o Brasil ser um país central ? desenvolvido (como almejam militares, políticos, empresários) com uma educação de periferia (subdesenvolvida) e uma enorme população tão carente das necessidades vitais básicas?
É... Talvez o Brasil prefira seguir o exemplo da China, candidata a maior potência econômica do Planeta, com uma gigantesca população miserável e analfabeta. Talvez assim seja mais fácil para a classe política governar e/ou controlar uma democracia?!
Reflexão:
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'Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante'.
(Albert Schweitzer)
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ישו, המאסטר של המאסטרים.