O NASCIMENTO DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

Por Elaine Cristine Cruz Chagas | 02/01/2018 | História

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

ELAINE CRISTINE CRUZ CHAGAS

O NASCIMENTO DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

Pinheiro – MA

2017

ELAINE CRISTINE CRUZ CHAGAS

O NASCIMENTO DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

Artigo apresentado ao professor Victor de Oliveira Pinto Coelho, para obtenção de nota do primeiro período da disciplina de Introdução à História do Curso de Licenciatura em Ciências Humanas – História e Filosofia.

 

Pinheiro – MA

2017

INTRODUÇÃO

O presente artigo vem fazer uma relação entre a historiografia científica e o nascimento da historiografia no Brasil. Considerando-se primeiramente o conceito de historiografia, para em seguida apresentar alguns aspectos relacionados à história dos tempos de Heródoto e a história enquanto ciência.

Outro aspecto que será abordado ainda, é sobre o surgimento da historiografia brasileira e seu objetivo em definir as características desta nação, assim como as dificuldades ocorridas nesse processo e a relação entre o conceito de historiografia e o que na prática era apresentado como tal. Relacionando-se então o quão semelhante ou distinto era a historiografia que nascia no Brasil do que foi conceituado como historiografia científica abordada inicialmente.

HISTORIOGRAFIA CIENTÍFICA: identidade mínima

Para abordarmos o conceito da historiografia científica primeiramente falaremos um pouco sobre como era a história antes de tornar-se uma ciência. Pois há uma grande diferença entre a historiografia tal qual conhecemos hoje da que era apresentada antigamente, inclusive, no que diz respeito às estratégias de pesquisa utilizadas.

Antes de tudo vale ressaltar que antes de Heródoto, a história já existia. Existiam escriba que escreviam a história de seus monarcas para que estes se tornassem célebres. Ou seja, a história contada era a própria história dos monarcas e suas conquistas.

Com Heródoto, por sua vez surge o termo historiador. Já existia a história antes dele, porém não havia uma denominação para quem a contava. Vale considerar ainda, que com este termo há também o entendimento de que este diferente do escriba, que era mandado por um poder político a evidenciar sua força, o historiador escolhia seu campo de reflexão sobre a história, sendo portanto, autônomo e subjetivo.

A partir daí começa-se a caracterizar a história, surge o que chamamos de “identidade mínima” da história. A identidade mínima são as características singulares à história, o que a diferencia.

No tempo dos antigos gregos, a história era baseada em investigação, relato e testemunho ocular, mesmo nesse período a história tinha como objeto de estudo a realidade humana, porém ainda não estava relacionada ao estudo da vida humana no “tempo”, assim como ainda não se concebia a ideia de fonte ou documento histórico.

Com Heródoto começa uma investigação do passado, aqui tem início a ideia de estudo do tempo como relação ao conceito de história.A história é ao mesmo tempo o uma disciplina, ou campo de saber, e seu objeto de estudo. Chamamos de historiografia, justamente essa história que é a disciplina, a formulação de saberes, a explanação dos acontecimentos.

Essa historiografia passa a ser científica quando ela sai do campo, apenas de relatos e testemunhos oculares do que era contado só para se conhecer uma história e para que essa história não fosse esquecida e passa a ser uma investigação da vida humana ao longo dos tempos. Escreve-se a história para compreender-se o passado através de estudos do passado. Inclusive os métodos de investigação são diferentes, pois começa-se a utilizar outras fontes além das testemunhas oculares e seus relatos.

O NASCIMENTO DA HISTORIOGRAFIA NO BRASIL

No contexto em que a historiografia passa a ser concebida como uma disciplina científica e o historiador torna-se um pesquisador, o Brasil também desenvolve suas produções historiográficas. Durante seu início até meados do século XIX a historiografia brasileira tinha marca elitista.

O pensar a história brasileira sistematizada dá-se no período de consolidação do Estado Nacional, em 1838 com a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), essa sistematização começa a ser posta em prática.

O objetivo do IHGB era de definir a identidade da Nação Brasileira, porém essa identidade não seria tão própria assim desta nação, na verdade procurava-se caracterizar o Brasil como uma nação que, seguindo o modelo de seu colonizador, tinha a função de continuar a civilização do povo brasileiro.

Desta forma era difícil conceber a ideia de construir a identidade de um país com um povo tão cheio de diferenças, que era formado por brancos, negros e índios.Nesse processo define-se, portanto aqueles que seriam excluídos desse processo por não serem portadores da noção de civilização, que seriam os negros e os índios.

Ao incluir os indígenas em suas produções historiográficas a intenção dos historiadores era, mostrar a evolução do país, que antes era formado por índios e agora estava ocupado por pessoas “civilizadas”, os brancos. Sendo assim a historiografia estaria forjando a nacionalidade brasileira, baseada na elite e deixando de lado o caráter subjetivo que acompanharia a historiografia científica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se, portanto compreender a partir de que ponto história passa a ser conhecida como historiografia científica. É possível ainda entender as características dessa nova forma de se fazer história, distinguindo-a da história que era apresentada no tempo de Heródoto.

Considerando-se a historiografia como o estudo da história, ou seja o estudo da humanidade através do tempo e o estudo do passado para a compreensão do presente, entende-se que o modo de investigação que antes era realizado por meio apenas de relatos e testemunhas oculares, torna-se inviável, pois não é possível obter relatos de pessoas quando se investiga a história de séculos atrás.

Deve-se se ressaltar também a importância de se do caráter subjetivo e sistemático da historiografia científica, e não tinha mais lugar para o que antes era a história contada para beneficiar uma monarquia ou para garantir privilégios, o que nos mostra uma diferença entre o que era produzido no Brasil como história. Procurava-se dar uma identidade para a nação brasileira através da história, porém moldando-a para que a elite fosse beneficiada, mesmo que os índios não tenham ficado de fora dessa história, mas os brancos, que formavam a elite brasileira, eram identificados como os civilizadores dos indígenas e como a evolução da nação. Distanciando, assim da subjetividade a que se propõem as ciências.

REFERÊNCIAS

BARROS, José D’Assunção. Teoria da História/ José D’Assunção Barros – Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

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