O Mito E O Meio Guarani

Por Jucerlene Oliveira Teixeira | 15/12/2007 | Psicologia

INTRODUÇÃO

O mito é uma realidade culturaltransmitida de uma geração a outra, é algo que faz parte do cotidiano e constantemente, está presente no inevitável, na vida social e na existência da sociedade. Por isso, o mito precisa ser interpretado, pois possui um valor presente na vida de cada um. Diante disso o mito é sempre um desafio, que deixa uma abertura, um enigma, que proporciona a existência de novos mitos.

Assim o mito é um pouco de cada coisa, ou seja, um pouco de cada religião, de cada costume e a diferença entre um povo e outro, pois transmite sensações múltiplas, torna-se por si só uma história próxima e distante, bela e direta, tão simples que acaba sendo complexa.

A religião é o elemento mais povoado de mitos, nela o mito cresce junto com a fé da pessoa e transforma-se no estilo de vida e de convivência em sociedade.

Na antiguidade os mitos serviam como forma de transmitir conhecimentos e alertar os indivíduos sobre perigos, ou defeitos e qualidades do ser humano. Assim, deuses, heróis e personagens sobrenaturais se confundiam com fatos reais para dar sentido a tudo aquilo que não tinha explicação palpável e científica, dando assim sentido à vida e ao mundo.

Na sociedade indígena o mito tem uma força criadora de fé e crença, mostrando a cultura dessa sociedade criada a partir de seus antepassado e que vem sendo transmitida para outras gerações por meio, principalmente, da oralidade.

Este artigo teve como objetivo estudar os mitos Guarani já publicados, verificando a influencia destes na vida cotidiana da comunidade, através de um estudo bibliográfico e documental acerca da historia da mitologia Guarani.

O trabalho foi desenvolvido por meior de revisão de literatura sobre o mito e o meio Guarani, dissertando no primeiro capítulo sobre o percurso histórico dos Guarani, no segundo capítulo discute-se a origem de mito, por fim o terceiro capítulo fecha o trabalho dissertando sobre o mito e a consciência.

HISTÓRIA DOS GUARANI

Conforme os estudos de Juliane Ferreira Vieira (2007), na época em que os europeus chegaram à América do Sul, no século XVI, havia no Brasil várias comunidades indígenas, entre elas a dos Guarani. Estima-se que, no século XVI, os Guarani eram mais de um milhão de pessoas e ocupavam um território de dezenas de milhões de hectares, que compreendia desde o litoral de São Paulo, quase toda a região Sul, até parte da Argentina e uma larga parcela do Paraguai.

O Mato Grosso do Sul possui a segunda população indígena do país e a maioria dessa população concentra-se no sul do estado. Pelo estado é possível visualizar aldeias rurais e aldeias urbanas entre os quais estão os Guarani-Ñhandeva, os Guarani-Kaiwá, os Terenas, os Ofaês, os Kadioéu e os Guató. Dentre essas populações, destaca-se o povo Guarani que somam aproximadamente trinta e cinco mil habitantes no Brasil. Estima-se que quando os europeus chegaram ao Brasil essa população era de mais de um milhão de pessoas e ocupavam um território de dezenas de milhões de hectares. No município de Dourados, existem cerca de doze mil índios das etnias Guarani e Terena. (Vieira 2007)

Para Meliá (1979), o povo Guarani teve de cessar seu plano histórico e subordinar-se à conquista espanhola, desde a conquista do Brasil, as pessoas já eram obrigadas a desistirem de seus planos e para obedecerem a projetos alheios. Com a chegada dos espanhóis ao Paraguai, boa parte dos índios Guarani encontraram-se com os Juruas e com todo o projeto do Rei da Espanha, com missionários sedentos para ganhar almas e soldados em busca de luxo glória, poder e riqueza.

Uma parte dessa população indígena foi agregada pelas organizações das grandes e complexas máquinas coloniais nas várias encomiendas espanholas, sofrendo um terrível e imediato desaparecimento demográfico. Alguns estudos relatam que desse grupo encomiendados não restou mais de dez por cento da população original, destruída tanto pela intensidade do trabalho escravo quanto pelas variadas doenças trazidas pelos conquistadores. Depois disto, estes povos perderam suas características e deixaram de concentrar-se junto às populações desbravadoras. Os colonizadores reuniram milhares de indígenas à sociedade não para fazerem parte da mesma, mas sim para serem escravizados até a morte, explorando-os como bestas feras de cargas, a todos quantos pudessem se apropriar. Assim foi ao longo dos séculos, uma vez que cada frente de expansão que se abria sobre uma terra nova, lá havia uma tribo primitiva.

Segundo Ribeiro (1995), era feito imediatamente um manancial de escravos cativos e capturavam imediatamente mulheres para o trabalho agrícola, e também para gestação de crianças e afazeres domésticos. Meliá (1979) aponta que havia um grupo chamado de índios missioneiros que deparou com o abrigo da fúria colonial na diminuição dos missionários portugueses, jesuítas e espanhóis. Durante certo tempo, apesar dos grandes esforços para que os índios se convertessem, conseguiu ainda de forma disfarçada reproduzir-se culturalmente. O autor (idem) teve como objetivo narrar e compreender a história do povo Guarani por meio das catequeses e buscou compreender o que ocorria quando os índios se convertiam.

Com o final das reduções e, conseqüentemente, com a retirada dos jesuítas das colônias ibéricas, os Guarani missioneiros eram constantemente ultimados por violentas expedições de captura realizadas pelos bandeirantes paulistas e pela ganância dos encomiendeiros espanhóis. Os sobreviventes deste genocídio não voltavam mais às aldeias, ao contrário, uma boa parte aprendeu ofícios diversos e se transformou em artesãos, músicos, carpinteiros, marceneiros e buscaram permanecer em grandes centros urbanos da época, ao redor de Montevidéu, Buenos Aires e Santa Fé. Um outro grupo ficou fora das vistas e das garras coloniais, escondendo-se na espessa floresta paraguaia. Esse fato ocorreu com os atuais grupos Guarani-Mbya, Guarani-Ñhandeva e Guarani Kaiowá. Segundo o autor, os primeiros Guarani que chegaram à cidade de São Paulo em meados do século XIX. Nessa época, surgiram notícias sobre os grupos Guarani-Ñhandeva que se localizavam na região de Iguape, onde se confrontavam com a comunidade não indígena local. Esse grupo de peregrinos vinha do Paraguai rumo a "Terra sem males", paraíso mítico Guarani, que se fixava na região leste de São Paulo, ao sol nascente.

Um dos elementos que regem a jeito de ser dos Guarani é o tekohá é o lugar físico –onde se realiza o teko, o modo de ser, o estado de vida guarani.Segundo Vieira (2007, p. 17), "O tekohá congrega um conceito cultural sincrético muito mais abrangente que a simples possessão de uma área de terra; significa também o lugar, o meio e o modo de ser guarani". Nesse sentido, Meliá (1979) chama a atenção para o fato de que, para esses indígenas, viver não é sinônimo de produzir; a terra não é apenas um espaço de produção econômica, mas especialmente um lugar no qual se vive o teko.

Para resolver problemas relacionados às necessidades indígenas, foi criado o SPI (Serviço de Proteção ao Índio) como uma proposta significativa à temática indígena, pois, além de integrarem os indígenas nas relações de produção capitalista, liberavam suas terras para as frentes capitalistas - avanço do grande capital e das relações de produção, somados à necessidade de integração nacional.

Os três subgrupos de Guarani – Kaiowá, Mbya, Ñhandeva – vêm tendo maiores reservas com relação à educação formal por causa de seu grande apego com a religião e a tradução. Os Guarani conservam aspectos de um misticismo em suas rezas e no seu modo de perceber o não-índio, utilizando esta característica cultural como forma e estratégia de resistência a um mundo que considera terrível e imperfeito.

Ñhanderuí, o rezador Guarani, nos traz a imagem criada por Bosch (apud Meliá, 1979) em uma de suas obras significantes: As Tentações de Santo Antão, na qual o homem santo encontra-se refugiado em seu oratório cercado por um mundo pecaminoso e imperfeito. Assim, como Santo Antão, o rezador Guarani esconde-se em seu tekohá em busca de purificar-se e padecer. Dessa maneira, escondendo-se de todo o contato com o mundo externo, isto é, externo à tradição Guarani.

Quando os pajés em seus sonhos vão falar com o Nhanderuvucu, eles dizem ouvir sempre muitas vozes que lhe imploram: "Devorei muitos cadáveres, estou farta e cansada, dêem um fim a meu api". Assim também clama a água ao criador "para que a deixe descansar", "as árvores que fornecem a lenha e o material de construção pedem descanso ao criador", e todo o resto da natureza. Diariamente se tem esperança que Ñhanderuvucu atenda as súplicias da sua criação.

A busca da terra sem mal Yvy Marane`y é uma experiência corriqueira e presente em todos os subgrupos Guarani, diferindo-se na expectativa e na maneira que ocorre esta procura. Todavia, aconselha-se o não relacionamento indistintamente da migração Guarani com religiosidade Guarani.

Os Guarani realizam todos os seus atos religiosos com o rosto voltado para o sol nascente. Todas as tribos indígenas acreditam na força da natureza e nos espíritos dos antepassados. Cada etnia possui suas crenças, rituais, cerimônias e festas para deuses e espíritos. O conhecimento religioso é uma tarefa transmitida pelo rezador, que é responsável por divulgar os conhecimentos religiosos aos membros da tribo. O costume dos Guarani, com relação ao enterro de seus mortos, é de enterrá-los junto aos seus objetos pessoais, o que aponta para crença de algumas tribos de que há vida após a morte (SCHADEN 1969).

É interessante ressaltar que no inicio, os missionários e os colonizadores diziam que os índios Guarani pareciam ser "gente sem lei", uma vez que eles não viam no povo Guarani uma idéia de um deus. Para esses missionários e colonizadores, esse povo não apresentava temor, a não ser com relação a alguns nomes vagos dados à natureza.

A noção de sagrado parecia ser desconhecida aos Tupi-Guarani. Trata-se de um povo que, ao contrário de outros povos encontrados no caminho do descobrimento, parecia não possuir ritual algum de qualquer tipo de culto religioso. Aparentemente, não possuíam o conhecimento de um deus, de modo que não demonstravam ter crença em algum outro ser. Esse fato causava espanto aos primeiros Jesuítas, pois estes se depararam com uma gente sem fé, mas consolidava a desconfiança de que, pelo menos entre eles, não seria necessário opor-se contra crenças falsas, porque em um primeiro momento, um olhar piedoso dava entender não haver nenhuma crença.

A primeira impressão que se tinha desse povo é que era gente sem fé. Afinal que religião era a deles. As palavras Ñhande reko, que os Guarani usam para expressar algo como "nosso jeito de ser", ou "modo de ser" é também empregada para dizer em que, como e por que se reconhecem diferentes dos demais, designando também religião. Isto é o mesmo que dizer entre os sub-grupos, um jeito particular de ser, assumido e proclamado com uma identidade realizada como um sistema ancestral de crenças destinado a conduzir tanto a historia de um povo quanto a cotidiana de cada uma das pessoas, é definido como uma religião, uma das razões pelas quais um mesmo conjunto de elementos religiosos, em principio unívoco, entre muitos subgrupos e etnias é bastante resistente a ponto de ser ainda quase integralmente a religião Guarani (SCHADEN, 1954).

MITO

Os Mitos são milagres da alma, são canais de comunicação que surgiram com a linguagem dos nossos antepassados. Um dos traços isolados dessa linguagem é que ela não se refere a uma realidade objetiva, e sim a uma realidade interna e abstrata; conceitual ou emocional, pois o que ela tenta descrever e o conteúdo que não pode ser conhecido ou nomeado de maneira comum como, por exemplo: a experiência mítica de Deus ou de deuses. Portanto, entendemos que é uma linguagem de símbolos, de metáforas, uma linguagem de correspondência.

Alguns historiadores vêem o mito como um fenômeno religioso, isto é, como a tentativa de o homem retornar ao ato original da criação; outros sociólogos vêem que a importância do mito não está em seu conteúdo, mas em sua estrutura, uma vez que ela revela processos mentais universais. Em psicologia, os mitos são vistos como uma importante base para o comportamento humano, vários teóricos utilizaram largamente os mitos em seus trabalhos; sejam quais forem as teorias a respeito das origens e funções dos mitos esses permanecem fundamentais para a consciência humana (BATISTA, 2003).

Encontram-se em todas as sociedades variados mitos, embora tenham maneiras diferentes de funcionar em cada uma delas. Os mitos podem tentar explicar a origem do universo, e da humanidade, o desenvolvimento de instituições políticas ou as razões das práticas rituais. Os mitos muitas vezes descrevem as façanhas de deuses, de seres sobrenaturais, ou de heróis que têm poderes suficientes para se transfigurar em animais e para executar outras proezas fantásticas e extraordinárias. Vários antropólogos passaram muito tempo tentando diferenciar mito de história, mas esta pode exercer as mesmas funções do mito, e os dois tipos de narrativas, sobre o passado, algumas vezes se confundem.

Percebe-se que alguns teóricos interpretam os mitos como formas de antigos pensamentos científicos ou religiosos; outros vêem e compreendem o mito como explicação para a ordem social. É importante ressaltar que os mitos escondem um significado misterioso através das análises, e uma infinidade de definições e explicações das mais variadas tem despertado o interesse de estudiosos de diversas áreas.

O mito, da maneira como o entendemos hoje, tem uma composição muito mais complexa do que a simplória categorização de fábula com conteúdo fantástico ou inverídico. Ao longo dos tempos, desde que se possa estabelecer uma região no processo de evolução humana em que surgiu a cultura, é possível a identificação de elementos da narrativa mítica. Mas em que consistiria essa forma de narrativa, ou ainda, qual seria sua função na cultura? De um modo geral, alguns estudiosos de mitologia relatam que a valiosa função do mito é colocar o homem em sintonia e harmonia com o real. Este conceito de mito é bastante fecundo para apreensão de suas nuanças, seu conteúdo e sua estrutura. Partindo deste principio, podemos compreender mito como a maneira pela qual as pessoas dão sentido ao mundo, assim sua função principal seria o recurso para suportarmos nossas frustrações cotidianas (BATISTA, 2003).

O mito pode ser apreciado como a possibilidade ou a intercessão ente o intocável na totalidade de mundo e a importância universal do ser humano, ultrapassando sobremaneira a mera subjetividade do sujeito, podendo também considerar que o homem primitivo seria capaz de prender-se inicialmente ao real não em pensamento lógico, mas a partir de idéias de mitos claros e objetivados entre si. Uma série de desdobramentos torna o mito capaz de compor várias funções: 1ª Mística; 2ª Sociológica; 3ª Psicológica; 4ª Cosmológica. Esta perspectiva de ampliação da consciência do mito tem como desdobramento uma série de conexões, capazes de compor as diferentes funções das narrativas míticas que são tributárias.

Observando mais de perto esta ampliação da consciência, podemos perceber todo esforço do indivíduo para que sua própria existência se perpetue no confronto, muitas vezes doloroso com seu cotidiano. O mito se faz necessário perante a dura e sangrenta realidade que temos de suportar, os confrontos diretos com os fatos, ele nos servem de consolo ou até mesmo de respostas em determinadas situações.

O mito está como pano de fundo em cada sociedade para facilitar a compreensão do real, mas o mesmo serve também de ajuste e meio de transpor ordem às comunidades, construindo, impondo do seu código moral. Os mitos compõem um conjunto de modelos para a atuação humana, conferindo por isso mesmo significação e valor a vida e com isso fundamenta-se e justifica-se todo o nosso comportamento bem como toda nossa atividade humana, percebemos então que uma das funções do mito é revelar os exemplos de modelos de rituais existentes nas sociedades, tanto no que diz respeito à alimentação, como no casamento, na alimentação, no trabalho, na educação e na arte.

Para Batista (2003), a preeminência da narrativa mítica seria capaz de dar conta da necessária organização da sociedade como o reflexo de uma ordem subjacente à própria natureza. O mito estabeleceria um continuo fluxo capaz de garantir a condução de certas atividades práticas e cotidianas, como a caça, a pesca, a agricultura, o casamento, a maternidade, a passagem para maturidade, e outros, os quais promoveriam a continuidade de uma ordem social, propiciando a preservação dos homens. Dessa forma, o mito funcionaria como um esteio cultural humano, norteando as posturas a serem adotadas ao longo da vida, diante das mais dispares situações desde o nascimento até a morte.

Essa função sociológica do mito tem como interessante conseqüência a impossibilidade de se tentar ver as mais diferentes expressões do mito em sociedades diferentes da nossa havendo grandes chances de se incorrer em erro tornando arbitrário caso as particularidades de cada povo não seja levado a sério.

Quanto à função mítica cosmológica, ela é capaz de constituir e transmitir uma imagem de mundo, uma visão cósmica tida como expressão plena do sagrado. A visão do mundo como ele é em todos os seus aspectos é reconhecida como parte do mistério consubstancial da própria condição do real. O céu, a terra e o inferno e tudo o que há neles, sua ordem, origens e acaso são manifestações da grandiosidade do mundo, que traz uma linguagem própria, capaz de ser ouvida pelo homem. Graças ao mito, o real pode ser discernido como organizado e perfeitamente articulado, inteligível e significativo. Poder ouvir a voz desse cosmo e permanecer em intima coalizão com sua amplitude e profundidade diz respeito à função cosmológica da narrativa mítica.

Outro importante papel do mito, nesta mesma perspectiva de homem mundo, é a função psicológica. A análise deste papel torna-se mais clara, se é constatada a variação da ordem sociológica e cosmológica dos mitos nos diferentes períodos históricos e nas distintas regiões do planeta, afinal, há considerável divagação entre a cosmologia e a organização social. Ao tomarmos como dois exemplos o povo grego e hebreus antigos antes da era cristã. Ao contrário, há problemas da condição humana que são por excelência irredutível, perpassando os indivíduos de toda e qualquer cultura.

Segundo Batista (2003), a função psicológica mostra-se de forma penetrante que é compreendida há tessitura mítica como um manancial simbólico capaz de abrir a perspectiva interior essencial aos humanos à dimensão dos mistérios de sua própria inclusão na realidade de um índio já constituído esta função psicológica inclui o individuo nas ordens da construção da própria memória, guiando-o em direção de sua constituição, enriquecimento e realização. Deste modo, as diferentes mitologias são capazes de responder a esses anseios moldando os indivíduos e preparando os mesmos para a vida em sociedade de acordo com os objetivos, regulamentações e ideais de suas respectivas culturas.

Desta maneira, o mito pode ser considerado como um cordão umbilical que liga o homem à realidade, a partir de um primeiro reatamento com sua própria natureza (BATISTA, 2003).

Os mitos são elementos decisivos para a conexão do sujeito com o real, nos diferentes aspectos da vida, do ponto de vista individual, da sociedade e do universo como um todo. É imprescindível que não se perca de vista o caráter eminentemente humano cultural e de criação do espírito, representado pelos discursos míticos, o que se coloca absolutamente oposto ao conceito de rituais míticos como evasão doentia de instintos ou de selvagem bestialidade sem controle.

As narrativas míticas têm de ser aprendidas em sua remanescente densidade espiritual, são fenômenos imanentes à cultura, prevalecendo aspectos distintos nos mais variados grupos sociais. Sem embargo, nas sociedades em que o mito pode ser estudado vivo, torna-se possível a identificação de padrões de repetição na organização essencial da narrativa mítica, os quais podem ser tomados como um estofo, ou mesmo uma instância clássica na organização de tais mitos.

Conforme Batista, a totalidade de tudo o que existe se originou do tempo passado, não comum, em que os incontornáveis eventos narrados pelo mito teriam ocorrido. Expressa-se um essencial envolvimento com os acontecimentos recontados havendo intersecção dos mitos com a totalidade da vida humana na medida da sua própria existência. Neste sentido, a narrativa mítica remeteria a uma dimensão pretérita que em si contém todos os eventos que dão conta da realidade na qual hoje o mundo e todas as coisas estão inseridos. Sobre este aspecto M. Eliade (apud BATISTA 2003) aponta que:

O mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do "Principio". Em outros termos, o mito narra como, graças as façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: Uma ilha, um vegetal, um comportamento humano, uma instituição

O mundo se tornou, se constituiu, a partir de acontecimentos sagrados, ou seja, ele passou a ser. E isso se deve diretamente à atuação de um Ente Sobrenatural, o qual operando neste principio pode dar forma e origem a tudo aquilo que é hoje, e por essa excelsitude, é que as coisas são como são, e na realidade tudo o que existe está aí na exata medida para demonstrar a perfeição sem a atuação e intervenção de um ser superior nada seria como é.

A estrutura central trata-se de uma narrativa que dá conta de um vim a ser, de como algo se põe no manifesto de forma plena. A possibilidade de invasão do sagrado no mundo, ou seja, a interferência de uma ordem sobrenatural, a qual estabelece o estatuto de confiabilidade que fundamenta o mundo, tornando o que é hoje (CAMPBELL,2004).

O mito é considerado uma história sagrada e, portanto, uma história "verdadeira" porque sempre se refere à realidade. O mito cosmogônico é "verdadeiro", pois a existência do mundo está aí para aprová-lo. Os mitos possuem este estatuto de sacralidade, sendo plenos em verdade e irrefutabilidade. Ao contrário das fábulas, trazem em seu conteúdo a explicação para o mundo e a realidade; dão conta, igualmente, da condição humana atual, herança direta de acontecimentos ocorridos no TEMPO PRIMORDIAL.

O homem das sociedades nas quais o mito permanece vivo tem em sua grandeza cósmica e existencial devedora deste tempo nos grandes feitos, no qual ações e fatos modeladores constituíram a ordem contida no mundo, ou seja, esse essencial precedi a existência. Assim, constituísse o sentimento do que realmente possui significado em relação à vida humana, propiciando o estabelecimento de uma sustentação própria à existência e mais ainda que um sentido pleno de que algo genuinamente real o qual pode ser apreendido pela verdade inexorável e inalienável dos primeiros feitos praticados. As histórias trazem elementos para nortear a atitude humana, tornando-se verdadeiros paradigmas para as ações e posturas dos homens.

De acordo com Marques (2007), é mister que se comente que feitos míticos não trazem em si qualquer garantia de primazia do bem, ou da existência da bondade como paradigma, em relação à constituição de uma moral. Em verdade o conceito de função mística, ou metafísica, abordando o mito como produto humano capaz de interpor-se entre o homem e o real traz com seus elementos constitutivos também as dimensões selvagens e trágicas, mas facilmente perceptíveis na organização da própria existência.

Segundo Marques (2007), a dor determinada pelas mais diferentes etiologias, a inclemência das forças da natureza, que parece manter o homem a sua mercê, a dimensão umbrosa da perda, são motes presentes nas mitologias arcaicas e que se traduzem de vários modos em rituais algumas vezes bárbaros e brutais. Essa não relevância moral nos eventos primordiais constitutivos das narrativas míticas primitivas é assim uma expressão do mesocosmo da tragédia que é a vida.

Reiterando as fábulas, os mitos narram fatos que instauraram uma profunda alteração ou mesmo a criação do status quo-humanos, as fábulas podem dar conta até de pequenas e menos importantes modificações no mundo ainda que no geral, as fábulas sejam consideradas inverídicas ou cômicas, mais de forma alguma exprimem rupturas fundamentais modeladoras ou modificadoras da condição humana. Isto apenas nas narrativas míticas é possível.

No bojo deste conceito de mito como história sagrada, uma instância inalienável de revelação emerge naturalmente uma tensão com o profano representado pelo mundo ordinário, este último oriundo do fato primevo, deste primeiro momento isagógico, põem-se uma situação em que o profano é gerado no útero do sagrado. Este contexto delimita a importância do mito para as sociedades nas quais ele está vivo, ele traz luz sobre tudo o que existe e posto isso há necessidade continuada de revivê-lo e atualizá-lo o que é feito através de sua narrativa pelos que sabem fazê-la, normalmente, por aqueles que detêm o conhecimento (ELIADE, 1972).

Os que conhecem são capazes de transpor os limites do cotidiano para incluí-lo no sagrado, como, por exemplo, os poetas, os iniciados e os xamãs partindo do tempo ordinário, profano, e ingressando no tempo primeiro em que as coisas foram concebidas. É preciso revisitar esse primórdio mantendo-se sempre vivo apreendo-o em sua totalidade premissa básica para qualquer tipo de conhecimento.

Não se pode realizar o ritual, a menos que se conheça sua "origem", isto é, o mito que narra como ele surgiu e como ele foi efetuado pela primeira vez, é de suma importância que haja todo um conhecimento pertinente ao ritual capaz de criar um ambiente propicio à incursão nas origens, momento no qual a dimensão transcendente da sustentação a tudo aquilo que é real (BATISTA, 2003).

Diante dessas idéias e conceitos acerca dos mitos percebemos que seu plano essencial ultrapassa em muito as questões genuinamente lingüísticas, as instancias intelectivas e modeladoras do comportamento,as experiências oníricas ou contemplativas em relação a natureza vai alem atingindo os fenômenos da consciência humana. A seguir destaca-se alguns mitos dos Guarani.

MITO E CONSCIÊNCIA

Os mitos sempre representaram a consciência da humanidade através dos tempos. Recebemos como herança em nossa cultura várias histórias, rituais, valores e normas de comportamentos que determinam nossa consciência.

O mito representa a mágica da consciência humana, assim as crenças tornam-se necessidade dominante para dar sentido a essa existência.A consciência é algo tão grandiosa e muitos tem a pretensão de limitá-la, sem compreender seus mecanismos; pois seu desenvolvimento é a própria consciência humana.

De acordo com Ferreira (1999) crença é o ato ou efeito de crer, é fé religiosa. Segundo Hayas (2007) a crença é um estado mental que representa o estado subjetivo do conhecimento. Para Brunel (1988) crença é baseada em experiências vividas.

No campo da Psicologia há várias concepções explicando o desenvolvimento e a constituição do ser humano. O homem é um ser que pensa, tem consciência e se move num contexto cultural seguindo o raciocínio do parágrafo definir o que é cultura citar três teóricos social e histórico; faz-se necessário, portanto, entender suas crenças para suportar as adversidades do cotidiano. Nesse sentido observa-se que o povo Guarani utiliza o mito como suporte, sendo que para eles além de ser real, é fundamental para sua sobrevivência.

Segundo Vigotsky (1984),aPsicologia da Consciência traz uma compreensão da dimensão do ser humano, tendo em vista que o campo da consciência, ainda é muito vasto e cheio de revelações e descobertas científicas, mas inerente nos seus vários aspectos. Ela integra os mecanismos da psique humana considerando todo o seu campo de conhecimento. Por exemplo, se a pessoa observa algo, o seu pensamento deixa de permanecer separado do objeto, passando a existir um processo interativo e aquilo que era apenas um fato isolado, transforma-se em fenômeno, onde o indivíduo participa junto com a ciência, formando a consciência.

A palavra consciência é constituída do sufixo ciência e do prefixo com, que significa junto a. Assim, cabe ao indivíduo buscar junto à ciência o sentido, a essência, ou seja, obter a consciência. A consciência é, portanto, uma conseqüência interativa da essência humana com sua profunda capacidade de observação.

Oliver Sacks (2005) aponta que em 1955,já tinha o entendimento que a consciência humana não era uma "coisa", mas sim um processo em constante movimento, que se origina das relações dos seres humanos entre si e com a natureza.

A consciência é a instância determinada pela existência, pela vida real do homem e que é constituída pela percepção, memória, habilidades e vivencias emocionais.É a forma superior do reflexo da realidade no homem.É um produto das relações especiais,sociais que predispõe os homens para as relações que se realizam por meio de seus cérebros,órgãos dos sentidos e de seus órgãos de ação.A consciência de cada homem é também produto de sua atividade no mundo objetivo como afirma Marx e Engels,citados por Vigotsky (1988),é nessa atividade que se realiza por intermédio da comunicação com outros homens,que tem lugar o processo de apropriação pelo homem,das riquezas espirituais acumuladas pelo gênero humano e que estão encarnadas na forma objetiva sensorial,suas crenças.

Concordando com Vigotsky (1988), Pino (2005) diz que a relação real entre as pessoas é aquela em que a pessoa se relaciona consigo mesmo como os outros se relacionam com ela; afirmando assim que a maneira de ser, de pensar, de agir das pessoas tem a ver com a maneira que os outros são, pensam ou agem em relação a nós mesmos. Isso confirma claramente o pensamento de Vigotsky sobre a identidade existente entre as funções superiores e as relações sociais. "Todas as funções mentais superiores são a essência das relações da ordem social internalizadas, base da estrutura social do indivíduo" (VIGOTSKY, 1984).

Parafraseando Marx, Pino (2005) diz que a natureza psicológica da pessoa é o conjunto das relações sociais, transferidas para dentro de si e que se tornaram funções de sua personalidade e forma de sua consciência juntamente com suas crenças.

Para Marx citado por Vigotsky (1988), não é a consciência que determina a vida de uma pessoa, mas a vida que determina a consciência da pessoa. O pensamento, a linguagem, a consciência, a memória, a percepção, dentre outros, não são condições naturais de existência criadas pelo homem, mas se constituem como alicerce dele a partir da própria constituição do ser humano.

Assim, as funções mentais superiores traduzem a maneira como os indivíduos se posicionam uns em relação aos outros na sociedade; concretizando com esse posicionamento a sua prática social, ou seja, o sujeito vai se constituindo a medida que participa dos grupos sociais. Pela tradição cultural de um povo, como o povo Guarani, as práticas sociais são as várias formas de pensar, falar e de agir das pessoas que integram esse determinado grupo cultural. Concordando com Vigotsky o autor citado acima ainda diz que todas as funções superiores mentais são a essência das relações internalizadas socialmente pelo indivíduo.

Vigotsky (1988) apud Pino (1991) também afirma que a origem e a natureza social das funções psicológicas superiores, ou seja, a essência do psiquismo: a inteligência, a memória, a consciência, a linguagem, etc. nascem das relações sociais entre as pessoas. O autor coloca ainda quepara entender o sentido de sociabilidade humana, implica uma certa consciênciadas pessoas em entender que essa sociabilidade se concretiza nas relações ou vínculos do tipo Eu = Outro e não Eu= Eu.

Nesses últimos 20 anos a Neurociência começou a estudar a base neural da consciência. A questão é que a Neurociência empenhou-se em descobrir a base da consciência começando a analisar as formas mais elementares da consciência, como a percepção dos movimentos. Atualmente, os estudos neurocientíficosda consciência passou a ser o centro das atenções dos cientistas, onde os quais passaram a estudar todos os níveis da consciência, dos mecanismos mais elementares como os níveis mais elevados da memória, da construção de imagens e da consciência auto-reflexiva.

So-ó (A carne)

O meu vô gostava de dançar,nós não era Nhanderu (Cacique) ele dançava porque gostava dessas coisas.E foi ele que me ensinou caçar.Eu ainda bem pequeno mais ele já me levava na caçada pelo mato para ser companhia dele.E por lá, por onde nós pousávamos na beira do rio,na mata e por onde nos descansávamos ele me dava conselhos.Ele me contava carne do bicho que eu não podia comer porque comendo essa carne meus amigos serão meus inimigos,pra não comer essa carne se não os filhos serão meus inimigos,depois de grande.Que tipo de carne de bicho que devo comer para ser um bom amigo com os amigos e os amigos assim sejam comigo.E que tipo de animal que devo utilizar de animal devo utilizar como remédio para crianças e para adultos também.Que tipo de osso de animal que devo usar quando tenho dores de ouvido e também para ser obediente que comer para me evitar de muitas doenças, e que tipo de couro de animal que devo usar para ferver e com o caldo devo tomar banho para ser resistente a qualquer doença também.

Os mitos fazem parte da vida diária dos Guarani, eles são importantes na educação dos filhos, eles ajudam perceber a época da plantação tem papel fundamental na socialização da comunidade.

Na medida em que o desenvolvimento da espécie é a história da sua humanização e o do Guarani é a história de cada membro dessa espécie, conclui-seque este é um caso particular daquele ou, em outros termos, que a história geral da espécie.

A natureza transforma-se em cultura, sem perder suas características, e a cultura materializa-se em natureza constituindo-se um paradoxo que só o caráter simbólico da cultura pode desvendar (PINO, 2005).

Para conquistar varias mulheres

Esse tangará grande é um passarinho de cor preta e na cabeça possui uma parte vermelhada muito bonito mesmo.E ele vive no brejo.Esse é um passaro que não tem paradeiro.Ele segue o banhado e vai muito longe e com tempo ele volta e passa por onde você o encontrou.Esse passaro Tangará serve para homem usar para ser atraente.- Como deve ser usado para ser atraente?-Quando você acha esse passaro e vai utilizá-lo para esse fim, quando você vai atirar para matá-lo você tem que fazer primeiro pedido pra ele.Você tem que falar pra ele o porque você vai matar.E depois de feito isso pode atirar para matar.E depois de caído já, você tem que tirar dele a parte vermelha da cabeça,e você carrega a parte tirada com você.Isso para você ser atraente para mulheres.Quando você estiver no meio de gentes, somente ao ouvir a tua voz as mulheres já vão procurar você e já começa rodear você.Antigamente que tiver essa simpatia não tinha seus paradeiros,não tinha casa para morar.Antigamente que tinha essa simpatia eram aqueles homens que tinha dificuldade de arrumar suas parceiras.E jovens não pode ter esse tipo de simpatia para atração.Se você possuir uma simpatia dessa, você não vai ter uma casa para você morar, dizia pra jovens alguém dando conselhos.De modo que não era uma brincadeira para dar risadas,mas usando apenas para dar conselhos.

A passagem do homem do estado de natureza ao estado de cultura é um processo cujos detalhes mal pode-se imaginar e do qual pouca coisa pode-se afirmar além de que se trata de algo paradoxal da emergência do homem como ser humano. Isso quer dizerque a história de transformação da natureza (história cultural) é a história da humanização de Homo; portanto, trata-se de uma mesma e única história (PINO, 2005).

A mulher da lua

O planeta Vênus era muito observado pelo Tupi-Guarani por ser,depois do Sol e da Lua,o objeto mais brilhante do céu.Vênus era utilizado principalmente para orientação por ser visto pouco antes do nascer ou logo após o pôr-do-sol, sempre próximo ao sol.Os indígenas pensavam que se tratava de duas estrela que apareciam em períodos diferentes:a estrela matutina (kaaru mbija), que chamamos de estrela D´alva, e a vespertina (koe mbija)que chamamos de Vésper , cada uma delas visível por cerca de duzentos e sessenta e três dias.

Os Tupi-Guarani chamam o planeta Vênus quando aparece como estrela vespertina "Mulher da Lua".Eles contam que a mulher da lua é muito linda,vaidosa e nunca envelhece.Ela só fica ao lado do seu marido enquanto ele é jovem,afastando-se dele a medida que fica mais velho.

Ao anoitecer, no dia seguinte à lua nova ,os dois astros se encontram bem próximos, no lado oeste.nas noites seguintes a Lua vai crescendo e se distanciando de Vênus.Na crescente, Vênus continua aproximadamente no mesmo lugar,mas a Lua se encontra no alto do céu, perto da linha norte-sul.Na Lua cheia ao anoitecer a lua está no lado leste e sua mulher, bem afastada no lado oeste.Na Lua minguante Vênus e a Lua não são mais visieis ao mesmo tempo.Na Lua nova, o ciclo recomeça. Esse mito,que pode ser considerado uma maneira alternativa de explicar as fases da Lua nos foi relatado pelos Guarani do sul do Brasil por duas etnias da família Tupi-Guarani que não tem contato entre si (AFONSO, 2006).

Tradições (mitos) nas quais as significações se concretizam em formas materiais de expressão que servem para conservar as significações que lhes dão origem.

Se o ser humano define-se como um ser cultural, como sustentamVigotski e os autores da corrente hsitórico-cultural, o desenvolvimento da criança é um processo de constituição nela dos modos de funcionar humanos (falar, pensar, agir, etc) e do saber necessário para esse funcionar, já que falar pressupõe que algo seja dito e pensar que algo seja pensado, pois não há falar sem coisa falada nem pensar sem coisa pensada. Isso quer dizer que o desenvolvimento cultural da criança mais do que inserção dela na cultura, é a inserção da cultura nela para torna-la um ser cultural (PINO, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizando este trabalho pode-se dizer que a história dos povos indígenas no Brasil ficou sem registro real dos verdadeiros acontecimentos, restrito a alguns trabalhos acadêmicos, sendo que as raras referências trazem dados simplificados e incompletos sobre as verdadeiras  condições dessa população em território brasileiro.

Verifica-se que o Mato Grosso do Sul está em segundo lugar na concentração da população indígena do país, sendo que a maioria está localizada na região sul do estado. Dentre as mais diversas etnias estão os povos Guarani-Ñhandeva, os Guarani-Kaiwá, os Terenas, os Ofaês, os Kadioéu e os Guató, entre os quais está o povo Guarani, sendo essa etnia parte da população localizadas nas aldeias do município de Dourados (MS).

Conclui-se que o mito tem grande importância entre os Guarani, devido a religiosidade e a fé desse povo, para eles os mitos constitui-se em acontecimentos sagrados. A tradição cultural do povo Guarani mostra que o mito é uma prática social que representa as funções psicológicas do psiquismo desse povo, onde símbolos da natureza tem grande significado, entre eles pode-se destacar a lua, o sol, a chuva, o trovão, etc.

Enfim esta pesquisa apresentou os valores, as concepções, as tradições desse povo exposta através dos mitos, a fim de valorizar o modo de viver dessa sociedade, tão presente neste Estado.A Psicologia estuda a formação da consciência na relação homem e cultura.

Os mitos parecem no cotidiano indígena,na cultura de suas relações .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, R.S .Deuses e homens. São Paulo: Landy, 2003.

BRASIL, Ministério da Educação. Referenciais para a formação de professores indígenas. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC; SEF, 2002.

______, Constituição 1988: Texto Constitucional de 5 de outubro de 1988 com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nºs 1 1/92 a 26/00 e Emendas Constitucionais de Revisão nºs 1 a 6/94. – Ed. Atual. Em 2000. – Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2000. 

BRUNEL, P. Dicionário de mitos. Rio de Janeiro: José Olimpio, 1998.

CAMPBELL, J. E por falar em mitos. São Paulo: Cultrix, 2004.

CASTORÍADIS, C. Encruzilhadas do labirinto II: domínios do homem. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

CLASTRES, H. Terra sem mal: o profetismo Tupi-Guarani. São Paulo: Brasiliense, 1978.

ELIADE, M. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1972.

FERREIRA, A. B. H. Dicionário de língua portuguesa. 18.ed. São Paulo: Nova Fronteira, 1999.

HAYAS, R. Fé e qualidade de vida: relação entre espiritualidade e melhor enfrentamento da doença ganha a atenção de especialistas de várias áreas médicas. Disponível em <http://www.revistaabcancer.org.br/materia.asp?edicao=30&materia=13> Acesso em outubro de  2007.

JECUPÉ,K.W. A terra dos mil povos:historia indígena brasileira contada por um índio. São Paulo: Peirópolis, 1998.

LÉVI-STRAUSS,C. O pensamento Selvagem. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.

LIMA, F. Índios do Brasil. São Paulo: José Olimpio, 1949.

MARQUES, J. Disponível em: <http://monomito.wordpress.com/2006/05/19functions> Acesso em: 07/10/07.

MAY, R. A procura do mito. São Paulo: Manole, 1993.

MELIÁ, B. Educação Indígena e alfabetização. São Paulo: Loyola, 1979.

NIMUENDAJU, C. As lendas da criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapocúva-Guarani. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1987.

PINO, E. As marcas do humano. São Paulo: Cortez, 2005.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995.

SACKS, O. No rio da Consciência. Revista Viver: Mente & Cérebro, n.148, p.29-31, 2005.

SCHADEN, E. Aspectos fundamentais da cultura Guarani. São Paulo: EPU, 1954.

______. Aculturação Indígena. São Paulo: Pioneira, 1969.

VIEIRA, J. F. Uma análise crítica das relações de poder no gênero relatório: o caso dos kaiowá da aldeia Panambizinho. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPTL. Três Lagoas, 2007.

VIGOTSKY, L. S; LEONTIEV, A. N. Linguagem,desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: EDUSP, 1988.