O milagre da objetividade.

Por Ivan Postigo | 09/10/2009 | Adm

Fim de semana, num almoço da turma, ouvia um amigo, que tem uma média empresa familiar, dizer ao filho:

-Lembra daquela papelada nas gavetas do escritório, sobre a mesa, numa pasta qualquer no arquivo, aguardando a tão prometida ação de organização? Continuam lá!

-O armário em casa, com as roupas espalhadas, que você pediu que ninguém mexesse, porque iria fazer algumas doações? Estão do mesmo jeito!

-Aquele livro que você deixou  na mesinha da sala, há um mês,  porque “precisava “ ler,  e pede para que não seja  recolocado na estante para que não esqueça,  ainda está no mesmo lugar,  apenas muda de posição a cada limpeza do ambiente!

-Aquela revista de agosto de 2.001, no porta-malas do carro, com a matéria sobre a Amazônia, que lhe daria informações sobre o mercado da região, continua importante ou pode ser encaminhada para o José que vende livros e revistas usadas?

-O aparelho de telex  que você ganhou de seu avô e ficou de consertar,  continua na garage, coberto de pó!

-A carta que você começou a escrever há 3 anos,  parabenizando a Melissa pelos seus 15 anos, está marcando a página daquele livro que estava lendo na época.

-Na lista de pendências continua chamar o técnico  para ver o  barulho da impressora, descartar os jornais velhos, comprar escova para sapatos, trocar a blusa que você deu à sua avó  e não serviu e mais 2.535  pequenas coisas, que constam na lista, presa ao imã da geladeira!

De uma forma bem descontraída, o garoto, todo filho permanece garoto pra o pai,  respondeu sem qualquer provocação:-Bom, não tem problema, se o papel for para o lixo é só imprimir o arquivo do word, Coisas agendadas.doc.

O pai já meio irritado:-Você tem prometido  que ano que vem entrará  sem pendências nenhuma. Ótimo, ainda estamos em maio. Ah,  dá tempo...

-A propósito, e se tiver um pedido de um cliente naquela papelada no arquivo? Meu objetivo não é  deixá-lo preocupado, apenas alertá-lo!

O filho diz: Pai, não sei como você consegue manter suas coisas em ordem, eu não tenho tempo para cuidar de tudo.

Nisso meu amigo lhe diz: -Praticando o milagre da objetividade.

Como o assunto “arrumação” sempre dá em todos nós uma surra tremenda, todos queriam saber como isso funciona, lógico.

Ele pegou um guardanapo, a caneta que marcava os pontos do jogo de baralho, nos explicou que as regras são bem simples:

1-     Concentre-se no que é importante;

2-     Determine um  horário e tempo para cada tarefa;

3-     Inicie e termine as tarefas  sem intercalações  de trabalhos;

4-     Resuma  tudo numa simples atividade: Pegou para fazer, faça!

 

E dizia: -O documento que foi para a pasta de pendências  do arquivo deveria e poderia ter recebido a solução definitiva na hora em que foi manuseado.

-O técnico para consertar a impressora poderia ter sido contatado no momento em que foi incluído no arquivo ponto doc.

-Consertar o aparelho de telex para quê? Como peça de decoração até pode ser interessante, mas não terá uso efetivo, portanto não há razão para esse desperdício de tempo!

 

É verdade, problemas que não resolvemos sempre voltam a nos incomodar e tomar um tempo precioso, portanto como dizia meu amigo, pratique o milagre da objetividade.

O Roberto, uma pessoa que trabalhou comigo há muito tempo, tinha uma técnica terrível para retirar os documentos da mesa: Grampeava um bilhete De – Para, com alguma pergunta, e os despachava. Eles voltavam, mas durante um tempo sua mesa ficava com um aspecto melhor.

Todos queriam  “matá-lo”e ele não entendia porquê. Talvez por seu excesso de objetividade e nenhum milagre praticado.

 

 

 

Ivan Postigo

Economista,  Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP

Autor do livro: Por que não? Técnicas para  estruturação de carreira na área de vendas

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

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