O método cartesiano na construção do eu racional
Por Andressa S. Silva | 12/02/2012 | FilosofiaO EU RACIONAL
O ato de pensar é uma certeza. Se tudo é uma ilusão, pensar é uma certeza. Pensar é uma ação realizada por alguém, de forma que é possível afirmar que também é uma certeza a existência de alguém que pensa.
A filosofia cartesiana do ‘eu penso” (cogito ergo Sun) nos ajuda na construção do sujeito ético, pois a compreensão de nossas ações, bem como a construção de relações sociais de acordo com referências democráticas, por exemplo, exigem reflexões que se fundamentam em nossa capacidade de cogitar, isto é, de questionar o que vivemos e o que desejamos viver.
O MÉTODO CARTESIANO
No livro Discurso do Método, René Descartes (1596-1650) elaborou o que denominamos método cartesiano, que refutou o ceticismo muito presente na época. É constituído por cinco fases:
1- Rejeitar tudo o que é proveniente dos sentidos: podemos nos enganar baseando-nos nas informações fornecidas pelos sentidos (olfato, paladar, visão, audição e tato), então, Descartes rejeitou essas sensações.
2- Rejeitar tudo o que poderia vir do raciocínio: Quando procuramos raciocinar podemos nos enganar. O raciocínio nem sempre é perfeito (por exemplo, cálculos matemáticos) e, por isso, foi rejeitado por Descartes.
3- Rejeitar todos os pensamentos que ocorrem quando se está acordado ou dormindo: Quando dormimos, nosso sonho parece ser real. Do mesmo modo, quando estamos em estado de vigia, por vezes, temos as mesmas ideias de quando dormimos. Como as ideias que aparecem no sono e na realidade são semelhantes e geram dúvidas, Descartes as rejeitou.
4- Considerar como única certeza o fato de pensar: Mesmo duvidando de tudo (Dúvida Hiperbólica), Descartes percebeu que de algo ele tinha certeza: estava duvidando. Duvidar é uma função do pensamento, é pensar. Se duvidava, então pensava. Pensar era a única certeza.
5- Julgar que as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras: Na relação entre pensar e existir nada garantia a verdade, exceto que via com clareza que, para pensar, era preciso existir. Daí concluiu que poderia tomar como regra geral que as coisas concebidas com clareza e distinção são todas verdadeiras.