O Manifesto Comunista
Por Sérgio Russolini | 20/04/2009 | FilosofiaO trabalho é a fonte de todas as riquezas... O trabalho é muito mais que isso. É a condição básica e fundamental de toda vida humana.Em certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o homem.
Darwin deu uma descrição aproximada sobre uma raça de macaco extraordinariamente desenvolvida: eram totalmente cobertos por pelo, tinha barba, orelhas pontiagudas, viviam em árvores e formavam manadas.
Em decorrência direta de seu gênero de vida, devido ao quais as mãos, tinham que desempenhar funções distintas das dos pés... Começaram a adotar cada vez mais uma posição ereta. O passo decisivo para a transformação do macaco em homem.
As mãos dos primatas eram mais fortes que as dos homens de hoje, porem, jamais foi capaz de executar centenas de operações. Nenhum macaco jamais construiu um machado de pedra, por mais tosco que fosse suas funções foram sumamente simples, durante milhares de anos.
Vimos pôs que a mão não é apenas um órgão de trabalho, é também produto dele. Criaram-se habilidades, onde o homem atingiu um grau de perfeição: ver nos quadros de Rafael, as estátuas de Thorwaldsen e à música Paganini.
A mão não era um órgão independente, no entanto, mas complexo. O que beneficiava a todo o corpo servido por ela.
O trabalho com as mãos foi ampliando os horizontes do homem e outras propriedades até então desconhecidas; criaram-se grupos e nestes, a necessidade em dizer algo. Criou o órgão: a laringe. Lentamente foi sendo modulado até surgir o som e, conseqüentemente a linguagem.
Com estes dois instrumentos; mão e voz, houve um estímulo para o cérebro do macaco, transformando gradualmente em cérebro humano. Desenvolveram também outros instrumentos: os sentidos. O sentido do tato constituiu-se, a duras penas, o trabalho. O desenvolvimento dos sentidos a seu serviço, a crescente clareza de consciência, a capacidade de abstração e de discernimentos...
Em seguida surge com o aparecimento do homem acabado: a sociedade. Surgiram as ferramentas de caça e guerra.
O consumo da carne na alimentação significou dois novos avanços de importância decisiva: o uso do fogo e a domesticação dos animais. O primeiro reduziu ainda mais o processo de digestão. O segundo multiplicou as reservas de carne e leite, uma nova fonte de subsistência.
O homem que havia aprendido a comer o que era comestível. Aprendeu também a viver em qualquer clima. Estendeu-se por toda a superfície habitacional da terra, sendo o único animal a se adaptar a todos os climas.Mediante a tais mudanças, houve a necessidade de procurar habitação, cobrir-se de pele, para proteger seu corpo, surgindo assim, outras esferas de trabalho e com elas novas atividades, afastando ainda mais o homem dos animais.
A caça, a pesca veio juntar-se à agricultura, mais tarde a fiação e a tecelagem, a elaboração de metais, a olaria e a navegação.
Mais tarde o comércio, a ciência, as artes. Das tribos saíram às nações e aos Estados. Apareceram o direito e a política. E com eles o reflexo fantástico das coisas do cérebro do homem: a religião.
Logo, mediante tudo isso, o trabalho da mão passou para o segundo plano, passou a desenvolver suas atividades pelos seus pensamentos e, em função deles, passou a dominar outras tribos, escravizando e obrigando a trabalhar nas funções que outrora já fora executada por ele. Foi assim que, com o transcurso do tempo, surgiu essa concepção idealista do mundo que dominou o cérebro dos homens, sobretudo a partir do desaparecimento do mundo antigo...
Mais adiante os homens (Árabes) aprenderam a destilar o álcool, sem ao menos saber que essa seria uma das principais armas que exterminaria a população indígena do continente americano, então ainda desconhecido.
Logo após surgiu a Europa, Colombo, a América e à escravidão.
Não muito recente, nos Séculos XVII e XVIII surgem às máquinas, a industrialização, o novo mundo. Nele surgiu a burguesia, o domínio social, político e as classes dominantes e as dominadas.
Dessa transformação surgiram as grandes guerras e o mundo se dividiu: mundo capitalista e mundo socialista.
A partir daí o que se viu foi ganância, destruição, desarmonia, interesses mútuos... Até chegarmos hoje na tão avassaladora globalização.
Por fim, o homem descobriu ao longo de sua transformação e evolução que, quanto mais se trabalha, (no uso das mãos, mente e alma), mas a riqueza do mundo há de concentrar, mais e mais, nas mãos dos que não trabalham.
Texto extraído de "O Manifesto Comunista" do filósofo Friedrich Engels, em 1896 e adaptado pelo Prof. de Filosofia, Sérgio Russolini