O Lúdico na Educação Infantil

Por Alexandra Lima Tavares | 26/03/2019 | Educação

O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTL

ALEXANDRA LIMA TAVARES¹             

TAVARES, Alexandra Lima. O lúdico na Educação Infantil. 2015. 20f,2015.

RESUMO

A presente pesquisa tem como proposta abordar o uso do lúdico na Educação Infantil. A educação infantil que se refere à educação da criança pequena debate-se constantemente sobre a melhor forma de educar, pois se busca uma educação que possa favorecer as crianças conhecimentos construtivos que propicie seu desenvolvimento físico, psicológico, cognitivo e social, compreendo que a criança hoje é percebida como sujeito ativo no processo ensino/aprendizagem. O próprio aparato legal, no desenrolar da história da educação, priorizou a criança com um ser de direitos, a partir da década de 1980, as políticas públicas educacionais começaram a ver a criança com ser humano cheio de necessidades e capacidades. Acredita-se que a ludicidade seja um caminho excelente para o trabalho na Educação Infantil, pois, segundo Kishimoto (2005, p.37) “utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção de conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora”. Nesta perspectiva este estudo desenvolveu-se em uma abordagem qualitativa, com levantamento bibliográfico. Os resultados nos demostram que o uso do lúdico pelos professores na sala de aula deve contribuir no sentido de promover nas crianças não apenas o brincar por brincar, mas que possa contribuir na construção de conhecimentos significativos, pois no contato com jogos em brincadeiras elas aprende de forma mais prazerosa e divertida.

PALAVRAS- CHAVE- lúdico. Educação Infantil. Metodologia.

  1. Introdução

   Este artigo tem como objetivo apresentar linhas sucintas que possam discutir e fazer inferências acerca do lúdico na Educação Infantil. Por isso desenvolvi uma pesquisa bibliográfica que tem como tema o lúdico na educação infantil, no sentido de compreender a utilização de jogos e brincadeiras como recurso que promovam o desenvolvimento e aprendizagem da criança de forma significativa.

         Assim inicia-se com um breve olhar sobre os principais marcos da educação infantil no Brasil, dando ênfase ao ensino da criança, enfatizando as leis que priorizam a educação da criança pequena, além de destacar a criança e seu papel na sociedade e por fim ressalta sobre a valorização do lúdico no contexto da Educação Infantil.

         No referencial teórico que promoveu o embasamento a presente pesquisa adotou-se autores como Kishimoto (2005; 2007), Kramer (1995), Rau (2006), Oliveira (2005), Vedove (2008) e outros que desenvolvem estudos sobre a temática.

  1. Desenvolvimento

A educação infantil em nosso país começou a ter prioridade a partir da década de 1960 quando foi aprovada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), mas especificamente em 1961 a lei 4.024/61, em que incluíram no sistema de ensino os jardins de infância, em seu artigo 23 em que estabelece: A educação pré-primária destina-se aos menores de até 7 anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins de infância.

Ainda nesta década a legislação sobre o ensino foi reformulada pela lei 5.692/71 que fixa diretrizes para ensino de primeiro e segundo grau.  A Lei dizia: “os sistemas valerão para que as crianças de idade inferior a sete anos recebam educação em escolas maternais, jardins de infância ou instituições equivalentes”. Cabe salientar que tanto na lei 4.024/61 como a lei 5.692/71 não houve um compromisso do estado com o atendimento à criança pequena, elas apenas definiram a idade e a instituição de atendimento.

            Já na década de 1980, foi promulgada a Constituição Federal de 1988, que representou uma grande evolução no que se refere à garantia de direito da criança, que estabelece em seu artigo 208 o seguinte: “O dever do estado com a educação será efetivado mediante garantia de: atendimento em creche e pré-escola a crianças de zero a seis anos de idade”.

Neste sentido a constituição define a criança como um sujeito de direitos e que tem, então, direito a proteção de forma integral sendo este assegurado pela família, pela sociedade e principalmente pelo poder público. Isso se estabelece no artigo 227 da constituição federal de 1988, diz que:

É dever da família, da sociedade e do estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-lo a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência e opressão.

Assim todos devem reconhecer a criança com um cidadão que está em desenvolvimento. No início da década de 1990 ocorreu um marco superimportante em relação à educação e proteção da criança, foi promulgado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que veio para normatizar como na constituição os direitos da criança, pois a criança passou a ser “prioridade nacional” conforme Ferreira (2006, p.184). Este estatuto enfoca que se deve assegurar proteção integral da criança dando todas as oportunidades e facilidades para promover seu desenvolvimento físico, mental, espiritual e social, tendo sua liberdade e dignidade respeitadas.

Já em seu artigo quatro estabelece que:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (FERREIRA, 2006, p.184)

A criança passou a ser vista como sujeito de direitos e principalmente que tenha direito a infância, ou seja, direito de ser criança, de brincar, de querer, de conhecer e consequentemente de sonhar.

Posteriormente no ano de 1996 foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) que em seu artigo 29 estabelece:

A educação infantil primeira etapa da educação básica tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até os 06 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996).

Só que em 2013, a LDB (9394/96), foi reformulada pela lei 12.796 de 2013, em que

A educação infantil primeira etapa da educação básica tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até os 05 anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 2013).

  Portanto a educação deve ser desenvolvida em creches ou equivalentes, em que a avaliação da criança que é feita através de acompanhamento, enfatizando o seu desenvolvimento e não sua promoção para um estudo futuro. Percebe-se assim, uma mudança conceitual na legislação brasileira da Educação Infantil, abandonando o assistencialismo inicial e também a educação compensatória.

Mediante a compreensão da necessidade de também repensar as práticas pedagógicas o MEC (Ministério da Educação) elaborou o RCNEI - Referencial curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998). Este passou a ser uma referência para o professor da Educação Infantil e também um norte curricular para nos ajudar na compreensão desta modalidade. Cabe comentar que o RCNEI é um documento de uso opcional pelas instituições e tem como referência teórica a psicologia do desenvolvimento, sobretudo, o interacionismo na linha construtivista de Jean Piaget. Segundo este documento os objetivos a serem alcançados na educação infantil são os seguintes:

  • A criança deve ser capaz de ampliar sua autoconfiança, identificando suas limitações e possibilidades;
  • Identificar e enfrentar situações de conflitos, utilizado seus recursos pessoais, respeitando as outras crianças e os adultos;
  • Valorizar as ações de cooperação e solidariedade, desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração partilhando suas vivências;
  • Brincar;
  • Adotar hábitos de auto cuidado, valorizando as atitudes relacionadas com higiene, alimentação, conforto, segurança, proteção do corpo e cuidados com aparência;
  • Identificar e compreender a sua pertinência aos grupos dos quais participam, respeitando suas regras básicas de convívio social e diversidade que os compõe (BRASIL, 1998, p.27 -28).

De acordocom RCNEI o brincar é um espaço no qual o professor pode usar para observar e coordenar as experiências que a crianças possuem no uso de objetos, que podem ser manipulados. Sendo que no momento da brincadeira, as crianças “vivenciam concretamente a elaboração e negociação de regras de convivência, assim como a elaboração de um sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das construções humanas” (BRASIL, 1998, p.23).

É importante que as brincadeiras tenham um espaço especial na educação infantil, pois são subsídios de grande valor no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças, o pedagógico deve levar em consideração a infância de cada um propiciando momentos de interação entre as crianças através de brincadeiras que possibilitem o encontro com o mundo real e o mundo imaginário. [...]

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