O lúdico como instrumento de educação: Sonho ou realidade?

Por Irlany Melo Araújo | 12/07/2012 | Educação

 

FACULDADE FARIAS BRITO

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR II

DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

ALUNA: IRLANY MELO ARAÚJO

 

 

O LÚDICO COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO: SONHO OU REALIDADE?

 

 

 

 

 

 

 

Fortaleza – Ceará

2011

 

 

 

 

 

1-O LÚDICO COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO: SONHO OU REALIDADE?

 

  

1-      Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização, apresentado à coordenação do curso de Educação Física, para obtenção de grau na Faculdade Farias Brito, sob a orientação do Professor MS. Heraldo Simões Ferreira.

 

RESUMO

 

O principal propósito deste artigo foi analisar o papel do lúdico na educação infantil, apresentando as contribuições de Froebel, Piaget entre outros. O referencial teórico utilizado sobre o lúdico foi selecionado de um vasto numero de literaturas que abordam este assunto. Este artigo tem o intuito de conscientizar os profissionais da educação do seu papel enquanto educador, e da importância dos jogos e brincadeiras no processo de ensino-aprendizagem, procura desmistificar que essas atividades ditas não sérias não possam participar do cotidiano das crianças dentro e fora da sala de aula. Esses questionamentos vão ser esclarecidos ao longo da leitura deste artigo a fim de que se possam iniciar reflexões.

 

Palavras-chave: educação, jogos e criança.

 

ABSTRACT

 

The main intention of this article was to analyze the paper of the playful one in the infantile education, presenting the contributions of Froebel, Piaget among others. The used theoretical referencial on the playful one was selected of a vast one numbers of literatures that approach this subject. This article has intention to acquire knowledge the professionals of the education of its paper while educator, and of the importance of the games and tricks in the teach-learning process, looks for to demystify that these said activities not serious cannot participate of the daily one of the children inside and outside of the classroom. These questionings go to be clarified throughout the reading of this article so that if they can initiate reflections.

 

Word-key: education, games and child.

 

  

 

1 INTRODUÇÃO

 

Esse estudo propõe uma pesquisa visando subsidiar os profissionais de educação que atuam com crianças, afim de que repensem a importância do lúdico, e sua influência na sua prática pedagógica, refletindo sobre o direito da criança de brincar.

Com a vivência e estudo sobre o lúdico um problema se apresenta: os educadores estão conscientes da importância do papel do jogo no desenvolvimento infantil? Será que estão usando todo o seu potencial educativo e criativo? Quais as dificuldades encontradas pelos professores para a aplicação de aulas baseadas em práticas lúdicas? Como se dão essas aulas? Quais as possíveis contribuições do lúdico para a aprendizagem? O que pensam os professores a respeito do lúdico?

Muitas vezes, algumas escolas e determinadas famílias, pensando no futuro daquela criança, não permitem que ela viva seu tempo. Desejam antecipadamente que ela se prepare para o mercado de trabalho, preenchendo o tempo das crianças com cursos como: informática, idiomas, reforço escolar, escolinhas esportivas, enfim, fazendo com que as mesmas percam o seu tempo de brincar e se desenvolver plenamente como uma criança, não permitindo que ela execute a ação natural, que é brincar.

Muitos adultos não conseguem entender que o brincar possui para as crianças o mesmo valor significativo que o trabalho é para o adulto.

Nos últimos anos, têm-se assistido mudanças nos padrões do que é oferecido às crianças em relação ao ato de brincar. Na vida escolar e no cotidiano dos mesmos há cada vez menos tempo para a brincadeira. Os brinquedos industrializados e a televisão ficaram mais importantes que as brincadeiras baseadas na criatividade e nas interações sociais. O empobrecimento das famílias leva muitas crianças a trabalhar mais cedo ou impede a aquisição de brinquedos. As mudanças no uso e na ocupação do solo urbano, a expansão da violência e as alterações nas relações sociais reduziram o espaço físico disponível para as crianças, especialmente nas cidades de maior porte.

Antigamente, a grande maioria das crianças tinha o privilégio de poder desfrutar de espaços largos, subir em árvores, brincar nas ruas com seus vizinhos sem perigo algum, mas hoje as crianças vivem uma realidade bem diferente, longe daquela calmaria vivida antigamente.

Hoje, com maioria da população vivendo na zona urbana,  somos cercados por prédios sem a mínima área verde livre para as crianças brincarem, não podendo brincar mais nas ruas, pois correm os riscos da violência urbana, que aumenta a cada dia, fazendo com que a realidade dessas crianças de hoje seja bem diferente   de algum tempo atrás.

Essa falta de espaço acaba gerando uma mudança no comportamento das crianças já que ficam presas em seus apartamentos que não dispõem de quase nenhum espaço de lazer, ou ficam horas dentro de shoppings, ou presas a um computador.

No caso das crianças com pais sem poder aquisitivo a situação é ainda pior, pois muitas vezes ao invés de ir a escola, ou tempo para brincar em suas humildes casas, as crianças são obrigadas a trabalhar, pedir esmola, cuidar de seus irmãos menores ou até mesmo se prostituir para “ajudar” no sustento da família.

Na atualidade no caso das crianças que vivem em comunidades empobrecidas, que moram dentro das favelas, a criança tem sua força do trabalho explorada pela necessidade de sobreviver, desta forma trocando a brincadeira e seu momento de lazer, por trabalho forçado, sem direito a descanso e nem mesmo uma alimentação adequada.

Não são poucas as crianças que trabalham para sobreviver na sociedade brasileira, porem é um caso que ocorre mais freqüentemente em classe mais desfavorecidas.

Sendo na escola o lugar onde as crianças passam boa parte do tempo, a escola poderia ser um meio importantíssimo para inserir o lúdico no cotidiano dessas crianças que por falta de espaço, tempo e oportunidade adequada não podem brincar em casa, nem nas ruas.

A adoção de uma postura lúdica associada aos objetivos educacionais da escola faz do jogo um instrumento maximizador do processo educacional. O jogo, não pode ser visto apenas como diversão, brincadeira para desgaste de energia ou para ocupação do tempo. A brincadeira e os jogos podem, e devem ser mais utilizados como recursos didáticos para facilitar o processo de ensino-aprendizagem na educação.

Nas escolas, geralmente, o único espaço e tempo concedido para as crianças brincarem e se desenvolverem plenamente como crianças se restringe somente aos pátios da escola, no horário do recreio, e apenas 15 a 20 minutos.

Existe um enorme espaço que separa o jogo da aprendizagem ainda mecanicista nas instituições de ensino, por serem consideradas atividades não sérias, apenas para o divertimento ou passatempo, onde devem ser aplicadas restritamente ao horário do recreio, atividades recreativas ou nas aulas de educação física.

É necessário que o educador insira o brincar em sua prática educativa, tomando consciência da importância do jogo e da brincadeira em sua ação pedagógica, acreditando que a simples oferta de certos brinquedos já é o começo do projeto educativo.

Através das atividades lúdicas, dos jogos, brincadeiras, brinquedos, músicas, a criança forma conceitos, seleciona idéias, estabelece relações lógicas e o mais importante se socializa.

Aos professores preocupados e interessados em promover mudanças no sistema de ensino poderão encontrar na proposta do lúdico uma importante metodologia, que contribuirá para diminuir os altos índices de fracasso escolar e evasão verificada nas escolas, um grande problema retratado na educação brasileira.

A discussão ou a presença da ludicidade na educação não é recente. Há muito tempo o lúdico esta presente no contexto educativo. Muitos autores como Santa Marli Pires, Kishimoto, Celso Antunes, entre outros já pensaram e repensaram sobre a ludicidade dentro das instituições de ensino.

Defendemos que este estudo trará contribuições significativas para que profissionais da área de educação e demais áreas possam compreender melhor as questões relacionadas ao lúdico para a aprendizagem de crianças de educação infantil, como também demonstrar a importância do lúdico na prática educativa, como um agente facilitador da aprendizagem.

                Educadores e pais necessitam ter clareza quanto aos brinquedos, brincadeiras e/ou jogos que são necessários para a criança: precisam saber que estes trazem enormes contribuições ao desenvolvimento da habilidade de aprender a pensar.

Acreditando na utilização de jogos e brincadeiras como recurso pedagógico que resolvemos pesquisar na prática os resultados teoricamente estudados, e até então questionados, a fim de construir com propriedade concepções baseadas numa aplicação real de práticas lúdicas, levando os professores a perceberem que o lúdico também pode estar presente dentro da sala de aula, auxiliando no processo de ensino - aprendizagem, e não apenas nas quadras ou pátios da escola.

Os objetivos desse artigo são levar tanto profissional de educação física quanto os das demais áreas a refletir sobre sua prática docente, enfatizar a importância dos educadores terem em mente os objetivos e os fins da brincadeira desenvolvida, e mais, precisam saber observar as condutas das crianças para então avaliar e elaborar estratégias para o ensino; identificando desta forma, as dificuldades e os avanços das crianças, e a relação entre o lúdico e a educação para que se possa levar a transformação das aulas tradicionais e sem criatividade presentes ate hoje nas instituições de ensino em aulas dinâmicas e prazerosas.

 

 

 

2. REFERENCIAL TEÓRICO

 

2.1 Situação da educação no Brasil

                A grave situação educacional brasileira, retratada pela existência de cerca de 15,2 milhões de analfabetos, absolutos (Dados do Ministérios da Educação) e estima-se a existência de cerca de 30 milhões de analfabetos funcionais.

                O Brasil tem a maior taxa de abandono escolar no ensino médio dentre Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela: 10%. Ou seja, 1 em cada 10 jovens acabam abandonando a escola nesta etapa, segundo a Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

                Na primeira semana de dezembro de 2009, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) divulgaram os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). Trata-se de um programa desenvolvido pela Organização para Cooperação e desenvolvimento Econômico (OCDE), que visa fornecer indicadores de alta qualidade do ensino bem como possibilitar a realização de estudos comparativos internacionais para subsidiar a implementação de políticas públicas educacionais. Os resultados, segundo o MEC, são interpretados dentro do contexto de cada país.

                O Brasil, na condição de país convidado, participou pela primeira vez dos testes em 2000. Na mencionada edição o Brasil ficou em último lugar, e nas edições de 2003 e 2006, o Brasil continuou ocupando as últimas posições.

Um dos problemas mais comuns do Brasil é o fracasso e a evasão escolar, que podem recorrer de inúmeros fatores como, distância da escola, falta de acompanhamento dos pais e professores, sucessivas reprovações, trabalho infantil, entre outros.

É acreditando na proposta dos jogos e das brincadeiras como aliados aos professores e a escola que os altos índices de evasão e fracasso escolar poderiam diminuir, claro que apenas com essa mudança não estaria resolvido o problema, mas já poderíamos dar um grande passo em busca de um país com uma educação melhor.

 

2.2 O lúdico

 

Fazendo um paralelo do lúdico e a educação, encontramos em Kishimoto (2000), que a relação entre jogo e o ensino já vem sendo discutida desde a Antiguidade. Platão na Grécia antiga foi um dos primeiros a defender a idéia de colocar o jogo na educação das crianças. Em Roma as escolas eram conhecidas como LUDI, que significa: jogo, divertimento, brinquedo, por assumirem um caráter lúdico, de divertimento.

Através do estudo de Áries (1978) o autor mostra-nos que as atividades lúdicas, jogos e brincadeiras na Grécia eram admitidas e estimuladas sem discriminação alguma, pela grande maioria das pessoas, porém, para a instituição, Igreja, o jogo era considerado profano, imoral, e sua prática não era admitida de forma alguma. Com a ascensão do cristianismo foi imposta uma educação rígida, disciplinadora, proibindo totalmente os jogos.

Segundo Kishimoto (2000),

 

Durante a Idade Média o jogo foi considerado “não sério” por sua associação ao jogo do azar, bastante divulgado na época. [...] O Renascimento vê a brincadeira como uma conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender as necessidades infantis, o jogo infantil torna –se forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares.( KISHIMOTO 2000 p. 28).

 

Ainda sobre Kishimoto (2000), encontramos que durante o Renascimento, o jogo tomou função de divulgar os princípios da moral, ética, e conteúdos de história, geografia e outros, já a brincadeira tinha como função favorecer a inteligência e o estudo, atendendo as necessidades infantis, tornando-se a forma mais adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares. Toda essa valorização dos jogos e das brincadeiras deve-se a nova percepção da infância.

Encontraremos também que o brinquedo educativo também surge nos tempos do Renascimento, mas ganha força com a expansão da educação infantil especialmente no final do século passado onde era tido como recurso que ensinava, desenvolvia e educava de forma prazerosa, sendo então instrumento no processo de ensino aprendizagem, dando a criança condições para melhorar a construção do conhecimento na educação infantil.

Ainda em Kishimoto ( 2000), encontramos que é no Romantismo que o jogo aparece como atividade típica e espontânea da criança, construindo no pensamento daquela época um novo lugar para a criança e seu jogo, onde foi considerado instrumento de educação.

 

A brincadeira, no panorama sócio-histórico é um tipo de atividade social humana que supõe contextos sociais e culturais. O lúdico como instrumento educativo já se fazia presente no universo criativo do homem desde dos primórdios da humanidade. (Andrade e Sanches, 2006); (Szundy, 2005).

 

 

Torna-se quase que impossível compreender o jogo na educação infantil sem entender as teorias pedagógicas que lhe dão suporte.

Em Kishimoto (1998), encontraremos que instituições infantis, que se desenvolveram nas primeiras décadas do século 19 foram influenciadas pelos princípios de Froebel, e de escolanovistas como Claparéde, e de Montessori.

Continuando na mesma obra, encontramos que a partir do século 19 é que se tem uma visão diferenciada sobre os jogos. É com Froebel que os jogos passam a integrar o currículo da educação infantil, fazendo do jogo uma arte, um instrumento imprescindível para a aprendizagem das crianças.

 

Os jardins de infância froebelianos incluíam jogos nos quais se permite a criança uma livre exploração, oferecendo apenas suporte material, e jogos orientados nos quais é observada nos objetivos a cobrança de conteúdos a adquirir. ( Kishimoto, 1998, p.103)

 

Consideramos adequado o referencial de Kishimoto (2003), já que a mesma faz uma relevante abordagem sobre Froebel, quando comenta que embora Froebel não tenha sido o primeiro a analisar o valor educativo do jogo, Froebel foi o primeiro a colocá-lo como parte essencial do trabalho pedagógico, ao criar o jardim de infância com o uso os jogos e brinquedos. A partir de sua filosofia educacional baseada no uso de jogos infantis, Froebel delineia a metodologia dos dons e ocupações, dos brinquedos e jogos na educação.

Através dos jogos e brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo. O objetivo do estudo é analisar as contribuições do lúdico para o desenvolvimento infantil na escola, como também conhecer a importância da ludicidade na prática pedagógica e na construção do processo ensino aprendizagem.

O Lúdico resgata o prazer na educação, na vida, e estimula a imaginação, a criatividade e o relacionamento da criança com o mundo. É importante ressaltar que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como uma diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.              

A importância do Lúdico na escola tem um papel fundamental que necessita ser revisto pelas autoridades fazendo com que o educador sinta a necessidade de utilizar os recursos lúdicos na sala de aula. Tão fundamentais ao ser humano como o alimento que o faz crescer são os brinquedos e os jogos. Vai muito além do divertimento. Servem como suportes para que a criança atinja níveis cada vez mais complexos no desenvolvimento sócio-emocional e cognitivo.

 

2.3 Desenvolvimento infantil e sua relação com o lúdico

 

As atividades lúdicas fazem parte da vida do ser humano e mais especial a vida das crianças, desde o inicio da humanidade, mesmo tendo sido declarada como sem importância durante séculos.

Hoje sabemos que o brincar e a inteligência estão presentes no ser humano desde o período pré-natal, mesmo antes de o bebê nascer. Na barriga da mãe o bebê é capaz de perceber o mundo a fora, tem suas primeiras sensações, o feto é ativo, chupa dedo, brinca com o cordão umbilical, ouve sons, etc.

O homem sendo um ser lúdico pode e deve em todas as idades ou faixas escolares serem trabalhados através do prazer de aprender, independente de quantos anos ou se esta no ensino infantil, fundamental, médio ou ate mesmo no ensino superior. Todas as faixas escolares podem ser trabalhadas com o ensino de brincadeiras, musicas, teatro.

Essa característica do lúdico de fazer parte da vida humana desde sua concepção, que torna capaz do educador poder utilizar-lo como estratégia de ensino em todos os seguimentos da educação.

O lúdico pode ser utilizado pelo professor como ferramenta de avaliação, deixando de lado ate as maneiras mais tradicionais de se medir e avaliar o conhecimento adquirido de seus educandos.

Na formação acadêmica dos professores são apresentadas varias teorias a cerca do brincar e sua interdependência com o desenvolvimento infantil, mas as vezes não estudam sobre a importância do brincar na pratica pedagógica.

Sendo a ludicidade sempre presente na vida do ser humano , deve se levar em consideração sua influencia na saúde , e bem estar bio- psico- social.

A sala de aula pode se tornar um ambiente para brincar, se o professor consegue conciliar os objetivos educacionais da escola com as necessidades e desejos dos educandos.

Uma das vantagens do uso das atividades lúdicas na aprendizagem é seu efeito no desenvolvimento das crianças quase que indiretamente. Ocorre o desenvolvimento, motor , afetivo, social, psicológico e o intelectual mesmo que se de ênfase ao desenvolvimento intelectual, nas aulas de ciências, matemática ou historia.

Segundo Piaget (1967), o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral.

Hoje sabemos que adultos que brincaram bastante na infância tendo assim oportunidades de enriquecer sua vida através das situações lúdicas, tem maior probabilidade de se tornar adultos trabalhadores e equilibrados.

Para Piaget (1998), o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem transformar a realidade.

Na opinião de Santos (2000, p. 18), tanto Piaget, como Wallon, Vigotsky e outros, atribuíram ao brincar da criança um papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano, como maturação e aprendizagem.

Segundo Vygotsky (1989), é através do jogo que a criança aprende a agir e sua curiosidade é estimulada. Ela adquire iniciativa e autoconfiança, o que favorece o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

Observa-se que a relação entre a atividade lúdica e o desenvolvimento infantil permiti que, através dela, se conheçam com mais clareza importantes funções mentais, como o desenvolvimento do raciocínio abstrato e da linguagem

Os jogos podem provocar o desenvolvimento intelectual de forma simples, direta e de forma prazerosa, fazendo-se o uso de jogos onde seja exigido das crianças inteligência e raciocínio para realizar os objetivos da brincadeira ou do jogo estamos indiretamente influenciando – as a pensar, raciocinar.  A atividade lúdica é muito importante para o desenvolvimento sensório motor e cognitivo, tornando –se uma maneira inconsciente de aprender

As atividades lúdicas podem colocar o aluno em diversas situações, onde ele pesquisa e experimenta, fazendo com que ele conheça e exercite suas possibilidades, suas limitações, e suas habilidades, do desenho a teatralização, a liderança, os valores éticos, e muitas outras atividades e desafios que permitirão vivências capazes de construir conhecimento e atitudes.

                Fica claro que é através dos seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de construir um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo dos adultos, onde a mesma restabelece seu controle interior, sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros.

                A brincadeira expressa a forma como uma criança reflete, ordena, desorganiza, destrói e reconstrói o mundo à sua maneira. É também um espaço onde a criança pode expressar, de modo simbólico, suas fantasias, seus desejos, medos, sentimentos agressivos e os conhecimentos que vai construindo a partir das experiências que vivem.

                Portanto, nessa tentativa, faz-se necessário pensar sobre o tema brincar na mesma perspectiva em que é citada por Agrello (1996, p. 39), quando diz: “[..] brincar é conhecer a realidade, entendê-la, aceitá-la, atuar nela, modificá-la, de forma a atingir uma satisfação, equilíbrio emocional, ao mesmo tempo em que gerencia angústias, tensões, agressões”.

Os jogos se corretamente aplicados, com objetivos educacionais específicos e bem planejados, operam muito mais que no desenvolvimento puramente físico, pois no mesmo jogo, ou brincadeira, pode ser desenvolvida a inteligência, os sentidos, habilidades diversas, raciocínio lógico, concentração, rapidez de pensamento, além da afetividade e estimular o convívio social.

                Com o jogo se pode trabalhar as várias estruturas cognitivas, o raciocínio lógico, a atenção, concentração, memória, enfim a linguagem de uma maneira geral proporcionando uma adequada maturação cognitiva, afetiva e social. É uma forma de atividade particularmente poderosa para estimular a vida social e a atividade construtiva da criança.

Reconhecer o lúdico é reconhecer a especificidade da infância permitir que as crianças sejam crianças e vivam como crianças; é ocupar –se do presente, porque o futuro dele decorre; é esquecer o discurso que fala da criança e ouvir as crianças falarem por si mesmas; é redescobrir a linguagem dos nossos desejos e conferir-lhe o mesmo lugar que tem da razão; é redescobrir a corporeidade ao invés de dicotomizar o homem em corpo e alma; é abrir portas e janelas e deixar que a inclinação vital penetre na escola, espane a poeira, apague regras escritas na lousa e acorde as crianças desse sono letárgico no qual por tanto tempo deixaram de sonhar. (OLIVIER, 2003, p. 23,24).

 

3.5 Lúdico X educação

 

A criança nos dias de hoje são mais espertas e se desenvolvem antes do tempo previsto. Diante dos avanços tecnológicos, a criança está sempre evoluindo.

Os cuidados, os estímulos prestados as crianças atualmente são muito diferentes dos cuidados de algumas décadas atrás.

Tanto as mudanças nos hábitos dos adultos em relação às crianças, quanto suas atitudes fizeram com quem ocasionasse alterações no desenvolvimento infantil.

Os padrões de comportamento para com as crianças se modificaram, as crianças de hoje são mais espertas e inteligentes. A infância esta passando cada vez mais depressa, nossas crianças estão ansiosas em viver aquilo que elas vêem na tv. Sendo a infância uma fase crucial no desenvolvimento do ser humano acaba sendo encurtada.

Alem da diminuição do tempo de infância podemos observar também a diminuição dos espaços lúdicos para o divertimento das crianças. O espaço da ludicidade merece nossa atenção, sendo necessário essa relação da criança com outras crianças, com o seu eu, com brinquedos e sua relação com o mundo.

Se o educando mudou, naturalmente o educador necessita mudar, os métodos tradicionais de ensino não atraem mais a criança, não conseguem despertar mais seu interesse, passar horas sentadas numa carteira, sem poder participar ou questionar, apenas ouvindo, não faz parte da natureza da criança.

Através dos jogos e das brincadeiras as aulas se tornam mais atraentes e prazerosas tornando- se mais fácil aprender , e isso é valido para todas as idades, desde o maternal até a fase adulta.

Quando a importância do brincar é apresentada em forma de teoria , fica difícil aplicar a teoria na pratica com crianças reais e seus desejos educacionais.

Segundo entrevistas em estudos já realizados com professores, observa –se que o brincar é considerado importante, servindo para aprender, extravasar, refletir sobre o mundo, estimulando a criatividade e podendo auxiliar no desenvolvimento infantil.

O lúdico é uma forma de desenvolver as potencialidades do educando.O professor pode e deve adaptar o conteúdo programático ao jogo.

Ao ensinar o aluno de maneira dinâmica ele terá um prazer maior em aprender, no caso da aprendizagem de maneira lúdica, através dos jogos, brincadeiras, musicas, teatro, desenho, enfim das artes, isso ocorre devido o lúdico fazer parte do universo infantil.

Através do lúdico tem – se uma metodologia de aprendizagem mais eficaz para a construção do conhecimento das crianças, pois o prazer de jogar e brincar são naturais as crianças, podendo assim envolver as crianças de uma forma que elas aprenderão sem se dar conta, para essa construção do conhecimento através das atividades lúdicas independe da idade das crianças ou sua serie escolar.

Sendo o jogo, a brincadeira um elemento sempre presente na natureza infantil, a criança sempre esta pronta para brincar e então porque não transformamos as aulas expositivas e monótonas em momentos de prazer e alegria? Utilizando – se de praticas lúdicas como recurso pedagógico?

Rizzo Pinto (1997) afirma que não há aprendizado sem atividade intelectual e sem prazer, se não há aprendizagem sem o lúdico, a motivação através da ludicidade parece ser uma boa estratégia no auxilio da aprendizagem.

 

É evidente que precisamos de ambas as coisas, aprendizagem e motivação, para o desempenho de uma tarefa. A motivação sem aprendizagem redundará, simplesmente, numa atividade à cegas; aprendizagem sem motivação resultará, meramente em inatividade, como o sono.( PINTO, p.21)

 

                Muitas propostas pedagógicas baseiam-se na atividade lúdica sendo defendida na escola como recurso para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.

                A ação lúdica se convenientemente executada, planejada, e trabalhada, possibilita à criança o acesso a vários tipos de conhecimentos e habilidades.

                A riqueza de situações de aprendizagens que o brinquedo e o jogo infantil propiciam são numerosas, no entanto, nunca se tem a certeza de que a construção do conhecimento efetuado na criança será exatamente a mesma desejada pelo professor.

                Em linhas gerais, é necessário que o educador insira o brincar em sua prática educativa, o que supõe favorecer a construção do conhecimento de forma coletiva através do lúdico, possibilitando a realização de objetivos práticos que respondam ao interesse do grupo.

                A consciência da importância do jogo e da brincadeira em sua ação pedagógica impulsionam atitudes criativas que mediadas com clareza e compreensão determinam o elo motor do desenvolvimento e a aprendizagem infantil

 Mesmo com o desenvolvimento de novas metodologias, ainda encontramos nas escolas brasileiras crianças tratadas como robôs, em salas de aula, sentadas em carteiras enfileiradas, não podendo olhar para o lado, tendo que assimilar a maior quantidade de informações possíveis em um espaço mínimo de tempo, onde os conteúdos na maioria das vezes são expostos das maneiras mais tradicionais e monótonas possíveis, não dando o menor espaço para a participação das crianças, são jogados de qualquer maneira, sem a mínima preocupação com o desenvolvimento afetivo, social ou moral da criança.

Drumond, (apud Paiva, 1998, p.14) descreve:

 

Brincar com a criança não é perder tempo. É ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados, enfileirados, em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem (PAIVA, 1998, p.14).

 

A criança tem por natureza um instinto dinâmico, ativo, ficar 4 horas sentado em uma carteira tendo apenas 15 a 20 minutos para brincar é contraditório a sua natureza. Os padrões da escola ainda vêem constantemente negando o mundo infantil, pois o brincar é totalmente reprimido, negado, pois vem em contrapartida com a ordem disciplinadora, não deixando a criança agir, refletir, interagir de forma autônoma e social.

O regime escolar visto dessa forma reprime e aliena. A escola acredita que para que a criança possa aprender ela precisa estar parada, imóvel eem silêncio. Infelizmentevivemos em uma sociedade que desvaloriza o brincar, tanto a escola, quanto a família não conseguem enxergar no lúdico uma ferramenta essencial para o desenvolvimento global das crianças.

É preciso trazer o prazer para a escola, às crianças devem se sentir à vontade de ir para aula, devem se sentir encantadas pelo prazer de aprender. O espírito alegre e dinâmico deve estar presente nas salas de aula.

A introdução dos jogos na escola não foi bem vista pelos pais e professores. Pastor (1935, pag. 72) comenta que os pais não queriam mandar os filhos para escola para os mesmos brincarem.

Ainda hoje os jogos e brincadeiras não ganharam seu devido espaço de importância dentro das salas de aula das escolas, por serem consideradas destituídas de valor acadêmico. Muitos pais ainda vêem com muito receio, às vezes com certo preconceito, escolas que colocam brinquedos dentro da sala de aula.

Infelizmente vivemos em uma sociedade que desvaloriza o brincar, tanto a escola quanto a família não conseguem enxergar no lúdico uma ferramenta essencial para o desenvolvimento das crianças.

Uma frase que costumamos ouvir desde nossa infância é: “primeiro você faz a tarefa, depois você brinca”, desde cedo o prazer da brincadeira é negligenciado, vem sempre primeiro o dever depois o prazer, e como se não bastasse reproduzimos até hoje.

Freinet (1998), propõe o trabalho/jogo como atividade fundamental. Questiona as tarefas escolares (repetitivas e enfadonhas) opostas aos jogos (atividades lúdicas, recreio), apontando como essa dualidade presente na escola, reproduz a dicotomia trabalho/prazer, gerada pela sociedade capitalista industrial. 

Em nossa sociedade o brincar e trabalhar são considerados “opostos”. No trabalho designamos ser uma atividade séria, enquanto o brincar alem de não ser uma atividade séria, sendo uma atividade de lazer, desligada do trabalho.

Aprendemos que a escola é um sugar sério, para estudar , que brincadeira tem hora , e sua hora é a hora do recreio, cerca de  quinze ou vinte minutos na maioria das vezes.

Costumamos ouvir: Ou estuda primeiro, ou não vai brincar, e assim mais uma vez acabamos por distanciar ainda mais o brincar do estudar. E porque não conciliar os dois? Brincar e estudar.  Aprender brincando.

Falando em estudar, qual o papel da escola? Ouvimos muito que o papel da escola é educar. Mas educar quem? Como? E para que? Dizem que a escola tem o papel de educar, preparando para o futuro. Mas e o presente? As crianças não têm o direito de viver o presente? Pois preparando – as para um futuro, acabamos passando por cima da vida infantil em prol desse futuro que ainda vai chegar.

Se a escola educa para o futuro, naturalmente acaba esquecendo ou não dando a atenção e a importância suficiente ao presente, logo podemos pensar que a escola não esta se preocupando como deveria com a criança, está mais preocupada com o que ela vai ser, do que o que ela é hoje.

Lembrando que nós adultos estamos sempre perguntando as nossas crianças o que você querem ser quando crescerem, o que só reafirma que o mais importante não é o que a criança é hoje, e sim o que ela vai ser amanhã.

A escola e principalmente a educação infantil deveria considerar o lúdico como parceiro na educação das crianças, deveria ser utilizado em larga escala, mas o que acontece ainda hoje na visão dos educadores, é que os jogos e as brincadeiras não podem ocupar o mesmo espaço que o estudo, onde o recreio foi feito para brincar e a sala de aula para estudar.

O problema da inserção do jogo na escola se deve a inúmeros fatores, mas  dentre eles se destaca a incerteza, onde os professores não sabem conviver com a incerteza do jogo, e suas inúmeras possibilidades, não sabem como as crianças vão se comportar, qual vai ser a reação de cada uma delas durante o jogo.

Para Piaget (apud WAJSKOP, 1995, p. 63):

 

Os jogos fazem parte do ato de educar, num compromisso consciente, intencional e modificador da sociedade; educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando consumir passivamente; antes disso é um ato consciente e planejado, é tornar o indivíduo consciente, engajado e feliz no mundo. (WAJSKOP, 1995, p.63)

 

Para Emerique (2004) a aprendizagem da leitura e da escrita deveria ocorrer num momento natural, com a utilização de jogos e as estratégias lúdicas que englobassem outras formas de expressão e linguagem.

Sabe - se que se aprende melhor quando aprendemos com prazer, sendo assim somos capazes de utilizar o jogo / brinquedo / brincadeira, como instrumento facilitador da aprendizagem, agindo como estimulador na formação de estratégias cognitivas na solução de problemas.

Podemos afirmar que o jogo, as brincadeiras, enfim o lúdico, pode ser utilizado como recurso no qual o mediador pode se utilizar para ajudar as crianças com dificuldades de aprendizagem.

 

“As crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois querem jogar bem, sendo assim, esforçam –se para superar obstáculos tanto cognitivos quanto emocionais. Estando mais motivadas durante o jogo, ficam também mais ativas mentalmente”. (KISHIMOTO, 2000, p.96)

 

De um modo geral os educadores infantis reconhecem a importância do jogo no desenvolvimento infantil, mas convencê - los da importância no processo de ensino-aprendizagem é uma tarefa muito mais difícil, pois há muito tempo existe a oposição entre brincar X estudar, onde a escola é ambiente para se estudar, não restando espaço para as brincadeiras e jogos se relacionando com a aprendizagem.

 

A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos. (KISHIMOTO, 2003, P.37-38)

 

 

Piaget (1976) afirma que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Não se trata de uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar a energia das crianças, mas de meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Segundo ele :

 

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.(PIAGET, 1976, p.160).

 

A escola deve se preocupar com a aprendizagem, mas o prazer tem que ser priorizado, cabendo ao professor a enorme responsabilidade de conciliar esse dois pontos, educar e dar prazer aos seus alunos, uma das maneiras de penetrar na mente dos alunos e fazer com que gostem de ir a escola.

Ainda hoje os jogos e brincadeiras não ganharam seu devido espaço de importância dentro das salas de aula das escolas, por serem consideradas destituídas de valor acadêmico. Todos os conteúdos escolares podem ser transmitidos através de práticas lúdicas, depende apenas de um bom planejamento do professor.

É notório o esforço de alguns educadores e outros profissionais, como psicólogos, terapeutas, enfermeiros, entre outros, que buscam a melhoria do ensino e da saúde por meio de brincadeiras, jogos e brinquedos.

A necessidade do lazer está legalizada em diferentes documentos: No Estatuto da Criança e do Adolescente no Capítulo IV: do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, Na Declaração dos Direitos da criança, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil no artigo 3º, na Constituição Federal entre outros.

 

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, o direito à vida,  à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Artigo 227 caput da Constituição Federal de 1988)

 

Com a utilização do jogo conseguimos maximizar a exploração e construção do conhecimento, devido a sua motivação interna, da diversão, do prazer, próprios do lúdico, trazendo muitas vantagens para o processo de ensino e aprendizagem, devido ao fato de o jogo ser um impulso natural da criança.

A criança através do jogo obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo do jogo. Os jogos e as brincadeiras educativas podem ser utilizados para estimular o desenvolvimento cognitivo e são importantes para o desenvolvimento do conhecimento escolar como calcular, ler, escrever e raciocinar.

A inclusão do jogo infantil nas propostas pedagógicas nos chama atenção para a necessidade de seu estudo nos tempos atuais. São muitos os motivos para que os educadores considerem a cerca do jogo como recurso no processo de ensino aprendizagem.

O jogo não sendo apenas um agente que desenvolve o aspecto motor, é também importante fator de controle emocional e psicológico. Acima de tudo, o brincar motiva e desperta interesse proporcionando um clima especial para a aprendizagem. Na hora da brincadeira, as crianças se desenvolvem, físico, psíquico, emocional e intelectualmente.

Sabe-se que a criança aprende melhor brincando, e todos os conteúdos podem ser ensinados por meio de brincadeiras e jogos, em atividades predominantemente lúdicas. Nada existe que a criança precise saber que não possa aprender brincando.

 

Um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver'. (PCN, 1997 p.48-49)

 

 

Considerando – se todas essas condições, conhecendo diferentes jogos voltados para a construção do conhecimento, sabendo envolver os conteúdos curriculares como ferramenta estimuladora, os jogos podem tornar as aulas ainda mais prazerosas, alegres e dinâmicas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

 

                A realização deste artigo levou-nos a verificar que os estudos e pesquisas realizadas sobre as atividades Lúdicas favorecem decisivamente no desenvolvimento global das crianças seu papel fundamental na aprendizagem como recurso pedagógico. O lúdico, como proposta pedagógica em sala de aula, proporciona a relação e a interação entre processo e aluno.

                Concluímos que a escola e o educador precisam estar atentos a função da atividade lúdica no conceito escolar, enriquecendo sua proposta pedagógica e o planejamento didático com ações construtivas e prazerosas que envolvam e dêem sentido ao jogo, brincadeira e brinquedo.

                É importante no contexto escolar utilizar o lúdico como um instrumento pedagógico como um aliado dos professores. Sua praticidade estimula e possibilita ganhos no processo de ensino e aprendizagem, que fortalecerão a proposta pedagógica da instituição e a consciência de pais e professores em relação ao lúdico nas ações educativas da escola.  

                É preciso que haja mudanças na preparação desses alunos para a vida e não apenas para o mero acúmulo de informações, e através do lúdico pode – se trabalhar a personalidade e a moral dessas crianças de uma forma divertida e prazerosa. É necessário, também, conscientizar o trabalho pedagógico para a importância da formação desses alunos como um todo, com sua afetividade, suas percepções, sua expressão, seu sentido, sua crítica, sua criatividade, seu interior...

                Acreditamos que a inclusão da ludicidade nos cursos de formação dos professores de educação infantil se faz necessária não só porque respalda esses profissionais para trabalharem nas escolas, com as crianças e com o lúdico, podendo ter assim melhores condições de conhecer o aluno a partir das brincadeiras e dos jogos.

A inclusão do lúdico na estrutura curricular dos cursos de formação dos nossos futuros educadores infantis é inquestionavelmente necessária, não só para que os mesmos entendam a importância dos jogos e brincadeiras durante a infância, mas também porque daria ao professor condições melhores de conhecer seu aluno, poder melhor avalia – lo, suas vitórias e suas necessidades, tudo isso através dos jogos e das brincadeiras e dos brinquedos educativos, nos quais devem ser proporcionados pelos professores aos seus educandos.

A escola deve estar atenta em relação ao material pedagógico e aos brinquedos educativos , não podendo deixar faltar, para que os professores tenham melhores oportunidades de trabalhar com esses materiais na educação das crianças.

É necessária a formação de profissionais ativos, sensíveis dinâmicos,  afetivos,  capazes de construir o conhecimento nas crianças e com amor no que faz, para que eles possam acompanhar todas as transformações que cada vez mais rápido vem acontecendo na vida das nossas crianças.

Esse profissional deve ser um profundo conhecedor da natureza infantil, conhecer seu desenvolvimento, seus medos, suas alegrias, suas angustias, o que as dão prazer, para que ele possa atuar dentro da proposta pedagógica do lúdico na educação infantil, educando e dando alegria as crianças  de aprender. Finalizamos nosso estudo lembrando que o mesmo encontra- se inacabado, aguardando novas pesquisas sobre o lúdico na educação. Como recomendava Paulo Freire: “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”.

 

 

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