O Leão, A Pastora E O Futebol
Por Riva Moutinho | 20/06/2008 | SociedadeO texto abaixo foi extraído do Blog Oficial da Ana Paula Valadão (http://blogdaana.wordpress.com/2008/06/12/noticias-de-recife/):
"Olá amados,
Nos últimos dias temos visto Deus agir de maneira tremenda em Recife, e por toda a parte, nos preparando para o que Ele irá fazer nos dias 4 e 5 de julho sobre aquela terra e sobre toda a nossa nação.
No fim de semana aconteceu ali o Seminário de Intercessão, e nas palavras dos guerreiros que participaram, foi um dos mais marcantes dos 36 que já passaram por esse Brasil a fora. Ao preço de dores de parto, um enorme peso espiritual foi quebrado, houve muitas libertações de vidas e da atmosfera da cidade, e o Senhor tem revelado profeticamente a Sua glória para aquele lugar.
Enquanto o
seminário acontecia, no Chevrolet Hall a cidade celebrava uma das maiores festa
de S. João do Nordeste. Mas cremos que estaremos ali tomando posse do terreno
do inimigo. Acreditamos que esta nação será conhecida pelas festas ao Rei
Jesus! Na madrugada de domingo para segunda, depois do seminário, os
noticiários publicaram a morte do fundador do "Galo da Madrugada", o maior
festival da cidade, que já chegou a reunir 3 milhões de pessoas pelas ruas do
Recife. Ficamos boquiabertos. Ele faleceu de uma cirurgia no joelho.
Outro evento importante foi ver essa semana, o Sport Club do Recife se tornar o
campeão do Campeonato do Brasil! Os jogadores, muitos crentes, glorificavam a
Deus e até declararam na mídia que esta vitória foi o cumprimento das promessas
do Senhor.
Creio que também não é coincidência ver na bandeira do Recife, um leão segurando uma cruz. Deus tem Seus planos e estratégias e não é em vão que estaremos indo ali exatamente nesta hora."
A pastora-do-leão-de-quatro voltou... aliás, ela continua com a cabeça no leão... ou seria o leão na cabeça? Enfim, a pastora parece ter gostado da idéia de colocar na internet o seu diário pessoal. O interessante é que apenas comentários a favor são publicados. O que houve com o contraditório?
Depois de imitar, segundo ela, um leão no palco que mais parecia uma pessoa procurando sua lente de contato pelo chão, Ana Paula Valadão continua a criar coerências que apenas sua mente e a de seus fãs acham normais; as quais só posso concluir que devem agitar a alma de Freud, seja lá ela onde estiver.
No último texto que comentei dela, tentei comentar cada parágrafo, o que não me foi possível tendo em vista tamanho disparate presente. Neste gostaria apenas de comentar dois pontos, uma vez que não há em mim nenhum apreço por tal literatura (se pudermos chamar a isto de literatura).
Depois de se vestir como uma guerreira, a pastora-do-leão-de-quatro encontrou com outros "guerreiros" e todos com "dores de parto" quebraram o peso espiritual que pairava sobre a cidade de Recife e, ainda, se preparam para entrarem no "terreno do inimigo" chamado São João. Coitado do "seu" João! Será que alguém falou com ele que há um monte de "guerreiros" querendo invadir seu território?
E como não poderíamos esquecer, de maneira alguma: Eis o leão aparecendo novamente. O futebol, um esporte profano, teve sua transformação para um "evento importante", e isso porque o Sport (aquele time que tem o leão como mascote) venceu o Corinthians e se consagrou campeão da Copa do Brasil. Assim ela enche a bola dos jogadores do Sport dizendo que Deus havia cumprido uma promessa. Aí, fico eu pensando daqui: e os jogadores evangélicos corintianos? Não tinha promessa nenhuma para eles a não ser a do vice campeonato? Putz.
Outro fator delirante da
pastora-do-leão é o último parágrafo apresentado acima: "Creio que também não é coincidência ver na bandeira
do Recife, um leão segurando uma cruz." Coincidência
realmente não é, mas o que não é mesmo é a referência que nas entrelinhas ela
quis insinuar ou afirmar existir pelo fato do leão segurar a cruz na bandeira
da cidade do Recife. Leia com bastante atenção a maneira como o site da
Prefeitura do Recife (http://www.recife.pe.gov.br/pr/simbolos.php) descreve a
bandeira municipal: "Através da Lei 11.210, de 15 de
dezembro de 1973, a municipalidade recifense instituiu uma bandeira para a
cidade, composta de símbolos que se referem a fatos memoráveis da história do
Recife. A bandeira do Recife é retangular e tem por base três colunas
verticais, sendo que as laterais são em azul e a central em branco, reportando
às cores da bandeira do Estado de Pernambuco, do céu brasileiro e da paz. A
força e a fé, ideais almejados pelo ser humano, são representados pela frase em
latim Virtus et Fides.
Símbolos de fé, força e esperança completam o visual da bandeira do Recife. São
eles: a cruz, representando a colonização portuguesa, que trouxe o cristianismo
para o Brasil; o leão neerlandês coroado, em amarelo, remetendo ao escudo de
armas de Maurício de Nassau e ao Leão do Norte, apelido adquirido por
Pernambuco pelo seu potencial histórico de lutas e, por fim, o sol e a estrela,
ambos em amarelo, aludindo ao nosso astro maior e à representação da república
brasileira, considerada originária das terras pernambucanas, através do
movimento de 1817."
Brincadeiras a parte, o lado mais sombrio do texto desta menina-do-leão fica por conta do comentário ridículo e descabido sobre a morte do fundador do Galo da Madrugada, o sr. Enéas Freire. Ele conseguiu transformar o Galo da Madrugada no maior bloco carnavalesco do mundo, segundo o próprio Guinness Book. Enéas morreu aos 86 anos de parada cardiorespiratória.
Repare que a pastora-do-leão-de-quatro logo após falar sobre a morte do Sr. Enéas, escreve as palavras: "outro evento importante". Haja estômago para ler tanta baboseira vindo de uma única pessoa e que, infelizmente, adoece milhares de pessoas pelo mundo afora. Há de se ter, ao menos, o mínimo de respeito para com as pessoas, inclusive pelos familiares daqueles que se foram.
Mas Deus gravita ao redor da Sra. Valadão-filha realizando todos os caprichos e mimos que ela deseja: um Personal God criado em algum lugar de uma mente empobrecida e ensandecida pelos desvarios de uma religião.
BH 20/06/2008