O LADO NEGRO (ABSORÇÃO DE ENERGIAS NEGATIVAS)

Por Alexandre Schorn | 16/12/2009 | Crônicas

             O LADO NEGRO (ABSORÇÃO DE ENERGIAS NEGATIVAS)

 

 

Lembro-me sempre com muitas saudades de minha mãe, pois diz que conhecimento é tudo aquilo que se adquire, mas sabedoria e discernimento já vêm intrínsecos no caráter de cada um. Na juventude e adolescência, nossos guias físicos e primários em cada encarnação, são sempre nossos pais e nossa família.

Neste capítulo vou abordar e comprovar para os leitores uma das máximas de Jesus: Diga-me com quem tu andas que eu te direi quem és “complementado diria mais, de fato o ser de qualquer espécie é e sempre será fruto do meio em que convive. A vantagem do Homem é a humanização de nossos espíritos”.

Quando retornei da selva amazônica, tinham se passado praticamente três anos entre idas e vindas. Lá pude aprender o trabalho braçal, o conhecimento popular (sabedoria), a respeitar as pessoas; sejam eles nobres, plebeus ou parias. Mas a verdade é que mesmo naquela floresta encantada e de exuberante riqueza, o lado da animalização do homem consegue tornar o ambiente instável, perigoso e vai contaminando a todas as pessoas que lá habitam (o garimpo). Eu não fugi a esta regra, perdi os bons costumes no tratamento verbal para com as pessoas. A minha resposta física de agressividade tomou uma proporção desagradável e extremamente rude. Se a pessoa me olhasse de forma que não me conviesse, não pensava nem “meia vez” e interpelava com o máximo de hostilidade e intimidação possíveis. Este foi o fruto amargo que absorvi na época por conviver num meio onde habitavam pessoas maravilhosas, mas também foragidos, assassinos, drogados, pessoas onde a palavra anti-social seria um elogio ou uma blasfêmia. Tive muita sorte e proteção ao navegar por essas profundas e densas águas, mas não saí sem respingos; além das cicatrizes físicas trouxe também inúmeras cicatrizes no coração, ao ver um ser humano de um lado gentil, doce e iluminado; de outro, frio, cruel e impiedoso.

Então voltei para o ambiente pacato e digamos socialmente ameno de minha cidade. Lamentavelmente no meu retorno sucederam-se alguns fatos desagradáveis a qualquer pessoa. Separei-me do meu “infanticídio”, pois havíamos casado muito jovens. No momento que eu estava só, fiquei ainda mais sozinho. Como se isso não bastasse, a pessoa que mais me amou e orientou em toda minha vida, faleceu subitamente (minha mãe). Comecei a perceber que uma série de fatores e fatos estranhos começarão a acontecer comigo, mas ainda não parecia o suficiente para que eu pudesse procurar ajuda. Eu não estava totalmente consciente e nem querendo acreditar que as coisas que via e ouvia, faziam de fato, parte da verdade maior. Arrumei um emprego de radialista e vendedor. E lá estávamos nos comunicando com nossos ouvintes. Foi quando recebi um telefonema de uma moça que se dizia uma antiga colega de aula e minha simpatizante, e que gostaria de poder se encontrar comigo. Marcamos então um encontro e para minha surpresa era uma jovem de 18 anos, muito bela. Conversamos por um longo tempo e a mesma contou-me sobre sua vida, que estava separada; enfim, gostaria que nos conhecêssemos melhor. Entre conversas e acertos, o que durou uma semana, foi então que comecei a ter sonhos. Sonhei que estava em sua casa e ela estava chegando a sua residência, junto com ela chegava seu ex-marido pilotando uma moto. O mesmo a empurrava até que ela caísse, e eu em sua defesa dava um violento chute em seu pescoço fazendo-o cair morto e ensangüentado. Tive o mesmo sonho por quatro noites, mas não dei a menor importância, pois meu foco estava centrado em outro objetivo (digamos emocional muito físico). Os dias se passaram e era uma terça-feira, busquei a moça em seu emprego, fizemos um lanche e fomos em direção a sua casa; quando repentinamente, em uma esquina, uma lufada de vento me atingiu e parei imóvel. Disse então para ela: “Você segue daqui, e eu vou em casa tomar banho e retorno mais tarde. Ela deu um sorriso especial e gracioso e nos separamos. Passadas 2 horas aproximadamente, eu estava chegando a sua casa, quando percebi uma grande aglomeração de pessoas. Perguntei a um Senhor O que estava acontecendo e ele me respondeu”:

-A moça tinha acabado de chegar em casa e o ex-marido dela chegou de moto. Os dois discutiram sobre o filho deles, e o mesmo matou-a com três tiros pelas costas.

Foi então que percebi que o local onde ela havia caído morta e todo o resto reproduzia igualmente aos meus sonhos premonitórios. Bastante abalado, parti do local, pois ninguém sabia de nossa afeição que não foi concretizada.

No outro dia, fui à casa de uma Senhora onde minha mãe freqüentava. A casa de Dona Nelci; uma Senhora muito simpática que benze e atende com muito carinho os seus consulentes. Fazia já alguns anos que eu não ia a casa desta Senhora, mas quando entrei no seu local de atendimento, a mesma olhou-me e disse: “Ela não morreu por sua causa. Quando você se despediu dela, vocês estavam em uma encruzilhada, ela para o lado de dentro e você para o lado de fora. A vida desta moça foi marcada por dor e sofrimento e a vida dela foi levada por um povo, o qual ela havia sido ofertada. Os caminhos de vocês se cruzaram para você abrir seus olhos, pois és filho, em nossa religião de Xangô Aganjô e ela filha de Iansã. Ontem era terça-feira, dia dedicado a essas duas entidades”. Nisso a Senhora recebeu uma entidade que surpreendeu até a ela mesma. Era uma entidade que se dizia da linha kardecista e a mesma disse que eu iria sentar-me na mesa da caridade para ajudar na doutrina espírita. Saí dali mais aliviado, mas com a certeza de que tinha encontrado um caminho e ajuda.