O JESUS MILAGREIRO - Capítulo Um - O Evangelho Social
Por Geraldo Gerraro Goulart | 14/08/2010 | ReligiãoCapítulo 1
O Evangelho Social
Todas as pessoas estão em busca de satisfação social, política e econômica, Isto, em todas as camadas sociais. E como não poderia deixar de ser esta busca de satisfação social, econômica e política tem se infiltrado há tempos na Igreja envolvendo os cristãos em uma verdadeira disputa extra-espiritual. O segmento evangélico tem sofrido há décadas com a diminuição pela busca de maior comunhão com Deus em detrimento de uma considerável busca apenas de satisfação material, é cada vez maior o número de pessoas que vão para as Igrejas, não apenas pelo fato de buscarem salvação ou vida eterna, mas principalmente por que a igreja tem se tornado, em sua maioria, base de ascensão política, base para uma vida social mais badalada e possibilidade de prosperidade econômica.
Muitas pessoas estão à procura de um evangelho meramente social, um evangelho que lhes dê status, e possa satisfazer seus desejos materiais realizando seus sonhos de vida próspera, com isso, o cristianismo tem sido solapado por uma onda gigantesca de pessoas que se tornam cristãs por questões meramente econômicas, sociais ou políticas fazendo com que o nível espiritual da Igreja diminua assustadoramente. (1)
Por este motivo vão surgindo igrejas especializadas em atender este anseio materialista, investindo pesado neste "mercado" espiritual, vemos nascer um novo tipo de rebanho e um novo tipo de pastorado. Um rebanho que caminha paralelo ao verdadeiro rebanho, e um pastorado que pastoreia paralelo ao verdadeiro Pastor.
Milhares de pessoas em todo o mundo estão sendo enganadas e ao mesmo tempo deixando-se enganar, por causa desta exacerbada "ganância espiritual" que as envolvem no meio de centenas de quinquilharias e bugigangas que supostamente curam e fazem prosperar. (2)
O fato é que igrejas que se dizem evangélicas tem confundindo a cabeça do povo levando o povo a fazer negociata com Deus como se isso fosse realmente possível. Várias pessoas em nome da fé são levadas a entregar dinheiro, ou às vezes algum pertence que têm, acreditando estarem fazendo um grande negócio. Ingenuamente elas alçam vôos altos demais por suas condições financeiras e acabam em sua grande maioria, atoladas em dívidas e terminam suas vidas num "vôo rasante" e de emergência, desabando em clínicas psiquiátricas ou de ajuda espiritual. Isto, quando não se tornam inimigas eternas do evangelho, fazendo crer que o cristianismo inteiro e todos os pastores são enganadores, aproveitadores, mercenários e sem-vergonhas.
Muitos crentes que freqüentavam há anos Igrejas sérias e históricas, Igrejas tradicionalmente corretas em suas bases doutrinárias, estão sendo iludidos e levados para igrejas superficiais que pregam um evangelho superficial e descompromissado com a verdade, (3) que consideram partes da bíblia que lhes são convenientes e despreza partes fundamentais das escrituras (4) criando uma miscelânea doutrinária sem pé nem cabeça, um emaranhado de pontos teológicos que mais matam espiritualmente do que dão vida espiritual. (5)
Está se formando no meio evangélico, verdadeiras fábricas de ilusão que submetem as pessoas a heresias tão absurdas que nos deixam de boca aberta por tamanha ousadia e engenhosidade religiosa. (6)
Existem algumas igrejas, que com freqüência, em seus cultos, insinuam que o crente precisa alcançar prosperidade e subir de vida, mas fazem isso (7) de uma forma em que as pessoas passam a crer que Deus à Priori, está preocupado em encher nossos bolsos de dinheiro, nossas garagens de carros, suprindo nossos sonhos de consumo. (8) Considero estimulante as pessoas irem para uma Igreja pensando em melhorar a vida material, mas daí, fazer disso uma regra espiritual é agir no mínimo sem maturidade teológica, já que Deus não procede de maneira padronizada, e até mesmo àquilo que é benção para um crente, pode não ser benção para o outro crente.
Vejamos o caso de Davi e Eliabe seu irmão, aparentemente Davi não tinha perfil nenhum para ser um rei, olhando por este lado veremos que Samuel tinha razão, baseando-se na beleza física de Saul, o perfil de rei estava com Eliabe. (9) No entanto, Deus disse para Samuel uma coisa que a maioria dos crentes hoje não costumam considerar. Deus vê o interior, e este "ver o interior" é o X da questão. Ou seja, o belo é interno e não externo. A verdade, a santidade, nem sempre se revelam na aparência, mas quase sempre num lugar onde ninguém vê a não ser Deus, no coração do homem. Por isso podemos ver pessoas crentes serem muito abençoadas financeiramente ou em negócios dos mais diversos e outras pessoas crentes não.
Nem sempre as pessoas que não são prósperas financeiramente deixam de ter a benção de Deus sobre suas vidas. Isto é uma questão de princípio Divino e não humano.
Nestes dias, parece que para uma minoria o evangelho é espiritual e para uma maioria crescente está se tornando cada vez mais social. Se por um lado há Igrejas radicalmente extremistas na pregação de um evangelho opressor que proíbe desde o uso de perfume até visitas aos parentes; há também àquelas que pregam um evangelho mais light, livre e solto, permitindo que seus crentes façam uso, dentre outras coisas de álcool e cigarro.
O evangelho social é aquele evangelho que se preocupa mais com o sacrifício da fé e menos com o da obediência. É o evangelho que lhe diz que o sacrifício é o da fé e não o do despojamento material.
Eu sei que o crente não faz voto de pobreza nem celibato, e Deus não pede que isso seja feito, mas convenhamos que do jeito que vemos alguns se comportar não seria bom que houvesse voto de pobreza para alguns crentes arrogantemente vaidosos de si mesmos e do que possuem? (10)
Alguns propagadores do evangelho não estão dizendo para as pessoas deixarem algumas coisas para seguirem a Jesus, pelo contrário, estão dizendo para as pessoas seguirem Jesus para receberem várias coisas das mãos DELE e a maioria das coisas que eles estão dizendo que Jesus vai dar Jesus nunca prometeu dar.
Por outro lado, vemos por quase toda a bíblia, nas palavras de Jesus Cristo Ele fazendo referência sobre as pessoas terem de deixar alguma coisa para poder servi-lo. (11) Hoje ao invés de deixar algo para seguir Jesus, as pessoas querem é receber coisas e mais coisas para segui-lo. Está claro que Jesus está falando de opções, de escolhas pessoais, dentro do caminho da salvação proposto por Ele.
Sabemos o quanto é difícil fazer algumas escolhas na hora de servir a Deus, como por exemplo, tirar dez por cento (10%) do salário, principalmente para àqueles que recebem salário mínimo, para entregá-lo na Igreja. Isto realmente não é fácil, imagine um pai ou mãe de família que tem de escolher entre pagar a conta de luz ou água ou comprar alimento para os filhos e precisar tirar este valor para a Igreja.
O dízimo é bíblico (12) e eu sou a favor dele sei que é preciso manter a obediência nesta hora, mas o que sei é que para uma grande maioria de crentes dentro de nossas Igrejas, não é fácil este exercício de obediência.
"Agora imagine, mesmo que seja em nome da fé, "forçar" este crente ou esta pessoa que recebe este salário mínimo, a dar mais do que a bíblia ensina a dar "além" do dízimo, e o que é pior, mais do que é bíblico, pois a oferta é voluntária e a bíblia diz". "Contribua cada um com que houver proposto no coração, não com tristeza ou por obrigação, mas com alegria". (13) A idéia original que se tem do Dízimo na Bíblia, é a sua distribuição em forma de ajuda, aos próprios membros da Igreja. (14) Será que quando Deus disse que era para não faltar mantimento na Casa dEle, ele errou? Talvez tenha errado não prevendo que a inflação fosse roer todo o valor arrecadado com dízimos e ofertas; ou quem sabe as Igrejas não estejam fazendo compromissos além do que podem pagar, e com isso precisam ficar oprimindo as pessoas para ofertarem e contribuírem? Em alguns locais de culto, a hora da oferta é um sofrimento para as pessoas, elas ouvem tantas diretas sobre "se não ofertarem não serão abençoadas" ou "se não derem tudo" ou se não derem o "melhor" há locais em que as pessoas se sentem constrangidas a ofertarem, quase que as obrigam a darem tudo mesmo. E se não se cuidarem saem dali sem o dinheiro do ônibus, pois são induzidas a darem tudo mesmo.
Falo por experiência própria porque isso já aconteceu comigo e no final do culto fui até um dos pastores e pedi para me arrumar dinheiro para pagar o ônibus de volta para casa.
Há alguns dirigentes de culto que quando percebem que estão saindo dos limites no pedir dinheiro na hora da oferta, pelo tempo gasto e pela pressão que estão fazendo costumam terminar o "sermão da oferta" dizendo que Deus não precisa de dinheiro. Então eu pergunto, se Deus não precisa de dinheiro para quê estão pedindo então? E por que insistem tanto para que a pessoa dê o dinheiro se Deus não precisa?
É preciso que determinados pregadores da palavra, dirigentes de culto ou "ministros" sejam mais coerentes na hora do culto da oferta, principalmente na forma de pedir a oferta. Oferta e dízimo não são necessários pedir, está na Bíblia o crente deve cumprir a ordem bíblica e pronto, não entendo, às vezes o medo que os pregadores têm na hora da oferta. Pensam que se não pedirem, pedirem e pedirem, as pessoas não irão ao gazofilácio.
Estas pessoas que insistem tanto no o pedir a oferta deveriam insistir no "educar" biblicamente o crente da igreja em cultos próprios para isso, para que no culto "aberto ao público" não passassem vergonha ou não escandalizassem o evangelho se passando por pregadores que "só pensam em dinheiro" ou "só falam em dinheiro". .
A bíblia é clara quando diz: "Para que haja mantimento na minha casa". Não creio que Deus tenha errado; o dinheiro arrecadado naquela época sustentava as Igrejas e os crentes, e é para isso que deveria servir hoje. Não para sustentá-los é claro, mas para ajudar alguns deles que entra ano e saí ano e continuam em sérias dificuldades com enfermidades alimentação e vestuário. (15) O dinheiro arrecadado na igreja neotestamentária era dividido para ajudar os apóstolos e não para ficar no cofre. A igreja do novo testamento não acumulava riquezas, não guardava o dinheiro para uns poucos usos, mas revertia tudo o que arrecadava para ajuda humanitária de todos os seus membros e os líderes envolvidos na divulgação do evangelho, basta lembramos do que diz no inicio do livro de Atos dos apóstolos, lá afirma que os crentes repartiam o pão e tinham tudo em comum. naquela época do novo testamento as Igrejas não tinham luxo, nem as riquezas que presenciamos hoje em algumas. Não eram catedrais suntuosas, e muito menos empresas.
As Igrejas neotestamentárias tinham uma espiritualidade atuante e contagiante, que envolvia as pessoas por causa do poder e não da beleza e do espetáculo em seus templos. As Igrejas do novo testamento eram compostas por crentes simples, humildes e guiada por pastores que davam a vida pelo rebanho e não uma Igreja dando a vida pelo pastor, uma boa parte dos crentes de hoje não é humilde, apenas fingem que são.
Também, uma coisa que precisa ficar clara, é que os crentes de hoje não são tão liberais no ofertar e dizimar como eram os seus irmãozinhos do Novo Testamento. É difícil o crente abrir a mão para ajudar a obra de Deus.
A dificuldade deste crente em entender que precisa ter um coração voluntário coloca muitas Igrejas em sérias dificuldades financeiras, obrigando os pastores a terem quase que implorar aos irmãos que ofertem e dizimem. Por outro lado, esta situação faz surgir na outra ponta, os aproveitadores do evangelho, preocupados apenas em ganhar dinheiro fácil usando o nome de Deus e escondendo-se sob o manto do Cristianismo.
A Igreja não precisa de riquezas, a Igreja precisa é do poder de Deus. O crescimento que Deus espera da sua Igreja é primeiro espiritual e baseado no Poder dele. (16) Pedro e João ao subirem para o templo se depararam com um coxo que lhes pedia uma esmola, lhes pedia dinheiro, Pedro disse então ao paralítico "não temos ouro nem prata, mas o que temos isto te damos, em nome de Jesus o Nazareno, levanta-te e anda". (17) Que poder e que unção, é disso que a Igreja precisa.
Ao contrário de Pedro e João, muita Igreja hoje tem ouro e prata, mas não tem poder, (18) e o que diremos ao coxo? O pior de tudo é que não damos a ele a cura nem o poder de Deus, (19) e muito menos o ouro e prata que possuímos. Nas Igrejas onde não há poder, o ouro que elas tem de nada lhes serve espiritualmente.
O segredo da oferta não está de maneira alguma na quantidade ofertada, mas na disposição voluntária do coração do ofertante, e na sua fé ao princípio da promessa Divina de que lhe será restituído por Deus além daquilo que ele ofertou. Ao ofertar, as pessoas precisam ter em seus corações, um sentimento de dever cumprido para com Deus. Um sentimento de que independentemente daquilo que vier acontecer, ela cumpriu a sua parte.
Veja a história da viúva pobre, Jesus estava assentado vendo as pessoas ofertarem, e não as obrigando a ofertarem. No entanto, notou que a viúva cumpriu o mandamento não por causa da quantidade, mas da qualidade da sua oferta. Apesar de depositar duas simples moedas, ela o fez de coração. O coração daquela mulher foi ofertado primeiro aos pés de Jesus. (20) O fato de dar muito dinheiro na Igreja não garante a benção de Deus sobre nossas vidas, o que garante a benção de Deus sobre nós é o cumprimento total da sua vontade, e isso inclui ofertar deliberadamente. Também é preciso haver da nossa parte para com Deus, muito amor para que vivamos uma vida cristã de qualidade e não de quantidade.
Devemos ser mais despojados em nossas ambições materiais e em nossos desejos de dominação política e religiosa para termos mais tempo de pregar o evangelho verdadeiro e viver o verdadeiro Cristianismo.
Geraldo Goulart gerrarogoulart@ig.com.br
CITAÇÕES BÍBLIOGRÁFICAS:
1 ? 2 Pedro, 2:1.5;
2 ? Mateus, 22:29;
3 ? Deuteronômio, 4:2; Provérbios, 30:6; Apocalipse, 22:19;
4 ? 2 João, 1:9
5 ? 2 João, 1:10;
6 ? Oséias, 4:6;
7 ? Provérbios, 3:13.14; 8:11,
8 ? 1 João, 2:15.16;
9 - 1 Samuel, 16:7.12;
10? Mateus, 6:24
11? Lucas, 12:33.34; Mateus, 13:45;
12? Malaquias, 3:10;
13? 2 Corintios, 9:7
14? 2 Crônicas, 31:10.14; Neemias, 13:13;
15? 1 João, 3:16.18
16? 1 Corintios, 3:10.17; Atos, 9:1.31;
17? Atos, 3:1.10; 18? Romanos, 1:16
19? Atos, 3:16;
20? Marcos, 12:42.44
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