O. J. O.
Por NERI P. CARNEIRO | 24/09/2018 | CrônicasO. J. O.
Esta, também refere-se a uma sigla.
Aconteceu com o prefeito de Aurora, uma cidade vizinha. Bom prefeito, aliás!
Bem quisto, empreendedor, a ele se devem inúmeras obras daquela cidade, (a ele e à sua empresa construtora!) capaz de articulação política. Um líder regional, para dizer a verdade. Alguns até falavam que ele estava cotado para o executivo estadual.
O fato é que durante a campanha ele havia prometido uma construção. A mesma construção que outros candidatos e prefeitos já haviam prometido e não realizado. E suas promessas o levaram à cadeira do prefeito.
O fato é que o prefeito em questão era um prefeito de palavra. Ele tinha a reta intenção de edificar a obra prometida em campanha. Por sinal já havia criado uma comissão para estudar a viabilidade da obra. Recursos disponíveis. Licença ambiental. E os cambau...
Foi durante uma reunião com essa comissão que chegou à prefeitura, dirigiu-se ao gabinete do prefeito e foi barrada pela secretária, uma comissão de eleitores, com um abaixo-assinado, exigindo a edificação da obra.
Deu confusão!
Os membros da comissão queriam falar com o prefeito.
A secretária dizendo que ele estava em reunião.
A secretária e a comissão estavam num impasse de comunicação. A comissão não dizia o que queria com o prefeito, nem ela falava sobre o que era a reunião. E nenhum dos lados estava disposto a ceder!
A confusão formada e a alterações de voz atraíram a atenção do prefeito que abriu a porta e reconheceu seus líderes de bairro. Mas fingiam ser adversários ferrenhos!
- O que está acontecendo?
- Olha, senhor prefeito, estamos cansados de promessas. Todos prometem mas não fazem. Queremos saber se o senhor também será um dos tantos que prometem e não cumprem?
- Não costumo faltar com minha palavra. Prometi em campanha. Pois a obra será realizada. Para isso estamos reunidos em meu gabinete, com uma comissão que está justamente tratando dessa construção.
- Bem, se é assim, queremos participar das discussões. Temos interesse em colaborar.
- Muito bem, estávamos discutindo, quando vocês nos interromperam, sobre que nome poderíamos dar à nossa obra. Como se chamará nossa construção?
A confusão agora era um zum-zum de vozes, conversando, cochichando, debatendo, trocando ideias...
Foi aí que brilhou o gênio do Prefeito.
- Encontrei a solução. A sigla perfeita para nossa obra!
- Como será a sigla da nossa obra, prefeito?
- Ora, é uma questão lógica: a sigla só poderá ser O. J. O.!
- Mas o que significaria essa sigla?
- Como vocês pensam devagar, hem! Nós não estamos querendo construir um “Ospital” para atender a população em "jeral"? a nossa cidade não se chama “Orora”. Então é elementar, meus caros amigos: O. J. O. significa “Ospital Jeral de Orora”
Neri de Paula Carneiro
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Rolim de Moura – RO