O Inferno

Por ADEMIR GOULART | 07/02/2025 | Religião

O Inferno é real

O Inferno é real, porém sem realeza. Nem mesmo Satanás é ali um rei ou imperador, antes ali é seu lugar de punição, uma prisão de onde é impossível escapar. O Inferno verdadeiramente existe, quer os homens o aceitem ou não.

A grande tentação humana é a mesma de Lúcifer: querer ser Deus. Aliás, esse foi o argumento da Serpente (Lúcifer) a Eva: "Sereis como Deus". Então, os homens desejam ser criadores ou destruidores daquilo que não lhes agrada. O Inferno é algo que os homens não gostariam que existisse de fato, portanto deve ser destruído. Essa doutrina Bíblica e Cristã deve ser destruída, a questão é: Como fazê-lo? Usando os artifícios linguísticos, palavras elaboradas; pode-se destruir esse "conceito" colocando-o como satânico, do mal e engenhosamente criada pelos pais da igreja com base na cultura helênica para dominar sob a espada do medo. Ou seja, o Inferno é só uma questão linguística, segundo os Extintores do Inferno. Mudam o significado das palavras originais, como se fossem deuses, para dar-lhes novo significado sob a perspectiva do politicamente correto.

 O Inferno também não pode ser uma criação humana, pois é impossível imaginar alguém aparecendo com um ensinamento sobre um lugar de horrores eternos chamado Inferno. Quem o creria? Certamente o questionariam de onde conseguiu tal informação? Seria ridicularizado e desacreditado imediatamente. Se o próprio Senhor Jesus fala sobre o Inferno e a maioria desacredita e há até muitos "cristãos" que duvidam. Imagine alguém sem crédito algum se ousasse introduzir tal pensamento! Contudo, existe sempre no coração de qualquer pessoa essa verdade estampada em seu interior e por pior que essa pessoa possa ser ela sabe em seu íntimo que existe de fato um Inferno.

Queber e Sheol

A palavra hebraica 'Queber' utilizada no Antigo Testamento deve ser interpretada corretamente como 'Sepultura', 'Túmulo' ou 'Jazigo', no Novo Testamento a palavra equivalente é 'Mnemeion' (gr).

Algumas versões da Bíblia traduzem esta palavra 'Sheol' com o mesmo sentido de 'Queber' sendo isso um grande engano, pois Sheol é completamente diferente de 'Queber'.

Queber (hb) ou Mnemeion (gr)- se refere à sepultura, túmulo, e se trata do Corpo morto, do Cadáver, do Defunto, e, portanto é individual, sendo usada sempre no plural, pois são muitos túmulos, cada cadáver tem o seu próprio túmulo. Queber - os Túmulos são muitos, encontram-se bem na superfície da terra, dizem a sete palmos, e são várias vezes mencionados no Antigo Testamento.

Sheol (hb) ou Hades (gr)- é o mundo dos mortos, o mundo invisível e se refere às Almas em conjunto, por esse motivo é sempre usada no singular; existe só Um Sheol e encontra-se nas profundezas da terra, nunca abriga corpos de mortos, enquanto que o Queber sempre os recebe.

 O Sheol era dividido em duas partes que eram separadas por um Abismo, até a descida de Jesus a esse lugar, quando Ele subindo ao alto levou cativo o cativeiro, portanto, um dos lados ficou vazio ou deixou de existir.

A verdade é que existe muita diferença entre 'Queber' e 'Sheol'. Só Deus tem poder para enviar ou tirar as Almas ao Sheol, enquanto os homens só tem poder temporal sobre o Corpo, mas nenhum poder sobre a Alma.

E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. Mt.10.28

Deus ressuscitará os ímpios, que completos (corpo, alma e espírito) serão julgados e após esse Juízo do Trono Branco, serão lançados vivos no Lago de Fogo, 'Gehena' no grego, ou 'Tofete' no hebraico.

Abaddon,  Abussos e Tártaro

A Palavra de Deus registra a existência de outro local no "Mundo Invisível" ainda mais profundo que o Hades, local chamado Abaddon (hebraico) e Abussos (grego) cujo significado principal é Abismo. Ao fim desse Abismo está localizado o Tártaro (gr), lugar onde os espíritos dos mortos mais ímpios e outros espíritos imundos, das ordens mais baixas, estão aprisionados, aguardando o dia do juízo.

Gehena

A palavra grega Gehena algumas vezes traduzida erroneamente como Inferno, na verdade deveria ser traduzida como Lago de Fogo, pois o Inferno e a Morte ali serão lançados. Contrário ao Inferno (Sheol ou Hades) que é um lugar temporário e de muito sofrimento, porém o Gehena é Eterno, jamais se apagará.

 A palavra Inferno tem como origem “inferus” no Latim e significa inferior, dando origem a “infernus”, ou seja, lugares baixos (referindo-se ao mundo subterrâneo), enquanto que Hades (grego) e Sheol (hebraico) significam mundo dos mortos, mundo inferior, lugar das almas daqueles que morreram. A Vulgata, de Jerônimo, traduz Hades, acertadamente, como Inferno. Seja mundo dos mortos ou mundo inferior é com certeza um lugar de sofrimento para aqueles que rejeitam a Deus e seu amor.

 Alguns autores entendem que Sheol ou Hades não podem ser traduzidos como Inferno, alegando que Jó, Jacó e Salomão desejaram ir para o Sheol, portanto, não pode ser Inferno, pois ninguém desejaria ir para o Inferno. Temos que compreender que nesse tempo ainda não existia o Paraíso e a Obra de Jesus também não havia sido concretizada nesse aspecto; o próprio Senhor Jesus falou sobre isso:

Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. Jo.14.2

"Vou preparar-vos lugar" significa que ainda estava em projeto, portanto, assim que levou cativo o cativeiro, transportando-o ao Paraíso a obra se concretizou. Podemos entender que o Sheol, depois deste evento, ficou reservado apenas para os ímpios. O apóstolo Paulo fala desse lindo lugar preparado por Jesus como o "Terceiro Céu" ou "Paraíso":

Conheço um homem em Cristo que há catorze anos ( se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe ) foi arrebatado ao Terceiro Céu. E sei que o tal homem foi arrebatado ao Paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. II Co.12.2

Portanto, com o início do Cristianismo e após a morte dos Salvos, estes sobem ao Paraíso e não mais descem ao Hades ou Sheol, que ficou exclusivamente reservado para os ímpios e rebeldes.

Inferno - Reconhecido Mundialmente

Em muitas culturas no mundo, em todos os tempos, sempre existiu a percepção ou crença de que há de fato um Inferno.

Inferno: na cultura Chinesa é o Di Yu; na Greco-romana é o Hades; na cultura Nórdica o Helgardh; na Egípcia é o Ammit; na Irlandesa é o Mag Mell; na Japonesa é o Ne no Kuni ou Yomi no Kuni; na Islâmica é o Jahannam; na Hebraica o Sheol. A Literatura mundial tem vasto material sobre o assunto, como "O Inferno de Dante" em A Divina Comédia, e o mais recente "Inferno" de Dan Brown, entre outros.

O princípio de verdadeira Justiça aos injustiçados deste mundo testifica que o Inferno é uma necessidade, bem como a própria credulidade mundial na existência desse lugar.

Fiódor Dostoiévski, em "Os irmãos Karamazov" parece ter indiretamente apreciado esse assunto quando disse:

 A inexistência de Deus tem como consequência direta a inexistência do Inferno, então, a libertinagem humana toma volume e incentivo para fazerem o que bem entenderem. Temos aí o cenário perfeito para uma Nova Sodoma! E isso já está acontecendo. O que pode deter um homem sem Deus e sem temor? A Lei? Sabemos que não. Se o ceticismo chega às Cortes, eles mesmos serão pautados por suas ideias, concupiscências, motivações e razões pessoais ou por pressão dos "poderosos".

O ser humano tem dentro de si algo que o atrai ao pecado. Ele é um ser pecaminoso, já nasce nessa condição devido ao pecado-raiz, e, até por isso, tem o dever de lutar contra essa força dentro de si. Contudo, se não há Deus, por que lutar? A inexistência de Deus não obriga ninguém a ter conduta Moral salutar, pois não há Alguém a quem prestar contas após morte. E, ainda que Deus exista, Ele se torna um Ser desnecessário caso a Alma seja Mortal.

Não existe o outro lado após a morte, portanto, não  há nada a temer.

A Alma Mortal é uma porta escancarada ao pecado, assim como a inexistência de Deus.

O ateu é aquele que decidiu que Deus não existe e milita por essa causa. Interessante é que a pessoa pode não crer, mas por que então anunciar e pregar insistentemente a inexistência de Deus? Nunca vi alguém pregando insistentemente sobre a inexistência do papai Noel e todos sabemos que papai Noel não existe de fato. Na verdade ele prega contra Deus, pois quer encontrar uma razão para viver sem temor, mas isso é impossível. Está marcado a ferro e fogo no mais íntimo da alma de cada ser humano: Deus existe, logo, o Inferno é uma verdade eterna. Devido à eternidade de Deus o Inferno tem que ser eterno. Porque, enquanto existir Deus existirá o Inferno, por ser o Inferno o distanciamento de Deus. Todo ateu é um Antideus, pois sabe em si que existe um Inferno e em seu desespero quer matar Deus para aniquilar o Inferno.