O Impacto dos Custos no Investimento na Bolsa de Valores e Como Eles Podem te Causar GRANDES Prejuízos

Por Ramiro Gomes Ferreira | 27/07/2017 | Economia

Investir na bolsa de valores pode parecer intrigante.

Afinal, estamos falando de um ambiente extremamente dinâmico.

Um ambiente em que você pode multiplicar o seu capital diversas vezes ou, ainda, perder todo o seu capital investido.

Por isso, aqui não podemos ser amadores.

Para investirmos com sucesso na bolsa de valores, precisamos de preparo.

Precisamos saber o que é importante ser feito e, principalmente, como evitar e diminuir as perdas.

Nessa tarefa, um dos pontos muito importantes e que é muito pouco levado em consideração é o impacto dos custos sobre o investimento em ações.

Sim: investir em renda variável é algo que pode gerar muitos custos para você.

Corretagem, custódia, ted, taxa de administração e aí por diante…

Esses custos, que aparentam ser irrelevantes, podem corroer os seus ganhos, se não controlados.

Por isso, nesse artigo, eu quero te mostrar como os custos de investimento impactam o seu resultado de longo prazo e, mais importante do que isso, como reduzir e otimizar os seus custos ao investir na bolsa de valores.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS CUSTOS DE SE INVESTIR NA BOLSA DE VALORES

Para começar a investir em ações, você precisa realizar uma ted para a sua corretora.

Aí já vai a primeira despesa, que gira em torno de R$ 8,00.

Até aí, beleza.

A não ser que o valor da Ted tenha sido realmente baixo, esse custo não é muito relevante.

Em seguida, depois de ter o dinheiro na sua corretora, provavelmente você pagará por uma taxa mensal de custódia, na faixa de R$ 9,90.

Depois de estudar e decidir quais ações comprar, você precisa efetuar, através do home broker da sua corretora, essas compras.

É aí que entra a taxa de corretagem, que pode seguir a tabela do Ibovespa (e ficar em torno de 0,5% sobre o capital movimentado) ou pode ser fixa.

Em geral, o custo de uma ordem de corretagem, quando esta é fixa, é de R$ 20,00.

Se você montar uma carteira de 10 ações, então, estamos falando de R$ 200,00 em corretagem.

Até aí, já temos: R$ 8,00 da ted para a corretora, R$ 118,80 de taxa anual de custódia (12xR$ 9,90) e R$ 200,00 de taxa de corretagem para realizar seu investimento.

Ah, mas eu não quero investir por conta própria! Prefiro fazer o meu investimento através de um fundo de ações

Beleza, aí temos mais dois custos:

  • A taxa de administração do fundo, que geralmente é na faixa de 2,00% ao ano; e
  • A taxa de performance do fundo, que geralmente é na faixa de 20% sobre o que exceder o Ibovespa

Parece pouco? Mas, infelizmente, esses custos podem arruinar o resultado de seus investimentos.

Vamos entender o porquê…

COMO OS CUSTOS AFETAM O RETORNO DE SEUS INVESTIMENTOS

Vamos utilizar os exemplos de custos que eu dei na última seção do artigo.

Ali, simulamos um custo anual de R$ 326,80 para que você monte uma carteira de 10 ações.

Se essa carteira montada for de, digamos, R$ 50.000,00 nessa carteira, então de fato as despesas acabam não afetando o seu patrimônio de forma relevante.

Afinal, estamos falando de R$ 326,80 sobre R$ 50.000,00, o que representa meros 0,65%.

Mas, geralmente, esse não é o cenário para o investidor iniciante.

Pela minha experiência, eu percebo que esses investidores são induzidos a realizar diversas compras e vendas de ações ao longo do ano.

QUANDO OS CUSTOS SAEM DO CONTROLE

Lembra daquele custo de corretagem de R$ 200,00 para comprar 10 ações?

Imagine um cenário diferente: em que você compra 10 ações, depois as vende e recompra outras 10 ações no mesmo ano.

Num piscar de olhos, a corretagem saltou de R$ 200,00 para R$ 600,00 por ano.

E olha que eu estou sendo generoso aqui. Geralmente, o giro de uma carteira de investimentos de um investidor iniciante é bem maior.

Nesse novo cenário, temos, de custo anual, R$ 726,80.

Ou 1,45% ao ano.

Já não é um patamar tão confortável para um patrimônio de R$ 50.000,00.

Mas ainda pode piorar.

Se você gosta de investimentos, certamente já viu diversas “ofertas maravilhosas” de empresas de análise independente.

Geralmente essas ofertas oferecem uma “oportunidade de lucrar 1.000% em menos de 1 ano” e, com muito marketing envolvido, tentam te convencer de que investir R$ 200,00 por mês nesses relatórios lhe proporcionará um retorno astronômico para a sua carteira.

Então, vamos colocar esse custo na conta.

Digamos que você caia na lábia dessas empresas e resolva adquirir uma série de relatórios pomposos de como investir no curto prazo por, digamos, R$ 197,00 por mês.

Nosso custo anual simulado, de R$ 726,80, acaba de se tornar incríveis R$ 3.090,80 por ano.

Estamos falando de absurdos 6,18% sobre um patrimônio de R$ 50.000,00.

Mesmo se você tiver R$ 100.000,00 ou até R$ 200.000,00 para investir, esse custo será muito relevante para o seu patrimônio.

Você terá que ter um retorno de pouco mais de 6% em um ano apenas para empatar com os custos.

A partir daí, apenas, estará no “0x0”.

O IMPACTO DOS CUSTOS NA PRÁTICA

Digamos que o retorno do Ibovespa tenha sido de 39% num dado ano (como 2016, por exemplo).

Se a sua carteira tivesse rendido essa mesma média, seu retorno líquido de custos (e sem contar IR aqui), teria sido de cerca de 30,90% (no cálculo: (1+39%)/(1+6,18%)-1).

Agora, digamos que a média do mercado tenha se desvalorizado 0,7%, como foi o caso em 2015.

Se a sua carteira tivesse tido um desempenho similar ao do índice, estaríamos falando de uma queda de mais de 7,5%.

Mas aí você deve estar pensando…

Mas Ramiro, se eu assinar esses relatórios, certamente o meu desempenho vai ser bem melhor que o do Ibovespa!

Infelizmente, não é assim que as coisas funcionam.

Diversos estudos mostram que é impossível de se prever o desempenho de qualquer ativo em curtos períodos temporais.

Na prática, quanto mais você comprar e vender ações ao longo do ano, menos você tende a ganhar.

Como diria um ditado norte-americano, ”Uma carteira de ações é como um sabonete. Quanto mais você mexer, menor ela se tornará.”

CONCLUSÃO

A minha sugestão aqui ficou bem clara: tente minimizar seus custos ao máximo.

Procure operar por corretoras de valores que cobrem taxas menores e que não cobrem taxa de custódia (aprenda como escolher a melhor corretora de valores nesse artigo).

Evite adquirir relatórios financeiros muito caros. Sobretudo se você não tiver uma fortuna para investir.

E, por fim, entenda que os juros compostos só funcionam para quem consegue ter um retorno estavelmente positivo.

Pense que evitar pagar 6% ou mais do seu patrimônio em custos de investimentos, por ano, fará com que você alcance a tão sonhada independência financeira mais rapidamente.

Então, se você gostou desse artigo, tenho certeza que irá adorar esses outros três artigos do Clube do Valor:

Grande abraço e até a próxima!

Ramiro Gomes Ferreira

Artigo completo: