O Idoso com Alzheimer e a Família sob a Ótica de Enfermagem
Por Mirtes Catarina Guilleminot Alves de Udaeta | 09/06/2009 | SaúdeO idoso com Alzheimer e a família sob a ótica de enfermagem
Mirtes Catarina Guilleminot Alves de Udaeta
Érica Aline do Amaral
Introdução
O declínio das funções cognitivas ocorre em conseqüência do processo de envelhecimento, sendo este fenômeno de ocorrência universal.
Em virtude da expectativa de vida da população. A Doença de Alzheimer (DA) tornou-se a demência mais comum, por ter distribuição universal compromete aproximadamente 10% da população com mais de 65 anos de idade. Nas nações desenvolvidas, a DA é a maior causadora de morte depois da doença cardíaca, câncer e Acidente Vascular Cerebral (AVC), é e responsável por mais de 100.000 mortes por ano. Chegando de 15 a 20% nos indivíduos de 80 anos. A previsão e de que ela afetará 8 milhões de pessoas no ano de 2040 ( GOLDMAN;AUSIELO,2005).
Desenvolvimento
Costa (2003, p.140) afirma que o Alzheimer é uma das doenças que mais tem desafiado a medicina nos últimos anos e a sociedade na atualidade. E a conceitua como "doença neurológica degenerativa, cortical, lenta, progressiva e irreversível, que esta associada à perda da memória e a deterioração das funções intelectuais, emocionais e cognitiva". Já para Caldeira e Ribeiro (2004) apud Pendlebury (1996) a doença é a causa mais comum de respostas cognitivas desadaptadas, afeta, inicialmente, a formação hipocampal, causando deterioração de habilidades intelectuais, interferindo na atividade ocupacional ou social.
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência na velhice. Conhecida internacionalmente pela sigla DA recebeu esse nome em homenagem ao Dr. Alois Alzheimer, que em 1907 observou e descreveu os aspectos neuropatológicosno tecido cerebral de uma mulher que mostrou os primeiros sintomas de demências por volta dos 55 anos, que havia sofrido de demência progressiva ( CAMBIER; MASSON; DEHEN,2005).
Nas últimas décadas do século XX, a doença de Alzheimer era freqüentemente relacionada ao processo de envelhecimento. E o tipo de demência com maior chance de se desenvolver nas idades mais avançadas, sendo que o envelhecimento constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença, uma vez que ambos, envelhecimento e demência, compartilham qualitativamente das mesmas alterações patológicas, na DA essas alterações ocorrem em intensidade muito maior (LUZARDO et al ,2006 apud PITTELLA,2005).
A patologia é composta de quatro fases: Fase inicial:caracterizada por alterações na afetividade e déficit de memória recente; Fase intermediária:os déficits cognitivos estão altamente prejudicados, afetando as atividades instrumentais e operativas; Fase final: a capacidade intelectual e a iniciativa estão deterioradas; Fase terminal:caracterizada por restrições ao leito, praticamente o tempo todo, acabando por adotar a posição fetal (Freitas et al, 2006).
Por mudar o cotidiano das famílias, pode-se visualizar a doença de Alzheimer como uma doença familiar. Visto que, o diagnóstico de demência traz uma realidade contundente que implica em muitas perdas envolvendo a autonomia do corpo e o afastamento do eu para o indivíduo.Inclusive o autor ilustra a fala de um membro da família em relação aos seus sentimentos: "Hoje ela não sai mais sozinha. Da última vez ela se perdeu. Outra dificuldade é essa de ter de sair e não ter com quem deixar ela". (LUZARDO; WALDMAN, 2004).
Os cuidadores deparem-se com numerosos fatores, que incluem a aceitação do diagnóstico, lidar com um estress cada vez maior, administrar o conflito dentro da família e planejar o futuro. Com isso, o cuidador ficará vulnerável a doenças físicas, depressão, perda de peso, insônia, a abusar física e verbalmente do paciente, de álcool e de medicamentos psicotrópicos. Assim sendo, o atendimento familiar é de extrema valia e, não raro, de importância crucial para o sucesso do tratamento (ESMELTZER; BARE, 2004).
Cabe a enfermagem apoiar o prestador/familiar a discutir seus sentimentos; manter o seu próprio bem-estar emocional e a sua saúde.Por intermediário de informação, discussão, reflexão, orientação e aconselhamento, os atendimentos visam a propiciar melhor condução dos conflitos formados ou daqueles antevistos (NETTINA, 2003).
Conclusão
Desde que Alois Alzheimer descreveu a DA em 1907 até a década de 80, pouco foi possível avançar no seu entendimento. O grande empenho da comunidade cientifica, sobretudo nos últimos 25 anos, reflete a necessidade de respostas rápidas para essa doença, já que é considerada a epidemia do século XXI. A DA é hoje, em todo o mundo, vista como um problema de saúde publica de enormes proporções. Os danos emocionais, físicos, sociais e financeiros para os pacientes, os familiares, os cuidadores e a sociedade são incomensuráveis. Por tratar-se de uma condição heterogênea e complexa nos seus agentes etiológicos e neuropatológicos, são obvias as implicações para o seu diagnóstico e tratamento.
Enquanto não nos é possível conhecer melhor a sua etiopatogenese e descobrir tratamentos curativos orientados para o tratamento fisiopatológico da doença, nunca é demais enfatizar que o seu melhor conhecimento por parte todos os profissionais de saúde, o diagnostico precoce e preciso, a instituição precoce do tratamento farmacológico, a intervenção interdisciplinar, o envolvimento da família e dos grupos de apoio dos pacientes são de importância crucial para o cuidado mais bem sucedido dos pacientes portadores da Doença de Alzheimer.
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