O HUMANO E SUAS CRISES EXISTENCIAIS

Por Anissis Moura Ramos | 09/04/2011 | Psicologia

O ser humano vive uma das maiores crises existenciais, não conseguindo entender o desconforto que toma conta do seu interior, gerando-lhe angústia, tristeza, medo, ansiedade e às vezes até mesmo um quadro de depressão. Não consegue compreender as reações que tem frente algumas situações, dando-se conta, posteriormente, que não era necessário agir da forma que agiu.

Muitos chegam a questionar se não tem dupla personalidade, pois ora se percebem como pessoas bondosas, amáveis, gentis e ora totalmente ao contrário. O que não sabem é que temos uma estrutura polar na nossa personalidade, ou seja, cada pólo tem um pólo oposto, no entendimento de Jung. Portanto, somos bons e maus, felizes e infelizes, disciplinados e indisciplinados. Amamos e odiamos, tememos e destememos. Isso é normal na vida de qualquer pessoa.

O grande problema que existe é que na maioria das vezes, o homem procura negar aquele lado que ele não gosta, que lhe incomoda, que lhe é penoso, que lhe é humilhante, ou seja, a sua sombra. A sombra é tudo aquilo que não está de acordo com a percepção que temos de nós e do nosso eu externo. Podemos compreendê-la, como sendo aquelas coisas que reprimimos, a fim de evitar que as pessoas possam vir a conhecer e se decepcionar.

Na tentativa de omitir o seu lado sombra, que se encontra nas profundezas do inconsciente, o homem acaba por privilegiar o lado consciente, conhecedor de tudo. Esquece que se conhecê-lo, terá um maior domínio sobre ele. Poderá cuidar-se mais, inclusive conseguindo questionar-se criticamente sobre as suas motivações. Não precisará mais, projetar para o externo a causa de todos os acontecimentos de sua vida, responsabilizando as demais pessoas pelo seu sofrimento, pelas suas dores, pelas suas angústias, eximindo-se de toda a responsabilidade do que lhe acontece . É bastante comum, as pessoas não aceitarem quando lhes é dito, que são os únicos responsáveis pelas coisas boas e ruins de sua vida.

Não conhecer os conteúdos reprimidos no inconscientes, leva as pessoas a se sentirem divididas, esvaziadas, sós, por não conseguirem atingir a plenitude, que tanto desejam. Para que isso aconteça, faz-se necessário o humano aceitar conviver com as suas incongruências. Tornando-se menos crítico, aceitando as diferenças e compreendendo a singularidade de cada um e respeitando.

A plenitude só ocorre a partir da integração dos opostos, enquanto estes viverem de forma dissociada, não havendo uma conexão entre os conteúdos do inconsciente com o consciente, o humano não se sentirá uno e continuará precisando do outro para amenizar a sua solidão e até mesmo preencher o vazio que carrega consigo.

Essa falta de conhecimento da sua essência, é que leva o ser humano viver numa eterna crise existencial, pois cada vez menos, ele consegue entrar em sintonia com o seu eu verdadeiro. Prefere viver no mundo da superficialidade, da aparência, da fantasia que o seu consciente oferece. Enquanto optar por viver assim, continuará a sofrer, a se lamentar e adoecer, até o momento em que se abrir para conhecer o seu inconsciente e poder estabelecer um diálogo com ele.