O GÊNIO EM TODOS NÓS: Como a educação global prepara gênios para a vida em sociedade

Por FRANCISCA NILMA DA SILVA SOUSA | 20/10/2016 | Educação

Texto apresentado no Mestrado em Educação sobre Educação Global.

 O que é gênio? O que é genialidade? Como se manifesta? Essas questões tão triviais no dia a dia são explicadas por David Shenk como a capacidade do homem em adquirir as habilidades necessárias para desenvolver determinadas tarefas pela experimentação, pelas vivências, dominando o meio em que se vive. O que antes era explicado pela Genética, o autor quebra paradigmas ao enfatizar que "não somos prisioneiros do DNA".
Ao fazer tal declaração, o autor não deixa de lado a importância o avanço que a Genética deu nos últimos anos, mas mostra que não existe talento nato, mas que somos levados a desenvolver a genialidade quando o meio proporciona uma interação e um agir maior, sobre os objetos que nos rodeia.
Ao enfatizar que são os homens que aprimoram seus potenciais, o autor explica como os genes interagem com o meio; por isso, somos como somos. O nosso talento não é um dom genético, mas uma inteligência desenvolvida porque o meio permitiu que isso acontecesse.
Mas como explicar talentos que não são motivados pelo meio onde o homem está inserido? Isso acontece porque os mesmos vivenciam situações incomuns à sua e, não querem se permitir viver de acordo com o que o meio oferece. A própria pessoa quebra as barreiras que estão à sua volta e desenvolve sua inteligência como que o meio oferece e busca outros meios para aprimorá-las ao máximo. Então, é pelo esforço pessoal que o ser desenvolve seus talentos, potencializando objetivos em realizações.
Mas como explicar o surgimento de pessoas que são consideradas gênios pela Ciência? Esse gênio não foi resultado somente de DNA, mas como se dedicaram, como foram treinados para chegar aonde desejavam, o seu entorno explicam como chegaram à genialidade. Quem nunca ouviu falar de algum gênio que tenha alcançado o ápice através de um treinamento rigoroso, de uma dedicação pessoal ímpar e de um ambiente propício para tal? Para se desenvolver e chegar a genialidade ou não, a criança precisa ser motivada desde a sua concepção, porque a inteligência é um processo que se aperfeiçoa ao longo da vida. Pensando assim, pode-se mostrar como gênios, Patativa do Assaré, que mesmo não frequentando a escola formal, foi um Mestre na arte dos versos; nossos agricultores, que em meio à seca desenvolve meios para enfrentá-la com determinação.
Mas, mesmo o meio ambiente propiciando ao desenvolvimento de uma genialidade, poucos são os que a alcançarão. Porque a genialidade pertence a uma  combinação entre ambiente e DNA e poucos são os que vão fazer valer essa interação.
Mas como se pode desenvolver talentos em uma sociedade global? Como a escola pode contribuir para aprimorar a genialidade que há em cada um de nós? Com o avanço científico e tecnológico houve uma mudança nas inquietações do homem acerca do Universo, da sociedade e do próprio homem. E com isso, mudaram também a visão e a estratégia da educação, buscando formar um ser integral, aliando a teoria e a prática do fazer. Não se pensa mais na formação unilateral, mas em formar seres com conhecimento, habilidades e atitudes comportamentais que atendam às exigências de um mundo cada vez mais competitivo.
Hoje, se fala em aprender a aprender, aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver (viver em comunidade). Desse modo, as escolas e demais instituições de ensino passaram a conceber a educação como um processo de desenvolvimento global, integrando os vários níveis de conhecimento e de expressão: afetivo, sensorial, psicomotor, etc. Deve-se educar para a totalidade, para a autonomia, para a abertura de novos conhecimentos e para a diversidade, respeitando o conhecimento que o aluno já traz.
Seguindo esse pensamento, uma das funções da educação seria desenvolver as competências e habilidades dos educandos, destacando a flexibilidade, a criatividade, a capacidade para resolver problemas, o convívio com os demais e a busca constante para novos aprendizados.
Todo esse pensar é fruto de uma educação na era da globalização. E como aprendizagem transformativa, é preciso sempre partir de uma análise da situação atual de mundo, buscar alternativas para ir de encontro ao modelo dominante e propor mudanças que visem a uma cidadania global dominante. Tudo isso, implica em tomada de decisões que busque o conhecimento mútuo, a autoconscientização coletiva e a construção de uma cidadania individual, coletiva e responsável.
Por isso, a educação na era global incentiva o diálogo, a cooperação e a dignidade humana como valor primordial para o convívio em sociedade, modificando as normas estabelecidas pela globalização da economia, gerando um crescimento individual e coletivo capaz de gerar transformação; daí ser considerada uma prática social. Homens se educando e educando outros homens em busca de uma coletividade saudável e responsável. Talvez aí, esteja o significado de que não somos frutos de um gene, mas de uma sociedade que espera muito de nós, mas faz pouco para devolvermos nossos talentos.

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