O gênero reportagem

Por maria magalhães rodrigues | 10/11/2011 | Educação

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU-UVA

CENTRO DE LETRAS E ARTES

CURSO DE LETRAS

 

 

 

O GÊNERO REPORTAGEM

 

 

Antônia Angelina dos Anjos Pinheiro*

Maria do Carmo Costa

Maria José Oliveira dos Santos

Maria Magalhães Rodrigues

Nayara Martins Leal

 

 

RESUMO:

Este artigo tem como objetivo analisar a reportagem sob o ponto de vista do gênero textual. Levando em consideração o conteúdo temático, composicional e estilístico do gênero em questão.

 

PALAVRAS-CHAVES:

 Gênero textual, Reportagem, Temática, Composição, Estilo.

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO:

A reportagem é um gênero jornalístico que transmite uma informação por meio de televisão, radio, revista ou jornal. E tem como objetivo levar os fatos ao leitor ou telespectador de maneira abrangente. Pois, desenvolve uma investigação buscando as origens do fato, o porquê e suas conseqüências. Isto é, abre um debate em torno de um fato.

Utiliza uma linguagem clara, objetiva e de acordo com a norma culta.

Quanto a tipologia existem três tipos: reportagem de conhecimento, de ação e de citação.

Neste trabalho, analisaremos o gênero em questão considerando a temática, a composição e o estilo do mesmo.

 

 

 

 

*Acadêmicas do curso de letras da UVA, 4º período.

 

A TEMÁTICA NO GÊNERO REPORTAGEM

A temática de um gênero textual trata-se do assunto abordado no texto, ou seja, das idéias que o produtor tenta repassar ao receptor.

No caso da reportagem é possível identificar a temática fazendo uma análise do que está querendo dizer o título, os substitutos (se tiver) e as palavras-chaves. Como podemos perceber ao analisar um trecho da reportagem a seguir.

 

 

COM MEDO DOS ALUNOS

Provocado pela indisciplina na sala de aula,um distúrbio psicológico se alastra entre os professores: a fobia escolar.

Há um problema novo nas escolas brasileiras: a indisciplina nas salas de aula assumiu tais proporções que muitos professores estão com medo dos alunos. Não se trata da violência que, nos bairros pobres, ultrapassa os muros escolares e ameaça fisicamente os educadores, mas sim de um fenômeno de subversão do senso de hierarquia que ocorre em grandes redes de ensino privadas e também está presente em colégios tradicionais. Uma explicação parcial para essa mudança de comportamento é a seguinte: os alunos ignoram a autoridade do professor porque o vêem como uma espécie de empregado ou prestador de serviços pago por seus pais. Uma das queixas mais comuns dos professores diz respeito ao sentimento de importância diante dos alunos indisciplinados. Certas escolas agem como se a lógica do comercio --- aquela que diz que o freguês sempre tem razão --- também valesse dentro da classe. “Os professores estão sofrendo de fobia escolar, antes um distúrbio psicológico exclusivo das crianças”, diz o psicanalista Raymundo de Lima, o professor do departamento de fundamento da educação da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná.

O professor que desenvolve fobia escolar sente um pavor profundo da escola e da sala de aula, acompanhado de alterações físicas como palpitações e tremores. Os ambulatórios psiquiátricos dos hospitais brasileiros já registraram o aumento dos casos de professores com distúrbios de ansiedade, entre eles a fobia escolar. “O número de professores que tem procurado atendimento por estar estressado, deprimidos ou sofrendo de crise do pânico aumentou cerca de 20% nos últimos três anos,” diz Joel Rennó Junior, coordenador do Projeto de Atenção a Saúde Mental da Mulher do Hospital das Clínicas de São Paulo. Até meados dos anos 90, esse tipo de distúrbio psicológico era um quase monopólio daqueles professores que trabalham em escolas públicas. Hoje, afeta igual quantidade de educadores de colégios particulares.

Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adolescentes com hormônio em ebulição e com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação comercial entre a escola e os pais se sobrepõe a autoridade do professor. “Ouvi em muitas reuniões com coordenadores o lembrete de que os pais e os alunos devem ser tratados como clientes e, como tais, têm sempre razão” diz Iole Gritti de Barros de 54 anos, professora aposentada. Durante 33 anos ela ministrou aulas de história para alunos da 5ª série em colégios particulares de São Paulo. Em algumas escolas, o temor de desagradar aos pais e perder os alunos acaba se sobrepondo a necessidade de impor ordem na sala de aula. A postura leniente com a disciplina explica-se, em parte, pelo número crescente de carteiras vazias. Em cinco anos foram abertas 2000 novas instituições particulares de ensino fundamental e médio, enquanto a quantidade de alunos permaneceu inalterada.

                                                                                       Veja 11 de maio, 2005         

 

O título chama a atenção do leitor e faz com que o mesmo comece interpretar o que o produtor está querendo dizer. Logo podemos interpretar quem são os personagens principais que vivem esse drama diariamente. No caso, os professores. Daí, já podemos indagar qual ou quais são as causas desse “medo.”

Ao adentrarmos no lead da reportagem já conseguimos identificar através da palavra “indisciplina,” a causa principal do medo que se alastra entre os professores.

No corpo da reportagem encontramos algumas palavras e algumas frases que explica que explicam o motivo dessa “indisciplina,” tais como: “subversão do senso de hierarquia,” “espécie de empregado,” “impotência.” É possível também identificar através das frases: “relação comercial entre escola e os pais,” “pais e alunos devem ser tratados como clientes,” “temor de desagradar aos pais e perder os alunos,” outros fatores que contribuem para aumentar o drama vivido pelos professores como é o caso da falta de apoio deste profissional tanto por parte dos pais como da escola.                    

    

COMPOSIÇÃO DO GÊNERO DA REPORTAGEM

 O gênero reportagem dividido estruturalmente em três partes: manchete, lead e corpo.

O titulo em poucas palavras anuncia a informação principal do texto. Geralmente são utilizados verbos no presente do indicativo por causarem um maior impacto no leitor.

 O lead ou chamada da reportagem tem como objetivo resumir o assunto tratado no texto.

O corpo da reportagem desenvolve e aprofunda o assunto abordado. Tem linguagem clara, dinâmica e objetiva de acordo com a norma culta da língua. Vejamos um modelo de reportagem:

 

XUXA “EU ESTOU NAMORANDO”

APÓS QUATRO ANOS SOZINHA, ELA ASSUME ROMANCE.

O coração de Xuxa Meneghel está batendo mais forte. “Estou namorando, sim. Recebendo flores e indo ao cinema acompanhada”. Assume.

A apresentadora, no entanto prefere não revelar o nome do felizardo, pelo menos por enquanto. Xuxa admite apenas que o namorado é uma pessoa do meio artístico e que é um homem solteiro, “ Não é um caso, como chegaram a falar e sim namoro. Estou conhecendo uma pessoa. Mas tenho uma filha, não quero ficar falando em público. Quando tiver certeza, quando achar que é hora certa, todos saberão”. Conta ela.  

 A postura reservada é uma marca registrada da apresentadora. Soletira há quatro anos, desde o fim do namoro com o pai de sua filha, o ator Luciano Szafir, ela sempre agiu com descrição. Antes dele assumiu relacionamentos com pouquíssimos homens, como Pelé, Airton Sena e Drew Demann.

Em fevereiro, durante a visita a ilha de CARAS, falou sobre o novo momento. “Não procuro um príncipe, a gora agora quero um companheiro, sem idealizações”. Disse ela, de olho em sua felicidade.

Lener, Alex. Revista CARAS, 7 marc.2002

    As pessoas do discurso são: O repórter terceira pessoa do singular e a apresentadora Xuxa com discurso direto em primeira pessoa do singular.

Temos como adjuntos adverbiais “O coração de Xuxa Meneghel está batendo mais forte” (adjunto adverbial de intensidade de modo).

Os verbos apresentam-se no presente do indicativo, como “assume”, “prefere”, “tenho”, “quero”, “estou” também temos verbos no tempo passado como, por exemplo, “chegaram”, “assumiu”, “falou”, “disse”, e o verbo “saberão” no futuro.

Notamos pelas frases “A postura reservada é uma marca registrada da apresentadora”, “Ela sempre agiu com o máximo de descrição” “antes dele ela assumiu relacionamentos com pouquíssimos homens” que o reporte demonstra conhecer e acompanhar a vida da apresentadora.

 

O ESTILO DO GÊNERO REPORTAGEM

O estilo de um texto refere-se a linguagem empregada, ao conjunto de recursos léxicos gramaticalmente utilizados na produção de um texto.

A relação entre os interlocutores do discursos, o grau de proximidade ou distanciamento entre os mesmos são fatores que determinam o tipo de linguagem a ser usada, formal ou informal.

Por exemplo, na reportagem a seguir:

 

 

 

INIMIGO ÍNTIMO

Pesquisa mostra que em cada dez mulheres que sofrem violência são agredidas dentro de casa.

Um levantamento da secretaria de saúde de estado de São Paulo,feito sobre m1.286 casos de violência domestica, registrados no estado entre janeiro e maio deste ano, aponta que 75% das vitimas são mulheres.  Na maioria dos casos – 67,8% - elas são agredidas pelo parceiro (marido, companheiro ou namorado) e, em 70,8% das vezes, dentro de casa. Em apenas 18,2% dos casos, a violência aconteceu na rua e em 19,3% foi cometida por desconhecidos. A forma de agressão mais comum é a física (59%), seguida pela psicológica (18%), pela auto-infligida (13%) e pela sexual (5%). As vitimas dos casos analisados têm entre 20 e 39 anos. O fato de a maioria dos criminosos ser os marido ou namorado inibe as denuncias.  “Tinha sempre aquela história de não querer meter colher em briga de marido e mulher, mas as pessoas têm denunciado mais, conhecimento sobre o direitos e a lei Maria da Penha. Estão mais bem informada”, avalia Marisa Sanematsu, do instituto Patrícia Galvão. A violência doméstica não se escolhe cor, raça ou condição social. É um drama vivido por pessoas de todos os tipos No Brasil e no mundo. No começo de setembro, o ex-atleta Robson Caetano agrediu a mulher durante uma discussão. Foi preso e liberado depois de pagar R$700,00 de fiança. A vitima, casada com o atleta há quase 3 anos, disse à imprensa que era a quarta vez que Caetano a agredia. O caso só veio à tona porque a mulher ligou e pediu ajuda para um amigo, que chamou a policia.     

 

Pode-se observar que se trata de um texto produzido para atender os requintes da esfera jornalística que segue a estrutura “pirâmide invertida” usada em textos com natureza informática. No topo pirâmide a informação principal, no centro, os exemplos, justificativas e argumentos e na ponta, informação acessórias.

A reportagem tem função de informar pessoas de todos os níveis sócias, por isso a relação entre repórter e leitores é distante. Dessa forma, o relato dos fatos é objetivo a linguagem é impessoal e formal.

Há o uso freqüente de adjetivos como em: “feito sobre 1.286 casos de violência domestica”, “estão mais bem informadas.”

Após o titulo, um breve resumo nos dá uma prévia do assunto tratado na reportagem. O repórter inicia a narração com registros de casos violência contra mulheres no estado de São Paulo. As justificativas que comprovavam o numero de casos é dados através da porcentagem. O argumento que fortalece  as justificativas é o fato dos agressores, serem pessoas intimas da vitimas o que inibe as denuncias. E para comprovar que a violência pode atingir qualquer mulher, ele cita um exemplo de agressão vivida pela esposa de Robson Caetano (famoso atleta brasileiro).

A reportagem é documental, traz uma citação (informação acessória) que complementa e esclarece a informação.       

  

 

 

                                                              

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todo mundo é compactado por temática, composição e estilo.

No estudo feito sobre o gênero reportagem, a temática transmite ao receptor a mensagem produzida pêlo produtor. A composição alude a estrutura formal pertencentes ao gênero. O estilo da reportagem segue a estrutura da “pirâmide invertida” que segue começa do relato mais atualmente para só depois fazer a exposição dos detalhes.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

PDF, Arquineo. Reportagem. Disponível em: 8/.193.248.222/ portuguescom/docs./.../reportagem. Polf. - Acesso em: 30. Out.2009 

TAKAZAK, Harue. Língua Portuguesa: volume unico: ensino médio. 2º Ed, São Paulo: Martins fontes, 1992.