O ESTRESSE OCUPACIONAL EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NA CLÍNICA – MÉDICA E CIRÚRGICA, COMO PREVENIR?
Por Ellen Vale de Araujo | 22/02/2019 | SaúdeRESUMO
Sabendo que a enfermagem é uma profissão considerada potencialmente estressante e que os profissionais precisam trabalhar em condições que evitem os agentes estressores, é de grande valia dar condições que possibilitem esse profissional exercer suas atividades, evitando-se o desencadeador do estresse. Por isso o objetivo deste trabalho foi identificar a ocorrência de estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, descritiva, exploratória de abordagem qualitativa. Os resultados obtidos foram que os estresses no trabalho estão associados a fatores do ambiente, à organização do trabalho e a fatores psicossociais do trabalho. Conclua-se que é importante que o enfermeiro reconheça as situações que podem conduzir os profissionais de enfermagem ao stress no trabalho, e dentro das possibilidades de sua atuação, agir para preveni-las ou minimizá-las.
Palavras-Chave: Estresse; Profissionais de Enfermagem; Trabalho.
ABSTRACT
TKnowing that nursing is considered a potentially stressful profession and professionals need to work in conditions that avoid the stressors, it is valuable to provide conditions that enable these professionals perform their activities, avoiding the trigger of stress. Therefore the objective of this study was to identify the occurrence of stress in occupational tasks of nurses. This is a survey of literature review, descriptive, exploratory qualitative approach. The results were that the stresses at work are associated with environmental factors, work organization and psychosocial work factors. It is concluded that it is important for nurses to recognize situations that may lead nurses to stress at work, and within the possibilities of their acting, act to prevent them or minimize them.
Keywords: Stress; Nurse Practitioners; Work.
1 – INTRODUÇÃO
Como enfermeiro observa-se em certos momentos o cansaço físico, mental e até mesmo a desmotivação de alguns funcionários de enfermagem, que mesmo demonstrando satisfação com o serviço apresentam sinais de insônia, stress e depressão. Sintomas estes caracterizados pelas mudanças do humor, interesse diminuído, agitação ou lentificação psicomotora, perda de energia, diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar. Visto que estes profissionais trabalham às vezes em carga horárias excessiva surgiu à busca por respostas quanto ao conhecimento e percepção da equipe de enfermagem quanto ao seu próprio nível de stress, sintomatologia associada, métodos de prevenção e cuidado consigo mesmo.
Segundo Caregnato et. al. (2003, p.12) “na área ocupacional, o estresse tem recebido atenção especial. Suas consequências afetam negativamente o grau de satisfação, a produtividade, a saúde e o desempenho das pessoas no trabalho”, e acrescenta que “o estresse elevado causa dificuldades de atenção e concentração, confusão mental, perda temporária da memória, irritabilidade, cansaço e mal-estar generalizado, condições que propiciam a ocorrências de inúmeros acidentes”. (op.cit.).Hoje em dia podemos afirmar que o trabalho contribui significativamente para o estresse, este, chamado de estresse ocupacional, que segundo Costa et al (2003, p.12) “é o estresse definido como conjunto reações do organismo a agressão de ordem física, psíquica, infecciosa ou outras capazes de perturbar a homeostase”. Segundo Robert (2002, p.23), (...) o estresse é considerado como uma resposta do corpo a eventos reais ou imaginários que requeiram alguma resposta adaptativa ou que produzem tensão. Sendo assim, todos os trabalhadores sofrem de estresse, pois é praticamente impossível ter um ambiente de trabalho com total harmonia, tendo em vista que em todo o tipo de trabalho acontecem problemas, e estes acabam se tornando inevitáveis à sua percepção, fato esse que não nos impede de minimizá-los.
Os agentes estressores ligados ao trabalho têm origens externas, resultantes, por exemplo, da conjuntura econômica, da ameaça de perder o emprego e, até, da falta de condições de materiais e ambientais para desenvolver adequadamente o trabalho. Podem, ainda, advir de exigências culturais, isto é, das cobranças do grupo social e familiar com relação ao status socioeconômico e ao desempenho profissional. Há ainda, a imensurável importância que, em nossa sociedade, se confere ao dinheiro e ainda o equivocado conceito de sucesso que ela impõe ao indivíduo. (CAREGNATO Et al., 2003, p.15)
No entanto, a mais importante fonte de tensão é, sem dúvida, nossa condição interior. A incapacidade interior de estar em paz conosco mesmo, não somente confere ressonância e amplia os malefícios das duas outras condições citadas, mas também dá origem aos dois mais importantes aspectos do estresse ocupacional: a insatisfação profissional e as perturbações neuróticas no relacionamento com outras pessoas sejam elas clientes ou companheiros de trabalho (chefes, subordinados, colegas). Inclui-se aqui e, de forma relevante, a competição e seus correlatados, como a ambição neurótica, a vaidade e a inveja. (COSTA Et al., 2003, p.12).
É importante falar, então, sobre os profissionais de saúde, principalmente o enfermeiro, pois tem a responsabilidade sobre toda a sua equipe. Sendo assim precisa estar devidamente apto para suas funções, podendo, desta forma, antecipar situações e agir apropriadamente, tendo em vista identificar e avaliar riscos para saúde, sugerir melhorias e, principalmente, aumentar o conhecimento do trabalhador quanto à prevenção das doenças ocupacionais e suas peculiaridades.
Para Stacciarini (2003, p.30),a enfermagem é uma profissão considerada como potencialmente estressante. De fato em 1988, a enfermagem foi classificada pela Health Education Authority, como a quarta profissão mais estressante do setor público. Assim, é imprescindível que se identifique os fatores gerados de estresse presentes no meio ambiente do trabalho, que envolvem vários aspectos como: organização e administração, para com isso melhorar as condições de trabalho, a qualidade da assistência ao cliente e nas relações humanas entre os próprios profissionais de enfermagem. Sabendo que a enfermagem é uma profissão considerada potencialmente estressante e que os profissionais precisam trabalhar em condições que evitem os agentes estressores, é de grande valia dar condições que possibilitem esse profissional exercer suas atividades, evitando-se o desencadeador do estresse. Por isso, torna-se importante destacar os fatores estressantes, para que seja mais fácil a identificação por parte dos enfermeiros, de seus fatores, com o objetivo de confrontá-los e, se possível, minimizá-los, já que seria impossível eliminar completamente o estresse.
Segundo Robert (2002, p.25) fisiologicamente a ausência total de estresse equivale à morte. O que devemos dentar fazer é reduzir os feitos danosos que o estresse proporciona e tentar administrar os agentes estressores do trabalho e da vida cotidiana. Devemos buscar uma postura onde o estresse seja um acontecimento positivo e não um empecilho ao desempenho profissional, pessoal, a saúde e a felicidade. O ideal seria adquirimos habilidades para melhorar, física e mentalmente nossa resistência ao estresse, bem como eliminar o estresse desnecessário. Atitudes assim baseiam-se na modificação de alguns aspectos no estilo de vida, tentando superar condições estressantes impostas pelo trabalho e pela própria vida social. Para tanto, este artigo busca responder ao seguinte questionamento: Como prevenir o estresse ocupacional dos enfermeiros do centro cirúrgicos e central de material? E como o ambiente de trabalho do enfermeiro afeta no desenvolvimento do estresse?
Como objetivo geral busca-se identificar a ocorrência de estresse na atividade ocupacional do enfermeiro em uma Unidade de Saúde. Como objetivos específicos busca-se identificar os fatores desencadeadores do estresse ocupacional; conhecer as formas de manifestações e as características do estresse ocupacional a partir das falas dos enfermeiros; conhecer as repercussões produzidas pelo estresse ocupacional, na vida cotidiana dos enfermeiros.
Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, descritiva, exploratória de abordagem qualitativa. Para a coleta dos artigos na literatura, realizou-se uma busca nas seguintes bases de dados: LILACS, MEDLINE e BDENF. Espera-se com este estudo trazer subsídios para os enfermeiros que exercem atividades nos serviços de saúde, em especial nos Hospitais bem como junto os educadores em outras instituições de ensino no nível médio e superior de enfermagem. Vale ressaltar ainda que através de informações referentes às práticas junto à clientela assistida, esta pesquisa necessita ser ampliada de mais investigações e novos conhecimentos.
A clínica médica é um setor hospitalar onde acontece o atendimento integral do indivíduo com idade superior a 12 anos que se encontra em estado crítico ou semicrítico, que não são provenientes de tratamento cirúrgico e ainda àqueles que estão hemodinamicamente estáveis, neste setor é prestada assistência integral de enfermagem aos pacientes de média complexidade.
A enfermagem em clínica médica tem o papel de propiciar a recuperação dos pacientes para que alcancem o melhor estado de saúde física, mental e emocional possível, e de conservar o sentimento de bem-estar espiritual e social dos mesmos, sempre envolvendo e capacitando-os para o auto cuidado juntamente com os seus familiares, prevenindo doenças e danos, visando a recuperação dentro do menor tempo possível ou proporcionar apoio e conforto aos pacientes em processo de morrer e aos seus familiares, respeitando as suas crenças e valores. Realizar também todos os cuidados pertinentes aos profissionais de enfermagem.
Por ser um setor onde temm-se pacientes com as mais diversas doenças, este setor tem uma ligação direta com a maioria dos setores do hospital, como:
- Unidade de Terapia Intensiva (UTI);
- Unidade de Hemodiálise;
- Banco de Sangue;
- Pronto-Socorro;
- Entre outros.
Segundo Brito (2011) em relação às atividades assistenciais exercidas pelo enfermeiro, salienta-se abaixo as principais:
- Elabora, implementa e supervisiona, em conjunto com a equipe médica e multidisciplinar, o Protocolo de Atenção em Emergências (PAE) nas bases do acolhimento, pré-atendimento, regulação dos fluxos e humanização do cuidado;
- Presta o cuidado ao paciente juntamente com o médico;
- Prepara e ministra medicamentos;
- Viabiliza a execução de exames complementares necessários à diagnose;
- Instalar sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes;
- Realiza troca de traqueotomia e punção venosa com cateter;
- Efetua curativos de maior complexidade;
- Preparam instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos diversos;
- Realiza o controle dos sinais vitais;
- Executa a consulta de enfermagem, diagnóstico, plano de cuidados, terapêutica em enfermagem e evolução dos pacientes registrando no prontuário;
- Administra, coordena, qualifica e supervisiona todo o cuidado ao paciente, o serviço de enfermagem em clínica médica - cirúrgica e a equipe de enfermagem sob sua gerência.