O ESTRESSE, AS EMOÇÕES E O SISTEMA IMUNE DAS MULHERES ECONOMICAMENTE ATIVAS
Por Marcia Pereira | 18/08/2009 | PsicologiaO ESTRESSE, AS EMOÇÕES E O SISTEMA IMUNE DAS MULHERES ECONOMICAMENTE ATIVAS
Marcia Pereira Santos Imunologia Básica para Educadores Pós graduação Ensino de Biociências e Saúde IOC - Fiocruz /2008
Introdução
"A demanda de tempo para conciliares obrigações familiares e profissionais é".Um fator de estresse que pode contribuir para o aumento da ansiedade, sentimento de culpa em relação aos filhos e para o aparecimento de uma gama de sintomas, inclusive doenças físicas, aflição psicológica e baixa produtividade. "( Socorro, Lima, Azevedo, Matos, 2007)
São vários os papéis que a mulher tem que desempenhar, de cidadã, profissional, mãe, esposa, acadêmica e desportiva se entrelaçam na sobrecarga dos apelos psicossociais que, essa mulher hoje enfrenta. É surpreendida pela influência interna e externa, pressão emocional, econômica, social, mudanças de humor, de ambientes e de responsabilidades constantes. O estresse torna-se o seu companheiro constante no seu dia-a-dia, as emoções se alteram a cada dia e influenciam consequentemente no sistema imune das mulheres economicamente ativa.
Estudos sobre as interações entre o cérebro e o sistema imunológico revelaram conexões bidirecionais entre os sistemas neural e neuroendócrino e o sistema imunológico. O sistema nervoso central (SNC) regula o sistema imunológico por meio das vias neuronais e neuroendócrinas e, por sua vez, o sistema imunológico sinaliza o cérebro por meio das rotas neurais e humorais.(Marques, Cizza,Sternberg, 2007)
A resposta imune ao estresse e a emoção se dá através de uma ação conjunta entre o sistema nervoso central, sistema endócrino e sistema imunológico. Devido o excesso de intensidade emocional ou de estresse podem surgir doenças físicas e psicológicas, doenças orgânicas relacionadas intimamente ao estresse (doenças psicossomáticas) e doenças emocionais que se relaciona a qualquer dos três sistemas.
Pesquisas recentes no ramo da psiconeuroimunologia
Segundo Moisés Evandro Bauer da PUC RS, as pesquisas recentes estão fornecendo algumas explicações sobre as vias pelas quais, o estresse afeta o sistema imunológico, modulando as respostas de defesa do organismo.
Sistema Imune
. distribui leucócitos pelos tecidos • diminui proliferação linfocitária • diminui fagocitose • altera produção de citocinas • reduz produção de anticorpos • reduz atividade natural killer
Figura. O estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal: a hipófise anterior libera o hormônio ACTH, que induz a liberação de cortisol – principal hormônio regulador do sistema imunológico – pelo córtex das glândulas adrenais
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse afeta mais de 90% da população mundial e é considerado, uma epidemia global que não mostra sua verdadeira fisionomia. Na verdade, sequer é uma doença em si: é uma forma de adaptação e proteção do corpo contra agentes externos ou internos.
Rinaldi (2007) menciona um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) o qual revela que, tanto em países emergentes como nos países desenvolvidos, as mulheres no ambiente de trabalho geralmente apresentam maior estresse se comparadas aos homens.
Como o estresse altera o sistema imune?
Segundo Moisés Evandro Bauer da PUC RS, o estresse está associado à liberação de hormônios que, além de alterar vários aspectos da fisiologia, tem ainda um efeito modulador das defesas do organismo. Em humanos, o principal hormônio com essas funções é o cortisol (glicocorticóide). Os níveis de cortisol no sangue aumentam drasticamente após a ativação do eixo hipotálamo hipófise-adrenal, que ocorre durante o estresse e a depressão clínica. Esse hormônio então liga-se a receptores presentes no interior dos leucócitos (glóbulos brancos), ocasionando, na maioria dos casos, uma imunossupressão.
O estresse crônico não apenas torna as pessoas mais vulneráveis a contrair doenças mas, também pode prejudicar a capacidade do sistema imunológico para responder a seus próprios sinais anti-inflamatórios que são ativados por determinados hormônios, possivelmente alterando o curso de uma doença inflamatória, dizem os pesquisadores.
O estresse crônico parece prejudicar a capacidade de resposta do sistema imunológico aos hormônios glicocorticóides que normalmente são responsáveis pelo fim da resposta inflamatória que se segue a uma infecção e/ou dano, de acordo com o pesquisador Gregory E. Miller, PhD., da Washington University e colegas.O estresse e a depressão também levam as mudanças de comportamento que podem alterar o sistema imunológico. Por exemplo: os sintomas relacionados com a depressão, como anorexia, câncer, desnutrição e insônia, podem afetar o funcionamento das nossas defesas. Dessa maneira, a mudança de comportamento deve ser reconhecida como um importante fator em nossa relação com o sistema imunológico.
O estresse vem sendo apontado como fator derisco para o desenvolvimento do câncer e a progressão da doença. Estudos com animais de laboratório demonstraram que essa condição acelera o crescimento de vários tumores. Também já foi verificado que pacientes com câncer com acompanhamento psicoterápico ou apoio social têm maior expectativa de vida. A relação do estado psicológico do paciente com a reação ao tratamento, e com a resposta imune, vem sendo investigada no Laboratório de Imunorreumatologia do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS.
Conclusão
Em 2003 Lipp assinala que o estresse ocorre em qualquer idade, raça ou sexo, porém,
algumas pesquisas indicam uma maior incidência em mulheres. Independentemente da razão pelas quais as mulheres estão sendo mais acometidas pelo estresse, esse dado é de grande importância não só para elas, mas também para família e sociedade, em geral. Isto porque pesquisas apontam a relevância da saúde mental da mulher para o bom funcionamento familiar e, considerando-se, que o estresse excessivo causa sensação de desgaste físico constante, irritabilidade, hipersensibilidade, sensação de alienação emocional e dificuldade com a memória compreende-se a importância de concentrar uma atenção especial às medidas preventivas e ao ensino de estratégias de enfrentamento que capacitem as mulheres a lidar melhor com o estresse emocional.
Distúrbios emocionais desempenham papel importante, na ocorrência ou agravamento de sintomas, distinguindo das doenças puramente orgânicas. Porém, elas podem se transformar em doenças crônicas. Tendem a associar-se com outros distúrbios psicossomáticos. Isso pode ocorrer numa família, em diferentes períodos de vida de uma mulher ou de um homem em certos ambientes de trabalho e de lazer que, há grandes diferenças de incidência nos dois sexos e que as mulheres tornam-se mais vulneráveis as doenças e influenciam o seu sistema imune.
Referência bibliográfica:
1-American Psycholocical Association, 05/11/2002 http://gballone.sites.uol.com.br/psicossomatica/imuno.html
2-CALAIS, S. L.; ANDRADE, L. M. B. DE; LIPP, M. E. N. Diferenças de sexo e escolaridade na manifestação de stress em adultos jovens. Psicologia: Reflexão e Crítica,vol.16 no.2 Porto Alegre 2003.
3- LIPP, M. E. N. O stress e a beleza da mulher. São Paulo, Connection Boos, 2001.
4- Relatório Técnico-Científico a nova Configuração Familiar e sua Repercussão no Estresse Feminino na Contemporaneidade. Socorro, T.C, Lima, F. P., Azevedo.R. L., Matos, S. M. E. Faculadade São Francisco de Barreiras Bahia Dezembro/2007 .
6- Estresse Como ele abala as defesas do corpo.Moisés Evandro Bauer Instituto de Pesquisas Biomédicas e Faculdade de Biociências,Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul CIÊNCIA HOJE • vol. 30 • nº 179 janeiro/fevereiro de 2002.
7- Interações imunocerebrais e implicações nos transtornos psiquiátricos Andrea H Marques,1 Giovanni Cizza,2 Esther Sternberg1.Rev Bras Psiquiatr. 2007;29(Supl I):S27-32