O Estímulo dos Alunos Pela Literatura

Por Cyndia Marinho | 20/12/2008 | Literatura

 Por: Cyndia Robertha Cardoso de Oliveira Marinho

Janaina Magali Barros Dinis

A Valorização e a qualificação dos professores é considerada fundamental para a melhoria da qualidade da educação, de forma que todos possam alcançar resultados de aprendizagem que sejam reconhecidos e mensuráveis, especialmente em habilidades essenciais para a vida. A formação de professores precisa encontrar, mais do que nunca sua verdadeira essência e partindo daí buscar de todas as formas seus objetivos: a formação de cidadãos e a construção de conhecimentos. "Ser professor não é apenas chegar à sala de aula e construir o conhecimento junto com o aluno. Ser professor é pensar em um futuro melhor para todos e fazer com que esse futuro aconteça." ( Editora Positivo Sistemas de Ensino, 2007 ). Construir gente de caráter possibilitando a melhora da sociedade também faz parte do dever do professor. Ensinar requer habilidade de transmitir conhecimentos, mas acima de tudo de formar personalidades de caráter integro para conviver em sociedade.

"Ensinar tem dois lados: o concreto, que é instruir os alunos, abrir-lhes os olhos para o mundo, prepará-los para realizar tarefas e fornecer-lhes os instrumentos mais elementares para suas futuras profissões... Mas ser professor tem outro lado, meio mágico: a personalidade de cada mestre vai influenciar os alunos, às vezes pelo resto da vida, e isso é uma responsabilidade gravíssima." Lya Luft

Duas faces caracterizadas como função dos mestres, que acompanham os alunos por quase toda vida, ensinar requer mais que prática pedagógica, requer um meio para atrair seus alunos e despertar neles o interesse pela matéria. Na formação de professores de literatura é preciso estimular o gosto pela literatura, não só para cumprir com as competências pedagógicas, mas com o intuito de desenvolver cidadãos cultos e que apreciem essa arte."O que importa não são os saberes que o professor ou a professora ensina. O que importa é a criança que, nessa dança em torno da mãe, aprende um mundo e se aprende nesse mundo."( Rubens Alves, 2007 ). Percebemos não só a importância das matérias em si, mas o gosto que se adquire em aprender e a maneira como se aprende tem grande influênciasobre a motivação dos estudantes podendo desenvolver excelentes alunos se estimulada." Um corpo docente capacitado é condição de atração dos alunos e facilitador principal da permanência deles na escola."( Prof. Hamilton Werneck, 20027). Capacitação, prazer pelo trabalho e competência acadêmica são três pontos que um professor deve estimular para atrair alunos.

Um professor que sabe o que lê e por que lê, consegue convencer seus alunos a gostarem de literatura e consegue mostrar que ela está em toda parte :no rádio, na tv, no cinema e no teatro."O conhecimento literário e o gosto pela leitura (e uma coisa não existe sem a outra) são requisitos para a construção de um professor formador de leitores."(Solange Loos, 2007 ). A prática do professor que não têm noção do que está fazendo só serve para afastar o aluno da leitura. O professor que quer incentivar a leituratem de ser antes de tudo, leitor.

Modificar a metodologia das aulas é uma forma de induzir alunos a leitura, com o propósito de construir conhecimentos sólidos e específicos, atraindo os estudantes de maneira interativa. O professor de literatura deve ter abertura as diversas interpretações que a obra literária sucita e deve aprender com elas, não apenas se fixar nas idéias já formadas." Além de mediador de leitura, portanto leitor especializado, também se requer do professor um conhecimento mais especializado, no âmbito da teoria literária."( Orientações Curriculares 2006:74). Faz-se necessário sim a formação literária, mas com abertura as novas interpretações que podem ser formadas pelos estudantes, sem a idéia fixa do que já existi e sim com possibilidades de novos conceitos e criação de uma nova arte.

"Lembro, principalmente, de um professor extremamente conservador e enérgico, que adotava um livro didático que, como a maioria dos que se propunham a ensinar literatura naquela época, não passava de uma esquematização (extremamente malfeita) de nomes, datas, características de escolas literárias, obras mais importantes, etc., ou seja, um perfeito rol de inutilidades."Solange Loos, 2007

Não basta só mostrar as escolas literárias, mas o contexto social do país da época, interligando com a atualidade. Em grande parte, os alunos sentem-se saturados e demasiadamente exaustivos nas aulas de literatura. Observando que a maioria dos profissionais da área, intervém a idéia criadora da arte literária, com as muitas regras gramaticais (não negamos a importância da intertextualidade dentre as disciplinas), deixam de explorar em seus educandos a habilidade literária, confundindo muitas vezes com o português e a técnica de redação. Percebemos que os alunos não compreendem a literatura como arte que é, mas si como textos antigos, fora de moda que devem ser uma finalidade, já que o professor só o utiliza para ensinar gramática e redação. " Ao se tratar das orientações curriculares para o ensino da literatura, consideram-se, portanto, e primeiro plano as criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada."(Orientações Curriculares:2006:60). O professor necessita estimular e desenvolver a capacidade do aluno de reconhecer não só nas obras dos diversos escritores, como no teatro e no cinema, o contexto histórico, as características, os movimentos e as fases.

Para se obter a aprendizagem esperada faz-se necessário induzir a leitura de algumas obras que devem ser bem selecionadas pelo docente de acordo com o nível escolar, para não gerar conflito na assimilação dos assuntos, e não prejudicar a aprendizagem e motivação dos alunos pela matéria. Uma sugestão é elaborar uma lista de livros, que devem ser lidos pelos alunos de acordo com o conteúdo programático para ser trabalhado criativamente durante o ano letivo.

Lira dos Vinte Anos, Álvares de Azevedo (2002) é uma obra romântica, em forma de poema que pode ser trabalhada em aula de diversas formas. Uma apresentação do autor e do momento em que a obra é feita poderia dar inicio a uma aula criativa e dinâmica que já facilitaria a interpretação dos versos e o motivo da melancolia de Álvares de Azevedo. Por ter sido escrita durante o mal –do –século percebemos a desilusão, melancolia, sentimentalismo exagerado levado ao egocentrismo, o tédio e a solidão entre os versos. Essa obra de Azevedo, pode ser lida como canto em sala de aula e debatida, analisando as características, cada verso poderia servir como mensagem de reflexão. Podemos pedir aos alunos que ao lerem cada verso relatem uma situação parecida com as que viveram demonstrando assim suas alegrias, desejos e medos.

TARDE DE VERÃO

Como cheirosa e doce a tarde expira!

De amor e luz inunda a praia bela...

E o sol já roxo e tremulo desdobra

Um íris furta-cor na frente dela.

.

Deixai que eu morra só! Enquanto o

fogo

Da ultima febre dentro em mim

Vacila,

Não venham ilusões chamar-me à

Vida,

De saudades banhar a hora

Tranqüila!

Como mostra no primeiro verso, devemos ver a beleza e exaltação à tarde de outono, no segundo verso, o sentimentalismo do autor diante a natureza, mas na segunda estrofe o poeta começa a se desiludir e deseja a morte e brinca com as palavras destacando fogo/vacila/vida/tranqüila. O sentimento negativo, o desejo da morte é a forma de evasão que alivia as dores e sofrimentos do autor.

O que pretendemos mostrar com essa análise, é que temos que trabalhar a arte literária saindo da rotina e transformando versos em mensagens que transmitem mais que conhecimentos, transmitem verdadeira liberdade criativa de produção artística.

Trabalhar arte como uma brincadeira, levando prazer e conhecimento aos alunos, desenvolvendo o poder de interpretações e construção dos mesmos, assim a formação de professores de literatura começará a caminhar por uma nova estrada: O gosto pela leitura.