O estereótipo da secretária na comunicação televisiva

Por Ligia Ribeiro | 21/07/2009 | Adm

Cada vez torna-se mais frequente vermos nas telenovelas brasileiras o estereótipo da secretária desqualificada.

 

Alguns autores gostam de dar um tom humorístico à atuação da secretária, porém há uma tênue linha entre essa triste satirização e a imagem preconceituosa que tal representação pode transmitir aos telespectadores. Mas, por que há tanto interesse na divulgação de um perfil não condizente com a realidade?

 

Talvez o motivo venha da percepção errônea que alguns autores ainda mantêm sobre a antiga atuação de uma secretária, uma profissional que só obedecia a ordens. Muitos gestores a viam como mero coadjuvante e não como protagonistas na execução de tarefas; não eram consideradas como seres pensantes, mas sim como seres executores, passivas e desinteressadas pelo que acontecia ao seu redor, algumas até como modelos expostas na antissala do executivo. Os autores dessas obras audiovisuais ainda não assimilaram a mudança do perfil do profissional de secretariado que passou a ser altamente preparado para gerenciar processos, liderar pessoas, manter um desempenho pró-ativo e assertivo dentro das organizações. E o que vemos é a divulgação equivocada do perfil dessa profissional para milhares de pessoas, por meio de um veículo de comunicação em massa tão expressivo e abrangente como a televisão.

 

Os perfis secretariais, muitas vezes apresentados em telenovelas, divergem das performances das atuais assessoras executivas. Retratam-se profissionais que não sabem se expressar adequadamente, que cometem erros primários, que fazem fofoca, que não se interessam pelos assuntos corporativos, que passam parte do tempo brincando em sites de diversão, que só se preocupam com a aparência enfim, uma imagem estereotipada e rotulada de uma profissional desqualificada e despreparada para assumir um cargo de assessoria.

 

E como podemos mudar isso? Claro que o apoio das entidades do segmento secretarial é de extrema valia no esclarecimento e na divulgação correta das atribuições de uma assessora à sociedade, mas as próprias secretárias também devem contribuir, valorizando-se como profissionais, mostrando diariamente seu talento e competência e lutando pela categoria. E, como não poderíamos deixar de mencionar, é preciso que os autores se atualizem e percebam que o estereótipo da antiga secretária não mais existe. Como seria bom se pudéssemos ver em uma telenovela uma secretária atuante, inteligente, participativa, dinâmica, com perfil empreendedor, o que refletiria o atual perfil da assessora executiva.

 

 

Por Ligia Ribeiro