O ESQUECIMENTO DO SENTIDO DO SER DA COISA
Por Gerdevane Silva de Jesus | 15/12/2016 | FilosofiaO ESQUECIMENTO DO SENTIDO DO SER DA COISA
Gerdevane Silva de Jesus
Resumo:a pós-modernidade é uma época eminentemente científica que se revela pelo encolhimento da distância no tempo e no espaço. Esse encolhimento ocasionou no esquecimento do sentido do ser das coisas.
Palavras-Chave: pós-modernidade, encolhimento, sentido da coisa.
Heidegger estar para os filósofos como o Everest estar para os alpinistas, visto que todos se propõem a escalar, mas nem todos conseguem suportar a trajetória para chegar ao cume da montanha. Nesse pequeno texto iremos deliberar sobre algumas ideias de Heidegger que estão contidas em um de seus textos intitulado “A coisa”. Nessa visão, buscaremos encontrar nesse texto o que aconteceu para que houvesse o esquecimento do ser da coisa.
“Todo distanciamento no tempo e todo afastamento no espaço estão encolhendo“[1].É com essas palavras que Heidegger inicia sua conferência intitulada “A coisa” para descrever o cenário do século XX. Trata-se aqui do encolhimento causado pelos avanços tecnológicos que promovem a proximidade das distâncias mais longínquano espaço e no tempo. De fato, essa é uma realidade marcante da pós-modernidade que se revela a partir do progresso ocorrido nos meios de comunicação e telecomunicação.
A pós-modernidade no dizer de Heidegger se revela como uma época que podemos equacionar com três características fundamentais; 1) “que proximidade não é pouca distância”; 2) “que uma distância incomensurável ainda pode-nos estar bem próxima”; 3) “que um grande afastamento ainda não é distanciamento”[2]. Dessa maneira, percebemos que Heidegger enfatiza que “proximidade” não é necessariamente estar diante das coisas, e muito menos “afastamento” se caracterizacomo ausência do conhecimento das mesmas. Isso acontece, quando assistimos ao um filme ou ouvimos ao rádio que nos possibilita participar instantaneamente da história sem que haja a mínima possibilidade de participar da mesma fatidicamente.
Diante dessa determinante o que é proximidade? Como poderemos afirmar fatidicamente que algo está próximo? E o que se“acha nas proximidades para que possamos dizer que existe a proximidade”[3]? Ora no dizer de Heidegger o que está nas proximidades é coisa. Mas o que é a coisa. Diz, a coisa é uma jarra. Que é uma jarra? Nós dizemos: “um receptáculo, algo que recebe outro dentro de si”[3]? Ora no dizer de Heidegger o que está nas proximidades é coisa. Mas o que é a coisa. Diz, a coisa é uma jarra. Que é uma jarra? Nós dizemos: “um receptáculo, algo que recebe outro dentro de si”[4]. A jarra como qualquer outro objeto “é e estar” em si mesmo, como recipiente dado. A jarra sendo produto de uma produção traz em si aquilo que o fabricador pensou para que ela viesse ser. Dessa maneira, a jarra é um objeto fabricado pelo oleiro que subsisti em si mesma.
Nessa perspectiva, podemos perceber que a jarra a partir de sua fabricação parece que será entendida como uma coisa, mas na verdade a jarra ainda continuaa ser entendida como “um ser que estar em si pela produção e a partir dela”[5], pois, nesse sentido, a jarra é tida como uma representação de um objeto. Assim sendo, a jarra poderá ser facilmente comparada como um objeto transcendental kantiano que serevela a partir da representação que manifesta no sujeito transcendental, ou seja, Kant fala da coisa como se fosse algo sendo na consciência do eu humano, como “um objeto em si”[5], pois, nesse sentido, a jarra é tida como uma representação de um objeto. Assim sendo, a jarra poderá ser facilmente comparada como um objeto transcendental kantiano que serevela a partir da representação que manifesta no sujeito transcendental, ou seja, Kant fala da coisa como se fosse algo sendo na consciência do eu humano, como “um objeto em si”[6]. Dessa forma, o objeto em si é objeto independente de qualquer representação do homem ou de qualquer contraposição que possa acontecer. Haja vista que a jarra subsistea partir do momento que temos necessidade dela, sem que haja o perguntar pelo que realmente a jarra é, ou seja, pelo sentido da jarra.
Dessa maneira, poderíamos nos perguntar o que da coisa permanece independente de sua representação? Sendo que o seu “ser e o “estar” subsiste pelo fato de ser algo produzido, que se representacomo objeto dado simplesmente como compensação do produto. O fato é que no dizer de Heidegger a “objetividade do objeto e da subsistência em si, nenhum caminho leva ao modo de ser da coisa, a coisalidade”[7].
Essa afirmativa é de suma importância para podermos entender o que Heidegger entende por coisalidade da coisa. Porém, ser produzida pelo construtor para receber algo não significa ser o ser próprio da jarra, ou seja, a jarra não se acaba na simples função para a qual ela foi designada, mas, ela teve de ser produzida, por ser e para ser este receptáculo, que é a jarra. Portanto, fica claro que a jarra a partir de sua fabricação estar simplesmente condicionada a ser objeto, mas nunca uma coisa.
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