O Espiritismo Não é Religião?

Por SILNEY DE SOUZA | 01/04/2010 | Religião

Caro amigo leitor

Esse é um tema que exige profunda análise dos conceitos de Religião em comparação aos aspectos filosóficos que fundamentam a Doutrina Espírita. Tentaremos aqui, discorrer sobre esse tema isentos de dogmas e "paixões" focando apenas os aspectos "racionais" que envolvem o assunto.

Entre as diversas definições do conceito de "Religião" destacamos aquela onde a religião pode ser definida como "um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado". Religião (do latim: "religio" usado na Vulgata, que significa "prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", ou simplesmente "religar").

Portanto, de acordo com essa definição, o conceito de religião está diretamente ligado aos termos "sobrenatural", "divino", "sagrado". Para a Doutrina Espírita aquilo que chamamos de "sobrenatural" se justifica pela nossa falta de conhecimento dos fenômenos naturais. Em outras palavras, o sobrenatural não existe, na medida em que os fenômenos que o ser humano classifica no "roll" de sobrenaturais têm uma explicação racional e lógica que pode ser compreendida. Vide as centenas de casos e respectivas explicações constantes dos livros da Codificação Espírita e, bem como, entre outras fontes disponíveis, os relatos detalhados constantes das Revistas Espíritas editadas por Kardec entre 1858 e 1869.

Já no que se refere a Deus, para a Doutrina Espírita, a sua existência não é uma questão de fé, mas Deus existe e isso não se pode racionalmente negar. Note-se que a primeira pergunta que Kardec faz aos espíritos, no Capítulo 1 de "O Livro dos Espíritos" é: "O que é Deus?" e não "Quem é Deus?"

Kardec nos ensinou que fé raciocinada é aquela que pode enfrentar a razão face a face em todas as épocas da humanidade.

São pilares de sustentação da Filosofia Espírita:

1 - A existência da alma (que para a Doutrina Espírita significa o espírito encarnado);

2 - A reencarnação e a oportunidade de evolução contínua do espírito e também de reparação, por meio deste mecanismo;

3 - A possibilidade da comunicação entre os Planos Material e Espiritual;

4 - Os princípios deixados pelo Cristo (base moral da Doutrina Espírita);

Do ponto de vista moral, quem é então o verdadeiro espírita? Resposta: Muito provavelmente alguém que cultiva a aplicação dos ensinamentos deixados por Jesus, tal qual faziam seus apóstolos logo após o seu desencarne.

Reencarnação e possibilidade de comunicação entre os dois planos (espiritual e material) não são dogmas, não são crenças do espírita. São fatos que estão ai, que fazem parte de nossa vida cotidiana e que já foram demonstrados e comprovados, exaustivamente, pelo meio científico e acadêmico. Basta informar-se.

A física quântica, que tanto se fala nos dias atuais, está, após explorar a matéria até a sua infima parte, em busca do que chamou "centelha divina". Estudos científicos, acadêmicos e até mesmo a medicina já reconhecem a existência do espírito, quando por exemplo classificou a Obsessão como um mal constante da classificação mundial de doenças humanas.

O que todos esses conceitos fundamentais da Doutrina Espírita têm a ver com dogmas religiosos que tentam incutir em nossas mentes, sem o direito de questionarmos a sua racionalidade, tais como Adão e Eva, Anjos e Demônios, Existência do inferno e por ai afora?

Se classificado for no "roll" das religiões, não deveria o Espiritismo, pelo menos, ser comparado às religiöes dogmáticas.

E que mal haveria em O Espiritismo näo figurar na classificação das religiöes dogmáticas, se os nossos atos da vida cotidiana estiverem calcados na caridade e nos ensinamentos morais do Cristo?

Reflitamos!

Por Silney de Souza