O Espelho
Por Francisca Elizabeth Nascimento de Souza | 29/09/2009 | PoesiasO espelho
Sozinha, em silencio olho as paredes de meu quarto
Nenhum quadro, pôster ou retrato alvo de recordação
Tudo acabou só vejo você, como sempre pendurado
Fiel companheiro, sempre dando opinião
Dizes-me se ainda estou bela ou se estou feia,
Fala-me com toda a sua sinceridade
Sei que não mais a jovem chamada sereia
Não mais o belo corpo cheio de vaidade
Meu rosto não é mais o pêssego tão desejado
Fala-me amigo sem falsidades, mais fala
Lembre-se, você é o único amigo ao meu lado
Não adianta você querer dizer só o que me agrada
Preciso saber por certo, qual é o meu estado
Querido só você sabe o quanto fui faceira bela
Você lembra o dia da festa de meus quinze anos
Você que me disse que eu estava uma cinderela
Claro que você tinha razão, olhos bem pintados
Faces rosadas, lábios vermelhos e saia rodada
Que dia tão lindo, flores de primavera em vasos
Emoção era tão grande passei a noite acordada
Espelho amigo recorda de meu vestido bordado
Claro, eu estava tão feliz, você mesmo quem disse
Neste dia eu estava à espera do primeiro namorado
Minha nossa, quanta alegria e quanta ansiedade
Sim, claro que lembro aquele dia eu estava horrorosa
Você sabe, briga de namorados tinha que chorar
E você me falando dos olhos inchados, todo prosa
Nossa como lembro, era como uma rosa a despetalar
Deixemos as lembranças e as recordações passadas
Voltemos ao presente, fale a mais pura verdade
Não importa o que me fales, não ficarei magoada
Só tenho você para fazer a minha última vontade.
(Beth Souza)