O ENSINO HIBRIDO NAS REFLEXÕES DE JOSÉ MORAN

Por Nirce Maria Fernandes | 22/09/2023 | Educação

1 O ENSINO HIBRIDO NAS REFLEXÕES DE JOSÉ MORAN1

. Fabiana Isoton2 Gislaine I. Boaventura3 Kellen C. C. Ribeiro4 Nirce Maria Fernandes5

Resumo

O tema “ensino hibrido” é enfocado neste artigo, com objetivo de repensar o seu significado nos dias atuais. Neste sentido, é importante salientar que, usaremos este presente artigo para refletir tomando como ponto de partida o que o autor traz como enfoque no capitulo 1, Educação Hibrida, um conceito chave para a educação hoje. É um livro elaborado por professores, para professores, resulta de um grupo de estudos intitulado Experimentações, e nos apresenta as possibilidades de integrar as tecnologias digitais ao currículo escolar. São vivências de professores autores dos quais em momentos pandêmicos como estes que temos vivido, nos apropriamos deles e fomos aprendendo no dia a dia. Palavras-Chave: Ensino Hibrido. Reflexões. Momento pandêmico. Aprendizagem Introdução O ensino híbrido está presente em nossos dias há mais tempo do que imaginamos, “hibrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi mistura, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias (MORAN, 2015, P. 41).” Estamos passando por um momento pandêmico e assim, o tema ganhou evidência, principalmente neste novo cenário do ensino e da aprendizagem. 1 artigo encontra-se publicado no livro: Ensino Híbrido Personalização e tecnologia naeducação. 2 Graduada em Pedagogia (Faculdade Integrada de Araguatins), Especialista e m Alfabetização e Letramento e Psicologia Este Institucional (Faculdade Metropolitana de São Paulo). Professora na Rede Municipal de Cuiabá, atualmente Coordenadora Pedagógica no CMEI Marília Inês. E-mail: fabianaisoton@gmail.com 3 Graduada em Pedagogia ( U n i v e r s i d a d e d e C u i a b á ), especialista em Neuroeducação ( F E I C S ), atualmente líder da Equipe de Educação Infantil da Rede Municipal de Cuiabá. E-mail: gislaine.ftd@gmail.com 2 4 Graduada em Pedagogia (UFMS) e Artes Visuais (Centro Universitário Leonardo da Vinci - Uniasselvi) , especialista em Psicopedagogia (Uniasselvi). Professora da Rede Municipal de Cuiaba, atualmente Coordenadora na EMEB Dr. Fábio Firmino Leite. E-mail: kellenccr@gmail.com 5 Graduada em Pedagogia (UFMT), Especialista em Docência na Educação Infantil (UFMT). Professora na Rede Municipal de Cuiabá. E-mail: nircelegal69@gmail.com 3 Para Moran, Híbrido é um conceito rico, apropriado e complicado. Tudo pode ser misturado, combinado, e podemos, com os mesmos ingredientes, preparar diversos “pratos”. A mistura mais complexa é integrar o que vale a pena aprender, para que e como fazêlo. (MORAN, 2015, p.41). O autor começa esse artigo para nós leitores e professores, convidando-nos a refletir sobre essa nova modalidade, ou seja, com essa mobilidade e também e principalmente, com a conectividade, ora usada na educação, provocando-nos sobre o que de fato faz sentido aprender nesse mundo tão heterogêneo e mutante? Ele continua nos questionando, “podemos ensinar a mudar se nós mesmos, gestores e docentes, temos tantas dificuldades em tomar decisões, em evoluir e em ser coerentes, livres, realizados? (MORAN, 2015, p. 41). Ele faz analogia do híbrido com a sociedade imperfeita, porque essa educação acontece numa sociedade imperfeita e nos instiga a querer saber que sociedade imperfeita é essa, “contraditória em suas políticas e em seus modelos, entre os ideais afirmados e as práticas efetuadas”, (MORAN, 2015, P. 41-42). Ainda faz pontuações de profissionais com estágios desiguais de evolução cognitiva e emocional e moral e como isso reflete na sociedade que também é imperfeita, híbrida e contraditória e que nós seres humanos aprendemos também com o sucesso e com o fracasso. Se temos tantas maneiras de aprender, porque tantos ficam à margem, porque tantos se perdem? Compreender o ensino híbrido não parece ser uma ação tão simples, ela aborda questões políticas que muitas vezes vão além do nosso olhar, é preciso desvelar o que está velado, é preciso querer de fato compreender o que está intrínseco nesse conceito que o autor nos convida a refletir. Passamos rapidamente de consumidores de grande mídia a prosumidores e esse 4 termo foi cunhado pelo escritor e futurista Alvin Toffler em seu livro “A Terceira Onda”, em 1980, essa obra retrata a evolução que a sociedade teve desde a época da agricultura, passando pela industrialização e continuando com a era da informação. Assim, passamos a ser produtores e também consumidores de múltiplas mídias, plataformas, publicamos, escrevemos nossas histórias, expomos sentimentos, publicamos nossos valores, pois somos o que publicamos, o que curtimos e desse modo “há muitos portais e aplicativos que facilitam a qualquer um tornar-se professor, ensinar algo que interesse a alguém (de forma gratuita ou paga).” (MORAN, 2015, p. 42). Para o autor, Prosumer, no original em inglês, é uma combinação das palavras producer e consumer (produtor e consumidor, respectivamente). A definição de prossumidor é o consumidor que produz. Para Toffler, no entanto, o sentido era mais restrito do que o atual. Ele definia os prossumidores como os consumidores que produziam muito de seus próprios bens e serviços. (TOFFLER, 1980, P. 275). O autor ainda continua dizendo que todos nós de alguma forma, aprendemos o tempo todo e de variados modos e que na educação acontecem várias misturas, como: blended ou educação híbrida, essa podemos dizer que se refere a saberes e valores, isso quando integramos várias áreas do conhecimento no modelo disciplinar ou não, E ainda podemos trazer através do autor, as tecnologias híbridas que no processo, acaba por integrar as atividades em sala de aula com as digitais, as presenciais com as virtuais. No ensino híbrido o currículo deve ser mais flexível, acontecendo um planejamento básico e também essencial, que possibilite o atendimento a todos, e a cada um de maneira personalizada se assim o momento pedir. É importante compreendermos que o híbrido também é articulação de processo de ensino e de aprendizagem formais e informais, de educação aberta e em rede. A interação é uma ponte entre a criança/aluno e o conhecimento. Como seres humanos, indivíduos, necessitamos dessa interação e isso só é possível com o contato com outro ou outros indivíduos. Todo esse engajamento potencializa o aprendizado e melhor aproveitamento do tempo do professor para momentos de personalização do ensino por meio de intervenções efetivas. E assim, para o autor: 5 São muitas as questões que impactam o ensino híbrido, o qual não se reduz a metodologias ativas, ao mix de presencial e on-line, de sala de aula e outros espaços, mas que mostra que, por um lado, ensinar e aprender nunca foi tão fascinante, pelas inúmeras oportunidades oferecidas, e, por outro, tão frustrante, pelas dificuldades em conseguir que todos desenvolvam seu potencial se mobilizem de verdade para evoluir sempre mais. (MORAN, 2015, p.43). Que relação podemos fazer do ensino híbrido com o momento pandêmico pelo qual atravessamos? Será que os processos de ensino e aprendizagem no ensino híbrido garantem de fato aprendizagem para os que dela participam? Como conseguir um resultado excepcional? Compreender todo esse processo educativo com envolvimento das mídias frente à pandemia que já perdura vários meses? Todos têm internet em casa? Todos conseguem acessar a aula através do celular? Estes últimos questionamentos talvez sejam desdobramentos para outras reflexões, pois sabemos do impacto que a pandemia causou e ainda está causando. Educação híbrida em modelos pedagógicos mais inovadores Para o autor, as instituições mais inovadoras procuram integrar algumas dimensões importantes no seu projeto político pedagógico, tais como valorizar o projeto de vida de cada aluno com a orientação de um mentor, ênfase em valores e em competências amplas, no que diz respeito ao conhecimento e socioemocionais, bem como, respeita o ritmo e estilo de aprendizagem de cada aluno combinado com metodologias ativas e estas por sua vez desencadeiam e proporcionam ao aluno, desafios, projetos, jogos significativos, isto sem disciplinas, com interação de tempos, espaços e tecnologias digitais. Mediante a leitura do parágrafo acima, nos perguntamos se essa ação seria possível na atual conjuntura em que se encontra nosso País, em que faixa etária seria aplicado com possibilidades de experiência exitosa e quais poderiam ser os níveis de aprendizagem? O autor continua sua escrita e nos traz a construção do projeto de vida, que deverá promover a convergência entre os interesses e paixões de cada estudante, desta maneira acreditamos que sejam crianças que já saibam fazer suas próprias narrativas, para que 6 desta maneira possa ser potencializada a aprendizagem. Esse projeto consiste em colocar um menor para acompanhar a criança, auxiliando na construção dos seus sonhos e também de sua aprendizagem. E os professores, juntamente com a família, também dão esse suporte para que a criança persista em seus sonhos. Deste modo, em conformidade com o autor: O projeto de vida olha para o passado de cada estudante (história), para o seu contexto atual e para as suas expectativas futuras. Isso pode ser trabalhado com histórias e narrativas. O currículo e a aprendizagem são narrativas que também se constroem ao longo do percurso, em contraposição às narrativas prontas, definidas previamente nos sistemas convencionais de ensino. (MORAN, 2015, p. 45). Ele traz dois conceitos importantes que nos convidam a refletir e trazermos para um melhor entendimento, onde diz que “a aprendizagem depende também da motivação profunda, se é intrínseca ou extrínseca” (MORAN, 2015, p. 48), assim, na aprendizagem intrínseca, a pessoa não depende de controle externo, de premiação ou punição, já na aprendizagem extrínseca, o indivíduo depende de reforços externos, como, notas, remuneração, medo ( BRITO, 1989). Considerações finais Pela leitura e análise do capítulo, ficou demonstrado que nos dias atuais, pós pandêmico é possível que o ensino híbrido seja mais uma maneira, um modelo pelo qual a aprendizagem possa ser possibilitada para a sociedade, claro que há sempre necessidade da avaliação da ação que está sendo desenvolvida. No caso do momento pandêmico foi possível constatar através de feedbacks para as instituições, verificando e acompanhando cada ação. Este artigo não teve a pretensão de concluir e sim de nos chamar a dialogar trazendo reflexões acerca da temática que acompanhou todo o processo pandêmico e que foi implantado em várias instituições pós pandemia. Espera-se que seja um ponto de partida para compreendermos a importância do ensino hibrido em nossa sociedade como mais uma ferramenta, fazendo uso de tecnologia, proporcionando aos estudantes momentos de aprendizagem. 7 REFERÊNCIAS Ensino híbrido personalização e tecnologia na educação (recursos eletrônico)/ organizadores, Lilian Baich, Adolfo Tanzi Neto, Fernando de Mello Trevisan. – Porto Alegre Penso, 2015. E-PUB. tuDocu.com/row/document http://www.cuadernosartesanos.org/068/cuadernos/cac102.pdf#page=121 https://www.youtube.com/watch?v=6d2X0ega2BQ&ab_channel=MARCIAFERNANDES https://negociossc.com.br/blog/prossumidor-o-significado-do-consumidor-moderno-para-omarketing/

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