O ENSINO DE ARTES NA INCLUSÃO DE CRIANÇAS AUTISTAS

Por GABRIELLA DE ARAGÃO DA SILVA | 10/12/2020 | Educação

Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia da Universidade Estácio de Sá - Campus Recreio, construído pela Pedagoga em Formação: GABRIELLA DE ARAGÃO DA SILVA , orientado pela Professora Ms em Educação e em Psicologia Rosaria Maria de Castilhos Saraiva.

RESUMO

O artigo se trata da contribuição do ensino da arte para inclusão e ensino aprendizagem das crianças autistas. Nos últimos anos as pesquisas têm apontado o aumento de crianças sendo diagnosticadas com o transtorno do espectro autista, os sinais do Transtorno do Espectro Autista aparecem entre 2 e 3 anos de idade, e as vezes ele pode ser diagnosticado por volta de 1 ano e 6 meses. O Principal objetivo do ensino da arte para o portador de autismo (TEA) é oferecer a eles oportunidade de desenvolver suas habilidades usando sua criatividade, raciocínio, percepção e domínio motor. Através de ações pedagógicas voltadas para os diferentes métodos de Educação, as crianças autistas apresentam a síndrome em seus vários níveis, do mais leve aos níveis mais severos do TEA.


Palavras-Chave. Autista. Educação especial. Inclusão. Arte educação


INTRODUÇÃO

Este estudo é de suma importância aos futuros pedagogos, muitos professores não sabem como lidar com crianças especiais, entre eles os autistas, e é importante para um professor saber o quanto o ensino de arte ajuda um autista com a sua expressão, imaginação, socialização e entre muitos outros assuntos.

Essa pesquisa irá trazer aos pedagogos uma nova visão de como se pode trabalhar com crianças do espectro autista. Pois a arte é um caminho para que você se comunique e entenda aquela criança, através da sua expressão, seja desenhando, pintando ou até mesmo dançando. 

A importância da inclusão na escola em favor dos alunos com necessidades educacionais especiais, ressaltando os principais desafios para: atender as necessidades específicas dos alunos com necessidades educacionais especiais; integrar professores, pais e demais alunos da escola no processo educacional; proporcionar situações de aprendizagem que busquem sanar ou minimizar as dificuldades dos alunos e oferecer acolhimento e desenvolvimento de qualidade, proporcionar ao aluno condições de se desenvolver psicologicamente e socialmente num ambiente multidisciplinar

Muitos profissionais da área de educação não estão preparados para receber essas crianças nas escolas de ensino regular. Antigamente as crianças especiais tinham uma escola própria para elas, onde se tinha profissionais especializados para o ensino.

E a arte pode ser uma ferramenta valiosa no tratamento de crianças autistas, pois é um elemento fundamental para desenvolver atividades que configurem um estímulo para sua inserção social e para desenvolvimento da comunicação.

O principal objetivo do ensino da arte para o portador de autismo (TEA) é oferecer a eles oportunidade de desenvolver suas habilidades usando sua criatividade, raciocínio, percepção e domínio motor, essas experiências irão contribuir para a evolução da personalidade do aluno e sua interação social.

Entretanto, muitas instituições não dão a devida importância para o ensino de artes no currículo escolar, pois a grande maioria não acha que artes é uma matéria rica em conteúdo, e geralmente os professores tem um tempo por semana de 40 minutos, o que dificulta o trabalho do professor e a relação dele com os alunos  especiais, entre eles os autistas.

Muitas das vezes, professor de artes tenta mudar, porém há muitas instituições que não tem um mínimo de recurso para esse professor trabalhar com aluno autista, muitas vezes usam do improviso e da criatividade dos docentes, para transformar o que eles têm em materiais.  Assim a arte faz com que a criança portadora de necessidades especiais, como o autista, tenha a oportunidade do brincar com a música, imitar, expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de improvisações, composições e interpretações do mundo que os rodeia sem usar necessariamente a fala.

Os responsáveis dos alunos com necessidades especiais, se sentem sós na busca de alocar seus filhos nas unidades escolares de forma inclusa, o que é um dos principais desafios vividos pelos responsáveis e pelos educandos.

A legislação também obriga as escolas a terem professores de ensino regular preparados para ajudar alunos com necessidades especiais a se integrarem nas classes comuns. Ou seja, uma criança portadora de deficiência não deve ter de procurar uma escola especializada. Ela tem direito a cursar instituições comuns, e é dever dos professores elaborar e aplicar atividades que levem em conta as necessidades específicas dela.

Desde 1948, através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a educação de especiais passou a ser sinalizada, conferindo direitos à pessoa com necessidades e, sobretudo, direito à igualdade. Podemos destacar aqui a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, de 1994, em Salamanca, por ser a que de maneira mais decisiva e explicitamente contribuiu para impulsionar a Educação Inclusiva em todo o mundo.

A Declaração de Salamanca refere-se à inclusão na educação. Os conceitos de inclusão abordados nesta declaração geraram o compromisso de garantia dos direitos educacionais, cujo propósito foi discutir Princípios, Política e Prática em Educação Especial, que proclama às escolas regulares, inclusivas, como meio mais eficaz de combater a discriminação e determina que as escolas devam acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas. Salamanca está ligada ao ato de dizer: agora vamos unir isso (UNESCO, 1994).

Sassakai (1997) A inclusão como processo social amplo, vem acontecendo em todo o mundo, desde a década de 50. É a modificação da sociedade como pré-requisito para que uma pessoa com necessidades especiais possa buscar seu desenvolvimento e exercer a sua cidadania. 

Antigamente, as pessoas com deficiências eram mal vistas na sociedade e muitos acreditavam que eles eram obrigados a viver presos em um lugar com outros deficientes como eles, ao invés de estar inserido na sociedade. Nos dias atuais muitos mudaram seus conceitos e eles são mais aceitos na sociedade, e a grande maioria dele tem um ótimo desenvolvimento.

Nas tribos indígenas, como os Esquimós, além de grandes civilizações como os Gregos antigos, ou os Espartanos, matavam as pessoas com deficiências assim que essas nasciam. Essa prática era realizada, normalmente, conforme a cultura da época.

Na Idade Média eles passaram a serem excluídos da sociedade e abandonados por suas famílias e jogados para própria sorte e tinham que se virar para sobreviver. Alguns eram usados ou explorados como bobos da corte, eram expostos em praça pública para entretenimento do povo.

No período medieval, a concepção de deficiência passou a ser metafísica, de natureza religiosa, sendo a pessoa com deficiência considerada ora demoníaca, ora possuída pelo demônio, ora “expiador de culpas alheias, ou um aplacador da cólera divina a receber, em lugar da aldeia, a vingança celeste, como um para-raios…”(Pessotti, 1984, p.5-6).

Jean Marc Itard, (1774-1838), passa a ser considerado o pai da educação especial, após desenvolver tentativas de educar um menino chamado Vitor, o “menino lobo” que surgiu nos bosques franceses, próximos ao povoado de Saint-Sernin (sul da França). Andava de forma ereta, aparentava ter entre 12 ou 13 anos, não falava, não usava vestimentas e seu corpo estava marcado por algumas cicatrizes e feridas. Os médicos os examinaram e acharam que ele tinha essas características pois havia nascido longe da civilização, então se comportava como um menino selvagem.

Alguns pesquisadores e estudiosos em geral, entre eles a professora e psicóloga alemã Uta Frith, levantaram a hipótese de Victor ter sido um menino autista. Alguns argumentos são favoráveis: Victor apresentava mudanças repentinas de humor, atraso mental, se balançava para frente e para trás, estereotipias e movimentos musculares espasmódicos. 

Segundo historiadores, no final do século XV, surgia na ciência à busca da razão para explicar as deficiências, que até então eram consideradas males físicos, hereditários ou doenças mentais. No decorrer dos anos pode-se notar que a sociedade começou a olhar a deficiência com outros olhos, passando a se tornar mais humanos (GARCIA, 2011).

A primeira instituição para atendimento às pessoas com deficiência mental – ao invés da morte, o acolhimento. Foi o Hospital Juliano Moreira em Salvador, Bahia, fundado em 1874 é considerado como a primeira instituição para atendimento às pessoas com deficiência mental.

O termo autismo tem uma história atípica. Cunhado em 1906 por Plouller, quando estuda o processo do pensamento de pacientes com diagnóstico de demência, o nome só foi disseminado em 1911, pela pluma do psiquiatra suíço Eugen Bleuler que o aponta como um dos sintomas fundamentais da esquizofrenia.

O Autismo Infantil foi definido por Leo Kanner (1943), sendo inicialmente denominado Distúrbio Autístico do Contato Afetivo, tinha características comportamentais bastante específicas, como: problemas com relação a afetividade, isolamento, as crianças não usavam a linguagem para se comunicar, e tinham alguns comportamentos agressivos.

A palavra “autismo” foi inventada por Eugen Bleuler em 1908. Ele estudou 11 crianças todas elas apresentaram características de dificuldades em interações sociais, mudanças nas rotinas, boa memória, e sensibilidade aos sons altos.

Kanner (1943) argumentava que essas crianças eram diferentes dos esquizofrênicos porque eles não tinham alucinações ou ilusões, e, a esquizofrenia dificilmente aparecia no início da infância. Desde aquela discrição, feita por Kanner em 1943, um número considerável de autistas foi diagnosticado como portador desse “tipo de esquizofrenia infantil” até mesmos nos anos 1970.

Asperger (1944) estava convencido no início de que o autismo era uma relação de fatores biológicos e ambientais. Ele publicou um artigo, “Psicopatia Autista na Infância”, que afirmava que quatro crianças entre 6 e 11 anos de idade examinadas em sua clínica pareciam “ter acabado de cair na terra”

Em 8 de outubro de 1943, Asperger apresenta a tese de livre docência na Faculdade de Medicina com casos atendidos na Clínica Infantil da Universidade de Viena que constituíam uma síndrome que nomeia Psicopatia autística infantil.

Síndrome caracterizada por dificuldades de integração social das crianças, mas que, à diferença das descritas por Kanner, possuíam um bom nível de inteligência e linguagem e os sintomas apareciam após o terceiro ano de vida.

Eram extremamente inteligentes e se expressavam com palavras, raramente faziam contato visual e eram discriminadas e intimidados na escola. Algumas apresentavam pequenos distúrbios do movimento, como andar na ponta dos pés.

Em 1964, instala-se a primeira unidade assistencial da APAE, o Centro Ocupacional Helena Antipoff, tendo como objetivo oferecer habilitação profissional a adolescentes deficientes mentais do sexo feminino. A primeira unidade multidisciplinar integrada para prestação de assistência a deficientes mentais e formação de pessoal técnico especializado foi o Centro de Habilitação de Excepcionais inaugurado no dia 22 de maio de 1971 na APAE de São Paulo (MAZZOTTA, 1996).

O psiquiatra Michael Rutter (1978) classifica o autismo como um distúrbio do desenvolvimento cognitivo, criando um marco na compreensão do transtorno. Ele propõe uma definição com base em quatro critérios: o atraso e desvio sociais não só como deficiência intelectual; problemas de comunicação não só em função de deficiência intelectual associada; comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos; e início antes dos 30 meses de idade.

O autismo foi inserido no quadro “esquizofrenia de início na infância”. A partir da década de 1980, o autismo é retirado da categoria de psicose e no DSM III utiliza-se a nomeação de distúrbios invasivos do desenvolvimento.

No DSM IV (1991) caracterizado por prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvimento é considerado um distúrbio global do desenvolvimento.

No DSM 5 (2013) o autismo é situado na categoria de Transtornos do Neurodesenvolvimento e assumido como espectro, substituindo assim as subcategorias dos “Transtornos Invasivos do Desenvolvimento” que são agora abordadas por um único termo abrangente: Transtornos do Espectro do Autismo

Na década de 90, vários movimentos têm surgido com a finalidade de inclusão de crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) na escola. A Declaração Mundial de Educação para Todos (UNESCO, 1990), juntamente com a Convenção de Direito da Criança (UNESCO, 1988) e a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), estabeleceu-se que toda pessoa (criança, jovens e adultos) deveria usufruir das oportunidades escolares e participar da sociedade assim como toda criança

Na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais, realizada entre 7 e 10 de junho de 1994, na cidade espanhola de Salamanca, a Declaração de Salamanca trata de princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. A Declaração aborda os Direitos humanos e a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos e aponta os princípios de uma educação especial e de uma pedagogia centrada na criança. Para pleno entendimento do histórico da educação especial é necessário lembrar que esse modelo de educação foi baseado, inicialmente, em um modelo médico, ou seja, a deficiência era compreendida e tratada como uma doença, nesse sentido as crianças e adolescentes que possuíam algum tipo de deficiência eram excluídos da sociedade e muitas vezes marginalizados e estigmatizados da vida em sociedade.

Foi um momento histórico para a sociedade quando o sistema de ensino notou que poderia realizar a educação comum e a educação especial no mesmo ambiente, de modo que os indivíduos poderiam conviver, e que isso seria importante para o desenvolvimento do indivíduo que possuía alguma deficiência física ou mental.

O ensino de artes para uma criança autista vai além de um rabisco ou um papel pintado, é um modo dele se expressar, de se divertir, interagir, se concentrar e se comunicar.

Para Apple (1989, p. 46), a Arte contribui para desenvolver o senso de estética, sensibilidade e criatividade, e nesse processo de aprendizagem a arte é tão importante quanto qualquer outra matéria.

Segundo Read (1976), a arte na escola vem remover barreiras à aprendizagem junto aos indivíduos com necessidade especiais, pois a arte funciona como forma de redescoberta, pelo professor e pelo aluno, o professor deve observar e registrar dados para, depois de avaliados, servirem para a formulação de teorias oriundas da prática.

É visto que a inclusão do deficiente ao meio social e na educação vem se transformando ao longo do tempo, e que melhoras são estudadas e aplicadas, porém muito se tem a fazer para o desenvolvimento da Educação Especial.

Na história é mostrado como o deficiente era tratado através de crenças, costumes e até preconceitos. Hoje o que se vê no Brasil é um desenvolvimento profissional dos educadores, que estão se preparando melhor, porém a educação brasileira é falha em várias questões na Educação Especial.

Na atualidade, em relação há formação de docentes, no contexto da educação inclusiva, surgiu a necessidade de complementação nos currículos dos cursos de Formação de Docentes e de outros cursos de profissionais e disciplinas que interajam com os alunos com necessidades educacionais especiais.

O Transtorno do Espectro Autista é caracterizada por uma síndrome comportamental e que tem certos comprometimentos na interação social, na comunicação verbal, eles também apresentam movimentos estereotipados, repetitivos que são expressados durante uma brincadeira, podem ser involuntários e durante uma atividade proposta a eles, a dificuldade do autista varia de acordo com o nível de desenvolvimento e da idade cronológica da criança, não fazem muito contato visual e são sensíveis a sons muito altos. 

As causas do autismo ainda são desconhecidas, mas a pesquisa na área é cada vez mais intensa. Há uma combinação de fatores que levam ao autismo que a genética e agentes externos desempenham um papel chave nas causas do transtorno. [...]

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