O ENSINO DAS LUTAS EM ESCOLAS BRASILEIRAS: REFLEXÕES E DISCUSSÕES

Por DANIELE SIEBAUER LIESENFELD | 30/11/2016 | Educação

ANANDA GUTIELLE¹

DANIELE SIEBAUER LIESENFELD¹

GUSTAVO ARIEL¹

KARINE CIPOLATTO¹

MILLENA THAYANE OLIVEIRA DOS SANTOS¹

DEISE BASTOS DE ARAÚJO²

¹nanda_gutielle@hotmail.com  

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  1. INTRODUÇÃO

As lutas nem sempre foram um conteúdo trabalhado na Educação Física Escolar, a sua prática foi introduzida recentemente nas escolas, ou pelo menos em parte delas, ainda são poucos os professores que se dispõem a colocá-las dentro do seu planejamento de aula. Assim elas fazem parte dos conteúdos que compõe a cultura corporal de movimento, a qual deve ser ensinada durante as aulas de Educação Física escolar por parte dos professores, para que assim possam auxiliar no processo de formação integral do aluno como um cidadão.                                   As lutas podem atuar como instrumento de auxilio pedagógico ao professor de educação física, o ato de lutar inclui - se no contexto histórico social cultural do homem, já que lutamos desde a pré-história por sobrevivência, porém, atualmente é um grande desafio enfrentado pelos profissionais desta área, quanto ao desenvolvimento de sua prática. Desta maneira, este artigo tem como objetivo refletir, discutir, através de estudos bibliográficos o ensino das lutas em aulas de educação física escolar, destacando os preconceitos e as restrições em relação à disciplina, inserindo-as no contexto escolar, apresentando os seus benefícios nos âmbitos físicos, disciplinares, conceituais e principalmente culturais.

 2. DESENVOLVIMENTO

O resumo desenvolvido seguiu os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma pesquisa bibliográfica, que é desenvolvida com base em estudos já existentes, composto por livros e artigos científicos (GIL, 2008).                                                                        De acordo com o Dicionário da EDUCAÇÃO FÍSICA ((BRASIL/MEC/PCN, 1997), a luta se refere ao combate corpo-a-corpo - que é imprescindível para que ela ocorra – sem armas, entre duas pessoas. Da mesma forma que os demais conteúdos, como matemática, português, geografia entre outros, as lutas devem fazer parte do contexto escolar, pois se constituem das mais variadas formas de conhecimento da cultura humana, historicamente produzidas e repletas de simbologias. Ao abordar esse conteúdo, devem-se valorizar conhecimentos que permitam identificar os valores culturais.

Ao abordar o conteúdo lutas, torna-se importante e necessário esclarecer aos alunos os seus objetivos, inclusive apresentando as transformações pelas quais passaram o componente de lutas ao longo dos anos. O desenvolvimento de tal conteúdo pode proporcionar além do trabalho corporal, a aquisição de valores e princípios essenciais para a formação do ser humano, como, por exemplo: cooperação, solidariedade, o autocontrole emocional, o entendimento da filosofia que geralmente acompanha sua prática e, acima de tudo, o respeito pelo outro, pois sem ele a atividade não se realizará. (PARANÁ, 2008).                                                     As lutas proporcionam também aos alunos oportunidades de desenvolvimento auto-perceptivo, pois quando utilizado como instrumento de aprendizagem, colocam dificuldades motoras e psicológicas que ajudam na resolução de problemas. O professor de educação física deve proporcionar aos seus alunos a ampliação do repertório gestual, de maneira a capacitar o corpo para o movimento, assim a sua prática pode ser trabalha no ensino infantil, ensino fundamental e médio. (OLIVEIRA et al, 2010)              A luta como disciplina nas escolas ainda é uma realidade distante tanto, nas escolas publicas quanto nas privadas embora constem como eixo norteador da disciplina de Educação Física (PCN’S 1997). Os orientadores e educadores em geral não tem o mesmo conhecimento sobre as lutas como se têm o domínio de outros esportes como os que utilizam a bola.                                               No que diz respeito ao ensino das lutas nas escolas, atualmente um grande desafio é enfrentado pelos profissionais desta área, quanto ao desenvolvimento de sua prática. A inclusão das “Lutas” nas escolas possui o objetivo de proporcionar aos alunos diversidade cultural e amplitude de atividades corporais, diferente do tempo militarista, que a finalidade era visar à formação de alunos – soldados para agüentar o combate em guerras (FERREIRA, 2006). Os argumentos existentes para tal restrição, todavia existe pelo fato de educadores, pais e a própria mídia associarem as lutas como forma explicita de violência, como também a falta de vivencia pessoal em lutas por parte dos professores, tanto no cotidiano quanto na vida acadêmicas. Segundo So e Betti (2000) a violência é um modo de expressão e comunicação dos alunos em reação a certas interações sociais, em relação ao meio, ao estresse.                                                             Tratar de violência não é fácil, no contexto escolar, vários fatores favorecem ao seu acontecimento, como drogas, bullying e etc. Para diminuir estes problemas, pode - se utilizar as lutas, como forma dos alunos aprenderem a controlarem sua agressividade e a seguir valores éticos impostos pelas regras. A disciplina é capaz de canalizar a agressividade, trazendo para a realidade alguns valores, como o respeito ao outro e a questão das regras que devem ser respeitadas, sendo assim, através deste recurso pedagógico pode-se diminuir e controlar a violência urbana (JUNIOR, 2006).  Muitos professores ficam inibidos em apresentar o conteúdo lutas por não saberem realizar os gestos técnicos, inibição esta que é fruto de uma formação tradicional esportivista Outro fator de total relevância para a exclusão da disciplina por professores de Educação Física escolar, esta relacionada à escassez de bibliografias e trabalhos acadêmicos que visem propor alternativas pedagógicas para a inclusão das lutas em ambiente escolar com embasamento teórico/científico/prático. (OLIVEIRA et al, 2010).                                                                                             De acordo com Nascimento e Almeida (2007), destaca – se dois argumentos básicos e mais recorrentes para tal a realidade, a falta de vivencia pessoal em lutas por parte dos professores, tanto no cotidiano de vida, como no âmbito acadêmico e a preocupação com o fator violência que julgam ser característico ás praticas de lutas, o que incompatibiliza a possibilidade da abordagem deste conteúdo na escola. Uma das possibilidades de se trabalhar com as lutas na escola é com base no jogos de oposição, cuja característica principal é o ato de confrontação, que pode ocorrer em duplas, trios ou até mesmo em grupos. Possui o objetivo de vencer o companheiro de maneira lúdica, impondo-se fisicamente ao outro. Além disso, é necessário haver o respeito às regras e, acima de tudo, à integridade física do colega durante a atividade (PARANÁ, 2008).                                                                            Os jogos de oposição podem aproximar os combatentes, mantendo contato direto como o Judô, Luta Olímpica, Jiu-Jitsu,; podem manter o colega à distância, como o Karatê, Boxe, Muay Thay, Taekwondo; ou até mesmo ter um instrumento mediador, como a Esgrima. Além dos jogos de oposição, para se trabalhar com o conteúdo de lutas, os professores podem propor pesquisas, seminários, visitas às academias para os alunos conhecerem as diferentes manifestações corporais (PARANÁ, 2008).

CONCLUSÃO

As lutas são um conteúdo legítimo da Educação Física (PCN, 1997) e podem ser trabalhadas a partir das mais variadas e criativas maneiras. Inúmeros autores as citam e defendem sua utilização. Elementos como livros, artigos, sites e revistas contribuem para que as lutas sejam um conteúdo da educação física, orientando o professor na aplicação de maneira coerente, mas ainda sim, existe uma grande dificuldade para encontrar as biografias referentes ao componente lutas, sendo completamente precários e restritos.         O ensino de uma determinada luta, ou de apenas um determinado gesto, é não é suficiente, perto dos inúmeros benefícios que as lutas podem trazer para o aluno. Neste artigo, conceituamos as lutas, discutimos o porquê da restrição, demonstrando os benefícios que o mundo das lutas tem a nos oferecer. Diante dos inúmeros benefícios que a luta proporciona aos seus praticantes, torna-se necessário que a sua inserção no contexto escolar seja considerada, e que sejam incorporadas de maneira mais ampla nesse contexto.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA, L., NASCIMENTO, P. R. B. A tematização das lutas na Educação Física Escolar: restrições e possibilidades, Revista Movimento, Porto Alegre, v. 13, n. 03, p. 91-110, setembro/dezembro de 2007

AGUIAR. A legitimidade das lutas: Conteúdo e conhecimento da educação física escolar. Trabalho de conclusão de curso (graduação) em licenciatura em Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, 2008.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Apresentação dos Temas Transversais e Ética / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, v. 8, 1997(a).

DAOLIO J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados, 2004. P 77.

BRASIL. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica, Educação Física. Paraná, 2008.

FERREIRA, H. S. As lutas na educação física escolar. Fortaleza, CE: Revista de Educação Física, Nº 135 Novembro de 2006.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6º ed. São Paulo: Atlas, 2008.

JUNIOR, E. D. ALVES Discutindo a violência nos esportes de luta: a responsabilidade do professor de educação física na busca de novos significados para o uso das lutas como conteúdo pedagógico. In: ‘Usos do Passado’ — XII Encontro Regional de História ANPUH-RJ 2006.

OLIVEIRA, QUEIROZ, PEREIRA. Lutas como conteúdo na educação física escolar. Trabalho de conclusão de curso (graduação) em licenciatura em Educação Física. Centro Universitário Módulo, Caraguatatuba – SP, 2010.

Revista de Educação Física – nº 139 – novembro de 2006, p. 36 - 44 – As lutas na Educação Física Escolar / Heraldo Simões Ferreira, estudante da Universidade Estadual do Ceará (UECE) – Fortaleza – CE/Brasil.

SO, BETTI. Lutas na Educação Física escolar: relação
entre conteúdo, pedagogia e currículo.
Revista Digital. Buenos Aires, Ano 17, Nº 178, Março de 2013