O ensino da matemática na atualidade

Por Carine de Fátima Maia | 30/04/2011 | Arte

O ensino da matemática tem sido tema de muitas análises, pois com o grande avanço da tecnologia e as constantes mudanças culturais e comportamentais, faz-se necessário adequar as práticas pedagógicas com a realidade dos alunos para se atingir o objetivo de transmissão do saber e proporcionar situações em que os alunos realmente aprendam.
No entanto, fazer mudanças não é tão simples, é preciso estar bem preparado e orientado já que, do contrário, pode-se prejudicar ainda mais o aprendizado, e assim essas mudanças superficiais ou incompletas podem trazer prejuízos educacionais, tanto como ocorre com o ensino tradicional (Micotti, 1999, p.161).
Com um ensino que não seja de qualidade os alunos não aprendem, não ficam motivados, e assim não conseguem fazer a apropriação do saber, não conseguindo aplicar o que estudam em outras situações do seu cotidiano. Por isso a ênfase na importância de se administrar aulas bem planejadas, pois promover uma matemática significativa não é promover apenas a habilidade de desenvolver cálculos, treinar a memória ou memorizar fórmulas e conceitos. Significa desenvolver uma matemática que seja capaz de levar o aluno a pensar, analisar, estabelecer relações, justificar e produzir seu próprio significado, isto é, criar (Marasini, 2000, p.126).
Atualmente a prática nas salas de aulas, tem sido a decoração de textos, a memorização de conceitos e a repetição de informações, tudo isso tendo como base um único recurso, que é o livro didático, e o que é pior, muitas vezes esses livros são utilizados sem uma prévia análise por parte do professor. O livro didático é um recurso metodológico importante, porém só ele não basta, e basear-se apenas nele compromete a qualidade do ensino. Como assegura Micotti, as aulas expositivas e os livros didáticos pretendem focalizar o saber, mas, geralmente, ficam sem sentido para os alunos; os conteúdos, via de regra, não se transformam em conhecimento devido, sobretudo, à falta de oportunidades para os aprendizes elaborarem e manifestarem sua compreensão sobre os mesmos (1999, p.161). Pode-se sim utilizá-lo conjuntamente com outros recursos muitas vezes bem simples que, entretanto, proporcionarão uma melhor captação do conteúdo, para que o educando não se aproprie somente de informações mas que estas informações se transformem em conhecimento e saber.
Nesse sentido, Micotti ressalta que:

Informação, conhecimento e saber são distintos, apesar de serem inter-relacionados. Uma informação pode, objetivamente, estar presente no meio ambiente (ela é exterior à pessoa e pode ser estocada, isto é , gravada, registrada num computador, escrita em livros, etc.), no entanto, se um indivíduo (o sujeito) não se der conta dela, para este individuo, ela não se transformará em conhecimento. O conhecimento é uma experiência interior - envolve a relação do sujeito com o objeto de conhecimento; envolve também interpretação pessoal -, um mesmo discurso ou os dados de uma observação podem ser interpretados de modos diferentes por diversas pessoas. Mas, para serem admitidas como saber pela coletividade, estas interpretações são submetidas, por outros, à análise rigorosa (1999, p.155).

É claro que nem todos os alunos têm acesso a todas essas novas tecnologias ascendentes, mas essa adaptação do ensino da matemática não se restringe só a isso, a idéia tem um sentido bem mais amplo, ou seja, é essa necessidade de relacionar o conteúdo com a realidade dos mesmos, independentemente de qual ela seja. É isso que fará com que eles se motivem, se preocupem em aprender para afinal estarem aptos a aplicar no seu contexto de vida e que eles irão transformá-los em conhecimento, uma vez que a assimilação do conhecimento científico (saber sábio) com o conhecimento em sala de aula (saber ensinado) exige que façamos uma adequação para que o aluno possa compreendê-lo (Marasini, 2000, p.127).
Repensar novas propostas pedagógicas para o ensino da matemática é um desafio maior que se impõe á escola atual e a todos os seus segmentos, tendo em vista uma educação de qualidade, que satisfaça as exigências do nosso tempo, o que não significa esquecer o que já foi construído, mas reavaliar as práticas do ensino habitual, buscando conhecer a realidade dos alunos, numa visão ampla do conjunto em que estão inseridos, criando novas atividades que tenham uma orientação apropriada e que busque êxito na transposição didática do saber, porém mudanças ilusórias não possibilitarão o desenvolvimento pleno do conhecimento pelos mesmos.
Enfim, conclui-se que há a necessidade de muitas mudanças a começar pelas escolas e, principalmente, pelos professores que são os responsáveis por transmitir o conhecimento aos seus alunos, e isso se dá com uma prática de ensino de qualidade que visam o desenvolvimento real e satisfatório dos estudantes.

Referências bibliográficas

MARASINI, Sandra Mara. Contribuições da didática da matemática para a educação matemática. In: RAYS, Oswaldo Alonso. Educação e ensino: constatações, inquietações e proposições. Santa Maria: Pallotti, 2000, p. 126-130.
MICOTTI, Maria Cecília de oliveira. O ensino e as propostas pedagógicas. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani (org). Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Editora Unesp, 1999, p. 153-167.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortês.1994.