O ENGENHEIRO CIVIL NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

Por Paulo Roberto de Oliveira Junior | 05/02/2017 | Engenharia

A indústria em geral é uma atividade comercial que visa prioritariamente seus produtos, ou seja, toda e qualquer rotina dentro de uma fábrica gira em torno do produto que ela produz, sendo demais setores simplesmente suportes ao setor de fabricação. A indústria automobilística não é diferente, mas têm lá suas particularidades. Enquanto em uma indústria alimentícia, quando falta alguma matéria prima ou existe algum defeito na produção ou ainda algum risco de contaminação, a linha de produção para até a resolução do problema, na indústria automobilística se produz a qualquer custo, ou melhor, a qualquer risco. Na indústria automobilística não importa se faltou uma peça para montar no veículo ou se o veículo tem algum problema de qualidade, o que vale é que o veículo chegue ao final da linha e seja contado como fabricado. Depois, já no pátio, se resolvem os problemas, ou seja, completa-se o veículo ou corrige algum problema de qualidade. Pode-se entender, portanto, que na indústria automobilística o rítimo, ditado pela rotina de produção, é muito mais acelerado do que em outros tipos de indústrias. Isso faz com que qualquer intervenção dentro dessas fábricas se torne algo quase impossível. Fazer uma obra dentro de uma linha de produção operando, ou em áreas onde existem fluxos logísticos ou produtivos ou até mesmo que de alguma forma atrapalhe a rotina de funcionários é um verdadeiro desafio para o engenheiro ou gestor de projetos. Sim, é possível fazer obras em turnos diferentes da rotina de produção. Mas como fica quando essa produção roda em três turnos? Este autor realizou inúmeras obras deste tipo e a conclusão é: planejar, planejar, planejar e limpar, limpar, limpar. Em outras palavras, a obra precisa de um planejamento delicado, prevendo os mínimos detalhes de execução da obra, tempos de cada etapa, possíveis interferências (mesmo aquelas que não se pode ver), planos de contingência, equipes especialistas e muitas rotinas de limpeza. Imagine-se fazendo a fundação de um robô dentro de uma linha de produção operante. Entrar na linha com uma escavadeira ou um trado mecânico. Fazer o bota fora com caminhões ou mesmo caçambas. Evitar que a poeira de escavação interfira na produção. Ampliar um galpão, sendo que perto dele passam veículos em fabricação e pessoas trabalham constantemente. Derivar uma linha de ar comprimido, água ou gás, enquanto a produção opera normalmente. Realizar a manutenção na rede de água que abastece a produção ou mesmo áreas afins, como banheiros e restaurante, sem que essa manutenção impacte diretamente ou significativamente na rotina da fábrica. É realmente algo muito difícil e desafiador para o engenheiro ou gestor de projetos. Sem dúvida é de grande experiência para qualquer engenheiro uma vivência em obras executadas em indústrias automobilísticas e algo que este autor se orgulha em dizer que faz a doze anos.