O ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA A GESTANTE COM DIAGNÓSTICO DE HIPERÊMESE GRAVÍDICA
Por SILVANA PEREIRA PINHEIRO | 21/01/2011 | SaúdeO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA A GESTANTE COM DIAGNÓSTICO DE HIPERÊMESE GRAVÍDICA
RESUMO
O Profissional de Enfermagem pode desempenhar um importante papel na ajuda de mulheres que enfrentam complicações durante a gravidez. A gravidez é um dos períodos críticos de transição, que demanda mudanças no papel social, reajustamentos pessoais e variadas adaptações físicas e emocionais, por isso depreende-se a necessidade, por meio da promoção e da educação para a saúde. Objetivo deste estudo foi identificar quais as orientações do Enfermeiro para o controle hidroelétrolitico na hiperêmese gravídica no cenário de internação hospitalar de gestantes. Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada em livros, nas bases de dados virtuais da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do sistema BIREME (SCIELO, BDENF e LILACS), e Ministério da Saúde. Os resultados obtidos neste estudo revelam que o Enfermeiro atuando precocemente com intervenções e orientações nutricionais leva a uma gestação mais saudável.
Palavras chaves: Gravidez , hiperêmese gravídica, Enfermagem.
INTRODUÇÃO
A hiperêmese gravídica caracteriza-se por náuseas e/ ou vômitos graves ou malignos associados à gravidez que surgem freqüentemente antes da 20ª semana, e levam ao comprometimento do estado nutricional pela perda de peso (acima de 5%), desidratação e distúrbio hidroelétrolitico.
Diferente do quadro de náuseas e vômitos que podem ocorrer durante o primeiro trimestre de gravidez, a hiperêmese gravídica é grave e pode estender-se além do primeiro trimestre.
O vômito é considerado excessivo quando ocorre mais de três ou quatro vezes por dia, ou seja, uma incapacidade para reter alimentos ou líquidos por um período de 24 horas. Associados a este quadro percebem uma perda de 2 kg ou mais em um período de uma ou duas semanas, tontura ou desmaios, micção freqüente, palidez, sintomas esses comuns da desnutrição e da desidratação.
INCIDÊNCIA
Enquanto metade das mulheres grávidas tem algum tipo de mal-estar matinal, apenas 2% sofre de hiperêmese da gestação, uma condição muito mais séria. Atinge duas a cada mil gestantes.
Mesmo sendo mais comum no primeiro trimestre, a condição geralmente persiste ao longo de toda a gestação. Felizmente, se detectada e tratada a tempo, a hiperêmese da gestação oferece poucos riscos para a mãe e para o feto.
Primigestas jovens (adolescentes)
Gestação gemelar
Gestação de mulheres obesas
Gravidez não programada
ETIOLOGIA
A causa exata da hiperêmese da gestação é desconhecida, mas alguns fatores podem incluir:
FATORES ENDÓCRINOS
Níveis elevados de hCG (gonadotropina Coriônica humana). Os níveis desse hormônio da gestação aumentam rapidamente durante as etapas inicias da gestação e podem ativar a porção do cérebro que controla as náuseas e os vômitos.
Níveis elevados de estrogênio. Esse hormônio também afeta a porção do cérebro que controla as náuseas e os vômitos.
MUDANÇAS GASTROINTESTINAIS
Durante toda a gestação, os órgãos digestivos se deslocam para dar espaço para o feto em desenvolvimento. Isso pode resultar em refluxo ácido e em um esvaziamento mais lento do estômago, o que pode causar náuseas e vômitos.
Pesquisas recentes mostram que mulheres com uma dieta rica em gordura têm um risco muito maior de desenvolver hiperêmese da gestação. O risco aumenta cinco vezes para cada 15 gramas de gordura (como em um quarteirão com queijo) consumidos a cada dia.
FATORES PSICOSSOMÁTICOS
O estresse geralmente deixa a pessoa fisicamente doente. A ansiedade que pode acompanhar a gestação pode desencadear um mal-estar matinal agudo pela rejeição da gravidez, a não aceitação da maternidade, a perda da liberdade, a rejeição ao pai da criança e a imaturidade. Estes são um dos fatores que podem determinar ou agravar o quadro.
DIAGNOSTICO
Fundamenta-se na anamnese e no exame clínico (sinais de desidratação e desnutrição). A USG determina a viabilidade da gestação, o número de fetos e descarta a possibilidade de doença trofoblástica gestacional.
TRATAMENTO
Se o problema for tratado adequadamente, não deve haver complicações sérias para a gestante nem para o feto. Em todo caso, será necessário alterar a dieta para uma que contenha mais proteínas e carboidratos complexos, como nozes, queijo, biscoitos e leite. O ideal é consumir esses alimentos em porções pequenas, várias vezes ao dia e beber bastante líquidos. Além disso, deve evitar o consumo de alimentos gordurosos. Deve ser recomendados o uso de medicamentos antiácidos e antieméticos (para combater os vômitos). Os medicamentos para prevenir as náuseas são reservados para casos nos quais os vômitos são tão severos e persistentes que podem causar riscos em potencial para a mãe e para o feto.
OS MEDICAMENTOS RECEITADOS PARA CASOS GRAVES INCLUEM:
Metoclopramida e bromoprida, que ajuda a aumentar a velocidade com que o estômago transporta os alimentos para os intestinos. É a droga mais usada na prática clínica.
Antiácidos, que absorvem o ácido estomacal e ajudam a prevenir o refluxo ácido.
Anti-histamínicos, que ajudam a reduzir a náusea e o enjôo causado por movimento.
Vitamina B6, que ajuda a aliviar as náuseas (se você não conseguir tomar por via oral, o médico pode aplicar uma injeção).
Fenotiazina, que ajuda a reduzir as náuseas e vômitos.
OBS.: A Piridoxina é a droga mais segura segundo o Livro de Obstetrícia Básica (Hermógenes) e a Clorpromazina é a droga reservada para os casos refratários.
Casos graves de hiperêmese da gestação requerem hospitalização para restaurar o equilíbrio de eletrólitos e prevenir uma desidratação grave. No hospital, a paciente poderá receber líquidos intravenosos, glicose, eletrólitos e, ocasionalmente, vitaminas e outros suplementos nutricionais.
Medicamentos à base de ferro devem ser evitados, pois pioram as náuseas, os vômitos e a dor epigástrica.
Drogas antinauseantes e sedativos podem ser administrados, e a paciente será incentivada a descansar. Após receber líquidos intravenosos (IV) por um período de 24 a 48 horas, a paciente estará pronta para receber uma dieta líquida e leve, e então passar a receber várias refeições ao dia.
Mulheres com hiperêmese da gestação geralmente são incentivadas a buscar psicoterapia, dado que os problemas emocionais podem não apenas contribuir para essa condição, mas também podem causá-la.
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Em casos de internação, pese a gestante diariamente e anote os padrões de ganho ponderal;
Administre líquido por via IV, como prescrito até a gestante tolerar alimentação oral;
Monitore a ingestão hídrica da paciente, assim como o balanço hídrico;
pele seca e mucosa ressecadas, turgor reduzido, globo ocular encovado, urina concentrada, hipotensão, vertigem;
Em casos de hiperêmese descompensada, avaliar a questão da suspensão da ingestão oral por 24 a 48 horas;
Permita que a paciente retorne à dieta, após 24 horas sem vomitar (comece com líquidos claros e não ofereça mais que 100 ml alternados a cada 60/90 minutos).
Orientar para não ingerir líquidos às refeições e para não passar mais de 12 horas sem comer, evitando assim episódios de hipoglicemia;
Aconselhe a paciente a esperar 1 hora após as refeições para ingerir líquido refeições;
Forneça tranqüilidade em um ambiente calmo e repousante.