O endeusamento da razão na visão do autogerenciamento vivencial
Por CLÁUDIO DE OLIVEIRA LIMA | 03/10/2011 | PsicologiaO ENDEUSAMENTO DA RAZÃO NA VISÃO DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
Você é feliz com toda essa certeza que carrega dentro de si?
Atualmente, vivemos numa sociedade em que prevalece a racionalidade. Tudo é pensado e repensado, nada é espontâneo. Ter o domínio da razão é o ideal da mente contemporânea.
Em nosso dia-a-dia, reafirmamos verdades como se elas fossem imutáveis. Com essa atitude, acreditamos que nos tornamos justos, quando agimos seguindo-lhes o que determinam. Sentimo-nos mais firmes, seguros, ao nos acomodarmos a um conservadorismo que nos alivia das indagações.
Na realidade, o endeusamento da razão está nos tornando seres alienados, indiferentes, apáticos e submissos.
Lanço a pergunta: Quem disse que ter a razão é ter a verdade?
O texto aqui tratado busca a compreensão da dinâmica da razão, pois nos fornecerá subsídios para que possamos ter um conhecimento melhor das nossas atitudes, dos nossos comportamentos e pensamentos. Com isso, poderemos evitar o cerceamento produzido pelo nosso egocentrismo, por meio do qual, muitas vezes, elaboramos verdades que se tornam definitivas em nossas vidas.
Cuidado! As verdades concebidas, sem questionamentos, a partir de uma visão unilateral, ao serem aceitas, nos obrigam a agir de acordo com o que elas preceituam, transformando assim regras subjetivas em regras gerais, nos aprisionando a elas.
Todos nós sabemos que nenhum ser humano é perfeito. Então por que queremos encontrar em nós ou exigir do outro a perfeição?
As pessoas vivem querendo salvar ou corrigir os defeitos dos outros e se esquecem de salvar a si mesmas, corrigindo os próprios defeitos. Preocupamo-nos em “estar com a razão” e esquecemos de verificar se isso implica “ser verdadeiro”.
Em nossa formação como ser social, nos são ensinados que somos seres racionais porque sempre agimos e falamos movidos por motivos e que a nossa vontade é racional porque é capaz de identificar a razão e a causa dos problemas. E por julgarmos a realidade de acordo com as relações causa/efeito, chegamos à conclusão de que a razão é que determina o nosso projeto de vida.
De mãos dadas com essa linha de pensamento, entendemos que a razão é a faculdade com que o homem fundamenta, conhece e julga a realidade, logo a nossa verdade também é racional.
Se a verdade é racional, já prestaram a atenção, quantas responsabilidades nós temos, ao emitirmos um julgamento e ao lutarmos por nossas verdades. Podemos nos tornar salvadores ou carrascos, tudo vai depender das nossas verdades.
Existem pessoas que agem irresponsavelmente em relação a si mesmas e aos outros, emitem julgamentos ou fundamentam as próprias verdades em razões que não só as fazem sofrer como também aos outros.
Segundo o autogerenciamento vivencial,o conteúdo da razão não é imutável nem se modifica só por nossas experiências. As vivências fazem parte do processo, mas não é a única no processo de autotransformação.
Para que haja realmente autotransformação, é necessária a vontade da pessoa, não só isso, mas do agir dela, pois só o conhecimento e a experiência não são capazes de produzirem mudanças em nossas razões. Só a pessoa tem o poder de mudar, transformar a própria razão.
A razão não é vista aqui, como algo cuja função é cumulativa e contínua, pois a autotransformação se realiza por saltos e cada nova estrutura possui um sentido e um valor próprio. Elas são simplesmente diferentes das anteriores, porque sua estruturação se baseia em princípios, interpretações e conceitos novos, não permitindo ser comparadas com as anteriores. Cada momento no seu momento.
Cuidado! Como a interpretação faz parte do processo de criação de novas razões. A razão pode imaginar uma vivência e dentro dessa ilusão criar as suas próprias razões (razão ilusória) sem precisar da vivência. Ser autogeradora de conceitos e verdades, se auto-alimentar independentemente da vivência. Nesse caso, a razão serve muito mais para justificar os nossos pensamentos, atitudes e comportamentos do que para dirigi-lo.
Um dos grandes desafios é sabermos diferenciar entre o real e o ilusório, já que a razão ilusória opera seguindo os princípios que ela mesma estabelece, em concordância com a sua própria realidade.
Cuidado com essa forma de buscar a razão. Ela pode confundi-lo na hora de se relacionar com o outro e consigo mesmo. Além disso, pode escravizá-lo às suas verdades ilusórias, sem levar em conta as verdades do outro e da vida.
Reflita:
A estruturação da razão do passado, do presente e do futuro são estruturas racionais diferentes entre si, logo a realidade de uma pessoa dependerá do momento do mundo em que estiver vivendo: do passado, do futuro ou do presente.
Se estiver vivendo no passado, a sua realidade presente estará fundamentada nesse tempo. As suas razões dependerão das vivências vividas para existir. Ao pertencerem ao passado, elas tornam-se imutáveis e a pessoa perde o poder de escolha, de transformação, passando a viver em função dessa realidade pretérita.
Se estiver vivendo em função do presente, a sua realidade presente depende de como está vivendo o aqui e o agora. Logo, ela se torna mutável e a pessoa adquire o poder de escolha, de transformação e passa a vida em busca de uma vida melhor, de uma evolução. Nesse caso, é a própria pessoa que produz a sua realidade. Logo poderá mudá-la todos os dias ou a hora que quiser.
Se estiver vivendo em função do futuro, a sua realidade presente fica a mercê da sua ilusão, do que poderá vir a ser. Ela fica estagnada, parada, sem ação.
Acorde!!!!
O tempo passado não pode ser reciclado e o tempo imaginado não pode ser vivido.Logo, faça de cada novo dia, uma nova oportunidade para ser feliz. O melhor dia da sua vida é o dia de hoje.
Afinal o que você ganha ao provar a todo instante que está com a razão, ou melhor dizendo, que está certa??????????????????
Que tal!! Analisar, agora, os seus conceitos e pré-conceitos.
Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo
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