O Domínio da Imagem
Por Priscila Guimarães | 02/07/2009 | FilosofiaO surgimento do anteriormente conhecido Earth Viewer, e hoje Google Earth mostrou a vida terrestre como ela realmente é, grandiosamente radiante até com suas imperfeições naturais e propositais. As pessoas começaram a ver seus bairros, algumas residencias, locais turísticos... e quando odislumbramento ia crescendo veio aquela desconfiança. Será que estão me vendo?
Os sentimentos de medo e de desconfiança diante das novas tecnologias, característicos da modernidade, convivem com a fascinação e a proliferação avassaladora do instrumento tecnológico. Rocha, 2003.
A Era Tecnológica primordialmente tem a função de facilitar a vida das pessoas com equipamento que se modificam de acordo com a fluidez da economia. Ou seja, as inovações tecnológicas que permeiam os países de primeiro mundo só se tornaram realizáveis aos de terceiro se este estiver apto economicamente para comprá-las. E estas pessoas que se utilização da tão importante e atual tecnologia ainda têm algum receio de onde tudo isso irá parar?
A tecnologia ainda não substituiu uma pessoa completamente, talvez em um futuro distante, mas ainda hoje esta exerce sua principal função que é de melhorar o dia a dia das pessoas e em seguida de entretenimento, assim por diante.
Vivemos numa era tecnológica expositiva, todos os dias passamos por câmeras cujas imagens arquivadas não passaram nos dias de domingo para nossas famílias, o mais próximo que essas imagens serão usadas será para solucionar algum delito. Todos gostaram da segurança que as câmeras do circuito interno proporcionam, achamos fascinante poder ver a terra e matar saudades de alguns locais no planeta, entretanto será que já nos acostumados a viver tão abertos a todos.
Antigamente quando entrávamos nos elevadores aproveitávamos para limpar o nariz, arrumar as peças íntimas, tudo com a ajuda daquele espelho que exerce àquela função fictícia de ambiente amplo. Hoje não temos nenhuma privacidade, pois há uma câmera, nada escondida que filma todos os seus movimentos. Embora haja uma legislação que proíba o uso de câmeras de segurança em trocadores de roupas em lojas, muitas pessoas não se sentem a vontade em utilizar estes benefícios.
Como explicar o gosto popular de saber sobre a vida das outros indivíduos, de assistir programas que confinam pessoas, de criticar paparazzi e depois adorar ver uma celebridade clicada ou filmada em apuros.
Vemos então que a exposição do outro é a proteção de nossa própria imagem.
Mas, salientar a exposição do outro não basta, isso não causa segurança suficiente para a própria imagem, é preciso inovar.
Pode-se afirmar que o processo de desenvolvimento da internet e de suas modulações, transforma o processo de comunicação.
Os blogs. Está é uma das inúmeras formas de comunicação da era tecnológica. Alguns datam sua estréia em 1997, por John Barger, Rocha, 2007, outros por TIM Berners Lee. Contudo, os assuntos que os blogs abordam hoje dificilmente os pesquisadores poderão catalogar.
Um blog se resume em uma pagina virtual onde o seu criador escreve assuntos diversos e os seus visitantes deixam recados relacionados ou não com o assunto descrito. Geralmente há um contador no blog que marca quantas visitas foram feitas.
Logo quando os blogs surgiram, uma onda de blogueiros passou a existir na internet. Todos queriam falar de si e analisar o outro. Vários assuntos relacionados à política, educação, entretenimento, mas o assunto que teve uma grande movimentação foi o relacionado a namoro.
Além de assuntos gerais muitos blogs pessoais surgiram para falar, com detalhes fantasiados, de pessoas comuns. Antes do ORKUT, os blogs eram a forma mais usada para expor fotografias e de se expor também. Porém o indivíduo se coloca como parte de um sentimento de como este quer que os outros o vejam.
No seu conceito mais simples o blog pode, então, ser concebido como um site personalizado, dinâmico e interativo, atualizado freqüentemente, quando o bloqueiro quiser,poder... Rocha, 2003.
A jornalista Nádia Schiavinatto, relaciona a semelhança exercida nos blogs com os desejos pessoais. Para ela a comunicação já evoluiu de diversas formas, da fumaça à internet, e com estatambém mudou a forma de como as pessoas lidam com suas relações amorosas.
O blog pode ajudar a encontrar a pessoa amada junto com os sites de relacionamentos. " ...pra me conhecer visite meu blog".
Podemos acredita em tudo que está exposto nos blogs? Não é claro. Raramente nos colocamos como uma visão real do que somos. Ora, se já somos o que somos e não podemos mudar o que queremos, por que eu vou escrever sobre outro eu, agora virtual, com os meus mesmos defeitos?
A moral é universal e aplicável em todos os tempos. Já a ética é particular, às vezes momentânea, que fundamenta uma comunidade e elabora-se sobre um território dado, seja ele real ou simbólico, Maffesoli, 1996.
Nos blogs podemos inventar outra identidade e até usar falas de outras pessoas, trocamos idéias com outros de coisas que nem sabemos direito do que se tratam. Queremos ser amados.
O virtual nos possibilita ser o que eu quero e esconder o que eu tenho vergonha se ser, mas que necessito ser.
O mundo das preferências sexuais é a expressão deste ato de negação e adoração. Uma pessoa que diante da sociedade ainda não se sente a vontade de manifestar sua sexualidade bi, homo, trans, este consegue na internet realizar diversas fantasias eróticas. Sites gays aguçam o sentimento de um blogueiro que atualiza diariamente seu blog de desabafo do seu manifesto gay ainda encoberto.
As pessoas se colocam em uma situação crítica quando utilizam os blogs como forma de liberar os infortúnios do dia a dia, mas se este for o exclusivo sentido, este indivíduo se coloca em um estado vulnerável. Pois, apesar do ciber espaço, esses indivíduos são expectadores de suas próprias histórias. Estamos na era da cultura da interatividade e da dinâmica de informação, blogueiros de todo o mudo também estão sujeitos a um dia ruim, e este dia ruim pode fazer com que o escritor virtual consiga passar uma áurea de humanização. E como todo humano não é perfeito estaremos sujeitos às reprovações como na vida real.
Priscila Guimarães