O Diabo Mora ao Lado
Por Erisvan Silva Souza | 09/01/2011 | ContosO DIABO MORA AO LADO - Conto
Essa história que lhes passo a contar, realmente aconteceu na estranha cidade de Senador La Rocque. E pelas ruas esburacada e mal-iluminada, caminhava Mefistófeles, de onde veio e com surgiu aqui, não dava para saber ao certo, segurava um guarda-chuva por ocasião da chuva, vestia sobre tudo uma capa preta de chuva, já sabia de muitas histórias sobre a população daquela estranha cidade, e veio conferir se era tudo verdade. Caminhava de maneira austera e desvia aqui e acolá de poças de lama que se formaram no meio do caminho e continuou avançado pela rua. E então a rua fez uma conversão para a esquerda.
E ele continuava prosseguido, tinha um olhar frio e sombrio sobre seus óculos quadrado, que deixava transparecer sua grande inteligência e eloqüência e, os seus lábios eram finos, que quando sorria notava-se seu dois dentes afiados, igual à de um vampiro, e as suas orelhas eram parcialmente pontudas; e a impressão que deixava passar não era de muita satisfação naquele momento, por ter chegado num lugar igual aquele. Mas estava determinado a cumprir seus objetivos naquela noite fria e chuvosa e até àquela hora não havia cruzado com uma única pessoa daquela monótona cidadezinha. E a rua pouco iluminada que acabará de chegar era a rua José Lopes de Aguiar, algumas casas dessa rua utilizavam-se de uma única parede, praticamente coladas uma na outra ou separadas por estreitas passagens ou becos, muito diferentes uma da outra em tamanho e forma.
Era uma rua esburaca e mal-cuidada, com esgotos a céu aberto e capim por toda extensão, igual à outra que havia ficado para trás, como tantas outras ruas da cidade, já tinha em mente o número da casa que deviria visitar, era a de nº. 616 da rua José Lopes de Aguiar, era onde morava o Sr. Holambo Mendaz e sua esposa Melúria, também conhecida na cidade como Mulher-átoa, e seus filhos: Mofatrão, o filho mais velho, Nugari, a do meio, e Nugatu, o mais novo. E a Sra. Melúria gostava de passar o dia e a noite espiando a vida dos vizinhos por cima do muro ou quem ia passando despreocupadamente pela rua, esquecia até mesmo de seus diários afazeres doméstico, já era de práxis ela jogar comida queimada no lixo, porque havia esquecido de olhar as panelas no fogão; e a sua casa vivia entupida de revistas sensacionalista, que traziam fofocas sobre a vida de famosidades, e eles estavam sempre a falar maldosamente do próximo e também gostava de está informada sobre o que fulano de tal estar trabalhando ou fazendo e a onde, só para se sentir que são melhores que os outros.
A Sra. Melúria, não se cansava de elogia seus filhinhos, quando estava na companhia de suas colegas ou conhecidos, e todos eles ganhavam nome de santo pela sua boca, como se fosse às melhores pessoas do mundo, e para os filhos dos outros não falta reprovações e zombaria, falava que certas amizades poderiam botar a perder seus filhinhos, não sabia as cobrinhas que estavam criando. Ela mal-sabiam o que eles aprontavam na vizinhança quando estava distante de seu olhar severo, dizia que seus filhos eram comportados e muitas pessoas zombavam deles por trás.
E o Sr. Holambo não era muito diferente de sua esposa, era avarento e soberbo, gostava de ouvir as conversas de seus vizinhos que mora ao lado de sua casa, quando as conversas ecoavam pelas paredes, (daí nasceu à expressão "as paredes têm ouvidos" cuidado no que vão dizer ou falar). Quando não escutava direito, se utilizava de um copo, usado contra a parede para ouvir melhor, chegava a pedir silêncio de todos dentro de sua casa.
E no outro dia quando puxava conversa com um de seus colegas, ele distorcia toda a história ao seu gosto e ao seu modo, só para ter a satisfação de ver o outro constrangido ou encrencado, e seus filhos eram alimentados pela mesma mesquinharia. Eles chegaram ao ponto de "cuidarem" tanto da vida alheia, que esqueceram de cuidar da saúde, então foi nessa ocasião que Mefistófeles veio lhes fazer uma visita.
Quando Mefistófeles chegou à casa da Sra. Melúria, ouviu que àquela hora da noite, a TV ainda estava ligada, e, o áudio estava muito alto, e esticou seu braço e então bateu três vezes na porta, sabia que só deveria entrar se fosse convidado.
? Quem é que bate na minha porta á essa hora da noite. ? resmungou ela, de dentro da casa. ? Quem é?
? Sou eu, sou doutor. ? respondeu Mefistófeles, em voz alta. ? Senhora Melúria, se eu não estiver enganado, vi lhes fazer uma breve visita.
? Ah, tá bom. ? disse ela, imediatamente destrancou a porta, e girou a maçaneta e abriu-a. A Sra. Melúria gostava de receber visita de gente importante em sua casa, dizia que traria prestígio para eles diante da sociedade, e um doutor seria muito bem recebido. ? Pode entrar. Rápido que estar caído uma baita chuva aí do lado de fora.
? Obrigado, fique sabendo de seu problema de saúde e de seu marido, e me enviara para atender vocês. ? disse Mefistófeles, que já havia fechado o guarda-chuva, e abandonado no canto da sala.
? Holambo, levanta homem, que temo a visita de um médico em casa. ? disse ela empolgada, que continuou. ? Oh, retire também essa capa, deixe que eu guarde ela bem aqui. ? E então ela, recebeu a capa e pendurou no encosto da cadeira.
? Seja bem vindo doutor. ? disse o Sr. Holambo Mendaz, que havia se levantado de um sofá esculhambado e fedorento a mofo, que estava defronte da televisão. ? Ainda bem que você apareceu aqui, doutor.
A casa deles parecia que há muito tempo não era feita uma faxina, e o cheiro de mofo era delirante, lembrava até gato molhado que não se secou direito. E o áudio da televisão continuava bem alto. E os filhos do casal já estavam dormindo amontoados em um quarto qualquer.
? Vi apenas fazer o meu serviço. ? respondeu Mefistófeles.
? Como é o seu nome, mesmo doutor? ? perguntou a Sra. Melúria.
? Sou o Doutor Mefistófeles. Aos seus serviços.
? Não me vai dizer que foi o pessoal do pos...
? Sim, foi. ? interrompeu Mefistófeles, a Sra. Melúria. ? Vamos saber de que doença, vocês estão sofrendo. E também posso realizar todos os seus desejos.
E os dois se entreolharam animados.
? É sério doutor? ? indagou a Sra. Melúria, seus olhos brilharam, e lhe ocorreram mil pensamentos absurdos e megalomaníacos, e um era de se separar de seu marido. ? Então não vamos perder mais tempo.
? Não precisa ter pressa. ? disse Mefistófeles, se virado para o Sr. Holambo. ? Vau fazer os primeiro diagnósticos. Você pode se sentar aqui, nesta cadeira ao lado da mesa, senhor Holambo Mendaz.
E atendeu ao pedido do doutor. E depois retirou um par de luvas do seu bolso, e uma por uma foi pôs nas mãos, em seguida retirou um termômetro. Sob os olhares atentos do Sr. Holambo a da Sra. Melúria.
? Agora abra bem a boca, senhor Holambo, que vou examiná-lo. ? disse Mefistófeles, colocando o termômetro dentro da boca do paciente. ? Vamos sabe o que você tem, qual é o seu mal. Agora abra bem mais a boca.
E então Mefistófeles se pôs a examiná-lo, sobre o olhar atento da Sra. Melúria.
? O que ele tem doutor? ? perguntou a Sra. Melúria. ? Será que é grave doutor?
? Eu ainda estou avaliado, espere um momento mais, que logo após será a sua vez. ? disse Mefistófeles, mexendo com o termômetro na boca do paciente. ? Muito interessante, agora me mostre à língua.
E o Sr. Holambo fez o que Mefistófeles pediu.
? Deixe me ver aqui. ? disse Mefistófeles, olhando a língua do paciente. ? Temos uma língua bem grande aqui, muito bom senhor Holambo, pode se levantar, agora é a sua vez senhora Melúria. Sente-se aqui.
E então ela sentou-se na cadeira.
? Então doutor como eu estou? ? perguntou a Sr. Homlabo, depois que se levantou. ? Qual foi o resultado do meu exame?
? Espere aí, primeiro vou examiná-la, depois passarei o seu diagnostico.
? Certo doutor.
? Agora, senhora Melúria, abra bem a boca, que vamos saber o mal que lhe aflige tanto. ? disse Mefistófeles, enquanto examinava a boca dela. ? Agora coloca a sua língua para fora para que eu possa visualiza melhor.
? E a minha mulher doutor, como ela estar?
? Ainda eu estou a examinado. Temos uma grande língua aqui, não sem como à senhora consegue manter-la dentro da boca, atrás dos dentes.
? Vou conversar doutor, eu até que eu tento.
? Agora, já pode fecha que já terminei.
? E aí doutor, qual foi o nosso resultado, é grave? ? perguntou a Sra. Melúria.
? Qual é o nosso resultado doutor? Se for muito grave pode nos dizer. ? falou o senhor Holambo, impacientemente. ? Fala logo doutor.
E ainda chovia muito lá fora, e começou a troveja e a relampeja; e a TV ficou mal sintonizada chiando por causa da tempestade, acordado os filhos do casal. E Mofatrão, o filho mais velho, Nugari, a filha do meio e Nugatu o filho mais novo corressem para a sala de estar. E abraçassem seus pais. E por um momento faltou energia, e tudo ficou escuro e, segundos depois ela retornou, e isso fez que os três filhos gritassem.
? Quem é esse homem mamãe? ? perguntou Nugari, que abraçava a cintura de sua mãe.
? É um doutor, filhinha.
? O meu nome é Mefistófeles, doutor Mefistófeles.
? Bom disso nós já sabemos. ? disse o Sr. Holambo, agressivo. E Mofatrão e Nugatu estavam abraçados em sua cintura. ? Nos diga logo doutor, o que nós temos.
? É grave doutor, porque se for pode nos falar agora. ? falou a senhora Melúria, com impaciência.
? Não nos engane, vamos pode falar. ? disse o senhor Holambo, em tom mais agressivo.
? Sabe qual é o mal de vocês é a língua.
? O que foi que você disse. ? gritou a Sra. Melúria.
? Vocês não ouviram, a doença de vocês é a língua. ? falou Mefistófeles, com uma risada estridente. ? É esse mal que vêm os consumidos há anos.
? Veja como fala com nós seu doutozinho. ? gritou o Sr. Holambo, e caminhou um pouco para frente, e os dois o soltaram.
? É mesmo papai dê uma lição nele. ? gritaram os quatro ao mesmo tempo.
? Você não estar em condição para isso agora nesse momento. ? avisou Mefistófeles.
? Ah, vai vê se eu não estou... ? esbravejou o senhor Holambo.
? Seu doutozinho de uma figa, vai vê o que eu vou fazer amanhã...
? Silêncio... Sua mulher vil. O que vai fazer? Vai espalhar fofocas a meu respeito?
Quando Mefistófeles disse essas palavras, a Sra. Melúria começou a sentir um formigado e algo inchando dentro de sua boca e, a sua filha a largou, e agoniada ela começou a aponta com a mão para sua boca. E Mefistófeles ria, e o Sr. Holambo começou a sentir o mesmo em sua boca.
? O que está acontecendo, papai? ? perguntou Mofatrão, com medo.
E a chuva continua forte lá fora, o sorriso de Mefistófeles era de gelar os ossos, e a Mofatrão, Nugatu e Nugari gritavam com medo. Foi quando a Sra. Melúria não conseguiu se conter e uma enorme língua de dois metros saíram de sua boca, e se arrastou no chão de tão grande que era, e os três gritavam sem parar.
? Vejam a mamãe! ? gritou Nugari, vendo a monstruosidade da língua. ? Ela ficou linguaruda.
E o mesmo aconteceu com o Sr. Holambo, enquanto tentava ajudar sua esposa, saiu uma enorme língua de sua boca, a língua media tanto quanto da sua mulher, e os três gritavam apavorados, e Mefistófeles se divertia com a situação.
? Papai também ficou linguarudo! ? gritou Mofatrão.
? É essa doença que vem consumido, os ossos e as almas de vocês. ? falou Mefistófeles.
E aconteceu que a cabeça do filho mais novo se transformou numa grande cabeça de porco, provocado gritos dos outros dois, e depois a do Mofatrão e em seguida a da filha do meio. E os três gritavam iguais a suíno. E a Sra. Melúria e o Sr. Holambo tentavam em vão ajudar os filhos.
? Ah, seu demônio! ? gritou o Sr. Holambo.
? Posso dizer que não sou herói e nem vilão, por que sou igual a vocês. E vi aqui para realizar todos os seus desejos.
? O que temos que fazer para que isso tenha um fim? ? perguntou o Sr. Holambo.
? Um pacto! E com isso e vocês terão o que mais deseja. E as suas almas me pertencerão.
? Sim, e eu desejo que nossas vidas iguais como era antigamente. ? disse a Sra. Melúria.
? Pedido realizado. ? falou Mefistófeles. E assim eles voltaram ao normal. ? E pacto estabelecido. Vocês vão continuar nas mesmas vidas de sempre, mas tentem controla suas línguas ferinas. Para que ninguém mais seja prejudicado. E sem aviso eu voltarei para buscar e reivindicar o que é meu. Agora tenho que ir.
E então Mefistófeles retirou as luvas, e as colocou no bolso, e guardou o termômetro junto e, em seguida vestiu sua capa de chuva preta, e pegou seu guarda-chuva, tudo no mais absurdo silêncio. E depois abriu a porta, e em seguida abriu o guarda-chuva e saiu na chuva, caminhado pela esburacada e mal-cuidada, rua José Lopes de Aguiar, ainda teria mais casas para visitar e prestar seus serviços. E Mefistófeles ainda continua perambulado pela estranha cidade de Senador La Rocque.
E a família do Sr. Holambo Mendaz continuou na mesma monotonia, e a Sra. Melúria continuava bisbilhotando a vida alheia, e lendo revistas de fofocas de famosidades, ainda eles vivem na mesquinharia, mas um dia ainda receberia a vista de Mefistófeles.