O despertar do Urso: a reascensão da Estrela Vermelha

Por Sávio Sousa | 25/09/2010 | Política

Republicação da primeira parte de artigo publicado originalmente em 16 de abril de 2009 no periódico eletrônico "Cenário Internacional" - ISSN 1981-9102.


O despertar do Urso: a reascensão da Estrela Vermelha

O ano de 1991 foi marcado pelo que ex-presidente e agora primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, chamou de "a maior catástrofe geopolítica do século XX": o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Fruto de ações e políticas adotadas na década de 1980, o episódio citado mudou completamente o mundo, talvez de modo mais negativo do que positivo e por isto se trate de uma catástrofe. Afinal, o firme equilíbrio que antes garantia limites políticos para a atuação dos Estados não mais existia. Analisar suas conseqüências sem um olhar ideológico é fundamental para a compreensão de fatos recentes.
O caos que se seguiu foi de proporções catastróficas. A queda no padrão de vida da população, o desaparecimento da hiper-estrutura estatal que supria as necessidades dos cidadãos, a decadência econômica, a perda sobre o controle das forças armadas e o fato de que a Rússia não mais era uma grande potência foi algo extremamente desmoralizante para a população daquele país, tido como herdeiro do Império Soviético. A crise econômica corroeu os pilares da sociedade e a levou ao abismo. Em menos de dez anos, a segunda maior economia do planeta havia desabado para a além da décima quinta posição. Aliado a isto, as forças armadas russas, outrora motivo de orgulho nacional, foram desmoralizadas, abandonadas e sucateadas. As derrotas contra os separatistas chechenos no conflito que durou de 1994 a 1996 agravaram a situação. O estilo de gestão de Boris Yeltsin (1991-1999) possibilitou um aprofundamento da crise, já que este, demonstrando extrema falta de capacidade para governar uma nação, solapou a moral do povo e da própria Rússia, ridicularizou a imagem do país e o levou a um cenário de instabilidade econômica e política, além de submeter os interesses da Federação Russa (FR) aos interesses externos.
A aproximação do fim desta trágica década para o povo russo viu surgir no cenário político um ex-agente do antigo Comitê de Segurança do Estado (Комитeт госудaственной безопaсности, КГБ, ou KGB): Vladimir Putin. A vitória na segunda intervenção na Chechênia, em 1999, permitiu ao então primeiro-ministro Putin ascender ao cargo de presidente. Putin, durante seu governo, conseguiu recuperar não apenas a economia e o padrão de vida da população, mas também o orgulho nacional. Este foi o primeiro passo para a recuperação russa. Depois de quase uma década imerso em um profundo sono repleto de pesadelos, o urso agora dormia tranquilamente.
Após os trágicos eventos de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos da América (EUA), sob o argumento que pregava a necessidade de uma guerra global contra o terrorismo, há uma aproximação entre Moscou e Washington. Enquanto isto há uma recuperação econômica na Rússia, possibilitando a gradual estabilização e posterior recuperação do seu padrão social, econômico e moral. Com o advento da guerra no Iraque, em 2003, há uma clara oposição ao início da beligerância, apresentada principalmente por alemães, chineses, franceses e russos. É possível afirmar que este foi o marco inicial da retomada de firmes posições antagônicas entre a Rússia e os EUA.
O movimento de recuperação russo se tornou mais evidente no último ano do governo Putin, quando foi preparada a transição de poder para Dmitry Medvedev, aliado do ex-presidente. Merece destaque neste período a retomada dos vôos da aviação estratégica da força aérea daquele país e a retirada deste do Tratado de Forças Convencionais da Europa (FCE), que limita a quantidade de equipamentos militares que podem ser permanentemente desdobrados em solo europeu, o que inclui a Rússia ocidental. Com a declaração de independência de Kosovo, província sérvia, em fevereiro de 2008, mesmo sob fortes críticas de Moscou, estava aberta a porta que permitiria o definitivo retorno de Moscou a arena global. A invasão da Ossétia do Sul, república separatista georgiana apoiada pelos russos, por forças de Tblisi em 08 de agosto do mesmo ano e a conseqüente contra-ofensiva russa foram os marcos definitivos do ressurgimento da Rússia e da retomada de firmes posições antagônicas entre esta e o Ocidente, em especial os EUA. O urso, enfim, despertava de seu sono de mais de uma década e meia. Muito foi dito a respeito de um ressurgimento da Guerra Fria. Outros, entretanto, afirmavam a impossibilidade do mesmo devido às características únicas do embate ideológico que marcou o período de 1945 a 1991. De fato, o retorno da Guerra Fria propriamente dita é extremamente improvável. Entretanto, a retomada de um estado contínuo de beligerância entre Moscou e o Ocidente é perfeitamente possível, bastando para isto apenas a adoção de medidas inflexíveis por ambas as partes, o que, com a chegada de Barack Obama a Casa Branca tornou-se menos provável. Para muitos ficou a seguinte pergunta: o que é a nova Rússia?
Atualmente, tanto o padrão social quanto o econômico dos russos difere significativamente daquele observado na década passada. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador utilizado para medir o desenvolvimento social dos Estados tendo como base a expectativa de vida, a renda per capita e a educação, no caso da Rússia, foi de 0,806. Em uma escala que varia de 0 a 1, na qual quanto maior numericamente é o índice do país, maior é o desenvolvimento, a FR está na 73ª posição na lista global. Comparativamente, a União Soviética, em 1990, encontrava-se na 26ª posição e, posteriormente, a Rússia, em 1992, na 52ª colocação, retratando o rápido declínio no padrão de vida da população. Segundo a última avaliação do Índice, que se baseou em dados de 2006, a FR estaria à frente de países como Índia e China, porém atrás ainda de países como Chile ou Portugal. Certamente ainda há muito o que melhorar, mas muito já foi feito. Durante os anos de crise, mais de 30 % da população russa vivia com menos de um salário mínimo por mês. Atualmente, o percentual está abaixo dos 15 %, segundo agencias de notícias russas. Comparativamente, semelhante indicador encontra-se na mesma faixa percentual quando se tratam dos Estados Unidos, segundo informações da agência oficial de censo deste país. O desemprego na Rússia, refletindo as reformas, está próximo dos 8 %.
A Rússia tem sido, nos últimos anos, a maior exportadora de gás natural do mundo e a segunda nação que mais exporta petróleo no globo, atrás apenas da Arábia Saudita. A economia da Federação Russa é, atualmente, de acordo com o Banco Mundial, a sexta maior do mundo, se avaliada em Paridade de Poder de Compra (PPC), que leva em consideração fatores como o poder aquisitivo da população, o custo de vida em determinado país e a taxa de câmbio. Isto a coloca a frente de países como França, Reino Unido e Itália. Se avaliada de acordo com o Produto Interno Bruto (PIB) nominal, a economia russa é a décima primeira maior do mundo, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, estando a frente de países como Índia ou Austrália. A taxa de crescimento da citada economia tem se mantido na faixa dos 7 % ao ano, garantindo a sustentabilidade que proporciona maior confiança, tanto por parte da população geral quanto de investidores. Como parte do Grupo dos Oito (G-8) os russos também mantém participação ativa nas discussões políticas e econômicas entre as outras grandes potências. É interessante notar que a imprensa ocidental freqüentemente cita o grupo como G7+1, devido ao fato de que os russos teriam aderido a este somente por causa de seu arsenal nuclear. Tal denominação não raro apresenta-se como pejorativa, o que, de fato, é errôneo. Os russos possuem atualmente a terceira maior reserva internacional de capital do mundo, o que a coloca a frente, neste quesito, países como Alemanha, França ou Estados Unidos. Além disto, a dívida externa russa, responsável pela crise de 1998, atualmente equivale a 17 % do seu PIB, o que a coloca em situação mais favorável que o Japão ou o Canadá, com as respectivas dívidas externas equivalendo a 35 % e a 60 % dos seus Produtos Internos Brutos. A Rússia também é considerada pela maioria das consultorias internacionais como sendo segura para investimentos externos, sendo, em 2007, segundo a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), o décimo terceiro maior receptor deste tipo de investimento no mundo. Isto a coloca a frente de países como Japão, Austrália e Índia, se considerado o mesmo indicador. Com um parque industrial moderno que abrange todas as categorias das capacidades de produção modernas, a Rússia respondeu em 2008 por 5,1 % da produção de aço do globo, sendo o quarto maior produtor do metal no mundo, e o terceiro maior exportador do mesmo, segundo dados da Associação Mundial do Aço.
Com a recuperação econômica, a Rússia obteve as ferramentas necessárias para a completa reestruturação da honra nacional e de parte da influência que era exercida pela então União Soviética na época da chamada Guerra Fria (1945-1989). O meio mais efetivo e rápido de demonstrar recuperação foi a adoção de uma política externa que alguns apontam como agressiva, embora o mais adequado seja chamá-la de condizente, se levados em conta os interesses russos. Com a recuperação da sua máquina militar, Moscou acredita poder reconquistar ao menos parte da influência soviética.
Os dados da economia russa são freqüentemente citados em análises, sejam estas nacionais ou estrangeiras. Entretanto, análises geopolíticas das capacidades russas são mais raras, sendo o foco deste artigo. Estas, sendo freqüentemente desacreditadas ou subestimadas no Ocidente, devem ser compreendidas da maneira mais precisa possível, levando assim a conclusões eficazes e eficientes. As informações e conclusões aqui apontadas são, exceto quando citadas, baseadas em dados apresentados pela Federação dos Cientistas Atômicos dos Estados Unidos (FAS.org), pela organização GlobalSecurity (Globalsecurity.org) e por agências russas. Devido à extensão deste artigo e a necessidade de abordar com a devida profundidade certos tópicos, o mesmo será dividido em duas partes, a primeira tratando das forças convencionais russas e a segunda tratando das forças não-convencionais, da defesa aeroespacial estratégica, do programa espacial de Moscou e do conflito na Ossétia do Sul.
A Federação Russa é, atualmente, um dos mais hábeis países do mundo quando se analisam as capacidades de projeção geopolítica. Para sustentar o aparato de segurança nacional é necessário grande investimento, sendo o orçamento militar oficial russo em 2008 de mais que ? 55 bilhões, e para 2009, de ? 70 bilhões, segundo informações apresentadas pelo primeiro-ministro Vladimir Putin e citadas pela agência espanhola EFE. Isto supera o orçamento militar oficial chinês que, em 2008, foi de pouco mais que ? 47 bilhões. Com o anunciado incremento orçamentário para a pasta da defesa em 2009, há garantia de que os russos prossigam com as melhorias que vem sendo realizadas na área desde a gestão Putin.
O exército da Federação Russa é atualmente um dos maiores do mundo. O treinamento ministrado aos soldados é excepcional, estando eles preparados para atuar em todos os cenários da guerra terrestre, sendo possível, muitas vezes, ser considerado superior ao ministrado aos soldados de outras potências. Boa parte dos militares, ao contrário do imaginário popular, está equipada com aparato tecnológico que em nada deixa a desejar se comparado àquele portado pelos soldados do Exército dos EUA (US Army), portando ainda equipamentos e armamentos, além de dominarem técnicas, que por vezes superam seus análogos americanos em qualidade. Certamente que o estado das instalações e os serviços de bem-estar e assistência social prestados aos militares ainda deve ser muito melhorado, apesar de já ser observado cenário fundamentalmente diferente daquele que marcou a década de 1990. O exército russo é equipado com 21.000 tanques e 16.000 veículos de combate. Dos tanques, aproximadamente 6.000 são modernos, estando em serviço ativo, havendo ainda aproximadamente mais 2.000 tanques relativamente modernos na reserva. Destacam-se entre os tanques os modelos T-80 e T-90, possuindo o primeiro capacidades similares ao modelo americano M1A2 Abrams. Já o T-90, especialmente quando equipado com a blindagem reativa Kontakt-5 e com os mísseis antitanque/antiaéreos Refleks, não encontra similares no mundo, possuindo capacidades únicas. Tal blindagem reativa concede ao blindado proteção extra, sendo este, quando equipado com a supracitada, capaz de resistir aos mais modernos projéteis antitanques. A blindagem reativa Kontakt-5 também equipa os tanques T-80. Os mísseis Refleks podem atuar tanto contra outros blindados como contra helicópteros, podendo os engajar e destruir antes de similar ação ser realizada pelo inimigo. Além disto, ambos os tanques estão equipados com o avançado sistema de contramedidas eletro-ópticas Shtora e com o sistema de proteção ativa Arena. Este último, único no mundo, utiliza um pequeno radar Doppler e mísseis defensivos para detectar e destruir projéteis e mísseis anti-tanques disparados contra o blindado. O sistema Arena também está em serviço nos veículos de combate da série BMP, a ser tratada mais adiante. Comparativamente, os chineses possuem menos que 2.900 tanques modernos, os franceses, algo em torno de 400, e os americanos, pouco mais que 5.500 tanques M1A2 Abrams. Dos 13.000 tanques russos restantes, parte pode ter passado por programas de modernização, o que, entretanto, não os habilitaria a operar com eficiência e eficácia garantidas nos cenários de combate do século XXI. Para lidar com esta discrepância entre a quantidade de tanques modernos e os nem tão modernos, é possível denotar a partir das informações a respeito do recente conflito no Cáucaso que os russos desenvolveram uma interessante tática: utilizar os tanques modernos na fase ativa dos confrontos e aproveitar os outros modelos na fase passiva destes, quando os principais combates e o perigo imediato já teriam cessado. Quanto aos veículos de combate, estes são em sua maioria os da série BMP, mundialmente famosos pela sua eficiência. Estes se caracterizam por ser uma excelente plataforma multifuncional, podendo ser utilizados para transporte de tropas e apoio de fogo aproximado, sendo marcantes sua excepcional velocidade e sua capacidade de operar em ambientes de guerra química, biológica ou nuclear, assim como os tanques russos. Tais blindados vêm sendo submetidos a programas de modernização nos últimos anos. Tanto os veículos de combate quanto os tanques estão equipados com modernas e precisas munições, capazes de atuar com eficiência, eficácia e precisão surpreendentes. É interessante lembrar a possibilidade de se instalar mísseis antiaéreos de curto alcance nestes veículos sem que se perca ou reduza sua capacidade de combate. Isto garante eficaz proteção antiaérea próxima às forças terrestres. Além disto, os russos operam ainda mais de 2.600 baterias de foguetes de artilharia, mais de 10.000 baterias de artilharia fixa e mais de 4.700 veículos de artilharia autopropulsada. A grande maioria das baterias de foguetes de artilharia é do famoso modelo BM-21, que alia bom alcance a excepcional capacidade de saturação de área. Porém uma parte é constituída pelos poderosos, precisos e eficientes BM-30 Smerch, comparáveis ao modelo americano MRLS, do qual o exército americano opera 772 exemplares. As baterias de artilharia fixa são, em grande parte, do robusto e eficiente modelo D-30. Já os veículos de artilharia autopropulsada são principalmente do robusto modelo Akatsiya, havendo ainda muitos exemplares dos modelos Msta-S e do preciso 2S4. Comparativamente, o exército dos Estados Unidos opera 950 exemplares do modelo M-109A Palladin. A artilharia russa está introduzindo a nova munição de artilharia guiada por satélite Dynamika que, em conjunto com os sistemas de orientação a laser, permitirá uma precisão cem vezes maior. Tanto as forças de terra quanto a aviação de asas rotativas, a ser tratada mais adiante, operam poderosos e capazes armamentos antitanque. No primeiro caso, destaca-se o famoso e poderoso lançador de granadas RPG-29, capaz de destruir os modernos tanques ocidentais M1A2 Abrams e Challenger 2. No segundo caso, o destaque é para os mísseis orientados por laser Vikhr. A combinação de tais capacidades garante a imposição de pesadas baixas a qualquer força blindada no planeta. Para garantir a devida proteção antiaérea tática às forças de terra, os russos operam alguns dos mais avançados sistemas antiaéreos do mundo. Entre eles, destacam-se os mísseis Tor e Buk, além dos sistemas combinados de mísseis e canhões Tunguska. As capacidades dos mísseis Tor serão abordadas mais adiante, quando forem analisadas as características de sua variante em uso pela marinha, chamada Kinzhal. Os mísseis Buk possuem uma taxa de acerto de 90 % contra aeronaves, 70 % contra helicópteros e 40% contra mísseis de cruzeiro. Precisos e capazes, tais mísseis podem ser lançados de veículos blindados, garantindo grande mobilidade e flexibilidade no campo de batalha. Os sistemas Tunguska combinam precisos canhões de 30 mm com capazes mísseis antiaéreos montados sobre caminhões, sendo capazes de, com grande mobilidade e flexibilidade, atuar contra aeronaves, mísseis de cruzeiro ou munições de precisão. Seus mísseis possuem um índice de acerto 65 % contra aeronaves. Possuindo grande mobilidade e flexibilidade, o citado sistema garante adequada proteção antiaérea próxima às forças terrestres. Sua evolução, o sistema Pantsir-S1, baseia-se no mesmo conceito que combina canhões e mísseis, sendo capaz de atuar também contra aeronaves de baixa visibilidade de radar. Este último está sendo introduzido em serviço. Certamente os Pantsir-S1 serão uma das maiores ameaças aos pilotos no século XXI. Já entre os mísseis portáteis lançados de ombro o destaque é para o míssil Igla, guiado por infravermelho, o que garante uma probabilidade de acerto de 48 % contra uma aeronave de combate. Quando o alvo é uma aeronave de asas rotativas, tal porcentagem se eleva.
A Marinha da Federação Russa (Военно-Морской Флот, ВМФ ou VMF) foi a Força que mais sofreu com o fim da URSS. A quantidade de embarcações operacionais de algumas classes chegou a cair 80 %. Sendo historicamente uma força de submarinos por natureza, as estratégias e táticas utilizadas pela ВМФ diferem fundamentalmente daquelas utilizadas no Ocidente. O restrito acesso a mares livres de gelo durante todo o ano limita as opções operacionais disponíveis. Os russos planejam reabrir em breve as bases navais soviéticas de Socotra, no Iêmen, Cam Rahn Bay, no Vietnã, e ampliar a de Tartus, na Síria, o que expandiria enormemente as capacidades operacionais da ВМФ, segundo informações divulgadas. Atualmente a força conta com algo em torno de trinta submarinos nucleares de ataque, sendo oito destes portadores de mísseis de cruzeiro supersônicos, cuja missão primária seria o ataque aos Grupos de Batalha de Porta-Aviões (GBPA) da Marinha dos Estados Unidos (United States Navy, USN). Tais embarcações, da classe Antey, representam a tecnologia submarinista em estado-de-arte. Portando 24 mísseis P-700 Granit, que podem ou não ser armados com ogivas nucleares, tais submarinos são únicos e formidáveis. Já entre os 17 submarinos restantes, destacam-se os modelos da classe Shchuka-B, os mais silenciosos submarinos em uso na Marinha russa, sendo reconhecidos e temidos mundialmente por suas fenomenais capacidades. Seus substitutos, da classe Yasen, serão incorporados já a partir de 2009. Os submarinos da classe Shchuka-B, além de levarem os tradicionais e inigualáveis torpedos supercavitantes VA-111 Shkval, que atingem velocidade de 370km/h, portam mísseis antiaéreos Strela para autodefesa antiaérea, e 12 mísseis de cruzeiro nucleares Kh-55 (S-10). Estes últimos, análogos ao ocidental BGM-109 Tomahawk, possuem moderno sistema de orientação e alcance de 3.000 quilômetros, levando uma carga nuclear de 200 quilotons (Kt)¹. Os russos operam ainda 16 submarinos convencionais, sendo 15 da classe Granay (conhecida como classe Kilo no Ocidente) e 1 da nova e moderna classe Lada. Os submarinos da classe Granay são os mais silenciosos submarinos convencionais do mundo, além de também portarem mísseis antiaéreos e os já citados torpedos VA-111. Já os submarinos da classe Lada estão sendo introduzidos na ВМФ, com a primeira unidade comissionada em 2005 e com previsão de se introduzir uma segunda unidade em 2009. Com modernos sensores e capacidades que superam seus antecessores da classe Granay, tais submarinos deverão garantir a superioridade russa na área de submarinos convencionais nas próximas décadas. Comparativamente, a USN opera algo em torno de 50 submarinos nucleares, segundo informações da própria força, a Marinha da República Popular da China, cinco unidades, a Marine Nationale (Marinha da República Francesa) e a Real Marinha Britânica (Royal Navy), seis unidades e nove unidades, respectivamente, segundo informações das respectivas forças. Tanto a força submarina quanto a de superfície da Marinha russa possuem como missão primária a proteção aos submarinos nucleares portadores de mísseis balísticos, sendo, portanto, projetadas para tal função. Entre os 17 destróieres operacionais na força, destacam-se os das classes Fregat (Udaloy para o Ocidente) e Sarych (Sovremenny na designação ocidental). Ambos possuem excelente capacidade anti-submarina, complementada pela aviação de asas rotativas embarcada nas unidades destas classes, e excepcional capacidade antiaérea, sendo este último modelo tão confiável quando os similares americanos da classe Arleigh Burke. Na doutrina naval russa, os primeiros atuam como plataformas anti-submarinos e os últimos como plataformas anti-superfície, ambos se complementando em suas funções. O destaque em termos de armamentos fica a cargo dos mísseis antinavio P-270 Moskit, instalados em dois lançadores quádruplos em cada unidade, que são capazes de afundar, cada míssil, uma embarcação do porte de um cruzador. Com perfil de vôo rente ao mar e capaz de atingir velocidades supersônicas neste regime de ataque, tal míssil é um dos mais poderosos armamentos antinavio da atualidade, sendo capaz de derrotar o sistema de defesa embarcado americano Aegis. Está em operação também um destróier multifuncional da classe Fregat-M (ou Udaloy-II), designada para ser a contraparte dos destróieres americanos da classe Arleigh Burke. Entretanto, segundo algumas fontes, este supera a citada classe americana em muitos aspectos. Entre outras melhorias, a unidade da classe Fregat-M está equipada com oito unidades dos já descritos mísseis P-270, modernas turbinas a gás, novos sistemas antiaéreos, novos e mais modernos sonares e com equipamentos eletrônicos em estado-de-arte. Já entre as oito fragatas operadas, merece destaque a Neustrashimy, enviada em 2008 à costa da Somália em operação de combate a pirataria. A embarcação é equipada para guerra antiaérea, anti-submarina e anti-superfície, destacando-se, neste último caso, os mísseis subsônicos Uran, de perfil de vôo rente ao mar ("sea skimming"), sendo capazes de afundar navios do porte de destróieres. Entre as 56 corvetas operadas, destaca-se a nova Steregushchy, de desenho furtivo, extremamente moderna, que também está equipada com mísseis Uran. São operadas ainda 25 unidades da classe Albatros que, apesar de serem de projeto antigo, possuem respeitável capacidade anti-submarina e antiaérea, se comparadas com suas similares no Ocidente. Porém, as jóias da frota de superfície russa se concentram em embarcações de três classes. Os formidáveis cruzadores da classe Atlant (Slava no Ocidente), dos quais os russos operam três unidades, sendo uma na Frota do Norte, uma na Frota do Pacífico e outra na Frota do Mar Negro, são conhecidos pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) como "assassinos de porta-aviões". Armados com dezesseis mísseis antinavio supersônicos P-500 Bazalt, que são capazes de, cada um, afundar um porta-aviões ou todo um GBPA, se armados com ogivas nucleares, os cruzadores desta classe não encontram equivalentes em nenhuma marinha do planeta. Tais mísseis possuem um alcance de 550 quilômetros e uma velocidade máxima de 2.450km/h a elevada altitude (até 7.000 metros) ou de 1.960km/h a baixa altitude (até 30 metros), o que reduz muito as chances de interceptá-los antes do impacto. Seu piloto automático também é capaz de levá-lo a realizar manobras evasivas para assim burlar as defesas do alvo. Sua ogiva de uma tonelada de explosivo de grande potência pode ser substituída por dispositivo nuclear de potência de até 350 kt. Entretanto, existem relatos de que as ogivas nucleares de tais mísseis, assim como de outros em serviço na Marinha, não mais estão em serviço. É fundamental citar que, quando se tratam de mísseis antinavio, quanto mais velozes estes são, mais difícil o é de interceptá-los antes do impacto. Além disto, os cruzadores da classe Atlant ainda podem operar em missões de guerra anti-submarino, com apoio de helicóptero embarcado Kamov Ka-27, que será descrito mais adiante, e em operações de bloqueio aéreo (como ocorreu na conflito com a Geórgia). Para estas últimas, as embarcações estão armadas com 64 mísseis antiaéreos S-300F, que também podem ser utilizados na defesa aérea da embarcação, seja contra aeronaves, mísseis de cruzeiro ou mísseis balísticos de curto alcance que estejam a uma distância de até 90 quilômetros. É necessário lembrar, entretanto, que as unidades da classe Atlant não possuem o equipamento de defesa aérea limitado aos citados mísseis, havendo ainda a bordo, entre outros sistemas, as formidáveis armas automáticas de defesa aérea de ponto AK-630, capazes de abater alvos aéreos próximos ou de difícil ataque, como mísseis a caminho do navio. Tais armas encontram-se instaladas a bordo de praticamente todos os navios da Marinha da Rússia, além de poderem atacar também embarcações próximas ou aeronaves tanto de asas fixas quanto rotativas. As embarcações da classe Slava também portam variada gama de canhões e torpedos. A segunda jóia da ВМФ é o Cruzador Pesado de Aviação (Тяжёлый Aвианесущий Kрейсер, TAK, ou CPA em português) Almirante Kuznetsov, o único porta-aviões operacional na Rússia, sendo também o maior porta-aviões não-americano do mundo. Os russos concederam-lhe tal designação para se esquivar das imposições da convenção de Montreux (1936), que restringe a passagem deste tipo de embarcação pelos estreitos do Bósforo e de Dardanelos, na Turquia. O CPA russo leva, além do esquadrão de 24 a 52 aeronaves de asa fixa (número que varia de acordo com a fonte) e 24 helicópteros Ka-27, que podem atuar em missões de guerra anti-submarino e resgate e salvamento, 12 mísseis de cruzeiro P-700 Granit, que serão abordados mais adiante. Apesar da autonomia relativamente pequena, se comparados às similares do Ocidente, a embarcação foi projetada para, com a aviação embarcada, oferecer suporte e defender os grupos de submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos e a frota de superfície. Os porta-aviões ocidentais, diferentemente, foram projetados para projeção de poder. A citada restrição de autonomia deve-se ao fato de que o CPA é propulsado por geradores convencionais. Talvez a mais significativa diferença em relação aos seus semelhantes no Ocidente seja o seu modo de operação solitário, ou seja, sem um grupo de escolta. Isto se deve à variada gama de armamentos defensivos a bordo, que inclui torpedos, mísseis antiaéreos e mísseis antinavio, estes últimos inexistentes nos modelos ocidentais. Entre os armamentos antiaéreos destacam-se o sistema de defesa de ponto Kashtan, complemento evolutivo do já citado sistema AK-630, e os mísseis antiaéreos Kinzhal. Variante naval do respeitado míssil Tor, segundo fontes russas estes últimos mísseis possuem uma taxa de acerto de até 96% contra helicópteros, 95% contra aeronaves, 90% contra mísseis de cruzeiro e 90% contra munições guiadas, como bombas de precisão. Tais mísseis também operam a bordo dos já citados destróieres da classe Udaloy, Udaloy-II, da fragata Neustrashimy e dos cruzadores da classe Orlan, a serem citados posteriormente. Tanto no Almirante Kuznetsov quanto nos cruzadores Orlan encontram-se instalados quase duas centenas de unidades dos mísseis Kinzhal. Sendo assim, o CPA Almirante Kuznetsov é capaz de operar tanto sem escolta quanto na eventualidade da neutralização do seu grupo aéreo embarcado. A última e talvez mais impressionante jóia da Marinha da Federação Russa são os cruzadores da classe Orlan, também conhecida como classe Kirov. Movidos à energia nuclear, eles são os maiores navios de superfície do mundo, se desconsiderados os porta-aviões. Portando como armamento principal 20 mísseis de cruzeiro supersônicos P-700 Granit, estas embarcações podem, cada uma, sozinha, neutralizar algo em torno de dois ou três GBPA da US Navy. Se armados com ogivas nucleares, tais vetores tornam-se ainda mais mortais, podendo a ogiva possuir potência de até 350 kt. Existem relatos de que tais mísseis podem ser armados com ogivas termobáricas de 750 kg, o que, segundo especialistas, os tornariam aptos para afundar ou danificar seriamente várias embarcações com um único míssil sem que se precise recorrer às armas nucleares. Sua característica de vôo conjunto, na qual, se disparados em salva, um dos mísseis voa mais alto para realizar a orientação e aquisição de alvo do grupo, havendo troca de dados entre os mísseis, enquanto o restante segue em regime de vôo "sea skimming" para escapar da detecção pelos radares permite apontá-lo como uma das mais letais armas existentes no planeta. Existem informações de que também os mísseis P-500 Bazalt poderiam operar desta forma. É fundamental citar que, caso o míssil que está voando mais alto seja interceptado, um dos restantes automaticamente o substituirá. A elevada altitude, a velocidade do míssil pode chegar a 3.062 km/h, enquanto que no perfil de vôo rente ao oceano a mesma é de 1.838 km/h. O projétil também é preparado para resistir a impactos próximos de mísseis ou projéteis antiaéreos ou antimísseis, o que torna a possibilidade de interceptá-lo ainda mais remota, além deste ser imune a interferência eletrônica. É interessante citar que o míssil pode receber dados para a aquisição de alvo enviados por satélites de reconhecimento. Os cruzadores da classe Orlan também estão equipados com três helicópteros Ka-27, torpedos, canhões, ampla variedade de armamentos anti-submarinos, avançados sistemas de navegação, comunicação e detecção de ameaças e 96 mísseis antiaéreos S-300F, que já foram descritos. Entretanto, apenas uma unidade da classe está em serviço ativo, o cruzador Pedro O Grande, que difere das demais por estar armado com a variante aperfeiçoada destes últimos mísseis, denominada S-300FM, que, além de possuir avançado sistema de orientação, é capaz de abater aeronaves, mísseis de cruzeiro ou mísseis balísticos de alcance médio a uma distância de até duzentos quilômetros. Os cruzadores da classe Kirov também contam com seis exemplares do já citado sistema de defesa de ponto Kashtan, que, juntamente com também já citado sistema Kinzhal e outros mísseis antiaéreos a bordo, formam um verdadeiro escudo antiaéreo com quase 400 mísseis. A segunda e última das cinco unidades construídas da classe, o cruzador Almirante Nakhimov, está passando por reparos e modernizações e não se sabe se voltará a operar na Frota do Pacífico ou em outra Frota. É possível que ele também seja equipado com os mísseis S-300FM antes de sua reincorporação ao serviço ativo, o que está previsto para ocorrer no início da próxima década. Outras três unidades da classe Orlan, antes operacionais na Marinha da União Soviética, já foram desativadas. Os russos possuem ainda inúmeras embarcações que atuam nas mais variadas missões, desde simples patrulha até implantação e combate a minas navais. Entretanto, uma abordagem das mesmas se torna inviável dada a extensão deste artigo. É interessante citar apenas que os navios caça-minas da ВМФ são considerados os mais capazes do mundo. Não se pode deixar de citar, porém, que tanto embarcações de superfície e submarinos quanto aeronaves de asas fixas e rotativas da ВМФ e da АВ-МФ, esta última a ser abordada a seguir, estão equipadas com modernos torpedos que se assemelham tecnologicamente aos análogos ocidentais, superando-os, entretanto, por serem mais confiáveis e de mais simples operação. A situação se repete quando se tratam de mísseis ou foguetes anti-submarinos e cargas de profundidade. Já as minas navais em serviço nas supracitadas Forças, tanto por suas capacidades e características quanto pela sua confiabilidade e modo simples de operação, superam, e muito, suas similares ocidentais. A Aviação Naval da Marinha (Авиация Военно-морского флота, АВ-МФ, ou AV-MF), é a responsável pela operação das aeronaves da citada Força. Sua missão primordial é a condução de ataques às embarcações inimigas, sejam de superfície ou submarinas, e à infra-estrutura de suporte das frotas inimigas. Entretanto, a AV-MF opera, a partir da Península de Kamchatka, no extremo leste, um regimento de aeronaves interceptadoras Mikoyan-i-Gurevich MiG-31. Existem ainda em operação na Aviação Naval, segundo fontes russas, cinqüenta e dois caças-bombardeiros Sukhoi Su-24M, que podem operar em missões de ataque anti-superfície, guerra eletrônica e reconhecimento, bem como 58 bombardeiros Tupolev Tu-22M3 que, armados com mísseis de cruzeiro supersônicos Kh-22, são uma das principais ferramentas de contenção dos GBPA da "US Navy". As capacidades das citadas aeronaves serão abordadas mais adiante. Estão em operação ainda, segundo fontes russas, 26 aeronaves de patrulha e guerra anti-submarina e anti-superfície Tupolev Tu-142MZ. Equipados com avançados e modernos sistemas de detecção, comunicação e guerra eletrônica e capazes de levar até doze torpedos ou mísseis antinavio Uran, além de portar até 75 bóias-sonares para detecção de submarinos, tais aeronaves possuem um formidável raio de ação de 6.275 km sem reabastecimento. Assim sendo, é possível tais aeronaves patrulharem boa parte do Atlântico Norte em busca de ameaças. O combate anti-submarino por parte das aeronaves de asas fixas é reforçado pelas aeronaves Ilyushin Il-38, das quais quarenta estão em operação, segundo a agência oficial de notícias russa Ria Novosti. Apesar de possuírem menor alcance que os Tu-142MZ, estas também estão equipadas com avançados sensores e sistemas, podendo levar até cinco toneladas de armamentos e bóias-sonares, caracterizando-se como aeronaves robustas, confiáveis e capazes. A bordo do TAK Kuznetsov operam as aeronaves de asa fixa Su-33, variante naval do caça Su-27, que será descrito mais adiante. Assim como o Su-27, os Su-33 devem passar por programa de modernização semelhante ao do Su-27SM, que também será descrito mais a frente. Tanto a aviação naval baseada em terra quanto a embarcada operam os helicópteros Ka-27 e suas sub-variantes. Uma das mais eficazes, eficientes e confiáveis plataformas anti-submarinos do mundo, tratam-se de formidáveis aeronaves. Além de atuar com a citada finalidade, os Ka-27 ainda operam em missões de transporte de tropas e de material, de aquisição de alvos situados além do horizonte dos radares embarcados e em missões de resgate. Seus rotores contra-rotativos, característica marcante dos helicópteros Kamov, permitem que se dispense a instalação dos rotores de cauda, possibilitando inúmeras vantagens operacionais. Capaz de atuar em condições de tempo adversas, bem como de dia ou de noite, tanto nas regiões do extremo norte do globo quanto nas regiões tropicais, o Ka-27 é equipado com um sistema que garante sua flutuação na eventualidade de pousos ou acidentes sobre a água. Se somados os esforços dos cruzadores Orlan e Atlant, dos submarinos Antey e dos bombardeiros navais Tu-22M3, é bem provável que, na eventualidade de um conflito, a VMF consiga destruir ou ao menos incapacitar todos os GBPA da USN. Existe ainda na ВМФ a Infantaria Naval (Морская Пехота, MП, ou MP), responsável por realizar operações de tomada de estreitos e ilhas estratégicas, além de realizar desembarques na retaguarda inimiga. Diferentemente dos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (United States Marine Corps, USMC), a MP é uma pequena força, composta de aproximadamente 12.000 soldados, que dispõem de pequeno poder de fogo, sendo fundamentalmente forças de assalto. Na eventualidade de uma ofensiva com a citada infantaria, haveria necessidade de se oferecer reforços em pouco menos de uma semana após iniciado o ataque. Entretanto, o efetivo da Infantaria Naval é extremamente bem treinado, tanto em combate armado quanto desarmado. Além disto, a MП está equipada com modernos tanques T-80 e outros blindados, além de artilharia, foguetes de artilharia e mísseis antiaéreos, o que garante um maior poder de fogo em suporte às ações da infantaria. A MP está equipada com um vasto aparato de desembarque, destacando-se as embarcações da classe Ivan Rogov, capazes de transportar até 520 soldados e 25 tanques pesados, e as Embarcações de Desembarque sobre Colchão de Ar (EDCA) das classes Polnochnyy e Zubr. Estes últimos, dos quais quatro estão em operação, são os maiores e mais capazes EDCAs do mundo, podendo carregar, cada um, três tanques de batalha ou dez veículos de combate e cento e quarenta soldados ou até quinhentos soldados equipados, levando-os a uma velocidade de até 74 km/h sobre terra ou água. Sendo assim, a Infantaria Naval da Federação Russa é capaz de desembarcar de uma só vez até 5.650 soldados e vários blindados, o que garante a efetiva capacidade de projeção estratégica do país nos teatros de operações da Europa, da Ásia e da África. Apesar das restrições orçamentárias, com a melhoria da situação geral das Forças Armadas da Federação Russa, o treinamento do efetivo geral da marinha russa voltou a passar por incrementos, sendo qualitativamente equivalente aos similares ministrados no Ocidente. Assim sendo, a ВМФ pode ser apontada como a segunda mais poderosa marinha do globo.
A Força Aérea da Federação Russa (Военно-Bоздушные Cилы, BBC ou VVS) é comumente apontada como a segunda mais poderosa força aérea do planeta, atrás apenas da Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force, USAF). No entanto, é possível afirmar que ambas possuem aproximadamente as mesmas capacidades, estando, desta forma, empatadas em primeiro lugar. Tal afirmação é viabilizada se consideradas as capacidades e lacunas peculiares de cada uma. É importante salientar que a comparação é feita exclusivamente entre as aeronaves em serviço nas respectivas forças, desconsiderando-se, portanto, as operacionais na USN e no USMC, por exemplo. Além disto, é necessário frisar que o termo "aeronaves de combate" aqui citado remete àquelas capazes de atuar em missões de superioridade aérea. A VVS possui atualmente 830 caças de combate, sendo 380 MiG-29 e 450 Su-27, segundo a agência oficial de notícias Ria Novosti. Comparativamente, a USAF possui algo em torno de 1.440 caças de combate, segundo dados da própria força, sendo 738 do modelo Lockheed Martin F-16 e 613 do modelo Boeing F-15. Restam ainda aproximadamente 90 caças do modelo de quinta geração Lockheed Martin F-22A. Segundo informações da agência Reuters, entretanto, a USAF deve retirar do seu inventário em 2009 uma soma de 137 F-15 e 177 F-16, o que deixaria a Força com um inventário total de 1.126 caças de combate. A diferença quantitativa pode ser explicada pela diferente concepção de doutrina de guerra utilizada por cada força. A VVS, ao contrário das Forças Armadas dos Estados Unidos, opera mísseis antiaéreos que, em conjunto com as aeronaves MiG-31, que serão citadas mais adiante, atuam na defesa do espaço aéreo da Federação. Já os EUA contam apenas com suas supracitadas aeronaves de combate para a defesa aérea, sobrecarregando as funções destas, que, além da já citada, devem engajar-se em missões de superioridade aérea, ataque ao solo, entre outras. As excepcionais aeronaves MiG-29, equipadas com moderna tecnologia, possuem boa capacidade de carga e alcance, sendo consideradas rivais diretas do citado modelo ocidental F-16. Quando do fim da Guerra Fria o Ocidente descobriu que à época os pilotos dos caças MiG-29 da Força Aérea da União Soviética operavam um sistema de mira montada no capacete, o que permitia o engajamento e o disparo contra alvos sem a necessidade de se re-posicionar a aeronave. Isto tornava as aeronaves muito mais capazes e letais, o que levou os ocidentais a desenvolverem sistemas semelhantes. Os caças de combate Su-27 são tidos como os melhores da História. Capazes de executar manobras inimagináveis a outros modelos, o que garante vitória em combate aéreo a curta distância quando pilotado por pilotos competentes, além de transportar enorme quantidade de armas modernas e possuir formidável alcance, os Su-27 são aeronaves praticamente inigualáveis. As capacidades de ambas aeronaves estão sendo incrementadas por meio de extenso programa de modernização, elevando-as, respectivamente, aos padrões MiG-29SMT e Su-27SM. A Força Aérea russa opera ainda um total 370 aeronaves MiG-31, segundo a agência oficial russa Ria Novosti, o que, somado com o já citado inventário de aeronaves MiG-29 e Su-27, totaliza 1.200 aeronaves. Operando em áreas remotas, elas patrulham as regiões onde não há cobertura de mísseis antiaéreos ou onde se localizam áreas de importância estratégica. O MiG-31 é considerada a única plataforma aérea capaz de neutralizar com eficiência e eficácia mísseis de cruzeiro avançados como os americanos BGM-109 Tomahawk. Entretanto, a aeronave também pode atuar com máxima eficiência e eficácia contra alvos supersônicos ou com características de baixa visibilidade de radar (stealth). Segundo especialistas russos, se o Iraque, durante a Operação Raposa do Deserto, em 1998, dispusesse de tais aeronaves, menos de 10 % dos mísseis de cruzeiro disparados pelos EUA e pelo Reino Unido teriam atingido seus alvos. Seu moderno sistema de datalink permite que apenas quatro aeronaves, compartilhando as imagens de suas telas de radar, formem uma faixa de patrulha e detecção de 900 km de largura. Seu poderoso radar Zaslon, de varredura eletrônica ? sendo a contraparte ocidental, mesmo com características qualitativas inferiores, desenvolvida mais de 20 anos após a entrada em serviço deste ? permite a detecção contínua, precisa e instantânea de ameaças, sendo de processamento muito mais rápido que os de varredura mecânica. Seu sistema de armas, que inclui o poderoso míssil ar-ar R-37, permite a destruição de ameaças a até 300 km de distância da aeronave lançadora. O MiG-31 é, atualmente, o mais poderoso e veloz interceptador em serviço em qualquer força aérea do planeta. Sua variante modernizada por conversão, MiG-31BM, está sendo incorporada à Força Aérea da Rússia, com previsão de que todos os exemplares operados sejam convertidos para o citado padrão. Anteriormente tido apenas como um interceptador, o MiG-31BM, mesmo com sua inferior capacidade de manobra se comparado ao MiG-29 ou ao Su-27, pode perfeitamente atuar na neutralização de aeronaves de combate inimigas, operando a longa distância. Com modernos sistemas de navegação, comunicação, detecção e ataque, além de ser equipado com cockpit de alta tecnologia, tais aeronaves devem permanecer inigualáveis na próxima década. Como aeronaves de ataque os russos utilizam o confiável Su-24M e sua variante modernizada por conversão, Su-24M2, que está sendo posta em serviço. Estas inigualáveis aeronaves são capazes de levar até oito toneladas de variado armamento ar-terra e atuar em missões de dissuasão pré-estratégica, reconhecimento, guerra eletrônica e ataque naval. Em sua versão de reconhecimento, o Su-24MR, a capacidade de ataque é mantida, mesmo com a aeronave transportando os equipamentos necessários para a execução da supracitada missão. Com elevado índice de precisão em ataques com bombas convencionais, os Su-24M se mostraram valiosos no recente conflito no Cáucaso. Em sua citada versão modernizada, a incorporação de aviônicos mais avançados permitirá um índice de precisão de ataque com bombas convencionais ainda maior, além de uma navegação mais precisa. Apesar de já existir sucessor certo para esta excelente aeronave, não há previsão para a retirada dos 500 Su-24M/M2 e 100 Su-24MR que estão em serviço ativo, segundo a Ria Novosti, já que se planeja que estes operem em conjunto com o supracitado sucessor. Tal substituto é o Su-34, aeronave de ataque sem rivais a altura no presente e no futuro que, com aviônica de ponta, poderá realizar variadas missões a distâncias consideráveis. Os russos planejam adquirir 24 unidades do modelo até 2010 e 58 unidades até 2015, o que, segundo eles, seria suficiente para manter a superioridade na área. As citadas aeronaves são inigualáveis, não existindo, no mundo, similares ao Su-24M/M2 e ao Su-34. As robustas aeronaves de apoio cerrado Su-25 representam o que há de mais letal quando se trata de apoio aéreo aproximado. Com uma blindagem formidável, excelente capacidade de carga e alcance e excepcional manobrabilidade a baixas altitudes, os Su-25 são conhecidos como "blindados voadores". Sua presença sobre o campo de batalha garante a imposição de pesadas baixas às forças de terra do inimigo. Seu único equivalente no mundo é o Fairchild A-10, do qual 143 unidades são operadas pela USAF, segundo dados da própria força. A VVS, comparativamente, opera 260 Su-25. Os russos estão incorporando a versão modernizada por conversão da citada aeronave, que contará com moderno radar e sistema de mira em estado-de-arte, que permite não só o disparo de armas inteligentes como também melhores índices de precisão no disparo de armas convencionais. O Su-25SM, como é designada tal versão, garantirá o adequado apoio às forças em terra na próxima década de forma incomparável. Os russos operam ainda as aeronaves de reabastecimento aéreo Il-78, que serão analisadas mais adiante. A Força Aérea da Rússia estuda incorporar em 2011 a aeronave Su-35BM, variante extremamente aperfeiçoada do Su-27. Tal aeronave, da chamada geração 4++, incorpora tecnologias da 5ª geração. Em setembro de 2008 foi noticiado que o Su-35 havia derrotado repetidamente o modelo americano Lockheed F-35 "Joint Strike Fighter" em combates simulados na Austrália. Além disto, dentro do mesmo pacote de simulações, aeronaves russas teriam derrotado grupos mistos de caças americanos F-22, F-35 e Boeing F/A-18 "Super Hornet". Nem russos nem australianos se manifestaram a respeito da notícia. A oposição ao governo no parlamento local, entretanto, pediu explicações ao Ministério da Defesa, já que se cogita a venda do F-35 a Austrália. Os Estados Unidos, entretanto, se apressaram a negar o incidente, afirmando que suas aeronaves, especialmente os F-22 e os F-35, são capazes de superar rivais no presente e no futuro, adicionando que combates simulados não refletem a realidade. Além disto, prever-se já para 2009 o primeiro vôo da aeronave multifuncional T-50, resultado do programa PAK-FA (Перспективный Aвиационный Kомплекс Фронтовой Aвиации, ПАК ФА, ou Futuro Complexo Industrial de Aviação Tática), que objetiva a construção de uma aeronave de quinta geração para equipar a VVS após 2015. Com características de invisibilidade aos radares, baixa assinatura infravermelha, capacidade de alcançar velocidades supersônicas sem a necessidade de acionar os pós-combustores e com super-manobrabilidade, será o rival direto do americano F-22A. Serão também incorporados a partir de 2009 os novos jatos de treinamento e ataque leve Yakovlev Yak-130, que possibilitará adequada formação de vôo aos pilotos das aeronaves das novas gerações. Estes operarão em conjunto com os treinadores universais amplamente utilizados Aero L-39, de fabricação tcheca, que, sendo aeronaves confiáveis, permanecerão em serviço por tempo indefinido. As armas transportadas pelas aeronaves da Força Aérea da Rússia incorporam tecnologia em estado-de-arte, ao contrário do disseminado no Ocidente. Dos mísseis ar-ar Vympel R-73, os mais mortais do mundo em combate a curtas distâncias, e R-77, passando pelos formidáveis mísseis ar-solo e ar-mar Kh-31, Kh-35 Uran e Kh-59, até as bombas guiadas a laser KAB-500L e KAB-1500L e as bombas orientadas por satélite KAB-500S/SE, a VVS está equipada com alguma das armas mais eficientes, eficazes, poderosas e formidáveis do globo. Os russos operam quatro exemplares do pouco conhecido Il-80, que atuam como postos de comando aerotransportado, valiosos na eventualidade de um confronto nuclear. Juntamente com estes, 20 unidades modificadas do modelo Il-22 e alguns exemplares do modelo Il-76SK operam com a mesma função. Os formidáveis Beriev A-50M, dos quais a VVS opera 20 unidades, atuam como aeronaves de alerta aéreo antecipado, comando e controle e guerra eletrônica, podendo detectar desde aeronaves e mísseis de cruzeiro voando a baixas, médias e elevadas altitudes até embarcações em alto mar. Seus sensores de bordo representam o que há de mais moderno e seu radar Vega Shmel é dotado de tecnologia em estado-de-arte. Apesar de possuir alcance de detecção inferior ao do radar da sua contraparte ocidental, o Boeing E-3, o A-50 é capaz de executar uma varredura muito mais minuciosa, detectando alvos a até 400 quilômetros de distância, superando o americano na qualidade da detecção. Talvez a maior lacuna na Força Aérea da Rússia seja na área das aeronaves de reconhecimento. Os principais tipos operacionais, MiG-25RB, dos quais os russos operam 70 unidades segundo a agência Ria Novosti, Su-24MR e Tu-22MR não possuem a flexibilidade dos modelos não-tripulados. Apesar de tanto os MiG-25RB quanto os Su-24MR serem dotados de completos sistemas de reconhecimento e possuírem a capacidade de transferirem em tempo real ou próximo ao tempo real os dados coletados durante a missão, os modelos não-tripulados são os mais adequados aos cenários de guerra do presente século. Estes, apesar de estarem disponíveis para aquisição pela Força Aérea, vêm sendo adquiridos em pequenos números, realidade que está mudando desde o confronto na Ossétia. Os principais modelos disponíveis são o Yakovlev Pchela-1T e o Luch Tipchak, ambos de reconhecimento tático. Com relação aos modelos de reconhecimento estratégico, pouca informação está disponível. A aviação de transporte opera desde os veteranos Antonov An-12, passando pelos formidáveis An-22 e Il-76MD até o inigualável An-124. O primeiro modelo está a décadas em serviço ativo, sendo sua robustez a responsável pela manutenção das 126 aeronaves em serviço. Já o An-22 é a mais possante aeronave movida a hélices no mundo, podendo levar até 72 toneladas de carga. Sendo uma aeronave extremamente robusta, eficiente, eficaz e confiável, 21 exemplares do modelo estão operacionais na VVS. Os Il-76MD, dos quais a Força Aérea russa opera 231 unidades, são o principal tipo da Força, atuando tanto no transporte de carga e pessoal quanto no lançamento de pára-quedistas e blindados por ar. Aeronaves impressionantes, os Il-76MD são atualmente um dos mais capazes aviões de transporte do mundo, podendo levar até 48 toneladas de carga ou três blindados especiais de lançamento por pára-quedas ou até 225 soldados equipados. Por poder operar em pistas não preparadas com maior eficácia e eficiência e possuir a vantagem de sua manutenção poder ser executada apenas por sua tripulação, tal aeronave é tida como superior aos seus análogos em uso no Ocidente. Com um programa de modernização em curso, que padronizará os modelos da aeronave na versão Il-76MD-90, o tipo será uma imagem comum nos céus russos por muito tempo. Em tal versão, os motores adotados são mais econômicos, além de emitirem menores níveis de ruído e de poluentes e possibilitarem maior vida útil, menor custo operacional e maior alcance. Sendo capaz de cruzar todo o território da Federação Russa sem reabastecimento, a nova versão também está equipada com modernos monitores de cristal líquido e melhores equipamentos de navegação. Já os An-124, dos quais a Força Aérea russa opera 25 unidades, são as mais capazes aeronaves de carga já construídas em série, sendo capazes de levar até 120 toneladas de carga. Isto equivale a seis vezes a capacidade do C-130H ou mesmo a aproximadamente 1,6 vezes a capacidade do C-17, ambos em serviço na USAF. Existem relatos de que a produção em série de uma variante modernizada do modelo seria iniciada em 2012 em uma parceria entre russos e ucranianos, atuais proprietários do escritório de projetos Antonov. A Força Aérea da Rússia é a responsável pela operação de helicópteros de ataque e transporte. Neste ínterim, são operados pela força um total de 646 helicópteros de ataque, sendo 634 exemplares do modelo Mil Mi-24, quatro do novo modelo Mi-28N e oito do também novo modelo Ka-52. O primeiro tipo está em uso há décadas, sendo famoso pelo seu excelente desempenho na guerra do Afeganistão (1979-1989). Estes possuem a singular característica de poderem atuar tanto como helicópteros de ataque, portando foguetes não-guiados, mísseis antitanque, mísseis ar-ar e bombas de queda livre, quanto como helicópteros de transporte, levando oito homens equipados. Sendo assim, muitos se referem a eles como helicópteros de assalto. Sua excepcional resistência, capacidade de carga, confiabilidade, eficácia e eficiência garantem que o mesmo permanecerá em serviço por um bom tempo. As unidades do modelo que estão em serviço estão sendo modernizadas ao padrão Mi-24PN, para que assim possam atuar adequadamente nos cenários de combate do presente século. Os exemplares do novo padrão estão equipados com novos sistemas de mira noturna e óculos de visão noturna, bem como novos sistemas digitais de navegação e um novo cockpit digital com telas multifuncionais de cristal líquido. Estes devem operar em conjunto com os novos helicópteros de ataque Ka-52 e Mi-28. Espera-se a aquisição de 12 novos exemplares do modelo Ka-52 em 2009, assim como de 67 novos exemplares do segundo até 2015. Ambos estão equipados com tecnologia em estado-de-arte e, com excelente capacidade de carga, alcance e precisão, deverão constituir o núcleo da força de helicópteros de ataque da Rússia, sendo capazes de estabelecer superioridade na área nas próximas décadas. Comparativamente, a Aviação do Exército dos Estados Unidos opera 742 helicópteros do modelo AH-64 Apache. Já dos 592 helicópteros de transporte em serviço, 540 são do modelo Mi-8, 45 são do tipo Mi-26 e sete do novo modelo Ka-62. Os Mi-8, com capacidade de carregar até 24 soldados equipados ou três toneladas de carga, podem operar também como helicópteros de ataque, sendo armados com casulos de foguetes não-guiados, mísseis antitanque e metralhadoras, ou como plataformas de guerra eletrônica. Equipados com sensores que permitem operações tanto durante o dia e a noite quanto em tempo adverso, tais aeronaves devem permanecer em serviço durante a próxima década. Estes helicópteros são extremamente robustos, eficazes e eficientes, provando-se de grande valor tanto na Guerra de Agosto e nos combates na Chechênia, nos anos 90, quanto nos combates no Afeganistão na década de 1980. Os russos operam ainda os inigualáveis Mi-26, cuja capacidade de carga de até 20 toneladas ou 150 soldados equipados se equipara ao da aeronave americana C-130H. O Mi-26 é tido como o melhor helicóptero de transporte pesado em serviço no planeta. Existem discussões em andamento para modernizar os exemplares em serviço, dotando-os de cockpit mais moderno, assim como de sistemas de navegação mais modernos.
As Forças de Pára-quedistas da Federação Russa (Воздушно-Десантные Bойска, ВДВ, ou VDV) consistem em uma força separada das demais, ao contrário do que normalmente ocorre com as similares no mundo, quando estas fazem parte das forças aéreas. Apesar disto, a VDV depende das aeronaves de transporte da VVS para executar suas missões. A VDV é, atualmente, a maior força de pára-quedistas do mundo, contando com 1.800 veículos de combate, segundo fontes russas, e com mais de 48.000 soldados, segundo a Ria Novosti, o que garante o cumprimento de sua principal função: atuar como forças de elite de reação rápida. Devido a isto, necessitariam do suporte das forças de terra em questão de dias, no caso de uma ofensiva. Extremamente bem treinados e aguerridos, os soldados membros da Força são o há de melhor das Forças Armadas russas. Os veículos de combate em serviço na VDV são preparados especialmente para serem lançados de pára-quedas por aeronaves da VVS. É importante citar, porém, que veículos blindados mais pesados e artilharia, tanto fixa quanto autopropulsada, também estão em serviço na Força para atuarem na eventualidade de reforços imediatos. Sendo assim, a VDV é capaz de executar missões em qualquer lugar dentro do raio de alcance das aeronaves de transporte, a qualquer tempo, contra qualquer adversário. Trata-se, portanto, de uma das mais capazes e temidas forças de pára-quedistas do mundo. Encerra-se aqui a primeira parte deste artigo.

¹Unidade de energia que equivale a 1.000 toneladas de Trinitrotolueno (TNT). As bombas nucleares detonadas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945, possuíam potência unitária de 20 kt.