O DESERTO FRENTE A MORTE

Por jeferson silva | 03/05/2009 | Contos

Já não importa a imensa dor que sinto, já que sequer com o vento posso desabafar, porem, talvez assim se esvaísse ao tempo minha dor, dividindo com tantos outros, que por viver sofrem entre os campos floridos, regados e solitários da saudade.
 

Viver a vida é sofrer a morte por um deserto sem fim, seguindo só, buscando o que não se vai encontrar, nas simples paginas que rascunhamos ao longo de uma historia dentro de uma triste, longa e dura jornada...

Ainda assim sem temer por cruzar as escritas não percebidas que se complementam, nos encontros dos medos tolos de uma vivencia que não gerou paz...
 

Pelas omissões de si próprio já não é capaz de perceber o valor na conta plena e exata que se sente sem nela ainda acreditar, que tudo é apenas uma versão suave pelos sentidos da tal saudade, que completa o sofrimento no destino que ate mesmo a rocha faz abalar...
 

Me entrego a uma alma que se vai ao amanhecer em busca de descanso, depois de sonhar pelo vazio de um entardecer ao mergulhar na densa escuridão de uma noite sem fim, pois quem ama não se permite distanciar-se de seu amor...


Porem a verdade que creio me fortifica ao buscar você que preencheria um coração vazio que permite se abalar no encontro frio do entardecer e que apenas a lua ilumina com puro e verdadeiro carinho que aquece...


Sem paz viajo rumo ao infinito navegando no mar de um vendaval, que a tudo torna distante na razão do desentendimento, afetando alem das causas, ferindo meu coração, minha alma nas incertezas justas daquilo que não vivi e castigam sem qualquer piedade apenas com as estrelas como testemunhas das lagrimas que banham meu sujo rosto como de poeira de longa e inesquecível viagem num trem que transporta a vida.
 

Mas, única era a esperança e agora a vejo tola, perante a diferente indiferença frente aos brotos que justificam igualar o gosto amargo de tão cruel verdade, sem que nada expliquem o esforço do troféu da felicidade, que prometera sem duvidas esperar, e via que não estavas ao relento, pois te aquecia e abrigava em meus cansados e frágeis braços...

Renasce a vida ao lembrar de teu olhar, jamais esquecido em cada despertar, falando com ternura na expressão tão meiga da sinceridade não ausente, e que pelas faltas se faz dispersar dentre pedidos de socorro que a noite abriga sob o olhar atento das estrelas que vagam e se encontram sempre no mesmo lugar.
 

Vejo que no túnel ao qual mergulho já não brilha a luz ao sangrar o gelo da infiel espera em meu peito, refletidas com a transformação de uma dura verdade, mas que permite vingar-se através do tempo à felicidade...
 
Presente é o gosto do beijo na conquista de tê-la em meus braços, do toque único vivido e jamais esquecido na ternura de cada batalha, que apenas agora me faz sofrer, frente ao mar, sentido o vento úmido do desejo e acompanhando os passos lentos do tão nobre distante e presente luar, que se aproxima com cuidado, temendo talvez a partida e uma chance de reencontrar-se na solidez do momento atual.

Talvez os momentos juntos façam assim realizar teus sonhos e não apenas sonhar, pois vejo um manto sagrado como se surgisse do mar vindo em minha direção, trazendo os encantos que apenas Deusas ou no céu se pode encontrar.
 

Porem, ainda assim temo o deserto de meu amor, pois habita em mim indigente e imortal que despreza a morte em seu caminho sem fim, infinito como tudo que precisamos sufocar...


Apenas sinto-me submetido e submisso aos passos de um destino com planos que nada me levaram a construir, mas que não foram em vão os passos dados, pois as viagens cansativas me levaram a ti, que buscava sem saber existir e resgatou do nada um sofrimento atual, mas que nesta vida me deu a dor que agora resgata de maneira desigual nos passos de uma cova sombria dentro do nada extinto em meu ser...


Então, resta-me agora encontrar um sentido, ou apenas um ponto de partida, ainda que apenas em mim seja existente, e assim remover as marcas ocultadas dentro das imprudências das dolorosas e intrigantes buscas do mel universal e dos princípios que regem a vida e o amor...