O desejo em A cartomante
Por Auda Ribeiro Silva | 02/05/2011 | LiteraturaO DESEJO EM A CARTOMANTE
Auda Ribeiro Silva
Introdução
Ao analisar os contos de Machado de Assis, abre-se um mundo novo e rico, visto que fomenta muitos questionamentos e inquietudes, sobretudo porque o estilo machadiano carrega em si a ironia. Bem como a nota permanente de sua interpretação do mundo, e a falta de generosidade no julgar os homens e a vida, ninguém escapa às sentenças machadianas. A cartomante é um exemplo, uma vez que podemos observar tais características. Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo discutir o desejo no mencionado conto machadiano, A cartomante, numa constante interlocução com a psicanálise.
Para tanto, será feita uma abordagem sobre o conceito de desejo, aqui adotado, que servirá de base para o entendimento de toda a análise. Tal conceito será dentro de uma perspectiva psicanalítica.
Em seguida, já adentrando no universo das personagens Camilo e Rita, é apresentado o desejo como alienação. Esse, que será bastante significativo para todo enlace da trama, pois é ele que os levará para os seus destinos. A seguir, é abordado o desejo como vingança na personagem Vilela. De modo que a vingança é resultado do adultério protagonizado por Rita e Camilo.
O próximo subtema fará uma discussão em torno do inconsciente de Camilo. Esse, que será tratado por um viés freudiano. Por fim, será feita uma abordagem sobre a manifestação do desejo na personagem a cartomante, tendo em Camilo e Rita a ponte para a realização de tal desejo. Todas essas questões serão debatidas a partir de um diálogo com a psicanálise, sobretudo com algumas teorias de Freud e Lacan.
1 ? O desejo numa perspectiva psicanalítica
Entendemos que antes de fazer uma análise do desejo presente na obra, faz-se necessário um esclarecimento do conceito de desejo que aqui abordaremos. Quando falamos de desejo, nos referimos ao desejo que ocupa um lugar soberano na teoria psicanalítica, uma vez que aparece como ideia central na busca do entendimento de todo o campo significativo do sujeito humano.
Na psicanálise, o desejo é relacionado à falta, ou seja, o desejo é a consequência dessa falta que está somente no sujeito. Dito de outro modo, o desejo é entendido como uma falta mítica habitada na psique que age como uma ferida. Destarte, o desejo jamais será satisfeito por completo, ele sempre se coloca para o sujeito de maneira absoluta e infinita, e, portanto, inatingível. Ele é o suporte essencial que habita o ser humano, é a diferença inevitável de ser suprimida. Segundo Lacan, "o desejo é sempre o desejo de um outro desejo". De forma que o desejo é o que põe em movimento o aparelho psíquico. Nesse sentido, não somos movidos apenas por instintos, mas pelo desejo, pelo amor que vai além da fome.
Segundo Freud:
A fome podia ser vista como representando os limites que visam à preservação do indivíduo, ao passo que o amor se esforça na busca de objetos, sua principal função, favorecida de todos os modos pela natureza, favorecida é a preservação da espécie. Assim, de início, os instintos dos objetos se confrontam mutuamente (Freud, 1969, p. 77)
Assim, tal como entende a psicanálise, o desejo é o que subentende como afastamento dos padrões da ordem natural ou biológica, ou por assim dizer, é o estruturante do ser humano. Portanto, deixamos de ser instintivos e somos orientados pelo desejo e pela pulsão.
2 ? O desejo como alienação nas personagens Rita e Camilo
Nessa obra, ao explorar o entorno da traição protagonizada por Rita e Camilo, percebe-se um amor recíproco, mas com um impedimento: não poderem ficar juntos todo tempo, pois Rita é casada com o melhor amigo de seu amante. Esse será o grande drama desse amor. Um amor ressaltado por Camilo que ninguém sabe como começou:
Como daí chegaram ao amor, não soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era uma mulher bonita. Odor di femina: eis o que ele aspirava nela, em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. (Assis, 2003, p. 239).
Mas, o fato é que ambos se querem. E alimentados por essa falta, vão fazer de tudo para viver esse romance.
Sabendo-se que as relações amorosas sempre partem de uma falta, falta aqui, como já foi dito, entendida como desejo, e, portanto o combustível do sujeito. Rita sente falta de Camilo, bem como Camilo sente falta de Rita, visto que, juntos vivem a experiência de completude que é manifestada de forma diferente já que o homem prioriza o coito e a mulher o ser amado. Camilo deseja Rita e vive esse romance que não pode evitar, carrega consigo durante todo conto a culpa, culpa que "Camilo quis sinceramente fugir, mas não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca" (p.240).
De acordo com Freud (1969, p. 85), esse sentimento de culpa "motivado e facilmente descoberto no desamparo e na dependência dela [culpa] em relação a outras pessoas, pode ser mais bem designada como medo da perda de amor". Assim, nesse momento Camilo vê-se num emaranhado de sentimentos, cujo desejo é mais forte e tem-se a batalha vencida, de modo que é fácil inferirmos que o amor é cego, sobretudo o erótico, pois o desejo, pois o desejo não é movido pela razão, e, por isso é alienante. Assim, quando se ama se ama na fantasia, que para a psicanálise tem tudo a ver com o desejo, ou por assim dizer, a fantasia é uma forma de expressão dos desejos, não é devaneio é algo que e que orienta o próprio sujeito e que é inconsciente.
Levados por essa fantasia, Rita e Camilo são invadidos um pelo outro, de modo a perder suas próprias referências. Uma espécie de "fazer do outro seu próprio desejo" (Cardoso, p.2, inédito), confundindo os ideais do eu e os valores que cada um tem. Tornando o desejo "o fato mais fecundo da vida psíquica", um estado de absorção pelo ser amado na fuga de si para o outro. Sendo assim, Camilo e Rita vivem esse encantamento do amor, Rita "estava certa de ser amada. Camilo não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado" (p. 238).
Mas, tomados pela paixão cega, não percebem que podem ser descobertos, até quando um belo "dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos" (p. 240). Denunciada dessa maneira, a transgressão da ordem e a quebra do ordenamento, - a saber, o matrimônio ? o amor entre os dois fica ameaçado de tal modo que Camilo diminui a frequência das visitas na casa de Vilela. Nesse instante, a cartomante surge como uma saída para Rita e Camilo que, tomados pela cegueira do desejo, não percebem que, uma cartomante diz apenas o que seus clientes querem ouvir, portanto, agindo desse jeito ganha a confiança dos mesmos e alcança seu grande objetivo que é a sua satisfação com o recebimento dos honorários. O interessante é que a princípio Camilo nega-se em acreditar em cartomantes e até zomba de Rita que fez uso de seus serviços. Porém, as cartas anônimas e o bilhete que recebeu de Vilela o deixaram inseguro a ponto de não pensar duas vezes e precisar da declaração da cartomante ? personagem de grande importância na trama ? de que ente eles tudo ficaria bem, nada de mal aconteceria.
Dessa forma, o desejo é alienante de tal modo, que Camilo não tendo crença em cartomantes é apanhado por um momento de crendice e crê que vai dar tudo certo. Contudo, apesar da afirmação da cartomante, o inevitável acontece: Rita está morta e Camilo é o próximo a ser morto pelo amigo, assim pode-se dizer que a culpa de Camilo depois do ato violento de Vilela é redimida. Portanto, Rira e Camilo são impulsionados por uma força desejante e são condenados a morrer.
3 ? O desejo como vingança na personagem vilela
Como vimos na narrativa, o objetivo de Rita e Camilo era evitar que Vilela descobrisse o adultério, porém esse objetivo não é alcançado, uma vez que ele descobre a traição e a pune com a morte dos amantes, tornando-se o possível vilão da narrativa. Mas afinal, Vilela é tomado por que tipo de desejo? Podemos pensar no mesmo desejo vivenciado pelos amantes Rita e Camilo?
Para a psicanálise, o desejo e a pulsão são o nosso diferencial em relação aos animais irracionais que são de puro instinto. Nós seres humanos somos movidos pelo desejo, esse, de ordem puramente psíquica. O sujeito vive em estado de constante excitação em um momento de prazer e desprazer. Nesse caso, Vilela é um ser desejante, que vive o desprazer com mais intensidade, uma vez que é impulsionado por algo que julga trazer a satisfação, visto que possivelmente já desconfia da traição, pois Rita está presa ao amor de Camilo a ponto de não mais pensar no marido " agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muitas vezes o dele, que os consultava antes de fazer ao marido" (239).
Contudo, para fechar essa lacuna, Vilela vê na morte dos amantes, Rita e Camilo, o seu gozo a possibilidade de punição. É sabido que o homem separa o sexo do afeto e por isso trai, cuja traição é peculiar para a sua macheza. Entretanto, Vilela assume o papel não de traidor, mas de traído, de sorte que o desejo de mata-los passa por toda uma questão cultural, pois a traição cometida pelo homem tem o respaldo da sociedade que é cúmplice e o autoriza, mas uma traição protagonizada por uma mulher é inadmissível.
Por tratar-se de uma sociedade com resquícios patriarcais, ou mesmo machistas, o comportamento feminino deve ser o mais exemplar possível, e qualquer transgressão, qualquer sentimento contrário à ordem faria com que as mulheres se sentissem culpadas e pecaminosas com sentimentos e desejos desabrochados dentro de si. Logo, o desejo de matar os amantes é questão de honra para Vilela. E tomado por essa força, por esse desejo, manda um bilhete para Camilo e o aguarda ansioso. Ao chegar a casa de Vilela, Camilo não consegue se conter:
? Desculpa, não pude vir mais cedo; o que há?
Vilela não lhe respondeu; tinha as feições compostas; fez-lhe o sinal, e fora para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar o grito de terror: ? ao fundo sobre o canapé Rita morta e ensanguentada. Vilela pegou-a pela gola, e, com dois tiros de revólver estirou-o morto no chão.
Portanto. Esse desfecho é crucial para Vilela, pois tem-se nesse final a realização do seu gozo pois se não pode satisfazer os seus desejos sexuais com Rita, ninguém mais poderá. Por conseguinte, Vilela age ao que Freud chamou de mecanismo de defesa, que consiste nos processos do subconsciente que permitem à mente encontrar uma saída para o enfrentamento não solucionado ao nível da consciência. Dessa forma, Vilela assim como Rita e Camilo transgride a ordem, pois não matar é um princípio adotado pelos humanos, sendo preciso estar fora da consciência para haver a quebra desse ordenamento, uma transgressão do bem maior da humanidade "a vida" que talvez seja a regra principal entre os homens. Vilela mata os dois e tem seu desejo alcançado. Por outro lado, sabemos que ele realizou esse desejo, mas como os desejos não acabam, Vilela terá outras faltas, pois são os desejos que o torna humano.
4 ? O inconsciente em Camilo
Tendo em vista que o complexo de Édipo é o desejo incestuoso do filho pela mãe, e uma rivalidade com o pai, é possível inferirmos que a personagem Camilo apresenta indícios desse complexo. Uma vez que na descrição da dita personagem se observa algumas características um tanto reveladoras " Camilo era um ingênuo na vida moral tal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos" (p. 239). Assim é Camilo, desprovido de qualquer experiência, não tem o conhecimento imediato e claro das coisas da vida.
É posto por Freud que esse desejo, complexo de Édipo, é fundamental, pois organiza a totalidade da vida psíquica, sendo determinantes em nossa vida. E mais:
O menino encara a mãe como sua propriedade, mas um dia descobre que ela transferiu seu amor e sua solicitude para um recém-chegado. A reflexão a experiência profunda nosso senso de importância dessas influências, porque ela enfatizará o fato de serem inevitáveis experiências aflitivas desse tipo, que agem em oposição ao conteúdo do complexo (Freud, 1969, p. 218).
Ainda de acordo com Freud, (1969, p.22) "o complexo de Édipo deve ruir porque chegou a hora para a sua desintegração". Caso não ocorra essa destruição, ele permanecerá no inconsciente e manifestará mais tarde seu efeito em forma de doença. Assim podemos pensar que na personagem Camilo o complexo de Édipo não foi banido, mas sim recalcado devido a conflitos internos e externos. De modo que o inconsciente constituído pelo recalque continua insistindo no sentido de possibilitar uma satisfação dessa falta. Nesse momento, surge Rita que será a válvula de escape para esse recalque.
A partir da narrativa, deduz-se que Camilo era totalmente dependente da mãe, não só na vida prática, como também na vida afetiva. Quando sua mãe morre, deixa uma lacuna, essa, que é perfeitamente preenchida por Rita. Sendo Rita mais velha, ele vê nela o espelho da mãe. E, como Camilo desejava muito a sua mãe, percebe em Rita a possibilidade de descarga desse desejo. Nota-se que esse encantamento por Rita só vai ganhar forças quando sua mãe morre. Até então ela apenas acha Rita graciosa, contudo, com o falecimento da mãe, vem à tona a fantasia que estava armazenada na memória do seu inconsciente. Agora Camilo não teria que prestar conta de atos incestuosos, antissociais ou mesmo anti-morais, isso numa perspectiva do inconsciente.
Assim, Camilo vê-se livre para viver esse amor, um amor um tanto quanto reprimido. Realizar o desejo que tinha represado pela mãe, isso no plano da fantasia, só é possível com a morte da mesma, pois nesse momento é transferido todo desejo recalcado para Rita. Prova, é que Camilo nunca tivera uma mulher, sendo isso bem demarcado na obra. Talvez esse seja o grande motivo de sua inexperiência, visto que aos vinte seis anos não tinha vivenciado um relacionamento amoroso, por isso que Camilo fica tão maravilhado ao passear pela primeira vez com uma mulher. "a velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem assim são as cousas que o cercam" (p.239). Dessa maneira, Rita por ser uma mulher vivida, com seus trinta anos de experiência cuida do coração de Camilo, e "ninguém o faria melhor do que ela" (p. 239).
Dito de outra maneira, Rita inaugura a vida amorosa de Camilo, bem como sua vida sexual. É com Rita que Camilo vive seus momentos de intenso prazer. Com ela tem a experiência do amor, de sentir-se completo, a sensação de não falta.
5 ? O desejo manifestado na personagem a cartomante
Na trama, a personagem a cartomante pode ser entendida como o falso herói, na qual aparece com uma possível solução dos conflitos de Rita e Camilo, faltando com a verdade, por isso cria uma falsa esperança para o casal. O desejo manifestado pela cartomante é apresentado como uma falta voltado para o financeiro, deseja ganhar muito dinheiro. Para tanto, encontra em Rita a presa fácil, uma vez que ela, desesperada, na tentativa de solução dos seus problemas, a procura. "Vimos que a cartomante restitui-lhe a confiança" (p.240). Sendo a cartomante a boa charlatã que é, diz tudo que Rita quer ouvir.
Com Camilo não foi diferente, pois o encontra na mesma vulnerabilidade que Rita, embora não tenha a mesma crença dela, no desespero cai no jogo da cartomante. Nesse sentido, a cartomante explora a boa fé de Camilo e "declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo" (p. 244). É claro que a cartomante não tem o poder de mudar o destino dos dois, mas talvez, tirou-os de uma possível preparação para o que poderia acontecer.
Na verdade a cartomante não estava preocupada com o desfecho da história amorosa, mas sim, com a fantasia de tornar-se rica, ou bem próxima disso. Desse modo, a cartomante consegue a realização desse desejo que é a satisfação pessoal no sentido de ganhar muito dinheiro. O gozo da cartomante está nas cédulas recebidas por Rita e Camilo. No entanto, partindo do princípio de que desejo aqui significa falta, e que essa falta é mítica, e, portanto não cessa, podemos pensar que não há realização plena dos desejos, eles estarão sempre numa estrutura de falta.
Considerações finais
Diante do já exposto, pode-se inferir que na obra há um ponto em comum entre as personagens: o fato de todos serem impulsionados por uma força chamada desejo. E, como já foi mencionado, o desejo é o nosso diferencial é o que nos separa dos animais irracionais que agem puramente por instinto. Dessa maneira, é possível pensarmos que o desejo manifestado a partir da falta é o substrato não só para a nossa permanência enquanto sujeito no mundo, como também na nossa vida. O desejo habitado em nós busca um retorno onde tal falta não tenha existência. Para isso, há uma tentativa entre as personagens no sentido de não reprimir os seus desejos, digo os que são postos em discussão, e por isso, pagarão um preço pela transgressão da ordem.
Destarte, tendo em vista que o desejo não é racional, as pessoas que se amam, amam de maneira cega, amam pela força do desejo. Camilo e Rita foram impulsionados por esse amor que na natureza do sujeito age em forma de falta, de modo que, ambos são imbuídos por essa falta. Tendo na dita falta o princípio de tudo, e, portanto o fim único.
Assim, no conto A cartomante o desejo é manifestado de várias formas, por ser o desejo infinito, sem limites, e por isso inatingível, há sempre uma falta que age de acordo com a história de cada sujeito. Percebe-se então, que o desejo tem grande relevância no destino pessoal de cada um de nós; é o que ocorre no conto. O destino de Camilo e Rita não é traçado a partir da vingança de Vilela, nem tão pouco com as mentiras da cartomante. O grande vilão nessa história é o desejo que age como força que a princípio os faz sentirem-se completos, visto que um é objeto do outro. No entanto, esse mesmo desejo que os une os separa, os arrasta para a morte, pois a paixão não age pela razão, mas sim pela pulsão, e, portanto é cega.
Referências
ASSIS, Machado. Seus trinta e melhores contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1908.
CARDOSO, Filho. O amor na estrutura psíquica. Texto inédito.
FREUD, Sigmund. O ego e o id e outros trabalhos. Tradução de Octávio Aguiar. Rio de Janeiro: Imago Editora LTDA. 1969.
FREUD, Sigmund. Além do princípio de prazer. Tradução de Christiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Imago Editora LTDA. 1969.