O DESAFIO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA LECIONAR NA ENGENHARIA

Por Fabio Pereira Fernandes | 29/11/2016 | Educação

RESUMO 

O presente artigo científico por intermédio de um estudo bibliográfico, exibe os desafios na formação do professor para lecionar na engenharia e a sua formação docente necessária. Como todos sabem, o professor é o profissional que trabalha na área de educação e tem como objetivo principal passar seus conhecimentos aos discentes, que devem absorver o máximo de conteúdo possível nos bancos das salas de aula. A melhoria na qualidade da aprendizagem e do ensino requer bons docentes, comprometidos com a tarefa de lecionar. Isso exige profissionais com muita responsabilidade. Sua identidade profissional como professor se constitui como uma interação entre suas experiências individuais e profissionais, ou seja, a identidade docente se constrói todos os dias e se transmite constantemente aos discentes. Através deste artigo, observamos que um dos principais desafios dos professores que lecionam na engenharia, muitas vezes é a falta de capacitação e habilidades pedagógicas adequadas para a prática da mesma, pois padronizam as aulas refletindo no processo de ensino. O desafio, o foco, deve sempre ser o contrário, pois desta maneira, todos estarão ganhando e com certeza a atração mútua fará o processo de aprendizagem caminhar da melhor maneira possível. Desta forma, ao lecionar na engenharia, é preciso considerar a inclusão apropriada dos saberes por meio de cursos de formação e aperfeiçoamento dos professores frequentemente, fazendo com que a sociedade composta por docentes, discentes e Academia, possa aplicar mutualmente a sapiência, convivendo em desejada harmonia.

1 INTRODUÇÃO

É preciso desconfiarmos dos engenheiros, as coisas começam pela máquina de costura e acabam na bomba atômica. Marcel Pagnol Formar docentes é um desafio que está presente em todos os níveis da educação no país, desde o Ensino Fundamental ao Ensino Superior. O processo de formação de professores encontra-se com algumas necessidades limitando a construção do conhecimento, e neste quesito estamos falando de docentes e discentes, pois ambos são os personagens mais importantes no contexto educativo. O processo de educação superior é uma modalidade de ensino que cresce muito através dos vários segmentos dos cursos oferecidos (presenciais, semipresenciais e EAD). Muitos desses cursos são oferecidos aos acadêmicos com a promessa de manutenção do emprego e melhores salários, atualmente uma exigência do mercado de trabalho, fazendo com que em muitos casos o acadêmico não se sinta atraído pelo curso que está fazendo. Analisando o processo de educação no nível da engenharia, constata-se que, muitas vezes, o acadêmico não tem o entusiasmo de frequentar as aulas e realizar as atividades por prazer, e sim por obrigação, por fazer parte da ementa, por exigência do professor ou pela necessidade conseguir um diploma. Diante disso, cabe o seguinte questionamento: quais os desafios na formação do professor para lecionar na engenharia? Com o elevado número de instituições de ensino, principalmente aquelas que lecionam em períodos noturnos, a esmagadora maioria dos professores que atuam nas áreas da engenharia são profissionais que atuam no mercado de trabalho e exercem a docência, por lazer, para estar em contato com mais influência na tecnologia, para ter uma segunda renda, status, entre outros. Há casos em que são convidados e aceitavam sem ao menos ter o devido conhecimento ou até mesmo nunca ter lecionado antes, ou seja, nenhuma experiência em sala de aula. O presente artigo científico, através de um estudo bibliográfico, visa compreender o processo da formação do professor para lecionar na engenharia, 5 para que estes possam desenvolver aulas mais atrativas, focando a atenção dos acadêmicos para as questões teóricas e práticas que envolvem a engenharia, pois esta postura é condição sine qua non para ingressar no mercado de trabalho de modo responsável e com um grande diferencial – o conhecimento. Diante do exposto, reflexões serão apresentadas a seguir buscando explicações e sugestões para sanar as dificuldades do professor ao lecionar para a engenharia.

2 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA LECIONAR NA ENGENHARIA

2.1 COMPETÊNCIA PROFISSIONAL

Conforme mencionado em outras bibliografias ou até mesmo em discussões de grupos de amigos, o professor pode ser considerado a profissão mais importante entre todas que existem. Para existir as mais variadas profissões, todas necessitam ou buscam o saber com um professor. Segundo Ramos (2015, p. 24), “Ser professor é ser um sujeito que, além de mediador e facilitador do saber, não se deixa desanimar pelas condições externas que geralmente são difíceis e desestruturantes da nossa prática”. Facilmente no cotidiano das escolas do país, presenciamos a luta dessa classe que honra a sua profissão e porque não dizer vocação, pois muitos são os obstáculos para alcançar o sucesso. Porém, olhando para o ensino praticado nos cursos de engenharia, tem-se observado que muitas vezes os docentes não estão aptos a lecionar e encaram esta arte de ensinar como hobby, prejudicando todo o processo de ensino. Mostram-se com uma imagem de doutrinador dos acadêmicos, fazendo com que os mesmos passem a ser instrumento de formação de mão de obra para as necessidades específicas do mercado e não como massa pensante. 6 Nesse sentido, de acordo com Kieckhoefel (2007, p. 62): A formação docente deve sobrepor-se ao conhecimento científico, pois só assim o professor terá condições de interpretar o mundo. Ser professor é algo muito maior do que ser um mero profissional, de qualquer área de atuação, disposto a trabalhar para receber um salário no fim do mês, esquecendo os problemas quando chega em casa. O ‘ser professor’, quando comprometido com sua profissão, é um sujeito que não esquece dos problemas como num simples apertar de botões. Ser professor exige ‘identidade’, ‘vocação’ e ‘significação’ daquilo que se busca oferecer à sociedade por meio da profissão. Uma proposta de aproximação do docente de engenharia com o processo de ensino pode ser composta da junção entre a teoria e a prática, mediante a capacitação pedagógica. A capacitação pedagógica fará com que o profissional de engenharia adquira uma visão docente com competências e atitudes didáticas para lecionar em cursos de engenharia, inserindo conhecimento técnico, alinhado com conhecimento profissional e com didática docente almejada. A criação constante de cursos de formação de qualidade e periódicos para os docentes também pode ser vista como uma maneira de manter a qualidade do ensino nas áreas da engenharia. Para Freire (1982, p. 6-7): Outra virtude é a de viver intensamente a relação profunda entre a prática e a teoria, não como superposição, mas como unidade contraditória. Viver esta relação de tal maneira que a prática não possa prescindir da teoria. Temos que pensar a prática para, teoricamente, poder melhorar a prática. Fazer isto demanda uma enorme seriedade, uma grande rigorosidade (e não superficialidade). Exige estudo, criação de uma disciplina séria. Pensar que tudo é teórico é mal, é algo absurdo, é absolutamente falso. Temos que lutar contra esta afirmação. Não há porque negar o papel fundamental da teoria. Entretanto, a teoria deixa de ter qualquer repercussão se não existir uma prática que motive. Com base no que foi comentado, existem dificuldades para o professor lecionar na engenharia. A experiência docente é pré-requisito indispensável a qualquer profissional que desempenha alguma função vinculada ao magistério. Assim, a expressão o “profissional da educação” é a categoria genérica que inclui todos os que exercem qualquer tipo de serviço permanente no estabelecimento escolar. (RAMOS, 2015). Ainda completa Perrenoud (2002, p. 31): Atualmente, as principais carências encontram-se no primeiro registro. Os formadores trabalham, refletem, formam-se, inovam, mas com frequência 7 cada um continua no seu canto. Deixam o desenvolvimento de uma visão conjunta nas mãos dos ministérios e da direção das instituições. A profissionalização dos formadores de professores também passa por sua constituição em comunidade de trabalho. O sujeito constrói o seu conhecimento na interação com o meio em que vive. Portanto, depende das condições desse meio, da vivência de objetos e situações, para ultrapassar determinados estágios de desenvolvimento e ser capaz de estabelecer relações cada vez mais complexas e abstratas. (EQUIPE MULTIDISCIPLINAR IESAD, 2016). Neste interim, é possível verificar a identidade docente necessária para o processo educacional, reflexiva e voltada para o discente.

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