O DESAFIO DOS PAIS NO PROCESSO EDUCATIVO MEDIANTE O AVANÇO TECNOLóGICO: O Treinamento de Pais Como Estratégia de Intervenção

Por Gerlândia Arnaud Formiga | 27/02/2018 | Psicologia

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir a utilização do Treinamento de Pais, como estratégia de intervenção nos processos educativos, mediante o avanço tecnológico. Esta ferramenta faz parte do arcabouço teórico da Terapia Cognitivo Comportamental e possibilita ao terapeuta, realizar eventos, que promova mudanças significativas, nos pais, que resultarão em mudanças nas crianças e adolescentes, estejam elas em terapia ou não. Esta pesquisa assume um tipo exploratório, de caráter revisão integrativa, fazendo uso dos descritores: treinamento de pais, processos educativos, terapia cognitivo comportamental. O papel da família, como laboratório das primeiras e mais significativas experiências do indivíduo, se refere aos pais e aos irmãos, como os principais modelos, tanto em experiências negativas, quanto positivas e estas servirão de referencial em suas habilidades sociais, crenças e valores. Sendo os pais comumente os responsáveis pelo reforço em quase todo o ambiente da criança, concluí-se que treinar os pais é de fundamental contribuição para o desenvolvimento educacional e comportamental dos filhos, logo o Treinamento de Pais tem aqui o seu lugar. Palavras-chave: Treinamento de pais. Processos educativos. Terapia cognitivo-comportamental.

1 INTRODUÇÃO

A Terapia Cognitivo Comportamental vem crescendo no âmbito do tratamento de crianças e de adolescentes. Conceber sua prática e sua instrumentalidade, como passível de detectar mais rapidamente as áreas afetadas no comportamento da criança, permite acesso às regiões consideradas prejudicadas e favorece a aquisição de novos comportamentos. 4 Através de suas técnicas, tem rompido as barreiras de crenças que impedem a habilidade social e fomentam crenças disfuncionais, trazendo graves prejuízos na construção da personalidade da criança e do adolescente. Utilizando-se de instrumentos específicos, tais como, registros diários, protocolos e inventários, além do lúdico estruturado, permite a estes desconstruir as distorções cognitivas e construir novas formas de atuar no contexto social, reconhecendo suas capacidades intrínsecas. O atendimento terapêutico com criança e adolescente segue o modelo teórico para adultos, no entanto na prática, são realizados ajustes, a começar pelo diagnóstico. O terapeuta busca informações de todos que lidam com a criança, tais como, fonoaudiólogo, pediatra e professores. O método, que pode se iniciar com a sessão em consultório, pode adotar ainda, observação em casa e na escola, entrevista com os pais, monitoramento diário, desenhos e redação. A linguagem é adaptada ao nível de compreensão da criança e cada termo deverá ser-lhe explicado com clareza. No início do processo, cabe ao terapeuta orientar sobre o funcionamento do trabalho, o que faz, quem o contratou e para que, o que irá acontecer nas sessões, tudo isso através do diálogo, priorizando no entanto a escuta da criança. (SOUSA; BAPTISTA, 2001). Acreditamos que a transparência seja primordial para o resultado do tratamento, devendo a criança ou adolescente ser informados acerca dos pormenores inerentes ao processo. Questões relativas ao sigilo, quebra de sigilo, horários e duração das sessões são informações necessárias para a construção do vínculo. No primeiro contato com os pais é possível detectar algumas disfunções destes e da criança ou do adolescente, observar aspectos pouco ou não desenvolvidos, avaliando-se aí o nível de comunicação, a capacidade de solucionar problemas, de negociar e o autocontrole do comportamento impulsivo. Devem ser reconhecidas crenças e expectativas dos pais em relação ao seu próprio comportamento. Alguns pais escolhem uma disciplina menos coercitiva, já que a sua foi extremamente rígida, outros consideram a indisciplina como forma de autonomia. É preciso saber dos pais a compreensão que tem sobre o problema do filho. A aliança terapêutica é fundamental para que se efetue o processo de mudança. (SOUSA, 2001; BAPTISTA, 2001). Enfatizamos a importância dos pais refletirem sobre seu comportamento e suas crenças, para que possam identificar o que de fato interfere na aquisição de competências sociais de seus filhos, sabendo-se que modelos parentais influenciam o modo de agir da criança e do adolescente. 5 Tendo como primeiro passo a anamnese, é com os familiares que iniciamos a Terapia Cognitivo Comportamental com crianças e adolescentes, sendo de suma importância traze-la para ser tratada junto ao paciente, considerando-se ser aí, o laboratório onde tudo começa e onde tudo acontece. Os pais ou responsáveis são espelhos de quem as crianças e os adolescentes modelam comportamentos e alimentam suas crenças. A família é, portanto, o minimundo, lugar de experiências, saudáveis ou contraproducentes, onde os exemplos funcionam como um sinal a ser seguido, seja prazeroso ou não. Dada à diversidade de composições familiares no mundo atual, faz-se necessário compreender o repertório de vida em que o paciente está inserido. Conhecer a cultura da família, seus valores, mitos e crenças, é de fundamental importância para sedimentar o terreno onde iremos adentrar. Identificando as áreas afetadas, configuramos os passos a serem dados no processo terapêutico, os instrumentos a serem utilizados e a psicoeducação dos pais. A demanda advinda do atendimento infantil/adolescente traz em si um conjunto de situações onde requer dos pais, uma reflexão sobre sua postura, bem como uma orientação sobre como proceder diante dos comportamentos desadaptativos dos filhos e das demandas sociais enfrentadas. O treinamento de pais tem aqui seu papel, sendo, portanto, um dos importantes instrumentos de trabalho na construção de comportamentos adaptativos/assertivo. O engajamento da família, seja nuclear ou extensa, a instrução sobre as práticas parentais e como elas interferem no modo de ser da criança e do adolescente, faz do treinamento uma excelente ferramenta de trabalho. Ao comprometerem-se com o tratamento dos filhos, os pais estarão possibilitando o reconhecimento da necessidade de mudanças de seu comportamento, que refletirão na problemática apresentada pelo paciente e na construção da formulação do caso. Treinar pais de crianças que não estão em psicoterapia, é mais um dos campos dessa prática. Seja individual ou em grupo, o treinamento fornece subsídios para que pais possam adquirir habilidades que favoreçam sua relação com os filhos e em lidar com os comportamentos que julgam passiveis de ajustamento. Cabe ao terapeuta, habilitar os pais com ferramentas e ensiná-los como ativa-las no contexto comportamental. Perpassando por uma revisão de literatura que aborde o Treinamento de Pais e suas contribuições, fortaleceremos ainda mais o seu valor e sua eficácia nos diversos âmbitos do comportamento humano. Como pais que vivenciam um avanço tecnológico, uma mudança radical de valores que em momentos se chocam com suas crenças, podem vivenciar o processo educativo de 6 seus filhos? O Treinamento de Pais surge como um método de revisão e construção de modelos adaptativos as necessidades familiares. Revendo sua aplicação e avaliando os resultados, fortaleceremos sua aplicabilidade, para a melhoria das relações familiares. Considerando a relevância desse trabalho faz-se necessário tornar acessível materiais que possam contribuir para que mais profissionais possam realizar a prática do Treinamento de Pais. O mundo atual vem se modificando rapidamente, trazendo consigo a necessidade de obtermos novos conhecimentos, para atendermos a necessidade das crianças e adolescentes, que se configura como uma demanda de maior prejuízo diante das confusões e diferentes formas de comportar-se. Face ao exposto, o presente artigo tem como objetivo discutir a utilização do treinamento de pais como estratégia de intervenção nos processos educativos mediante o avanço tecnológico.

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