O desafio de ser um bom professor

Por Divina Bertalia | 24/06/2012 | Crônicas

O desafio de ser um bom professor

                     

 

Durante muito tempo, hesitei em dizer : “Sou professora”. Não, não se tratava de uma ratificação daquela brincadeira de mau gosto estampada em adesivos de carros “Hei de vencer, mesmo sendo professor”, numa alusão direta à vergonhosa remuneração da classe. Era, isto sim, um exercício de humildade, por não me achar à altura de tal posição.  Os professores, para mim, sempre estiveram  num patamar acima das outras pessoas. Os meus mestres  são eternas referências em minha vida. E o interessante é que lembro-me com mais precisão e carinho  daqueles  das primeiras fases de estudo ( ensino infantil, fundamental e médio), embora tenha tido ótimos professores na universidade. Acabo sempre identificando  a imagem positiva que guardo da maioria deles em situações do meu dia a dia. Assim, depois de exercer uma função pública na área técnica jurídico-tributária, estava eu analisando algumas opções de trabalho nesta área na região de Americana, quando fui convidada para dar aulas no Polivalente. Minha primeira reação: “Eu, dar aulas? Mas, será que posso ? ”. Desse dia até hoje, já são mais de 22 anos atuando como professora daquela instituição de ensino de nossa cidade. Afirmo que pertencer àquela comunidade escolar constitui-se numa das razões por eu amar tanto Americana. Efetivamente, os diversos momentos lá vividos foram e continuam sendo determinante para o meu amadurecimento pessoal e profissional.  Em virtude dessa rica experiência, tenho refletido muito sobre o que faz alguém ser um bom professor. Evidentemente, que um mestre deve ter aprofundado conhecimento sobre o componente curricular em que ministra aulas. Precisa ser humilde para aceitar que essa sabedoria precisa ser atualizada sempre. Deve também dominar as novas tecnologias de audiovisuais (projetores, vídeos,  power point e demais programas virtuais) e saber   utilizar  as modernas  ferramentas de acesso à informação ( internet, lousa digital ), dentre outras. Além disso, aos professores se impõe também a necessidade de saber se comunicar, de transmitir o que sabe aos seus alunos, na linguagem adequada ao público-alvo. É evidente que tudo isso deve transcorrer num clima de amabilidade, simpatia e bom humor, pois já que todo bom professor deve impor disciplina à classe, que ela seja construído um clima de mútuo respeito entre mestre e alunos, uma relação de entre-ajuda, em que ambos se respeitem e se gostem. Não podemos nos esquecer que, independente da área em que atua, o professor deve ter um domínio de uma linguagem culta, sendo um incentivador do estudo do idioma pátrio aos seus alunos. Resumindo, o que faz o bom professor é o brilho no olhar, a motivação que o faz preparar-se para entrar numa sala de aula com alto astral, não obstante as contrariedades e as tensões do seu cotidiano, incluindo-se aí a desvalorização que os governos e a sociedade ainda dirige à essa prestigiosa categoria de profissionais. E por falar em administração, o bom professor também deve valorizar os registros, os controles administrativos, afinal são eles que evidenciam o resultado de seu trabalho.   Os professores não formam apenas bons profissionais, formam cidadãos para a vida e para o mundo. Depois de mais de vinte anos vivendo o dia a dia de um professor, de uma comunidade  escolar e, principalmente, da  vida dos alunos, cheguei a conclusão definitiva: caso um professor falhe na transmissão de conhecimentos, essa carência poderá ser suprida pelo aluno no futuro,  com as facilidades da vida moderna. O que um professor não pode, em hipótese alguma, é ferir a auto-estima de um estudante, pois isso, sim, será um trauma potencialmente grave e difícil de ser superado.  Resumindo: o bom professor é aquele que desperta nos alunos o desejo de que a próxima aula chegue logo.  Afinal,  os bons  professores educam a emoção  com que os alunos vão  para a vida.