O delírio do destino.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 18/01/2013 | FilosofiaO delírio do destino.
Por favor, entenda a metáfora.
Não seja apressado.
Não gosto de Deus.
Mas reconheço que sem ele.
Eu não seria o que sou.
Então agradeço a Deus.
Mesmo não gostando.
Porque devo tudo a Deus.
Sabe qual o motivo de não gostar de Deus.
Muito simples ele não existe.
Por não existir passei a ignorá-lo.
Uma ideologia.
Senti enganado pela cultura.
Mentiram para mim.
Acreditei na mentira.
Foi muito bom enquanto acreditava.
Mas hoje sei que Deus não existe.
Motivo pelo qual passei a não gostá-lo.
Deus uma magnífica ilusão.
Mas ao descobrir que Deus não existe.
Descobri que tudo mais não existe.
Essa não existência é uma loucura.
O mundo é a representação da irracionalidade.
Porque o mundo sem Deus ele não tem sentido.
Nada tem sentido porque tudo caminha para o não ser.
Exatamente nada pode ser o mundo que não é.
Do mesmo modo o homem.
Também não sou.
Tudo que existe não existe.
Porque a existência não tem significado.
A vida é a mais absoluta alienação.
Por isso o melhor mesmo.
Seria não existirmos
Já que na prática não somos mesmo.
O ideal seria.
Comer.
Beber.
Dormir.
E fazer sexo para reproduzir.
Não ter ideologia.
Renegar todas as formas de cultura.
Porque cultura é antropologia.
Seria muito bom.
Se não tivéssemos a linguagem.
Se não dominássemos os signos.
Não inventássemos os raciocínios.
Se não existisse a lógica intuitiva.
Se a substancia não apresentasse.
Na variabilidade de sua formalidade.
Se o sujeito não fosse produto da cultura.
Se fosse de fato possível o livre arbítrio.
Devo dizer mais uma coisa.
A natureza é atrevida.
Não tinha direito de fazer a vida.
Da forma que fez.
Aproveitou da não existência de Deus.
E não foi democrático com ninguém.
Transformou todos em pastos de todos.
E ficou divertindo com essa lógica.
De nada ser nada.
Que coisa triste, mas tudo é dessa forma.
Quanto a mim, você é uma barata.
Depois de mortos.
Qual é a nossa diferença.
Na perspectiva da natureza.
Não existe diferença.
Tudo que existe tem como dever alimentar a natureza.
A vida é esse absurdo.
Existimos para alimentar a essencialidade.
Da natureza.
Esse é nosso futuro naturalmente triste.
Sermos eternamente a nossa negação.
Presos a obscuridade da terra até desaparecermos definitivamente.
Edjar Dias de Vasconcelos.