O CURRÍCULO NA PRÁTICA DA APRENDIZAGEM

Por Daisy Tenório dos Santos | 26/09/2016 | Educação

Resumo:

O presente artigo traz para a reflexão sobre a importância do currículo com a intenção de ajudar as escolas a auxiliarem os seus projetos políticos pedagógicos, como também vai despertar em todos os envolvidos, na comunidade escolar sobre como está sendo assimilado no ambiente de aprendizagem. Além disso, como Os documentos curriculares, que regem a educação no nosso país, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) estão sendo colocados em práticas, no dia a dia do ambiente escolar, mediante as práticas pedagógicas. Também, será feito um panorama histórico sobre o currículo, desde os tempos mais remotos até os dias de hoje, os quais os inúmeros desafios estão no alcance da equipe pedagógica.

1 – INTRODUÇÃO   

         Dando o ponto de partida nesse artigo, é preciso compreender, de forma histórica que o currículo constituiu um dos maiores fatores que maior influência possui na qualidade de ensino.

         O currículo, de forma geral, veio para ser um grande diferencial nas práticas de aprendizagem, dentro do ambiente escolar. Tanto as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) quanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são considerados documentos fundamentais para a articulação de toda a prática docente na sala de aula. No entanto, é de suma importância que haja um debate mais amplo, o qual seja analisado criticamente as estruturas de cada documento e a forma sobre como estão apresentados os conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais), além dos níveis que serão alcançados. Ambos são essenciais para a contribuição da cidadania e sua relação com a escolarização.

         Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ressaltam que a relação currículo, cidadania e educação significa:

O conjunto das proposições aqui expressas responde à necessidade de referenciais a partir dos quais o sistema educacional do País se organize, a fim de garantir que, respeitadas as diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e complexa, a educação possa atuar, decisivamente, no processo de construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre os cidadãos, baseados nos princípios democráticos. Essa igualdade implica necessariamente o acesso à totalidade dos bens públicos, entre os quais o conjunto dos conhecimentos socialmente relevantes (BRASIL, 1997, p.13).

        Contudo, existem diversas perguntas e questionamentos a respeito das práticas curriculares, nas escolas: Quais são os princípios que norteiam as suas respectivas propostas? Como os professores estão lidando com estas vertentes nas suas práticas de ensino? De fato, as dúvidas sempre farão parte do cotidiano de cada docente. Porém, é de extrema importância que haja um forte diálogo entre as formas de integração nas concepções da disciplina, currículo disciplinar e conhecimento com as atuais políticas e práticas curriculares presentes.

       Entretanto, as Diretrizes Curriculares Nacionais, no 3º artigo, ressaltam, entre outros aspectos:

I – As escolas deverão estabelecer como norteadores de suas ações pedagógicas:

Os princípios estéticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum.

  1. Os princípios dos Direitos e dos Deveres da Cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.
  2. Os princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais (CEB 4/98).

       De forma geral, o currículo nada mais é que o conjunto que visa nortear e também colaborar, de forma positiva, para o ambiente escolar. Isto mostra que todos (professores, alunos, gestores, etc) estão fortemente envolvidos. Silva (1995) afirma que “o currículo se envolve num ambiente em permanente mutação, ou seja, se o currículo se engloba o que se passa na experiência educacional.”

 2 – AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CURRÍCULO

  2.1 – O currículo e as teorias históricas:

         O “Currículo Tradicional” surgiu nos Estados Unidos. Bobbitt é um dos grandes influenciadores dessa corrente. Em seu livro “The Curricullum” (1918), o autor buscava comparar o sistema educacional com o sistema industrial. Ele também afirma que o currículo é a especificação precisa de objetivos, procedimentos e métodos para obter os resultados que possam ser mensurados.

(...) o sistema educacional fosse capaz de especificar precisamente que resultados pretendia obter, que pudesse estabelecer métodos para obtê-los de forma precisa e formas de mensuração que permitissem saber com precisão se eles foram realmente alcançados. O sistema educacional deveria começar por estabelecer de forma precisa quais são os seus objetivos. Esses objetivos, por sua vez, deveriam se basear num exame daquelas habilidades necessárias para exercer com eficiência as ocupações profissionais da vida adulta (SILVA, 2007, p. 23).

        

         Durante muitos anos, o currículo era visto como forma mecanizada, ou seja, não eram debatidos os conteúdos de ensino. Além disso, estava fortemente baseada no tecnicismo.

         O tempo passou, muitas mudanças aconteceram e as concepções tradicionais do currículo ficaram obsoletos. As críticas ao currículo tradicional e o tecnicismo começaram a crescer, para que novos conceitos sejam estabelecidos. Estudos e teorias críticas foram propagados, com a intenção de estabelecer o novo conceito de currículo. Os destaques ficam para as teorias de Louis Althusser (1970), o qual salienta que “a escola contribui para a reprodução da sociedade capitalista que deseja transmitir, através das matérias escolares, as crenças que nos fazem vê-la como boa e desejável. Apple (1979) vê o currículo na perspectiva crítica que inclua as mediações. Também existem os tipos de currículo que se acordo com Bernstein(1971) são: o integrado e o oculto. As teorias pós-críticas mostram que o poder está em toda a parte e que é multiforme. A partir de então, surgiu o fenômeno chamado multiculturalismo, onde são impregnadas as mudanças necessárias.

       Ainda falando em multiculturalismo, Candau (2008) apresenta várias perspectivas multiculturais: o conservador, onde é proposto a integração entre as culturas minoritárias à cultura hegemônica; o diferencialista e plural, onde são envolvidos propostas de convivência tolerantes entre as culturas e o interativo ou intercultural, o qual compreende que as culturas são incompletas ou estão em transformação.

2.2 – Níveis de interação com as disciplinas:

         Existem diversas interações entre as disciplinas que são bastante conhecidas. Elas são:

  • Multidisciplinaridade: representa o primeiro nível de integração entre os conhecimentos disciplinares.
  • Pluridisciplinaridade: é observado algum tipo de interação entre os conhecimentos interdisciplinares, embora eles ainda se situem num mesmo nível hierárquico, onde não há nenhum tipo de coordenação entre um nível hierárquico superior.
  • Interdisciplinaridade: de acordo com Japiassu (1976), é caracterizada pela presença axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas, onde é introduzindo a noção de finalidade.
  • Transdisciplinaridade: representa um nível de integração além da interdisciplinaridade, ou seja, a sua proposta está mais relacionado ao campo epistemológico

2.3 – Currículo integrado:

          Segundo Santomé (1998), é utilizado como tentativa de contemplar a compreensão global do conhecimento e promover maiores parcelas de interdisciplinares na sua construção. Neste ponto, o autor quer explicar que existe um “código coleção”, ou seja, o currículo é associado à organização.

          Matos e Paiva (2009) compreendam que o currículo integrado, muita das vezes, se incorporam às perspectivas epistemológicas, pedagógicas e até mesmo políticas, as quais são extremistas e também antagônicas umas das outras. Lopes (2002, 2008) argumenta que existem 3 vertentes que compõem o currículo integrado: a) currículo por competências, organizadas por módulo; b) currículo centrado nas disciplinas escolares de referencia; c) currículo centrado nas disciplinas e matérias escolares.

3 – O CURRÍCULO DENTRO DAS ESCOLAS 

3.1 – A formação docente nas vertentes curriculares:

         Não se pode falar de currículo, sem falar sobre a importância de suas práticas dentro da formação docente. Sendo que se for trabalhado, de forma significativa, como também de forma clara e objetiva, pode facilitar e muito a sua prática, como professor. Porém, isto não se extingue de um dia para o outro, ou seja, a prática deve ser contínua e constante, pois o mundo e a sociedade passa por intensas mudanças e os mesmos precisam se atualizarem.

        Mariotini (2011) alega que é necessário estabelecer o caráter político da educação e a revalorização do papel da escola e do currículo no desenvolvimento de transformação social.

       O autor também frisa que:

Na construção do currículo, é evidente a necessidade de perceber a contribuição dos educadores, sua formação inicial e, no exercício da prática docente, sua formação continuada, pois, depende da proposta política pedagógica da escola e o espaço social que a mesma localiza, os estudos de um currículo democrático e de interesse social. As contribuições dos professores que no exercício de suas práticas propõem transformações sociais hoje são contempladas nos planos de carreira com horário específico de reflexões e formação continuada (MARIOTINI, 2001, p. 6).

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