O crescente consumo de drogas na adolescência

Por POLIANA CUSTODIO CORREIA | 01/08/2012 | Educação

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS – UNITINS

CURSO: SERVIÇO SOCIAL

DISCIPLINA: ORIENTAÇÃO DE TCC II 

O crescente consumo de drogas na adolescência

Integrantes: POLIANA CUSTÓDIO CORREIA

MARIA DE LOURDES CARVALHO

ANGELA RAQUEL DOS SANTOS

ANA PAULA DE SOUZA CAMACHO

Cidade: Tangará da Serra- MT/ 2011

RESUMO 

Muito tem se falado sobre as atitudes dos adolescentes em relação ás drogas. O uso de álcool, cigarro e outras substâncias vem crescendo entre crianças e adolescentes, quando o individuo tem o primeiro contato por curiosidade, através de amigos, para fugir de problemas familiares, enfrentar difíceis situações, estimulantes e o fácil acesso às drogas socialmente aceitas. Com o avanço dos meios de comunicação, onde tudo se tem acesso rápido, as drogas ficam com mais força, não possuem fronteiras e pega quaisquer jovem, capaz de tudo para alimentar seu vicio, deixar a escola, colocar a sua vida e a de seus parentes e amigos em risco. Através de pesquisa bibliográfica, com citações de autores como Içami Tiba e Clara Rappaport, vamos entender e perceber que a escola, a família e sociedade não estão preparadas para enfrentar essa triste realidade.

PALAVRAS-CHAVES: Adolescente, drogas, escola.

INTRODUÇÃO 

Sabe-se que a adolescência é um período de muitas mudanças, sejam físicas, hormonais, emocionais ou sociais que afetam diretamente a vida dos indivíduos, porém, em meio a tantas alterações, infelizmente, alguns jovens acabam por se perder em suas ideologias. Mediante a realidade atual relacionada entre adolescência e drogas, e suas conseqüências, este trabalho aborda um tema que está presente hoje nas escolas, prejudicando o ensino e desenvolvimento dos educandos e educadores.

Um conjunto de fatores acaba por acarretar que os adolescentes embarquem no mundo das drogas, podemos destacar: a rebeldia, problemas na a família, a necessidade de interagir e ser popular entre os colegas, e a facilidade de se comprar e ter o primeiro contato com a substância através de traficantes e pessoas que se dizem amigos, muitas vezes a primeira vez é gratuita, o que a torna mais acessível. Se por um lado o mercado das drogas está em largo crescimento, por outro é cada vez menor a faixa etária de idade dos adolescentes que usam drogas. Para entendermos melhor o porque cada vez mais jovens estão envolvidos com drogas, antes precisamos saber e falar sobre as modificações que ocorrem numa fase da vida pela qual todos passam: a adolescência.

Os possíveis resultados mostram um assunto que ao longo das gerações vem sendo discutido e ampliado, no trabalho, na família, na mídia, e nas escolas. Contudo, alguns adolescentes preferem utilizar de drogas licitas e ilícitas para que os ajude a passar por esta turbulenta fase, isso que estaremos abordando através de pesquisas, que fora realizada por meio de levantamentos a cerca da proposta apresentada, com objetivos de relacionar o que ocorre no conjunto, drogas, adolescência e ambiente escolar, em quais contextos ocorre e quais as conseqüências, tanto para o próprio ser, quanto para sociedade.

1 - COMPREENDENDO A ADOLESCÊNCIA 

A adolescência é um período de muitas mudanças que ocorrem na vida do ser humano, que tem por objetivo transformar a criança em um jovem, podendo ser físicas, psicológicas ou sociais, trazendo um conjunto de reações que pedem transformar tranqüilidade em fúria. O adolescente esquece até mesmo da educação que recebe em casa e na escola.

Içami Tiba (2006, p. 86), apresenta o conceito de alterações que acontecem na educação de uma geração para a outra como: 

Os costumes dos nossos filhos não dependem só do que eles aprendem dentro de casa. A educação familiar escapou ao controle porque, desde pequena, a criança já recebe influencias da escola, dos amigos, da televisão e da internet. Desse modo, entra em contato com modelos diferentes de funcionamento muito mais cedo. 

Entrar no mundo dos adultos é um misto de desejo e temor. Significa a perda definitiva da condição de ser criança e com isso surgem as responsabilidades, mostrando o que realmente mudou em suas vidas. E é na angustia da nova vida, que se juntam em grupos, e nestes, por vezes com medo de não serem aceitos pelos novos amigos passam a se submeter à regras, sejam elas quais forem, estando vulnerável e querendo seu lugar no grupo, é neste momento que surgem as dependências químicas. É muitas vezes, com estas atitudes que conseguem ser ouvidos, pois os ditos amigos possuem linguagem própria, coisa que os pais não têm. 

2 - A ESCOLHA DA DROGA E SUAS CONSEQUENCIA 

Os adolescentes passam a sempre estar em busca de sua independência, estabelecendo a sua identidade, seu lugar, encontrar seu espaço no mundo. Não se enquadram mais no grupo das crianças e nem ainda no grupo dos adultos. Ficam num estágio intermediário a procura de descobrir seu lugar no mundo e conquistar o seu espaço, o que está sempre aliado a conquista de sua independência.

Rappaport (1995, p. 80), esclarece que: 

Os jovens, de modo geral, e os rapazes com maior intensidade, costumam associar (ou são pressionados e isso pelo grupo de amigos) ser adulto, virilidade e masculinidade ao fumo e à bebida. Parece que para ser homem, é preciso “tomar todas”, embriagar-se. Ou, outras vezes, por timidez ou insegurança quando à sua aceitação pelas meninas, bebem para tentar desinibir-se e partir para a conquista. Na maior parte das vezes, tudo não passa de tremenda ressaca; muitas vezes provoca brigas violentas entre pessoas ou grupos, ou acidentes de carro ou moto. 

A droga após ser utilizada por seus usuários altera o comportamento físico e mental, em alguns casos deixando a pessoa agressiva e violenta. As vitimas das drogas não é apenas os usuários, as pessoas que convive com eles acabam se tornando parte dessa destruição que a droga causa, a violência domestica é uma das conseqüências.

Existem drogas como cocaína, maconha, que não sendo de fácil acesso, pelo seu alto custo financeiro, dão lugar para outras substâncias serem utilizadas. Permanece com isso o mesmo objetivo: a busca pelo prazer imediato. As drogas proporcionam uma sensação agradável por um período de tempo, mas este mesmo objeto de prazer é capaz de levar a um caminho sem volta - a morte, não apenas pela chamada e conhecida overdose, mas, por acidentes de trânsito, atropelamentos, roubos seguidos de morte, entre outros que os meios de comunicação nos mostram.

Todos os tipos de drogas, através dos seus efeitos trazem algum tipo de dificuldade na aprendizagem, memorização, desenvolvimento e atenção de seus usuários, fazendo com que o rendimento escolar, por exemplo, diminua. O consumo de drogas entre crianças e adolescente tem inicio em torno dos 9 á 14 anos de idade, podendo ser maior ainda esse numero quando se trata de crianças de rua. O crescimento do numero de menores que já consumiram algum tipo de droga licita como álcool, tabaco e solventes, dar-se-á facilidade de se adquirir esses produtos em bares, padarias, lanchonetes e outros comércios vizinhos a escola, isso acontece ao fato de ninguém da escola ou do Poder Publico, notificar e dar ciência ao estabelecimento de que é proibida a venda de drogas como o álcool e o cigarro á menores de idade.

Dados extraídos do V Levantamento Nacional sobre o consumo de Drogas psicotrópicas entre estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 capitais brasileira, realizado pela Senad em parceria com o CEBRID no ano 2004, mostra a porcentagem de alunos que usaram álcool 65,2%, tabaco 24,9%, solventes 15,5%, maconha 5,9%, ansiolíticos (calmante) 4,1%, anfetamínicos (estimulantes).

A escalada da dependência, sempre começa com o uso experimental, apenas de brincadeira, muitas vezes para ser aceito, como já fora dito. Depois vem o uso social, em seguida passa para o uso habitual, quando escolhe pessoas e lugares ligados à droga. Depois passa a ser uso abusivo, por compulsão, pela busca ao prazer que a droga trás. Iniciando nesta fase já a perda do controle, dificilmente conseguirá parar. Até que por fim chega à dependência química.

O crescimento da tecnologia nos remete a uma sensação de que temos que ter tudo aqui e agora, seja por fax, telefone, e-mail, via internet. Muitos se tornam reféns do imediatismo, buscando uma maneira de sentir prazer instantâneo, que os façam desligar do stress rotineiro. Ocorre que as conseqüências do uso das drogas, nem sempre são tão imediatas quanto o prazer que elas trazem. Mas é certo que virão e só trarão o oposto dessa tão sonhada sensação prazerosa. A falta de limites tem sua parcela de responsabilidades nesse desejo desenfreado da busca pelo prazer. Muitos pais confundem autoritarismo com autoridade, capaz de impor devidos limites.

Isso nos remete as palavras de Içami Tiba (2006, p.167) quando esclarece que “Disciplina não é a obediência cega às regras, como um adestramento, mas um aprendizado ético, para se saber fazer o que deve ser feito, independente da presença de outros.” O limite na educação dos filhos é de suma importância, não precisa ser autoritário é preciso que sejam estabelecidas regras com limites.

3 - AS DROGAS QUE POR AÍ CIRCULAM 

De acordo com Vicente (1991), Droga nome genérico com que se designa em Toxicologia as substâncias naturais ou sintéticas, que alteram transitoriamente o comportamento físico e emocional daqueles que as consomem. As drogas são substâncias capazes de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento (Projeto Araribá: ciências, 2006). A definição de droga é sempre a mesma, mas com palavras diferentes, sempre traz informações de que é uma ameaça para seus usuários, pois pode causar dependência, seqüelas irreversíveis no sistema nervoso e órgãos, consequentemente a morte.

Existem varias classificações sobre as drogas, adota-se a do pesquisador francês Charloult, que as classificou em 3 grupos em relação as alterações que provocam no Sistema Nervoso Central (SNC): as drogas depressoras, as estimulantes e as perturbadoras.

  • As depressoras são as substâncias que diminuem a atividade do cérebro, exemplos: álcool, inalantes, calmantes, soníferos, analgésicos e o esmalte de unha.
  • As estimulantes é aquela que aumentam a atividade do cérebro, exemplos: a cafeína, a nicotina, a anfetamina e a cocaína.
  • As drogas perturbadoras são as substâncias que modifica qualitativamente a atividade do cérebro, exemplo: alguns medicamentos, a maconha, alguns cactos e fungos (cogumelos).

As substâncias químicas, ou seja, as drogas podem ainda ser classificadas como: lícitas, são tipos de drogas que podem ser comercializadas, alguns exemplos são, álcool e o cigarro que embora tenham os efeitos descritos acima, ironicamente, são legais, e as drogas ilícitas são aquelas na qual a comercialização é proibida como a maconha e a cocaína. 

O uso contínuo das drogas, sobretudo as ilícitas estão associadas a atos infracionais. Os estudantes infratores geralmente não freqüentam a escola, passando a maior parte de seu tempo no ócio, levando-os a situações de indigência, fazendo com que selecionem ou construam estratégias para conseguir drogas, seja de qual maneira for. Estes adolescentes não podem trabalhar, mas tem a necessidade de possuir coisas, seja um tênis ou um celular. Para adquirir tais bens, precisam de dinheiro e quando os pais não lhes fornecem, eles passam a roubar ou pior, traficar para conseguir o que almejam.

4 - PAIS E EDUCADORES 

Os professores ganham um novo papel dentro das escolas, o de abordar a questão das drogas em sala de aula, assunto cobrado por parte dos pais de alunos, direção da escola e opinião pública.

Existem muitas escolas que preferem negar que haja alunos envolvidos com drogas, na maioria delas não há profissionais preparados para enfrentar essa triste realidade que vivemos, as drogas.

Içami Tiba (2001, p. 59) afirma que:

No entanto, muitos professores nem conhecem a realidade científica e psicológica das drogas, seus efeitos e suas conseqüências. É freqüente não saberem nem identificar um usuário de drogas e, se identificam, não sabem o que fazer com tal descoberta. Por isso, as diretorias das escolas preferem negar as drogas em seus estabelecimentos. Mas já não é possível “tapar o sol com a peneira”. As drogas existem, e imaginar que apenas os “outros” as usam só facilita sua propagação.

Os exemplos domésticos, decorrentes de pais que se habituaram a usar medicamentos sob qualquer pretexto, como buscas de equilíbrio, de repouso, e assim oferecem aos filhos estímulos nada positivos de resistência para enfrentar desafios e dificuldades de toda a natureza, mostrando o quanto é frágil a geração. Demonstrando incapacidade para suportar esses problemas sem a ajuda de substâncias químicas, abrindo espaços na mente de seus filhos para pensar que em qualquer dificuldade, pode-se fugir para as drogas.

É comum nas escolas professores que tem problemas com drogas, como o álcool e o cigarro. Segundo a Cartilha para Educadores da Secretaria Nacional Antidrogas, as pesquisas sugerem que a saída, tanto para professores como para pais tabagistas é admitir uso e falar sobre as dificuldades de parar e mudar, dizer se tivesse oportunidade de repensar seu hábito faria diferente antes de se tornar um dependente.

A educação no lar e na escola constitui o valioso recurso psicoterapêutico preventivo em relação a todos os tipos de drogas, segundo Tiba (2001, p. 58) “para a escola, é mais fácil perceber que um aluno está se drogando do que para os pais.” Os pais não querem admitir que seus filhos sejam usuários de drogas, e os filhos conseguem esconder seu próprio vício.

5 – LEGISLAÇÃO

No artigo 1º, da lei nº. 11.343, de 23 de agosto de 2006, define droga como, 

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substancias ou os produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União. (Coletânea de Leis e Resoluções, 2009, p. 930). 

O Sistema Nacional de Políticas Publicas sobre Drogas (SISNAD), foi criado no ano de 2006, para organizar e coordenar as atividades de prevenção ao uso de drogas, reinserção social de usuários e dependentes, repressão ao trafico e a produção de drogas ilícitas.

É proibido no Brasil, o plantio, a colheita e exploração de qualquer vegetal ou substratos que possa causar dependência física ou psíquica, relacionados pelo Ministério da Saúde. De acordo com a Lei nº. 11.343/06 diz o artigo 33, §3º- oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena- detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas prevista no artigo 28.

A venda de bebidas ou qualquer produto que possa causar dependência, é proibida de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente artigo 81, II-III, é proibida a venda à criança ou adolescente de: II- bebidas alcoólicas; III- produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida.

CONCLUSÃO 

Entre as atitudes que impedem a auto-identificação, no período da adolescência, destaca-se a rejeição, seja ela da família, dos amigos ou de si próprio. Se o adolescente se sente rejeitado no próprio lar, este estigma o acompanha em todos os lugares, seja na escola, na rodinha de amigos, tornando-o amargurado e infeliz. Assim, então ele vê o desprezo da infância, foge para seu interior e acaba se rebelando contra a própria vida, se desequilibrando e também ficando desarmônico psicologicamente.

A atual pesquisa é uma revisão bibliográfica, de forma dissertativa, de um levantamento de discussão sobre as drogas nos jovens de idade escolar. Foi necessário consultar diversas obras de vários autores, e assim foi feito. Através de leituras críticas, foram feitos questionamentos e obteve-se as respectivas  respostas, observou-se que o estudo é amplo e que há necessidade de adultos preparados para auxiliar estes jovem.

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