O COXINHA NOSSO DE CADA DIA

Por FRANCISCO SILVA JÚNIOR | 11/01/2020 | Literatura

O COXINHA NOSSO DE CADA DIA

Autor: Francisco Silva Júnior

I

Uma coisa na vida é certa

E isto não dá para negar.

Tem Coxinhas na sua cidade,

Estão em todo lugar.

Não existe um ser no mundo,

Para da sua língua se livrar.

II

Não precisa ser muito esperto

Para a sua presença perceber

Ele chega de mansinho

Querendo iludir você

Mas é só dar-lhe as costas

Para o cacete descer

III

Na família ele chega

Como quem nada almeja

Te Elogia o tempo todo

Fala até que te inveja

Mas ao sair um minuto

Sem dó e pena, te apedreja.

IV

No trabalho está ali

Com o seu jeito angelical

Te elogia o dia inteiro

Diz que você é o mais legal

Mas basta se ausentar

Que te chama de boçal

V

Está na praça disfarçado

De bom moço, galanteador

Chama de linda as meninas

Trata com carinho e amor

Mas é só elas se afastarem

Pra dizer que são um horror

VI

Na pelada do domingo

Tá na arquibancada a gritar

Você é o craque do jogo

Grita ao ver se aproximar

Mas quando está distante

Perna de pau vai chamar

VII

Quando está entre amigos

Nas costas te dá tapinha

É tanta conversa melosa

Uma verdadeira ladainha

Mas é só alguém sair

Que entra a tesourinha

VIII

Na calçada está sentado

Não deixa nada passar

Quando vê um conhecido

Vai logo cumprimentar

Quando distante ele fica

Poe a tesoura a cortar

IX

O Coxinha é malandro

Quer sempre tá bem na fita

Na sua presença é santo

Diz que a mulher é bonita

Mas se você tá ausente

De forma inconsequente

A chama de troglodita.

X

Te dá tapinha nas costas

Lhe chama de meu amor.

Ele nunca está sozinho

Tem sempre um malfeitor

Que confirma o que ele diz,

Eita, que uma raça infeliz,

Que vai onde você for.

XI

Até dentro de um funeral

O bendito vem de mansinho

Aproxima, olha o defunto,

E diz: - Ô meu amiguinho!

Mas ao sair na multidão

Diz:  - Isso era um cão!

Mereceu o descaminho.

XII

Na boca de um coxinha

Ninguém está protegido.

Primo, irmão, parente,

Ou até desconhecido.

O Coxinha se instala,

Queixudo, bom de fala,

Um verdadeiro fingido.

XIII

Por isso preste atenção,

Olhe bem ao seu redor.

Se perceber um Coxinha,

Pode gritar sem do:

- Vai timbora carniça!

- Sai daqui sua mundiça!

De Coxinha tenho horror.