O CONTO FANTÁSTICO COMO MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE RESSIGNIFICAÇÃO DA LEITURA

Por Régia Maria da Silva Nunes | 07/01/2020 | Educação

RÉGIA MARIA DA SILVA NUNES

RESUMO

Este artigo representa uma possibilidade de pensar e olhar o processo de leitura e produção escrita de uma maneira diferenciada. Como tempo e espaço dinâmico para proporcionar ao aluno uma aprendizagem significativa e integral. Objetiva salientar a importância da motivação no ato de leitura e na prática de ensinar a refletir, a partir do uso da oralidade para aprender a expor ideias em produções escritas. Desenvolvido dentro desse processo, a justificativa deste estudo está centrada na necessidade de mostrar que, a oralidade, juntamente com dimensão afetiva da leitura ocupa lugar central tanto do ponto de vista da construção de sentidos quanto na aquisição de habilidade para se expressar de forma escrita. A metodologia caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica descritiva em que os alunos irão contar histórias fantásticas e posteriormente partir para a atividade escrita. A construção de sentido desencadeia uma relação entre o imaginário e o mundo real por meio da interação comunicativa obtida através da relação dos indivíduos envolvidos na comunicação oral ou escrita. Nesse sentido, é indispensável entender que as relações entre ensino e aprendizagem são movidas pelo desejo e pela paixão e que é possível identificar e prever condições afetivas em histórias narrativas que facilitem a aprendizagem.

Palavras-chave: Oralidade. Escrita. Conto fantástico. Motivação.

INTRODUÇÃO

A produção escrita, tema proposto neste estudo, com ênfase sobre o uso da oralidade por meio de contos fantásticos como influência da afetividade e motivação no processo ensino-aprendizagem, objetiva mostrar que o ato pedagógico se fundamenta pelas intervenções que o professor realiza e pelas condições que cria para que ocorram aprendizagens significativas. O professor que atua nesse âmbito deve buscar constantemente estratégias de intervenção pedagógica para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos discentes que se encontram no ensino fundamental bem como em anos posteriores. Para tanto, é necessário que os professores estejam preparados para atuar. O desafio imposto consiste em aceitar que é a partir das dificuldades que se aprende a ser professor, ou seja, desempenhar com competência a profissão que escolheu. É na relação professor/aluno que se realiza, de fato, o processo ensinoaprendizagem e o sucesso ou insucesso do trabalho pedagógico se deve, em grande parte, na qualidade dessa relação. A construção do conhecimento deve se dar com a mediação do educador e a participação do aluno, partindo da sua realidade e trabalhando com temas significativos para conhecer e entender o meio em que vive, buscando a aprendizagem de fatos, conceitos e procedimentos de forma contextualizada. Durante nossa observação em sala de aula, foi possível constatar que é agradável aos discentes na fase da adolescência, ouvir e contar histórias narrativas de cunho fantástico, por mexer com a imaginação dos envolvidos. Nesse sentido, o presente estudo visa auxiliar as aulas de Língua Portuguesa, tendo em vista que, em muitas escolas ainda se utiliza de memorizações completamente fora do contexto dando ênfase à gramática normativa. Para tanto, será necessário entender a Língua como um instrumento para manifestação cultural e social. Desta feita, busca-se um trabalho que priorize o processo dinâmico entre a fala e escrita utilizando-se do 3 gênero conto fantástico a fim de que haja um processo de ressignificação para uma melhor competência discursiva. Justifica-se a escolha do tema e elaboração deste artigo por reconhecer a importância do uso da oralidade, afetividade e da motivação no contexto da educação institucional, também para ampliar o conhecimento e proporcionar a outros educadores a leitura do tema de forma sintética e clara.

ASPECTOS QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM EM LÍNGUA PORTUGUESA E POSSÍVEIS SOLUÇÕES

É notório que a rede regular de ensino muito se preocupa e se prende aos aspectos linguísticos da língua. As aulas de Língua Portuguesa se apresentam presas a estruturas rígidas do sistema da Língua. São utilizados textos totalmente fora do contexto de uso e levados para que os alunos analisem seguindo as regras estabelecidas pela gramática normativa. Essa prática de ensino se configura em técnicas repetitivas de análises gramaticas, sem se preocupar com a significação expressa ao longo do texto. Isso leva o indivíduo a uma dificuldade constante, tendo em vista que não há uma análise reflexiva que envolva a função social de uso dos textos apresentados. Nesse sentido, o presente trabalho pretende seguir a linha qualitativa para uma pesquisa em que leve o professor / pesquisador a interagir de forma efetiva na construção do conhecimento no momento de sua prática pedagógica para mediar em sala de aula a evolução da construção do conhecimento. Será uma busca investigativa que visa um processo de ressignificação por meio de uma intervenção pedagógica que vise os operadores discursivos para viabilizar um direcionamento nas aulas de Língua Portuguesa, apresentando as principais funções do Conto Fantástico na modalidade oral e escrito para que se possa despertar o interesse do aluno para produção escrita, partindo inicialmente da oralidade, tendo em vista que, ao observar os alunos em aulas de Língua Portuguesa demonstraram afinidade com o gênero em estudo. A oralidade se mostra um campo riquíssimo para buscas investigativas no campo da história. Abre possibilidades para ampliar pesquisas para melhor 4 compreender e explicar o objeto a ser estudado. Trata-se de um instrumento que na área das ciências humanas, segundo Meihy apresenta versões e visões que devem ser tidas como um “ legado de domínio público” (2005, 24). Quando se observa as visões e versões que dão voz aos que possuem algo a relatar. Trata-se de uma metodologia multidisciplinar abarcando áreas denominadas como dispares. Seu uso vem de encontro a questões que estejam relacionadas a abordagens tradicionais onde havia a valorização do escrito e da objetividade. Essa prática pedagógica visa além de levar uma possibilidade de ampliar o conhecimento dos envolvidos no estudo, para uma melhoria na competência discursiva, bem como a um envolvimento maior entre professor e aluno. O lócus escolhido para investigação serão turmas do 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal do município de Senador Canedo em que, primeiramente irão ouvir a narrativa do conto Venha ver o pôr do sol de Lygia Fagundes Telles pela professora/pesquisadora. Em seguida, apresentarse-á aos alunos um tempo para que busquem ouvir histórias narrativas de cunho fantástico contadas por pessoas da comunidade local para uma posterior retextualização por parte dos alunos. Esse trabalho mostra a importância de se guardar viva na memória a cultura local, além de apresentar práticas didáticas que viabilizem uma melhoria na atividade de produção textual, melhorando a aprendizagem por meio da motivação despertada nos discentes através dessa ação pedagógica. Essa pesquisa se pauta sobre a luz dos principais teóricos ligados a essa temática de estudo como Marcuschi (1993 à 2010), como sua relação entre oralidade e escrita; Antunes (2003, 2014); Alves Filho ( 2011); Bakhtin (1992, 2011) a fim de entender e analisar memórias retextualizadas para complementação na interação entre oralidade e escrita para uma ressignificação textual. Para tanto a modalidade deste estudo segui as fundamentações da pesquisa – ação em que será envolvido, professor – pesquisador, aluno e comunidade. [...]

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