O CONTEXTO HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL

Por Lhais Leite | 27/11/2017 | Educação

A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras" e conforme a etimologia da palavra Literatura esta é a arte de ler e escrever. Há certa discussão do contexto desta literatura infantil, onde não seria destinada apenas as crianças, mas sim a todos que com esta se identifica. Neste caso trataremos da Literatura Infantil, sendo esta a leitura destinada e dedicada às crianças.

A Literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o Mundo, o Homem, a Vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e sua possível/impossível realização. (Cagneti,1996 p.7)

A literatura infantil, como seu adjetivo determina, é a literatura destinada à criança, que tem como objetivo principal oferecendo-lhe, através do fictício e da fantasia, padrões para interpretar o mundo e desenvolver seus próprios conceitos (CADEMARTORI, 1986). Conforme COELHO a literatura pode ser definida através das seguintes finalidades:

Sua intenção de estimular a consciência crítica do leitor; levá-lo a desenvolver sua própria expressividade verbal ou sua criatividade latente; dinamizar sua capacidade de observação e reflexão em face do mundo que o rodeia; e torná-lo consciente da complexa realidade em transformação que é a sociedade, em que ele deve atuar quando chegar a sua vez de participar ativamente do processo em curso. (COELHO, 2000 p.68)

 

Há diferentes tipos ou gêneros diferentes de literatura infantil. Alguns são classificados com base nas preferências da criança, enquanto outros são classificados com base na idade recomendada ou na habilidade de leitura requerida. Alguns exemplos mais conhecidos são: livros de figurinhas, ficção fantasiosa, ficção realista e a literatura tradicional. Os livros de figurinhas são destinados as crianças que estão iniciando o processo de leitura.   A ficção fantasiosa é os livros que sejam baseados em fatos irreais ou fantasiosos. A literatura infantil de ficções realista, como o próprio nome se supõem, as personagens são realistas e a trama segue uma trajetória que poderia acontecer de verdade. E a Literatura tradicional é o nome designado as quaisquer estórias que foram originadas oralmente e posteriormente transcritas. Incluem contos de fada, contos folclóricos, mitos, lendas, epopéias e fábulas

A Literatura Infantil, apesar de ser fundamental para a vida de uma criança, é relativamente nova, iniciou-se por cerca do século XVIII, pois antes disto não se escrevia para crianças, pois não existia infância, a criança acompanhava a vida social do adulto, participando assim também de sua literatura. Nesta época a criança era vista como um adulto em miniatura ou pequena estatura, sem nenhuma condição especial e não havia nenhuma preocupação específica com sua aprendizagem ou desenvolvimento, mas a partir do fortalecimento da burguesia essas concepções começam a se modificar e se redefinir, inicia-se daí a consciência onde a criança passa a ser considerada socialmente como um ser diferente do adulto, com necessidades próprias e características pessoais. Com base nos relatos de Cademartori (1986, p. 38-39), “a criança, na época, era concebida como um adulto em potencial, cujo acesso ao estágio dos mais velhos só se realizaria através de um longo período de maturação”.

De acordo com Coelho (1991) a literatura infantil surge de fato na França, na segunda metade do séc. XVIII, durante a monarquia absoluta de Luís XIV, que se manifesta abertamente à preocupação com a literatura para crianças e jovens, podemos assim considerar a França como o berço da literatura infantil. A literatura infantil surgiu com Fenélon (1651-1715), justamente com a função de educar moralmente as crianças. Fenélon foi um orador, escritor e prelado francês de grande influência, ele foi considerado um precursor do Iluminismo e na pedagogia propôs idéias que seriam desenvolvidas por Rousseau e Pestalozzi.

A história da literatura infantil tem relativamente poucos capítulos. Começa a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança pelo que deveria passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta. (Cunha,1999,p22)

 

Nesta época existiam duas realidades distintas: a criança da nobreza, orientada por preceptores, este liam geralmente os grandes clássicos, enquanto a criança das classes desprivilegiadas liam ou ouviam as histórias de cavalaria, de aventuras. Conforme Zilberman (1985), verificamos que a constituição da literatura infantil se deu em meio a um novo modelo de família que estava a se constituir.

A concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação específica só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros. (ZILBERMAN, 1985, p.13)

 

Assim a Literatura Infantil permanece até hoje, e é reconhecida como essencial na formação de uma criança, em meio ao conceito de infância atual é de grande necessidade que esta esteja em contato com a leitura e com a literatura devido aos grandes benefícios que se traz a vida destas.

A Literatura Infantil chega ao Brasil somente mais tarde, ocorrendo inicialmente após a implantação da Imprensa Régia, em 1908, mais especificamente com a chegada de D. João VI ao país. Nessa época as obras eram apenas as traduções das obras de Portugal. Alberto Figueiredo Pimentel foi uns dos primeiros autores da época a fazer adaptações que ficaram conhecidas pela inserção dos contos europeus no Brasil. O autor publica traduções dos contos de Perrault, dos irmãos Grimm e de Andersen, em obras como Contos da carochinha, Histórias da avozinha, Histórias da baratinha. 

A Literatura Infantil como produção própria de um brasileiro ocorreu por volta de 1922, por Monteiro Lobato.Considerando que as obras adaptadas eram de origem européia, o primeiro registro de literatura infantil brasileira dá-se pelas mãos de Monteiro Lobato, em 1920, com a obra A menina do narizinho arrebitado (CADEMARTORI,1986).

Lobato não gostava muito das traduções européias e era um nacionalista ferrenho, partindo destas características próprias Lobato desenvolvia suas aventuras infantis com características típicas brasileiras, integrando costumes do campo e lendas do nosso folclore.Temos como o próprio exemplo, o sítio do Picapau Amarelo, pois destaca bem características da vida rural e da cultura brasileira, assim como também é caracterizado por fortes ligações sociais da época. Em suas obras Lobato manifesta seu olhar critico e transparente a realidade do nosso país em relação aos problemas sociais da época. As principais e mais conhecidas são: A menina do narizinho arrebitado, Reinações de Narizinho, Fábulas de Narizinho, Emília no país da gramática, Memórias de Emília, Jeca Tatuzinho, entre tantas outras.

Lobato revoluciona com a realidade da literatura infantil apresentada nessa época, ele procura superar preconceitos históricos, ignorar o moralismo e preceitos religiosos, algo que era tão presentes nas obras que eram destinadas aos pequenos.

Monteiro Lobato cria, entre nós, uma estética da literatura infantil, sua obra constituindo-se no grande padrão do texto literário destinado à criança. Sua obra estimula o leitor a ver a realidade através de conceitos próprios. Apresenta uma interpretação da realidade nacional nos seus aspectos social, político, econômico, cultural, mas deixa, sempre, espaço para a interlocução com o destinatário. A discordância é prevista (CADEMARTORI, 1986, p. 51).

 

Ruth Rocha também é uma grande referência, com obras de grande sucesso, como O que os olhos não vêem. O reizinho mandão, O rei que não sabia de nada. Ziraldo também enquadra- se nessa lista, com suas varias obras, das quais podemos citar O menino Maluquinho, O menino mais bonito do mundo, A bela borboleta, entre outros.

Percebe-se claramente que a literatura infantil brasileira é completa, temos autores que tratam magnificamente suas obras, enriquecendo a cultura brasileira e tornando-a ainda mais maravilhosa. Assim, a literatura brasileira é vasta, diversificada e rica em conhecimentos, oferecendo a nossos pequenos leitores abundantes informações e obras magníficas.