O CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL PELOS JOVENS ANGOLANOS COMO CONTRACULTURA
Por Adriano Mussunga Mendes | 29/01/2019 | PsicologiaRESUMO
Esta pesquisa versa sobre o consumo excessivo de álcool pelos jovens angolanos como contracultura. Por meio de um estudo fenomenológico de natureza qualitativa e quantitativa e de carácter descritivo, investiga a influência do estilo de vida e dos grupos de pares nos jovens quanto ao consumo excessivo de álcool, assim como analisa a influência que a conduta nocturna dos jovens tem sobre o consumo excessivo de álcool. Para tanto, foi aplicado um inquérito aos jovens de cinco municípios da Província de Benguela - Angola e de dois centros de reabilitação de alcoólicos, na faixa etária de 18 á 35 anos de idade. Os resultados demonstram que o estilo de vida que neste trabalho é condicionado pela falta de emprego com 65,9%, os grupos de pares com 75,3% e a diversão nocturna com 60,8% contribuem para o consumo excessivo de álcool nos jovens. Verificou-se maior ocorrência na iniciação de consumo na faixa etária de 13 á 18 anos de idade em ambos sexos individualmente (63,9%) e, com amigos (31,0%). Concluímos que o aumento do uso de bebidas alcoólicas está associado a situação de vulnerabilidade social vivida por alguns grupos, permanentemente ameaçados pela instabilidade de suas condições de vida e pela exclusão social.
Palavras-chave: Consumo excessivo, Álcool, Jovens, Representação social.
1 INTRODUÇÃO
O homem nas diferentes culturas, sociedades e épocas sempre consumiu álcool, o que na maioria das vezes não constituiu problema e motivo de alarme para a sociedade, sendo consumido com finalidades de recreação, festividades organizadas pela comunidade, como manifestação cultural e humana (CRIVES & DIMENSTEIN, 2003). Actualmente, assiste-se comportamentos e atitudes inadequados em relação as regras de convivência social, muitos deles são frutos de consumo excessivo de álcool pelos jovens. Segundo Gomes et als (2010), o consumo de álcool é cultural, sendo permitido em quase todas sociedades do mundo e as consequências do uso inadequado afectam a população de maior risco para o consumo: os adolescentes e adultos jovens. Embora o consumo de álcool ocorra na população em geral, sabe-se que alguns segmentos populacionais apresentam diferentes padrões de consumo, sobretudo os jovens e, os factores associados a esse consumo são: a falta de emprego, problemas sócio familiares, financeiros, a influência de grupos de amigos, prazer e diversão, isolamento, etc. Aliane et als (2006), referem também que os factores de risco para o consumo de substâncias psicoativas são: a disponibilidade de drogas, cultura do círculo de amigos, problemas de ruptura familiar e dependência, capacidade de resistência á pressão social e capacidade de resolução de dificuldades. 4 O consumo excessivo de álcool nos jovens, é responsável por diversos problemas, não só ao nível da saúde, como também ao nível sociocultural, além de representar um grande prejuízo económico para o país, destacamos o término de relacionamentos, lesões graves, hospitalizações, incapacitação por períodos prolongados e morte prematura (ALIANE et als, 2006). Crives e Dimenstein (2003 p. 28), a problemática do uso excessivo de drogas enfrenta também outras questões importantes, dentre as quais merece destaque os interesses económicos que envolvem a produção e venda de drogas, sejam lícitas ou ilícitas. No dizer de Díez Hernández I. (2003), os estudos sobre o consumo de álcool datam desde a década de anos 50 e, as explicações teóricas referem o consumo excessivo de álcool como uma expressão simbólica de reacções sociais, políticas e ideológicas entre os grupos sociais; como reacção anónima perante a sociedade; como uma expressão da necessidade de poder. Pode-se associar a essas explicações teóricas a ideia proferida por Silva C. (2005), segundo a qual certas atitudes e comportamentos que os jovens apresentam na vida social, são frutos de passar o tempo sem fazer nada, chamando assim atenção aos demais da sua existência. Nesta pesquisa, os termos estilo de vida, significa a maneira como se entende a vida particular ou de grupo, em todos âmbitos de comportamento, fundamentalmente os costumes ou a vida cotidiana na relação com os objectos, com o meio ambiente ou nas relações interpessoais, a visão de mundo que um indivíduo tem, como por exemplo consumo de drogas, estresse, os valores, orientação profissional, forma de vestir, etc (RESGATE, I. 2001; PEREIRA & SILVA, 2011; PASTOR et als, 2006; ROBLEDO DE DIOS et als, 2003). [...]