O conhecimento pela observação empírica das práticas sociais: o exemplo do Status
Por Frederico Fonseca Soares | 26/01/2011 | FilosofiaO conhecimento é a crença verdadeira e justificada, é quando o que acreditamos ser, corresponde como o que realmente é. O conhecimento deve ser comprovado para ser aceito como verdadeiro, isso demanda um processo complexo de dúvida, refutação e comprovação. Em fim, ter conhecimento sobre algo demanda um aprofundamento episteme que nem sempre é inexorável. Então, ter certeza, ou ter conhecimento é uma prática muito difícil de apropriação, devemos aceitar humildemente que nada sabemos. Mas para um certo conforto cognitivo, ou seja, não viver na absoluta incerteza, nem se realmente existimos, podemos assumir algumas verdades momentâneas, mas não podemos afirmar que sempre serão assim.
Sem envolver a física, a matemática, a geometria, ou qualquer ciência positivista, que sempre assumem a característica de irrefutáveis, darei o exemplo observável da discriminação e do preconceito, um assunto que pode parecer complexo, multifacetado e questionável, mas proporá uma fonte de conhecimento observável por meio de um método indutivo. Soares (2011) postula que na atualidade neoliberal e hiper-consumista, o único preconceito que existe é o social/financeiro, nem a homofobia, racismo, etnocêntrica, nada se compara ao preconceito ao pobre, pode ser negro, homossexual, feio, baixo, de diferentes crenças, que o indivíduo será respeitado se for detentor de posses ou valores observáveis e aceitáveis como sociais. Segundo Botton (2003) ter status, ou seja, ser detentor de tal condição social, significa a legitimidade de receber o amor social, por isso é tão disputado. Não ter status, ou não ter qualidades observáveis, significa que o indivíduo não é merecedor do amor do mundo, ou como disse Botton (2003), "não ter virtudes". Pois os bens consumíveis que conferem status a determinado indivíduo, é revestido de uma virtuosidade imagética, ou seja, quando se possui, essa posse lhe confere status.
Resumindo, o rico é virtuoso por ser rico, ou representar pelo menos três virtudes básicas: Perspicácia, perseverança e coragem. Mesmo sabendo que sua riqueza pode ser proveniente de negócios ilícitos, ou de herança, e apadrinhamentos (como é muito comum na política brasileira).
É plenamente observável o tratamento que o pobre recebe da sociedade, dos familiares e do mundo. Isso pois, segundo uma relação de valores observáveis, o pobre não tem nenhum, é um problema. Assim que este mesmo pobre (em uma situação hipotética) fique rico, os olhares sociais vão percebê-lo como um individuo virtuoso, cheio de valores observáveis e então merecedor das adulações e respeito do mundo.
Em suma, tendo esse exemplo da contradição de valores que o mundo contemporâneo vive, edifica-se um conhecimento observável e momentâneo que se alicerça no empirismo, ou seja, na simples observação das subjetivas relações sociais.
Referência
BOTTON, Alain. Desejo de Status, Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
SOARES, Frederico Fonseca. O desejo de Status para o Marketing: Uma reflexão filosófica, Revista Filosofia Capital: Brasília, Vol. 6, Edição 12, Ano 2011.