O conhecimento geográfico

Por NEY SILVA | 04/10/2010 | Geografia

Historiar o ensino da Geografia, requer uma abordagem temporal, cujos objetivos visam analisar as mudanças e influências sofridas por esta ciência no decorrer dos séculos.
A formação científica diversificada dos inúmeros pensadores no campo da geografia deu grande contribuição para o avanço da sistematização científica, nas diversas vertentes do conhecimento geográfico. Filósofos gregos e escritores pragmáticos romanos fizeram a descrição da ocupação do espaço e análise indireta da relação homem?ambiente.
A revolução científica decorrente das descobertas de Isaac Newton (Lei da Gravitação), Copérnico (Sistema Solar Heliocêntrico), Klepper (Lei da Dinâmica Celeste) e Galileu Galilei (Movimento de Rotação da Terra) que resultaram em uma elaboração pioneira para o início da fundamentação dos objetos de estudo da Geografia.
A contribuição fundamental para a sistematização da Geografia foi dada pelos mestres alemães Alexander Von Humboldt, Karl Ritter e Frederick Ratzel, que promoveram a autonomia do Pensamento Geográfico, segundo ANDRADE (1996):"Os fundadores da Geografia, não a inventaram partindo do nada; Humboldt, como botânico, viajou pelo mundo, observando as formações vegetais mais diversificadas para chegar a conclusões sobre solos, climas, relevo, etc. Da mesma forma Karl Ritter, como filósofo e historiador, baseado no seu conhecimento histórico ? filosófico passou a fazer ligações entre as formas de ocupação do espaço e Frederick Ratzel, como zoólogo e etnógrafo, introduziu no campo geográfico a impressão de que pouco podia o homem fazer diante das condições naturais, daí o determinismo geográfico."
A Geografia Tradicional foi influenciada pelo Positivismo de Augusto Conte, onde o conhecimento era limitado ao estudo descritivo das paisagens naturais e humanizadas, não havendo portanto, um discurso científico. Essa postura fez com que a Geografia desse maior ênfase a conteúdos desvinculados do espaço vivido.
Importante também não esquecer das correntes geográficas do Determinismo de Ratzel, do Possibilismo de La Blache e do Regionalismo de Hartshorne.
Porém nas décadas de 50 e 60 houve um movimento de renovação, pois a Geografia Tradicional, já não explicava as transformações ocorridas no mundo, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, fazendo com que os geógrafos insatisfeitos buscassem dinamismo para essa ciência, que nada tinha de estática.
A partir dessa busca pela renovação da Geografia surgem dois grupos: A Geografia Pragmática e a Geografia Crítica.
A Geografia Pragmática criticava a falta de praticidade da Geografia Tradicional, concebendo-a como algo do passado. Era conhecida também como Teórico-Quantitativa, ou seja, abusava de métodos matemáticos e estatísticos. A Geografia Pragmática não foi bem aceita pelos geógrafos que não aceitavam a mudança para uma Geografia mais técnica. Segundo MORAES (1997): "A Geografia pragmática é uma tentativa de contemporaneizar, em vista dessa nova função, este campo específico do conhecimento, sem romper com seu conteúdo de classe. Suas propostas visam apenas uma redefinição das formas de veicular os interesses do capital, daí sua crítica superficial à Geografia Tradicional. Uma mudança de forma, sem alteração de conteúdo social."
A outra vertente, do movimento de renovação do pensamento geográfico foi denominado Geografia Crítica, que teve como protagonistas Jean Dresch, Yves Lacoste e Pierre George, no Brasil destacaram-se na corrente crítica os geógrafos, Milton Santos, Willian Vesentini, Antônio Carlos Moraes, dentre outros. A Geografia Crítica que advém da ruptura com relação a perspectiva tradicional tem buscado novos caminhos, linguagens e propostas que dêem ênfase a reflexão e a produção de conhecimento.
Pelo menos se tem a certeza de que, no século XXI, a produção do conhecimento geográfico estará cada vez mais comprometida com a cientificidade e com a formação de cidadãos capazes não só de criticar, mas, principalmente, de atuar como agentes transformadores e produtores do espaço geográfico.

AUTORES:

NEY J. C. SILVA
KEILA CRISTINA RIBEIRO VALE
ANA REGINA DE ARAUJO FERREIRA

Artigo publicado no Jornal O Imparcial (caderno de Opinião, pág. 7,8) em 13/04/2004, São Luís, MA.


ישו, המאסטר של המאסטרים.