O conhecimento do mal
Por AlbanìsioRibeiro | 17/04/2012 | FilosofiaTodo aquele que pratica o mal aborrece a luz... (João 3: 20)
É comum ouvirmos: “não tenho nada contra, cada um no seu quadrado”; “ não devemos se meter na vida dos outros”; essas máximas populares estão sedimentadas em nossa cultura por conta de um suposto direito à inviolabilidade da vida particular. A intimidade de cada um, ou de um grupo, se não ‘violar’ a liberdade do outro, tomou ares de super legitimidade, às vezes extrapolando os limites da ética e bom senso, corroborado com o aval de muitos. Tal modelo tornou-se padrão no mundo pós-moderno.
O fato é que o padrão cristão é bem diferente. Só pelo fato de se ter o conhecimento do mal, mesmo que este mal esteja “entre quatro paredes”, ou não, lacrado no suposto direito, já é objeto de má influência e multiplicação da perversidade. Seres humanos são altamente influenciáveis, para o mal então...
No nosso pequeno texto acima, Jesus é enfático: quem pratica o mal é contra a luz. Não importa quão secretamente e pessoal seja a prática, só em exercê-la já agride à justiça. Outro texto reforça a mesma idéia: Quem não é por mim, é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha. (Mt 12: 30). Não tem meio termo, qualquer transgressão à lei é uma agressão, em última análise, à humanidade.
Certa feita, para se extinguir o mal, Deus teve que aniquilar quase por completa a raça humana. Outras vezes, cidades, povos, crianças, mulheres, animais, etc. Estranho não? Mas foi. Às vezes o bom remédio é amargo. É o preço da purificação. Até a memória do mal tem que ser apagada para que não tenha nenhuma possibilidade de germinar rebento.
Até aqueles que têm luz sofrem pressão por conta desse conhecimento. Bom seria se não conhecêssemos o mal. Como uma criança. Por isso não devemos ser curiosos. Esse foi o grande dilema na queda do homem: curiosidade do mal – é claro que instigado. Após saciar-se, tornou-se conhecedor não só do bem, mas agora do mal. Todo este conhecimento, suas emoções, registros, ficam impregnados para sempre na mente, na carne, no espírito, surge então à luta: razão x emoção. Àquela querendo agradar à luz, esta, satisfazer o ego.
A psicologia afirma que o grande crescimento da pedofilia se deve à maciça divulgação na mídia dessa prática criminosa. Antigamente se conhecia muito pouco sobre o assunto, sobre o termo. Quanto mais se fala, mais se conhece, mais se multiplica. Aqueles que já estão pré-dispostos ao mal são presas fáceis. Este é um exemplo real e atual.
Temos que lutar contra essa idéia que “o que faço com minha vida é problema meu.” Mesmo que seja algo que só prejudique diretamente o ator. Qualquer coisa que se faça no particular repercute no coletivo. O homem é um ser social. Esta influência trabalha sutilmente no subconsciente, transforma os valores, habitua o homem com o mal, e o errado passa a ser o certo.
O pecado, mesmo que em oculto, um dia se manifestará, e quando acontece tem um efeito atômico. Irradia de forma invisível e avassaladora, aborrecendo à luz, ao próximo e ao Criador.
Certamente o teu pecado te achará... (Nm 32: 23).
Albanísio A. Ribeiro